Sem Rei nem... roque.

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Sem Rei nem... roque.
« em: Dezembro 30, 2005, 04:40:35 pm »
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Portugal- país de maravilhas! (36 anos depois de Salazar/ Caetano)
Sexta-feira, Dezembro 30, 2005


Do editorial do Público de hoje, assinado por Manuel Carvalho:

" Se a decência fose uma exigência nacional, a luta pelo controlo do poder na Galp Energia e na EDP não toleraria aexistência de tantos jogos de bastidores, de suspeitas de pressões e de influências políticas ou de manobras de diversão para dar a um dos actores da peça o papel que não pode nem deve ter. Mas, neste país onde, por tradição, os grandes negócios se fazem com o beneplácito do Estado ou não se fazem, o decoro de pouco vale. Nas negociações labirínticas em torno das empresas do sector energético, até o princípio da mulher de César perdeu o sentido: já ninguém parece, sequer, presocupar-se com as aparências.
Senão, vejamos: foi um ministro de Guterres quem negociou com os italianos da ENI uma participação generosa na Galp? E então? Foi esse ex-ministro quem trouxe para Portugal a espanhola Iberdrola, autorizando-lhe a compra de lotes de acções em empresas públicas que tutelava? Qual é o problema? É esse mesmo ex-ministro que, depois de abandonar o Governo, passou a presidir a essa mesma Iberdrola? O que interessa? É essa empresa que, ao deter mais de quatro por cento da GALP Energia, assumiu uma posição fundamental para se decidir se é Américo Amorim ou a ENI quem, no futuro, vai mandar na Galp? E daí? É esse ex-ministro, ou alguém por ele indicado, que, por decisão do Governo, que é do seu partido, vai poder integrar o conselho consultivo da EDP, no qual poderá aceder a informação valiosa para orientar os destinos da Iberdrola? É a vida! O facto de ser deputado da maioria e, por consequência, de poder aceder com maior facilidade aos círculos de poder político não torna a sua posição, no mínimo, incómoda?"

Na mesma edição de hoje do Público, a pág. 15, assinada por José António Cerejo, a notícia: " Vitorino teve ligações profissionais à Eurominas antes de 1995".
No desenvolvimento, dá-se conta de que Vitorino, o putativo ex-futuro candidato a tudo o que era cargo de prestígio e poder político em Portugal, "manteve ligações profissionais com a empresa Eutominas antes de entrar para GOverno em Outubro de 1995 e assumir, enquanto ministro da Presidência, a direcção das nogociações que conduziram ao pagamento, pelo Estado, de uma indemnização de quase12 milhões de euros à sociedade. "
"(...) em Fevereiro de 1998, três meses depois de Vitorino ter deixado o Executivo , o seu antigo chefe de gabinete, Jorge Dias, ainda acompanhava de perto os contactos de Governo-Eurominas-embora passasse a ocupar funções de coordenador da Comissão de Acompanhamento Permanente da Expo-98 em Dezembro anterior. Trata-se de uma cópia do projecto de protocolo de reconhecimento do direito á indemnização que viria a ser assinado em Abril seguinte e que foi enviado pelo gabinete de Vitalino Canas, então secretário de Estado da Presidência, para Jorge Dias, através da linha de fax do serviço que aquele então dirigia. (...) António Vitorino, juntamente com Alberto Costa e José Lamego, que deixaram o governo na mesma ocasião, lançaram uma sociedade de advogados durante o ano de 1998, sendo José Lamego e outros advogados dessa mesma sociedade que passaram a representar a Eurominas nas negociações com o GOverno, até á assinatura, em 2001, do acordo final sobre o montante da indemnização que o Estado veio a pagar."

