Ajuda internacional ao Haiti atinge objectivos das Nações Unidas
Europeus e Norte-americanos dão três quartos do dinheiro necessário para a reconstrução do país devastado pelo sismo de 12 de Janeiro
As Nações Unidas estavam ontem muito perto de alcançar o objectivo oficial de 3,8 mil milhões de dólares (cerca de 2,7 mil milhões de euros) em compromissos financeiros de países para a reconstrução do Haiti, que foi parcialmente destruído por um sismo a 12 de Janeiro.
A meio da conferência de doadores, que se realizou ontem na sede da ONU, em Nova Iorque, as promessas de dinheiro dos Estados já ultrapassavam três mil milhões, mas o montante final seria próximo do objectivo, devido às contribuições particulares.
A conferência ultrapassou as expectativas e transformou-se num verdadeiro leilão de generosidade. A meio da tarde de ontem, a União Europeia, pela voz da chefe da diplomacia, Catherine Ashton, anunciou que a verba dos europeus era quase de três mil milhões. A UE doou 1,6 mil milhões de dólares de fundos institucionais, aos quais era preciso adicionar 400 milhões já distribuídos e mais de 800 milhões doados por particulares.
A Espanha surge como maior contribuinte deste fundo europeu, seguida da França, respectivamente com 346 milhões de euros e 236 milhões de euros. Portugal foi um dos nove países da UE que não contribuíram. A participação portuguesa limitou-se assim à ajuda de emergência e custou 1,3 milhões de euros.
Na ajuda à reconstrução, a Europa ficou bem à frente dos Estados Unidos, que decidiram contribuir com 1,15 mil milhões de dólares (compara com 1,6 mil milhões da UE). Em proporção populacional, os noruegueses serão porventura os mais generosos, com um compromisso de cem milhões de euros (mais de 130 milhões de dólares). Brasil e Canadá são outros países com contribuições importantes.
O primeiro obstáculo a ultrapassar na reconstrução do Haiti reunir a verba necessária, foi ultrapassado mas o segundo, bem mais difícil, será o de fazer chegar o dinheiro a quem precisa dele. Tem havido numerosas críticas sobre a ineficácia da distribuição da ajuda de emergência.
As necessidades da reconstrução do Haiti são imensas. O terramoto afectou directamente mais de 1,5 milhões de pessoas. Há actualmente 1,3 milhões de haitianos a viver em abrigos provisórios e 600 mil deslocados internamente. Foram destruídas mais de 100 mil residências e 200 mil ficaram danificadas. O sismo arrasou 50 hospitais e 1300 escolas, a maioria dos ministérios, o parlamento, edifícios públicos.
Morreram mais de 220 mil pessoas e há mais de 300 mil feridos. O impacto económico da catástrofe foi brutal. O governo haitiano calcula o custo dos estragos em 7,9 mil milhões de dólares (120% do PIB), mas as consequências macroeconómicas vão propagar-se ao longo dos anos.
Durante a conferência internacional de doadores da ONU (que decorria à hora de fecho desta edição) foi anunciado que o ex-presidente norte-americano Bill Clinton vai co-presidir à comissão de reconstrução do Haiti, ao lado do primeiro-ministro haitiano Jean-Max Bellerive. A comissão supervisionará o uso do dinheiro e tem mandato de ano e meio.
DN