Esta é das maiores falhas do Estado de que me lembro e isso já é dizer muito. É tão grave quanto inacreditável.
No mundo em que vivemos, com a internacionalização de redes criminosas e com a situação de terrorismo em plena Europa, com os precedentes que já havia, nomeadamente o roubo de armas dos Comandos, que no mínimo deveria ter servido como sinal de alarme para este tipo de possibilidade, é inconcebível este laxismo, amadorismo e irresponsabilidade.
O Ministro da Defesa realça o profissionalismo e a sofisticação do assalto. Realmente assaltar um armazém no meio de um descampado, cercado por uma vedação de escola que na maior parte aguardava reparação, sem nenhum tipo de vigilância humana ou electrónica, com intervalos de ronda de 20 horas... Só pode ter sido feito por SEALs ou SAS...
Qualquer evento em Portugal que fuja do mais corriqueiro quotidiano é apresentado como uma situação extraordinária, imprevisível, dificilima. Seja ao nível da proteção civil, da segurança interna, da economia, o ponto comum é as calcinhas estarem sempre abaixo do joelho quando as dificuldades acontecem. Isso é particularmente inquitante, tendo em conta a vulnerabildiade de Portugal a riscos diversos.
E lá vem a história da falta de meios. É sempre a mesma conversa, qualquer falha ou problema que acontece em Portugal em qualquer nível ou esfera, pública e não só e sempre uma questão de falta de meios e de financiamento. Nunca é por excesso de improviso ou falta de responsabilidade, de facto não recebemos lições de ninguém no capitulo da desresponsabilização. Não me $%&@#! O Exército tem meios para fazer muitissimo mais na segurança deste tipo de material. Isto é o básico do básico do básico, os mínimos dos mínimos indispensáveis. Se não há meios para isto não podem haver aquisições de material de nenhum tipo (aliás, para acabar nas mãos de terroristas ou traficantes de armas é mais seguro e barato não comprar mesmo), não podem haver muitas outras coisas que o Exército tem e faz. Isto não é discurso populista, é o minimo do realismo exigivel.
A Europa gasta uma imensidão de recursos na segurança e contra-terrorismo, impõe limitações à venda de certos componentes químicos que podem ser usados no fabrico de bombas, mas no fim de contas temos explosivos e armamento ao deus-dará. É tão simples e básico que até dói. Isto nem é comparável aos roubos anteriores nem é comparável a roubos recentes em países da NATO, até porque não nos podemos escudar nas falhas que outros possam ter.
Não precisamos de inimigos, sozinhos conseguimos dar cabo de qualquer credibilidade que o país possa ter no exterior e junto dos seus próprios cidadãos.