O título de primeira página do Público de hoje é " Quase metade dos trabalhadores da construção sem segurança social"!
O presidente do IMOPPI ( Instituto dos Mercados das Obras Públicas e Particulares, a entidade reguladora do sector) diz que há uma "informalidade" no sector e grandes dificuldades em determinar os limites dessa "informalidade"...
O presidente do IMOPPI é Ponce de Leão, cujo perfil profissional, é este:
Gestor da Pleno - Projectos e Instalações, Lda. (1989 a 1992)
Membro do Conselho Directivo do Instituto Nacional de Habitação (1992 a 1994)
Membro do Conselho de Administração da STCP, SA (1994 a 1996)
Membro do Conselho de Administração da ABRANTINA, SGPS (1996 a 1999)
Gestor da OPTAPLANO - Consultoria, Lda. (1999 a 2002).

A fls. 28 do Público, aparece a notícia: "Mudanças na PT com entradas de Granadeiro e Rodrigo Costa." notícia segue com a indicação de que " Como se antevia , o conselho de administração da Portugal Telecom ( PT) votou ontem a favor do alargamento da comissão executiva da operadora de cinco para sete membros, para que pudessem entrar na cúpula directiva da operadora Henrique Granadeiro e Rodrigo Costa, até há pouco tempo quadro da Microsoft." (...) "Ontem , o Diário Económico apontava o nome do socialista Jorge Coelho como provável futuro chairman. Jorge Coelho já o negou."
O maior accionista da PT é a espanhola Telefónica, com 9,64%. A seguir vem o BES com 8,6%. A CGD tem 4,98%. A pergunta que se impõe, então, será esta: Porquê Jorge Coelho?!
E outra ainda:
Que regime político é este que temos em Portugal?!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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alfsapt

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« Responder #1 em: Dezembro 30, 2005, 05:07:35 pm »
Só com mais educação é que o marasmo passa a escandaloso... até lá as pequenas letras pretas em papel de Jornal servem para embrulhar o perú que nos enfiam pelas goelas.

Um melhor ano novo do que 2005 e um pouco mais vergonha é o que desejo a todos.
"Se serviste a patria e ela te foi ingrata, tu fizestes o que devias, ela o que costuma."
Padre Antonio Vieira
 

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Luso

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« Responder #2 em: Janeiro 04, 2006, 09:53:14 am »
Atenção: quem "educa" são os mesmos responsáveis pelo descalabro. Entretanto...

http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com/

"Antes as SCUTS

Foi muito discutida a questão das SCUTS nesta Grande Loja, bem como, por razões diversas, as transferências de fundos de pensões para o sector público. Está na altura de juntar os dois assuntos.

Num assustador Relatório de Auditoria revelado recentemente pelo Tribunal de Contas (disponível aqui) ficamos a saber que a diferença entre os montantes transferidos e as responsabilidades assumidas pelo Estado podem atingir qualquer coisa como 1.800 milhões de euros, no cenário mais pessimista.

Isto sem contar com a perda de receita fiscal, que seria gerada pela actividade dos fundos de pensões privados.

Reparem, 1.800 milhões de euros que não correspondem a investimento em infra-estruturas, ou em desenvolvilmento humano.

São, tão só, o preço da arrogância e do tão propalado "rigor" da Dr.ª Manuela Ferreira Leite.

Preço esse que irá subir no dia em que fizermos as contas aos custos da venda da rede fixa à PT na economia nacional, das operações de securitização, etc., etc., etc.

Endividou-se brutalmente o país para compor cosmeticamente o défice em 2002, 2003 e 2004. Qualquer medida servia. Dinheiro deitado à rua!

Face a isto, antes pagar as SCUTS, o TGV e, nunca pensei dizê-lo, a Ota. Muito ou pouco reprodutivo, ao menos é investimento.

Estamos a falar de décadas e décadas de despesa. Até 2071, para ser inteiramente claro.

O que eu gostava de saber é quem é que vai responder por este crime contra as contas públicas.

Ninguém, aposto já aqui. Afinal estamos em Portugal.

Face a isto, resta-me dizer que o que faltou ao Eng.º Guterres nos anos da sua governação foi o instinto patrícida para fazer a mesma coisa."
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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C. E. Borges

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« Responder #3 em: Janeiro 05, 2006, 11:35:21 pm »
Portugal é, por cada dia que passa, uma ficção.
Quanto a mim, a dúvida que subsiste, tem apenas a ver como é que a Nação poderá reagir no âmbito das contingências externas. Porque, quanto ao Regime, estamos mais do que conversados.
 

