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Conflitos => Conflitos do Passado e História Militar => Tópico iniciado por: Benny em Junho 23, 2005, 08:22:28 pm

Título: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Benny em Junho 23, 2005, 08:22:28 pm
Creio que a invasão da India Portuguesa por forças da União Indiana foi, para nós, a guerra esquecida do Século XX.

Salvo o famoso combate envolvendo o Afonso de Albuquerque pouco ou nada se tem falado ou estudado sobre o assunto.

A historiografia do Estado Novo, claro está, não quis dar publicidade a um dos primeiros golpes que iria por fim ao Império Português.

Os prisioneiros de guerra foram devolvidos pela calada. Só recentemente se começou a dar-lhes o merecido reconhecimento.

Por outro lado, as guerras coloniais retiraram muito do protagonismo que poderia ser reservado para o estudo desta curta guerra.

Muito haverá para falar sobre este assunto - é um campo a explorar.

Aguardo ansiosamente que a recente (e profícua) historiografia militar Portuguesa aborde o assunto.

Benny
Título:
Enviado por: Yosy em Junho 24, 2005, 12:02:39 pm
Concordo. Foi quase uma "guerra secreta" o que se passou em Goa. Tenho um livro que tem um pequeno resumo do que se passou. Quando puder transcrevo-o aqui.

Sabiam que um dos actores dos Malucos do Riso participou nesse conflito como enfermeiro militar  :D ?
Título:
Enviado por: emarques em Junho 24, 2005, 01:31:09 pm
Considerando que participamos na Primeira Guerra Mundial e ninguém se lembra disso, acho que a guerra com a União Indiana acaba por ficar em segundo lugar nas "guerras esquecidas".
Título:
Enviado por: Benny em Junho 24, 2005, 02:54:29 pm
E, pelo menos, existem monumentos à Grande Guerra, nomes de ruas, praças, etc. Ainda há milhares de veteranos da guerra com a União Indiana, mas são práticamente invisíveis.

Caro Yosi: Essa transcrição seria bastante interessante. A única coisa que tenho publicada sobre o assunto é no último volume da magnífica série de livros de Saturnino Monteiro, sobre guerra naval.

Benny
Título:
Enviado por: Yosy em Junho 24, 2005, 07:33:26 pm
Citação de: "emarques"
Considerando que participamos na Primeira Guerra Mundial e ninguém se lembra disso, acho que a guerra com a União Indiana acaba por ficar em segundo lugar nas "guerras esquecidas".


Que exagero. Como o Benny disse, pelo menos existem monumentos aos mortos nessa guerra.

Fotos da queda de Goa:

Tropas indianas em direcção a Goa
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.bharat-rakshak.com%2FLAND-FORCES%2FArmy%2FImages%2F0089.jpg&hash=ce9c2719fdd26a88fd9010c1bc59a62d)

Cidadãos goeses celebram com o Exército Indiano em Panjim, Goa
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.bharat-rakshak.com%2FLAND-FORCES%2FArmy%2FImages%2F0088.jpg&hash=ceeae92bc1e008e348020c01fb6faa02)

A cerimónia da rendição portuguesa em Panjim, Goa
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.bharat-rakshak.com%2FLAND-FORCES%2FArmy%2FImages%2F0086.jpg&hash=0bf548a380d050ba4eafc0cc0cb68eb6)

Bandeira da Força Aére Portuguesa capturada durante a Operação Vijav
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.bharat-rakshak.com%2FLAND-FORCES%2FArmy%2FImages2%2F0469.jpg&hash=1ec91c3003e045abbb61b2a80a559df5)

Tenente-Coronel Sucha Singh aceita a rendição das tropas portuguesas em Panjim, Goa
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.bharat-rakshak.com%2FLAND-FORCES%2FArmy%2FImages%2F0123.jpg&hash=87f1e6c6ae0d3e9e9d0aeb4bb4e2bf66)

