É muito comum estarmos a falar em registos diferentes e quando menos esperamos estamos a achar que discordamos, apenas porque estamos a falar de coisas diferentes ou de épocas diferentes.
A questão do cancelamento do A400 é anterior à maioria destas empresas ou à sua relevância.
Quando o A400 foi cancelado, o que se falou de imediato é que o substituto do A400-M seria o C-130J.
Na altura o Donald Rumsfeld esteve em Portugal e falou com o Paulo Portas e disse que Portugal deveria adquirir dois C-17 e ficar com uma capacidade real de transporte...
São tempos diferentes... Não podemos comparar a realidade de agora com a realidade de 2003.
A verdade é que ninguém apareceu com um negócio melhor na altura...
As coisas arrastaram-se e o avião da Embraer passou de uma possibilidade para uma realidade...
Estou de acordo que não o avião não fará muito sentido, mas pelo que entendo, a capacidade que teremos de garantir parte da manutenção destas aeronaves com recursos próprios nunca seria atingida com outro tipo de avião.
É por demais evidente que, numa situação em que a Europa tenta criar uma política de defesa própria, toda a prioridade será dada a sistemas europeus. E neste caso estamos meio de fora ...
Depois permito-me dizer que, a Estória de que o Portugal de Lisboa não olha para o resto, nem faz muito sentido. Compreende-se a sua origem, mas de resto ...
Permita-me discordar.
Quando o Estado português decidiu comprar o C-390, já produziamos à anos peças para o A400M e outros aviões da Airbus.
Quando escolheram o avião brasileiro, a conclusão a que se chega é que tal só pode ter sido imposição política e não por outra coisa qualquer. E mesmo sobre a presença da Embraer em território nacional...... vamos ver se não vendem as últimas unidades fabris que restam em Portugal!
Também é verdade o que refere o Get It, de que somos subsidio-dependentes. É a realidade, quem mais berra é quem mais ganha! Somos assim! Mas mesmo assim temos imensas PME muito dinãmicas e que estão noutro nível muito à frente em relação ao que o comum dos mortais se apercebe.
Quanto ao centralismo, é a pura realidade.
Quase todas as preocupações deste governo (desde o início da geringonça), só vejo preocupações centralistas que não existem no resto do país (transportes públicos, menos viaturas nos centros urbanos, menos poluição dos veículos ligeiros mas esquecendo os pesados, habitação social, emigrantes ilegais, gangs.......) o resto do país olha para estes probleminhas de meia dúzia de km2 do país e pensa, mas estes aldrabões estão a falar do quê e para quem?
Existem mais 90 000km2 do país para gerir e que vão para além das rotundas feitas pelo Czar local, vulgarmente conhecido como autarca! Falta presença pública no país e secalhar aí percebíamos que temos muito mais indústria do que a Autoeuropa.
Pensar para o resto do país como apenas potenciais locais de extração de lítio, sem pensarmos em termos cá instaladas unidades de processamento de baterias, não tem qualquer interesse para o país. Empregarmos centenas ou milhares de mineiros não faz falta para o país, mas dar emprego a centenas ou milhares de licenciados em unidades industriais de processamento do lítio sim. E essas unidades até têem espaço para serem implantadas em qualquer lado, até porque o rectãngulo tem 700km por 200km! Bastaria estar relativamente próxima de uma qualquer Universidade ou Politécnico deste país!
E apesar de ser importante, o turismo não deve ser a única aposta, porque o único local onde faz a diferença é no Algarve e mesmo aí não acho que deva ser a única forma de enriquecer a região. Não acho que o turismo deva ser a maior aposta nacional, porque é sazonal, paga salários baixos e leva a uma especulação de preços e do custo de vida para toda a população local. Já a aposta na indústria e agricultura deveria ser a principal prioridade.
Mas para este tipo de decisões, precisávamos de visionários e não de antigos autarcas!