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C. E. Borges

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« Responder #4 em: Janeiro 06, 2006, 12:56:07 am »
«O Presidente da República, Dr Jorge Sampaio, concedeu um indulto a dez homicidas».
(RTPN - 5-01-2006, 23h-55m).
Querem a definição do que é um homicida ?
Preferem a definição do que é um Presidente da República ?
 

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JoseMFernandes

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« Responder #5 em: Janeiro 06, 2006, 11:26:24 am »
Para precisar melhor, um extracto do PUBLICO de hoje, 6/1/06.



"Há pelo menos dez reclusos condenados por homicídio, entre os quais um arguido preso por cinco mortes, entre os 56 indultados pelo Presidente da República em Dezembro. Tráfico de estupefacientes, furto e fraude fiscal são outros dos crimes praticados por pessoas que receberam agora o perdão de Jorge Sampaio. Um deles foi concedido a uma jovem que já não está presa desde 2003 e que entretanto foi alvo de mandado de captura.
A jovem que está em liberdade e a quem Sampaio perdoou um ano de prisão foi detida em 2000 por tráfico de droga. Saiu em Setembro de 2003 por ter esgotado o prazo de prisão preventiva e sem ter sido julgada. O acórdão veio mais tarde e condenou-a a seis anos de prisão, num processo complexo com outros suspeitos.
A arguida recorreu e um tribunal superior confirmou a pena em 2004, o que deu origem a mandados de captura para que fossem cumpridos os cerca de três anos em falta. Só que até agora não voltou a ser presa. Sampaio concedeu-lhe uma redução de um ano de prisão "por razões de socialização", mas ainda faltam dois para terminar a pena.
Entre os condenados por homicídio abrangidos pelo perdão presidencial de 2005 está um homem de 75 anos castigado pelo tribunal em 18 anos de cadeia pela morte de cinco pessoas.
O caso remonta a Julho de 1998 quando três homens e duas mulheres foram abatidos a tiro numa rixa entre famílias ciganas, devido a um alegado adultério, na feira de Peso da Régua. A pena foi agora abatida em quatro anos, segundo o decreto presidencial publicado em Diário da República de 22 de Dezembro.
Esta redução é a maior entre os indultos concedidos e ajudará a emagrecer a pena, tendo em conta que um condenado a mais de sete anos de prisão pode sair em liberdade condicional completando cinco sextos da pena (neste caso 15 anos). O arguido já terá cumprido seis anos e obteve agora um perdão de quatro anos.