Tenente-General (mais tarde General e Chefe de Estado-Maior do Exército) J.N. Chaudhuri entra em Panjim a 19 de Dezembro de 1961
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.bharat-rakshak.com%2FLAND-FORCES%2FArmy%2FImages%2F0087.jpg&hash=72fac65ddba6e7d9d5d8546cf757f275)

General Pran Nath Thapar (sentado, extremo direito), Chefe de Estado-Maior do Exército, com o Governador-Geral português, num campo de prisioneiros de guerra em Panjim, Goa
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.bharat-rakshak.com%2FLAND-FORCES%2FArmy%2FImages%2F0090.jpg&hash=46ad9cf518ab2188cfbe6809beffd18a)

A Operação Vijay (Vitória) (http://http)
Título:
Enviado por: Benny em Junho 24, 2005, 08:05:04 pm
O artigo começa por dizer isto, a título de justificação para a sua agressão:

"The Portuguese refusal to transfer her Indian settlements of Goa, Daman, Diu and Anjidiv Islands to the Indian Republic, led to Operation Vijay in 1961. They had ruthlessly suppressed a peaceful Satyagraha launched to liberate these territories in 1955. In 1961, they even fired on some Indian coastal steamers and fishing boats near Anjidiv Island. India, therefore, decided to use force to liberate the Portuguese pockets on her soil"

É evidente que a era dos Impérios já tinha terminado, e que Portugal persistia, obstinadamente, em negar quaisquer negociações para cedência de territórios.

Do ponto de vista dos interesses estratégicos e do prestígio internacional, regional e interno da União Indiana, a manutenção de colónias estrangeiras no "seu" sub-continente era uma situação pouco tolerável.

Mas tratou-se, ao fim e ao cabo, de uma agressão não provocada e completamente ilegítima.

Tal como Portugal muitos séculos antes, a União Indiana apoderou-se pela força destes territórios - não vale a pena negá-lo ou disfarçar este feito de armas sob a capa de uma espécie de resposta a "marchas pacíficas" ou "repressões sangrentas" ou - até - "tiros contra barcos de pesca"!

Benny
Título:
Enviado por: Yosy em Junho 26, 2005, 03:05:55 pm
Ah. Cá está. Isto é do livro de John P. Cann - "Contra Subversão em África" de que já falei aqui.

