Os Militares Latino-Americanos Vistos por Hugo Chávez
Kaiser Konrad - Defesanet
Porto Alegre - Não há duvidas que a grande estrela do V Fórum Social Mundial foi o presidente da República Bolivariana da Venezuela. Com um discurso de extrema-esquerda e sem poupar duras críticas à política e ao governo dos Estados Unidos, Hugo Chávez cativou, como era de se esperar, a maioria dos participantes do evento, além de trazer ele próprio uma assistência particular.. Após visitar um assentamento "modelo" do MST em Tapes(RS), na manhã de domingo, o prolixo Chávez, falou para quase duzentos jornalistas de todo o mundo, numa tumultuada coletiva, que começou com quase uma hora e meia de atraso. Respondendo somente cinco perguntas livres, que foram sorteadas entre os órgãos de imprensa credenciados, ele chegou a ser ovacionado por alguns dos presentes, muitos deles, por sinal, não eram jornalistas.
Defesanet publica na íntegra a resposta do presidente venezuelano, quando indagado sobre qual deve ser o papel desempenhado pelos militares da América Latina hoje.
Hugo Chávez: Eu sou militar e alguns de meus companheiros também são. O papel dos militares na América Latina já foi definido por Simon Bolívar, líder, libertador e militar, há quase duzentos anos. Em sua última proclamação, Bolívar disse: " Os militares devem empunhar suas espadas para defender as garantias sociais".
A última coisa que um militar deve fazer é servir ao imperialismo e às oligarquias dominantes e arremeter contra seu próprio povo, como já aconteceu em inúmeras ocasiões em nosso continente. Bolívar, numa ocasião, disse que "maldito seja o soldado que se lance contra seu povo".
Nesse momento, quando a força imperialista arremete contra nosso povo e do mundo, os militares da América Latina devem se preparar e empunhar suas espadas na defesa de suas nações, mas nunca subordinar-se ao imperialismo americano e os interesses das oligarquias.
Em fim, o papel de nossos militares hoje, deve ser de libertadores. Mas os militares devem estar subordinados ao máximo poder político que tem um uma nação: a vontade popular. Assim como acontece na Venezuela, os militares latino-americanos não devem tão somente se preocupar com a defesa da nação e de seus limites territoriais, mas também se incorporar ao povo e construir a nação, numa intensa integração comunitária e política, no desenvolvimento de projetos sociais, técnicos, científicos e universitários, como pude ver hoje em Tapes, onde encontrei no acampamento do MST o General Gonzáles, do Exército Venezuelano, que estava trabalhando pela Universidade Bolivariana da Venezuela, onde é estudante.
Dessa forma, está em marcha uma das linhas mestras da Revolução Bolivariana, a união cívico-militar. Agora está sendo colocada em prática a nova estratégia de defesa nacional da Venezuela:
1º O fortalecimento do aparato militar do país;
2° Fortalecer a união cívico-militar;
3° Incrementar a participação popular na defesa nacional, ou seja, a população capacitando-se e treinando-se para a defesa do país.
Os militares devem empunhar suas espadas para defender as garantias sociais e a soberania popular"
Após a entrevista coletiva, Hugo Chávez discursou por quase duas horas para os participantes do V Forum Social Mundial. Lotou o ginásio Gigantinho e os o arredores do mesmo, onde sua palestra foi transmitido através de um telão. Também via Radiobras, TV Brasil, foi distribuído via satélite para toda a América Latina.