Pelo menos outros nove condenados pela prática de homicídios e um castigado com cadeia por tentativa de homicídio obtiveram a clemência de Sampaio. Dois foram castigados pela justiça por matar o marido ou a mulher, e um outro por provocar a morte a um vizinho.
Um dos casos de violência conjugal foi noticiado, já que a mulher tentou enganar a polícia, acusando dois homens desconhecidos de assassinar o marido à sua frente. A versão foi mais tarde contrariada pela investigação e a agressora foi castigada a 14 anos de prisão. Tem 74 anos e viu agora a sua pena reduzida em um ano por "razões humanitárias".
Noutro dos casos em que o crime aconteceu dentro de casa, desta feita a vítima foi a mulher, o preso com 67 anos também foi abrangido pelo perdão (um ano) por "razões humanitárias". Este motivo foi igualmente alegado para o segundo maior indulto de 2005 - três anos - dado a um homicida com 47 anos.
O perdão presidencial de dois anos foi dado também a um recluso castigado com sete anos e três meses de cadeia por tentativa de homicídio. O agressor, com 78 anos, desferiu golpes na vítima com uma "roçadeira", um acutilante utensílio de lavoura.
A idade avançada é comum a outro recluso condenado por homicídio qualificado que foi o único neste grupo de indultados a ver trocada a pena de prisão por permanência em casa. Neste caso é expressamente referida a necessidade de acompanhamento do Instituto de Reinserção Social ao abrigo de uma lei que incide sobre reclusos afectados por "doença grave irreversível em fase terminal".
O único recluso do Funchal a ser beneficiado pelo perdão presidencial foi também um homicida, com uma pena de 17 anos por ter morto um idoso. O crime foi cometido com a cumplicidade da sua mulher, que foi igualmente castigada pela justiça, mas não foi abrangida pelo indulto.
A clemência de Sampaio incluiu ainda delitos relacionados com o fisco. Foram perdoadas a um arguido "todas as penas aplicadas" (de prisão e multa) por crimes de fraude fiscal e abuso de confiança.
A alguns reclusos Sampaio perdoou a pena acessória de expulsão do país. Foi o caso de uma cidadã estrangeira condenada por auxílio à imigração ilegal, sequestro e coacção.
Em 11 presos beneficiados pelo indulto de Sampaio, é referido o esforço desenvolvido "na reinserção social por via do estudo e da recuperação na toxicodependência".
Muitos dos reclusos condenados por homicídio a quem Jorge Sampaio concedeu o indulto sofrem de problemas graves de saúde e precisam de cuidados permanentes, soube o PÚBLICO. É o caso do idoso da Régua condenado a 18 anos de prisão por cinco mortes e que foi beneficiado de uma redução de quatro anos. Tem graves problemas cardíacos e está cego. O perdão de Sampaio, que pode ser considerado como um "sinal", levará agora a uma nova contagem da pena e podem ser equacionadas medidas de flexibilização da pena (como as saídas precárias). No caso de outro recluso preso por homicídio, a lista de doenças é extensa e foi diagnosticado cancro. Em relação à situação em que a arguida está em liberdade, o perdão de Sampaio atendeu ao facto de a jovem ter um filho menor a seu cargo e não ter outro familiar que a possa substituir, já que o marido também está detido. Além dos critérios de humanidade, o indulto tem em atenção se os objectivos da punição já foram atingidos e se a reintegração social é viável. S.R."
                                               
                                                ---


Como se pode ver, ha casos diferentes entre os homicidas indultados,  e cujo indulto tem consequencias diversas também, alegando-se motivos 'humanitarios' nalguns deles.Porém, mal das vitimas que essas... perderam o bem mais precioso que tinham... a vida.
De qualquer modo, nao compreendo bem como no universo de pedidos de indulto, onde tao poucos foram os escolhidos, sejam assim significativos os 'crimes de sangue', sobretudo os de homicidio que sao 'irreparaveis' como todos sabemos.
De referir, a outro nivel, ainda o caso estranho de indultar alguém que ja esta ca fora provisoriamente (?!), como esta descrito  no inicio.
Haveria que dar  prioridade  a  detidos por outro tipo de crimes...excluindo com rarissimas excepçoes os que implicassem violencia... é este o meu ponto de vista, mas por falta de conhecimento concreto da realidade carceral talvez esteja sendo simplista...
 

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Jorge Pereira

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« Responder #6 em: Janeiro 06, 2006, 07:40:48 pm »
Citação de: "JoseMFernandes"
Para precisar melhor, um extracto do PUBLICO de hoje, 6/1/06.