A Queda de Goa

Os acontecimentos relacionados com Goa, em 1961, endureceram novamente a posição de Portugal, dando a Salazar a oportunidade de, devido a um acontecimento penoso, unir a população para a guerra. Conquanto o território da Índia portuguesa fosse relativamente pequeno - 4 194 quilómetros quadrados - o ataque do governo indiano constituiu um deliberado acto de agressão contra outro Estado. Portugal possuía aí três enclaves, Goa, Damão e Diu. O novo governo indiano ameaçara tomar essas possessões no fim dos anos quarenta, pois considerava-as uma afronta. O primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, juntamente com os Estados Unidos, interveio energicamente, com o objectivo de moderar as ambições indianas. Posteriormente, o primeiro-ministro Nehru, encorajado pela revolta armada em Angola, colocou algumas exigências peremptórias aos portugueses (Nehru anunciou que a Índia “não estava disposta a tolerar a presença dos portugueses em Goa, ainda que os goeses os quisessem lá”). Quando se tornou evidente que Salazar não tencionava abandonar o território e recusaria negociar, a Índia juntou, nas fronteiras dos três territórios, 30 000 homens apoiados por carros de combate, aviões e navios de guerra. O Governador-Geral, Vassalo e Silva, poderia defender o seu território apenas com cerca de 3 000 homens mal equipados e sem cobertura ou defesa aérea, 900 polícias goeses e uma velha fragata. A 11 de Dezembro, Salazar tentou invocar a Aliança Anglo-Portuguesa, mas sem sucesso. Desde 1954 que a Grã-Bretenha recusava qualquer auxílio, declarando que a aliança de 600 anos tinha claras limitações, particularmente se um membro da Commonwealth se encontrasse envolvido. A Grã-Bretenha já não necessitava dos portos portugueses para transitar para as suas colónias, e Portugal já não precisava da protecção da cada vez mais reduzida Marinha Britânica. Novas estruturas aliadas, como a NATO, tinham substituído claramente a Aliança, tanto nas intenções como na prática.
Salazar deu instruções para que a resistência durasse pelo menos oito dias, para poder mobilizar apoio internacional. Se isso não fosse possível, então deveriam ser feitos “todos os sacrifícios” a fim de salvar a honra portuguesa. As forças indianas invadiram na manhã de 17 de Dezembro, e Vassalo e Silva rendeu-se perante uma luta sem sentido, a 19 de Dezembro, muito longe dos tais oito dias e do “sacrifício total”. Vassalo e Silva e outros oficiais envolvidos foram demitidos das forças armadas em 1963 no que pareceu um esforço para afastar a vergonha pela perda da Índia portuguesa e servir de exemplo aos outros oficiais em futuras situações semelhantes, como as guerras coloniais que se avizinhavam (em Angola já tinham começado). Na sua maioria, os militares ficaram ressentidos com o castigo injusto e com o facto de fazer dos soldados bodes expiatórios dos erros civis. As forças armadas realizaram as campanhas de África com a “ideia ameaçadora de que o governo estava preparado para as manipular e sacrificar em missões sem esperança e virtualmente levar a conselho de guerra todos os sobreviventes.” O General António de Spínola que foi o Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné (1968-1972), vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (1972-1974) e o primeiro Presidente após a revolução de 1974, descreveu a ansiedade que impregnava todos os militares portugueses na véspera das guerras de África: “O exemplo da Índia é um precedente bem vivo do porvir que receamos. Nunca se acreditou que sucedesse o que, afinal, era inevitável; no entanto, a tragédia deu-se, e logo foi desviada a atenção da Nação para o campo circunstancial da conduta militar, acusando-se as Forças Armadas de não se terem batido heroicamente quando, na realidade, qualquer que fosse a eficácia da defesa, o colapso seria sempre questão de dias.” O castigo para os comandantes na Índia deixava a mensagem explícita de que não haveria mudança de opinião por parte do governo relativamente à decisão de defender as colónias. O empenhamento de Salazar em preservar o seu regime era inabalável no seu propósito, e os acontecimentos de Goa serviram para pôr inequivocamente Portugal no caminho da guerra.
Título:
Enviado por: Luso em Junho 27, 2005, 02:34:57 pm
E há que documentar as relações entre o PCP e os auto-designados "Freedom Fighters"...

E depois os artigos indianos sobre a operação tendem para um nacionalismo bacoco (alguns são tão agressivos que são nojentos).
Título:
Enviado por: fgomes em Junho 27, 2005, 05:31:51 pm
É uma pena que por exemplo, a acção do alferes Santiago de Carvalho continue a ser esquecida. Conseguiu resistir em Damão durante 36 horas!
As forças portuguesas eram minúsculas, tinham poucas armas, ainda por cima obsoletas, no entanto, apesar da sua superioridade esmagadora, os invasores indianos levaram quase 2 dias a percorrer uma dúzia de quilómetros entre a fronteira de Goa e a capital deste território!
Segundo me contaram amigos que conhecem a antiga Índia Portuguesa, os indianos continuam a sofrer de complexos nacionalistas em relação a Portugal, havendo mesmo uns autointitulados "freedom frighters" ou seja antigos colaboracionistas com a invasão indiana, que a primeira coisa que fazem ao levantar-se é olhar para o mar para ver se há alguma armada portuguesa prestes a desembarcar!
Título:
Enviado por: Luso em Junho 27, 2005, 05:47:15 pm
Li há tempos num site indiano que as baixas indianas não foram NADA insignificantes e que haverá testemunhos de piras funerárias que indicam que o número de mortos teria sido bastante superior ao oficial.