"Há pelo menos dez reclusos condenados por homicídio, entre os quais um arguido preso por cinco mortes, entre os 56 indultados pelo Presidente da República em Dezembro. Tráfico de estupefacientes, furto e fraude fiscal são outros dos crimes praticados por pessoas que receberam agora o perdão de Jorge Sampaio. Um deles foi concedido a uma jovem que já não está presa desde 2003 e que entretanto foi alvo de mandado de captura.
A jovem que está em liberdade e a quem Sampaio perdoou um ano de prisão foi detida em 2000 por tráfico de droga. Saiu em Setembro de 2003 por ter esgotado o prazo de prisão preventiva e sem ter sido julgada. O acórdão veio mais tarde e condenou-a a seis anos de prisão, num processo complexo com outros suspeitos.
A arguida recorreu e um tribunal superior confirmou a pena em 2004, o que deu origem a mandados de captura para que fossem cumpridos os cerca de três anos em falta. Só que até agora não voltou a ser presa. Sampaio concedeu-lhe uma redução de um ano de prisão "por razões de socialização", mas ainda faltam dois para terminar a pena.
Entre os condenados por homicídio abrangidos pelo perdão presidencial de 2005 está um homem de 75 anos castigado pelo tribunal em 18 anos de cadeia pela morte de cinco pessoas.
O caso remonta a Julho de 1998 quando três homens e duas mulheres foram abatidos a tiro numa rixa entre famílias ciganas, devido a um alegado adultério, na feira de Peso da Régua. A pena foi agora abatida em quatro anos, segundo o decreto presidencial publicado em Diário da República de 22 de Dezembro.
Esta redução é a maior entre os indultos concedidos e ajudará a emagrecer a pena, tendo em conta que um condenado a mais de sete anos de prisão pode sair em liberdade condicional completando cinco sextos da pena (neste caso 15 anos). O arguido já terá cumprido seis anos e obteve agora um perdão de quatro anos.

Pelo menos outros nove condenados pela prática de homicídios e um castigado com cadeia por tentativa de homicídio obtiveram a clemência de Sampaio. Dois foram castigados pela justiça por matar o marido ou a mulher, e um outro por provocar a morte a um vizinho.
Um dos casos de violência conjugal foi noticiado, já que a mulher tentou enganar a polícia, acusando dois homens desconhecidos de assassinar o marido à sua frente. A versão foi mais tarde contrariada pela investigação e a agressora foi castigada a 14 anos de prisão. Tem 74 anos e viu agora a sua pena reduzida em um ano por "razões humanitárias".
Noutro dos casos em que o crime aconteceu dentro de casa, desta feita a vítima foi a mulher, o preso com 67 anos também foi abrangido pelo perdão (um ano) por "razões humanitárias". Este motivo foi igualmente alegado para o segundo maior indulto de 2005 - três anos - dado a um homicida com 47 anos.
O perdão presidencial de dois anos foi dado também a um recluso castigado com sete anos e três meses de cadeia por tentativa de homicídio. O agressor, com 78 anos, desferiu golpes na vítima com uma "roçadeira", um acutilante utensílio de lavoura.
A idade avançada é comum a outro recluso condenado por homicídio qualificado que foi o único neste grupo de indultados a ver trocada a pena de prisão por permanência em casa. Neste caso é expressamente referida a necessidade de acompanhamento do Instituto de Reinserção Social ao abrigo de uma lei que incide sobre reclusos afectados por "doença grave irreversível em fase terminal".
O único recluso do Funchal a ser beneficiado pelo perdão presidencial foi também um homicida, com uma pena de 17 anos por ter morto um idoso. O crime foi cometido com a cumplicidade da sua mulher, que foi igualmente castigada pela justiça, mas não foi abrangida pelo indulto.
A clemência de Sampaio incluiu ainda delitos relacionados com o fisco. Foram perdoadas a um arguido "todas as penas aplicadas" (de prisão e multa) por crimes de fraude fiscal e abuso de confiança.
A alguns reclusos Sampaio perdoou a pena acessória de expulsão do país. Foi o caso de uma cidadã estrangeira condenada por auxílio à imigração ilegal, sequestro e coacção.
Em 11 presos beneficiados pelo indulto de Sampaio, é referido o esforço desenvolvido "na reinserção social por via do estudo e da recuperação na toxicodependência".
Muitos dos reclusos condenados por homicídio a quem Jorge Sampaio concedeu o indulto sofrem de problemas graves de saúde e precisam de cuidados permanentes, soube o PÚBLICO. É o caso do idoso da Régua condenado a 18 anos de prisão por cinco mortes e que foi beneficiado de uma redução de quatro anos. Tem graves problemas cardíacos e está cego. O perdão de Sampaio, que pode ser considerado como um "sinal", levará agora a uma nova contagem da pena e podem ser equacionadas medidas de flexibilização da pena (como as saídas precárias). No caso de outro recluso preso por homicídio, a lista de doenças é extensa e foi diagnosticado cancro. Em relação à situação em que a arguida está em liberdade, o perdão de Sampaio atendeu ao facto de a jovem ter um filho menor a seu cargo e não ter outro familiar que a possa substituir, já que o marido também está detido. Além dos critérios de humanidade, o indulto tem em atenção se os objectivos da punição já foram atingidos e se a reintegração social é viável. S.R."
                                               
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Como se pode ver, ha casos diferentes entre os homicidas indultados,  e cujo indulto tem consequencias diversas também, alegando-se motivos 'humanitarios' nalguns deles.Porém, mal das vitimas que essas... perderam o bem mais precioso que tinham... a vida.
De qualquer modo, nao compreendo bem como no universo de pedidos de indulto, onde tao poucos foram os escolhidos, sejam assim significativos os 'crimes de sangue', sobretudo os de homicidio que sao 'irreparaveis' como todos sabemos.
De referir, a outro nivel, ainda o caso estranho de indultar alguém que ja esta ca fora provisoriamente (?!), como esta descrito  no inicio.
Haveria que dar  prioridade  a  detidos por outro tipo de crimes...excluindo com rarissimas excepçoes os que implicassem violencia... é este o meu ponto de vista, mas por falta de conhecimento concreto da realidade carceral talvez esteja sendo simplista...



Porque será que isto não me surpreende? :?
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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Luso

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« Responder #7 em: Janeiro 16, 2006, 12:13:19 am »
http://ablasfemia.blogspot.com/

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Há esperança

Algumas empresas a operar na China estão a mudar-se para países de salários baixos como o Vietname. quem sabe um dia não de poderão mudar do Vietname para Portugal.
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JQT

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Só para deprimir um pouco mais...
« Responder #8 em: Janeiro 17, 2006, 06:54:31 pm »
A crónica de Jorge Vascellos e Sá no DE, às segundas, é imperdível.

Do DE, 16.01.2006:
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Chico Buarque da Holanda
 
Jorge A. Vasconcellos e Sá

Os números mais recentes do Eurostat (Novembro 2005), podem ser resumidos em dez factos sobre a economia portuguesa.

Primeiro: Portugal desde 2000 que diverge da UE-15.

Segundo: Se as taxas de crescimento (de Portugal e da UE-15) dos últimos 15 anos (1990-2005) se mantiverem no futuro, Portugal demorará mais de um século a chegar à média da UE-15: convergirá em 2133.

Terceiro: Se considerarmos a previsão para 2006, então o prazo de convergência é de não um, mas dois séculos: 206 anos.

Quarto: A Espanha desde 2000 tem crescido à taxa média anual de 3,46% (a preços constantes). E Portugal de 1,1%. Pelo que a diferença média anual é de 2.36%.

Quinto: A Irlanda que em 1975 estava 8,9% melhor que Portugal (face à UE-15=100%) está hoje 56,9%. Donde: ganhou a Portugal 48%.

Sexto: Em 74, a Grécia estava melhor que nós. Ultrapassámo-la em 1990 e ela depois ultrapassou-nos em 2003. Hoje está 7,9% melhor que Portugal (em relação à UE-15=100%).

Sétimo: Na zona euro, prevê-se que Portugal tenha o pior crescimento em 2006: 0,8%. Aliás o estudo da revista Economist para 2006 prevê que Portugal seja entre 66 países no mundo (!), o que menos cresça em 2006.

Oitavo: Dos 10 novos membros da UE, dois já estão melhor que Portugal: Chipre 7% e Eslovénia 5% (em % UE-25).

Nono: A República Checa ultrapassará Portugal em 2007.

Décimo: Os outros países – se Portugal não melhorar – também nos ultrapassarão a prazo. De facto enquanto Portugal cresce (a preços constantes em 2006) 0,8%, a Hungria cresce 3,9%, a Polónia 4,3%, a Lituânia 6,2%, a Letónia 7,7% e a Estónia 7,2%.

Como sintetizar estes dez factores numa só frase?