Sabem o que vos digo?
A Guerra colonial ainda tem muito para revelar e creio que no fundo, a população e os próprios combatentes ainda não tomaram consciência total do que se passou.
Título:
Enviado por: JoseMFernandes em Junho 27, 2005, 06:05:23 pm
Um apontamento sobre uma das consequencias posteriores.O Governo portugues que obviamente nao reconheceu a legalidade da ocupaçao do Estado Portugues da India, nem a legitimidade da sua integraçao na Uniao Indiana, decretou o direito dos naturais desses territorios (nascidos até 1961) manterem a cidadania portuguesa, com os respectivos e entao relativamente escassos direitos internacionais.Curiosamente, esta lei,nao so nao foi revogada no 25Abril74 ( esta questao foi regulada com os acordos bi-laterais de independencia nas restantes ex-colonias), como  até hoje, penso,  nao se fez um largo e conclusivo  acordo com a India sobre a herança cultural e humana portuguesa, e  sem pretender que a culpa seja atribuivel exclusivamente a Portugal.Pelo contrario, esta dubia situaçao veio  a ser  aproveitada  e deturpada com os piores objectivos, apos a integraçao de Portugal na entao CEE em 1986, quando muitos hindus 'descobriram a saudade' de ser portugueses, por via do estado indiano de Goa. O trafico de passaportes e BI's portugueses verdadeiros(rarissimos com o decorrer dos anos) e os pretensos da esmagadora maioria nos registos oficiais (nomes,datas de nascimento, de naturalidade...), quando nao totalmente falsos, cresceu exponencialmente, na tentativa de obter um 'lugar ao sol' na Europa, muitos para Portugal, onde sao relativamente visiveis no comercio, mas cmuitos  deles com rumo posterior  para o Reino Unido, onde  se sentem mais ligados por motivos de casta, ambiente ou interesse economico, sendo que na sua  maioria pouco ou nada tinham a ver com o antigo Estado da India Portuguesa...Lembro-me de uma visita nos anos 90, bem documentada fotograficamente, efectuada pelo PM portugues a Goa, e onde ficaria  patente a surpresa, dele e seus  acompanhantes, com a livre  existencia de  enormes painéis publicitarios por todo o lado, até na estrada do aeroporto,  prometendo  'arranjar' passaportes portugueses com vista a deslocar-se ou emigrar para a  Europa.

Em Moçambique uma  parte significativa da razoavel comunidade indiana existente, que nao seria maioritariamente goesa, acabou apos varias e tristes peripécias(racismo?), por abandonar o novo pais, e redirigir-se para a Europa, igualmente  para, ou  através de Portugal...mas isso ja sera outra historia...
Título:
Enviado por: alfsapt em Junho 28, 2005, 09:44:42 am
Citação de: "Luso"
Sabem o que vos digo?
A Guerra colonial ainda tem muito para revelar e creio que no fundo, a população e os próprios combatentes ainda não tomaram consciência total do que se passou.


Ou a verdade toda incomada muita gente ou ainda pior: nem estamos preparados para ela.
Título:
Enviado por: Luso em Junho 28, 2005, 01:51:30 pm
Citação de: "alfsapt"
Citação de: "Luso"
Sabem o que vos digo?
A Guerra colonial ainda tem muito para revelar e creio que no fundo, a população e os próprios combatentes ainda não tomaram consciência total do que se passou.

Ou a verdade toda incomada muita gente ou ainda pior: nem estamos preparados para ela.



Tem razão. Será mais isso que outra coisa.
Título:
Enviado por: Yosy em Junho 28, 2005, 04:12:22 pm
Citação de: "alfsapt"
Citação de: "Luso"
Sabem o que vos digo?
A Guerra colonial ainda tem muito para revelar e creio que no fundo, a população e os próprios combatentes ainda não tomaram consciência total do que se passou.

Ou a verdade toda incomada muita gente ou ainda pior: nem estamos preparados para ela.


Provavelmente um pouco de ambas. Mas isto parece muito uma teoria da conspiração.
Título:
Enviado por: alfsapt em Junho 28, 2005, 04:45:11 pm
Citação de: "Yosy"
Provavelmente um pouco de ambas. Mas isto parece muito uma teoria da conspiração.


Realmente...