Vejamos: a Grécia passou-nos. A Irlanda passou-nos ao largo. A Espanha, vemo-la a passar a perder de vista. Dois dos 10 novos europeus já nos passaram. Um outro passará para o ano. Os restantes passarão a prazo. A este ritmo, o tempo de convergência de Portugal com a Europa passa a ser mais de um século.

Enfim e em resumo, Portugal fica e os outros passam... Donde a síntese: Portugal a ver a banda passar.

P.S.: E a culpa não é da localização: a Islândia tem um PIB per capita a PPC 72% superior ao português e 13% superior ao da UE-15. A Nova Zelândia é 30% mais rica que Portugal. A Irlanda é uma ilha... A Finlândia está a... caminho do Pólo Norte mas é dos países mais ricos da UE. Etc., etc.
____

Jorge A. Vasconcellos e Sá assina esta coluna semanalmente à segunda-feira.
 

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Luso

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« Responder #9 em: Janeiro 19, 2006, 04:40:20 pm »
Do Diário Económico

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José Tavares acusa Mariano Gago de travar MIT

Bruno Proença e David Dinis

Polémica em torno da vinda do instituto norte-americano para Portugal atingiu ontem o primeiro-ministro José Sócrates.

Portugal vai ter uma rede de ligação entre as universidades e as empresas com ou sem a vinda do Massachussets Institute of Technology (MIT). A decisão está tomada, garante Carlos Zorrinho, coordenador do Plano Tecnológico (PT), em declarações ao DE. A rede é mesmo para ir para a frente, a dúvida está em saber se o processo envolverá ou não o MIT, embora o “Governo esteja neste momento a negociar com o instituto norte-americano para que isso aconteça”, acrescenta Zorrinho.

Da Grande Loja

Citar
duas notas apenas

uma, para notar o pesaroso silêncio acerca das circunstâncias que rodeiam a hipotética vinda do MIT para Portugal, e das resistências que isso provoca em míseros defensores de 'capelinhas'. Já se percebeu que José Tavares, ex-coordenador do 'plano tecnológico', saiu por estar em rota de colisão com Mariano Gago, Ministro da Ciência, que pretendia, acima de tudo, defender os interesses do 'lobby' do IST, nesta questão... A ambígua resposta de Sócrates quer dizer apenas uma coisa - a questão avançará quando Gago já não for ministro. Resta saber se o MIT esperará até lá. Curiosamente, ou talvez não, esta matéria - crucial - não foi considerada minimamente importante para os candidatos presidenciais serem confrontados com ela pelos jornalistas da nossa praça...
A segunda, para anotar os diferentes registos adoptados por diferentes membros do Gverno nesta campanha presidencial. Das duas uma, ou Sócrates não coordena coisíssima nenhuma, e não manda nada, o que é plausível ou... Mário Lino e Santos 'Golpe de Estado' Silva terão imperiosamente de ir de vela numa próxima remodelação governamental, em nome do regular e normal funcionamento das instituições...


Que nos diz o nosso cientista, o bom e velho Spectral?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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typhonman

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« Responder #10 em: Janeiro 20, 2006, 01:57:51 am »
MIT em Portugal?
 

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TOMKAT

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« Responder #11 em: Janeiro 20, 2006, 02:44:16 am »
Citação de: "Typhonman"
MIT em Portugal?


Pela informação que correu vencemos os espanhóis na corrida para a instalação desse centro.

Agora entre polémicas, hesitações, jogadas de bastidores... não sei não.

Há alguma história mal contada em tudo isto.
Foi evidente o incómodo de Sócrates ao ser questionado publicamente sobre este assunto.

O mais provável é terem prometido aos americanos alguma coisa para o MIT vir para Portugal e agora não possam cumprir o prometido.

Não dá para entender com tanta "intenção" tecnológica do Governo.
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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Luso

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« Responder #12 em: Janeiro 26, 2006, 10:43:09 pm »
http://www.diarioeconomico.com/edicion/ ... 12472.html

Subsídio, suicídio
 
Paulo Morais

 
No início dos anos setenta, há apenas uma geração, Portugal era ainda um país imenso, com uma capital imperial.

A partir de Lisboa, o regime ditava sentenças e controlava todo esse imenso território de Minho a Timor. A administração colonial condicionava, como hoje, a vida de transmontanos e algarvios; mas também, à época, o quotidiano de angolanos, moçambicanos ou são-tomenses. A riqueza (e a pobreza) gerada em todo o lterritório apenas beneficiava uma oligarquia que, sedeada na corte lisboeta, dominava absolutamente o ‘hiper’ corporativo Estado Novo. Era o modelo imperial.

Com o fim da ditadura, a descolonização e a adesão à Europa, em apenas trinta anos, tudo se alterou. No novo paradigma, e porque não tem estratégia própria de desenvolvimento para o país, a capital é hoje apenas uma correia de transmissão das directivas europeias. Os detentores do regime, a oligarquia lisboeta, passaram da condição de proprietários (do que não lhes pertencia!) ao triste papel de capatazes de Bruxelas; de comissionistas. Privada do modelo imperial, a capital assume agora uma postura mercenária.

Não obstante a mudança de paradigma, o defeito central manteve-se: o permanente esbanjamento de recursos públicos, visando o enriquecimento de alguns e depauperando os bolsos dos pobres dos portugueses. Nos últimos vinte anos, a maioria dos fundos públicos, europeus ou não, foram dispendidos ora em inutilidades, ora para prolongar a agonia de certos sectores, em vez de estimular a sua reconversão; ou ainda na construção de verdadeiros elefantes brancos, como os estádios do Euro 2004, na velha tradição de Sines e do Estado Novo (o aeroporto da Ota e a alta velocidade ferroviária já se anunciam para manter esta triste tradição!); ou, por último, alimentando as fraudes e o enriquecimento sem vergonha de alguns dos intermediários locais das ajudas comunitárias. Recordemos apenas os escândalos com as verbas de formação do Fundo Social Europeu.

A aplicação de fundos europeus em Portugal vem padecendo do mesmo problema das ajudas humanitárias a algumas ditaduras de África. Beneficiam a oligarquia local, a sua má aplicação garante, de forma perversa, que no futuro mais fundos virão; mas raramente são aplicados nos fins e para os objectivos a que se destinam.  

Depois de vinte anos a receber ajudas comunitárias visando a coesão e a convergência com os níveis de desenvolvimento europeus, os governantes rejubilam porque vêm aí mais fundos; ou seja, porque continuamos suficientemente atrasados para beneficiar de apoios. Como podemos pois admitir que, apenas nos dois últimos anos, entre 2003 e 2005, o país tenha baixado quatro posições no ‘ranking’ do desenvolvimento humano, passando de vigésimo terceiro para vigésimo sétimo, não obstante o fluxo de ajudas externas? E continue com valores de ‘pib per capita’ muito inferiores aos dos países que connosco partilharam a adesão em 1986, Grécia e Espanha?

Ciente do carácter crónico da sua doença, o doente desistiu da cura e consola-se com a garantia de que vai ter medicamentos que lhe permitam a redução de danos, por mais uns tempos de agonia.

Mais valeria pois que não recebêssemos fundos! E que, sem paliativos externos, nos centrássemos nos verdadeiros factores de desenvolvimento: o trabalho e organização. Ingredientes sem os quais o nosso potencial como país, que é imenso e diversificado, será mais uma vez desperdiçado.

Vêm aí mais uns larguíssimos milhões de euros. A mantermos este rumo, daqui a mais uma geração, seremos um povo de pobres e emigrantes; Portugal será uma província irrelevante na União Europeia. O povo continuará a sofrer e a assistir a um rol imenso de oportunidades perdidas; enquanto a oligarquia enriquece e garante a continuidade dos seus privilégios. Neste cenário, os cerca de 22,5 mil milhões de euros de fundos, apregoados por Sócrates como uma grande vitória, serão afinal o custo do funeral duma nação que se suicida lentamente, sem que o seu povo se subleve.
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Paulo Morais é professor universitário.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...