Um País mínimo de nem 10 milhões de habitantes dizer-se controlar territórios em dois continentes com a área digna de uma superpotência enquanto trava uma guerra de guerrilha essencialmente na selva em 3 frentes e uma União de Nações noutra frente, sob bloqueio da ONU e em plena Guerra Fria, acaba por sofrer uma revolução liderada por oficiais de baixa patente...

...realmente cheira a filme de 2ª categoria totalmente iverossímel.

Graças a Deus que estamos num País onde impera a transparência da nossa classe política que nada tem a ver com o passado longíquo de 75.
Título:
Enviado por: komet em Junho 28, 2005, 05:01:42 pm
LOL
Bem dito alfsapt  :wink:
Título:
Enviado por: Yosy em Junho 29, 2005, 04:04:02 pm
Citação de: "alfsapt"
Citação de: "Yosy"
Provavelmente um pouco de ambas. Mas isto parece muito uma teoria da conspiração.

Realmente...

Um País mínimo de nem 10 milhões de habitantes dizer-se controlar territórios em dois continentes com a área digna de uma superpotência enquanto trava uma guerra de guerrilha essencialmente na selva em 3 frentes e uma União de Nações noutra frente, sob bloqueio da ONU e em plena Guerra Fria, acaba por sofrer uma revolução liderada por oficiais de baixa patente...

...realmente cheira a filme de 2ª categoria totalmente iverossímel.

Graças a Deus que estamos num País onde impera a transparência da nossa classe política que nada tem a ver com o passado longíquo de 75.


 :lol: Tem razão.
Título:
Enviado por: emarques em Julho 18, 2005, 12:40:23 am
Um artigo da Revista da Armada: "Acção da Marinha Durante a
Invasão do Estado da Índia (1961)"

http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_ ... pag20.html (http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_dez2001/pag20.html)
Título:
Enviado por: Luso em Julho 18, 2005, 09:56:22 am
Citação de: "alfsapt"
Citação de: "Yosy"
Provavelmente um pouco de ambas. Mas isto parece muito uma teoria da conspiração.

Realmente...

Um País mínimo de nem 10 milhões de habitantes dizer-se controlar territórios em dois continentes com a área digna de uma superpotência enquanto trava uma guerra de guerrilha essencialmente na selva em 3 frentes e uma União de Nações noutra frente, sob bloqueio da ONU e em plena Guerra Fria, acaba por sofrer uma revolução liderada por oficiais de baixa patente...

...realmente cheira a filme de 2ª categoria totalmente inverossímel.

Graças a Deus que estamos num País onde impera a transparência da nossa classe política que nada tem a ver com o passado longínquo de 75.



Leiam o livro de Reiner Daehenhardt "Traídos e Burlados". Quando o li torcei um pouco o nariz mas Há medida que o tempo passa...
Não percebo como é que um povo capaz de fazer o que fez consegue ser reduzido a este estado de indigência mental e de carácter e de falta de memória.

http://aeterna.no.sapo.pt/lusophia/publ ... rainer.htm (http://aeterna.no.sapo.pt/lusophia/publicacoes_rainer.htm)
Título:
Enviado por: Spectral em Julho 21, 2005, 08:49:31 pm
olá a todos ;)
Título:
Enviado por: luis filipe silva em Agosto 30, 2006, 12:04:00 am
Este é um dos tópicos que eu não gostaria de ver morrer. Por isso aquivão mais umas achegas.
http://www.bharat-rakshak.com/NAVY/Hist ... /Kore.html (http://www.bharat-rakshak.com/NAVY/History/1950s/Kore.html)
Título:
Enviado por: Luso em Agosto 30, 2006, 12:18:16 am
Citar
From 1955 to 1961, the Goans and the Indian political parties organised public meetings and adopted resolutions condemning Portuguese rule, giving wide publicity to the happenings in Goa and made the people in India aware of the terrible conditions prevailing in Goa.


 :roll:

De facto o tema é interessante. Já tinha lido esse texto, no entanto.

Mais uma vez lembro: há que documentar as relações entre o PCP e os auto-designados "Freedom Fighters"...

Lendo a biografia de Mao que estou constantemente a citar, vemos movimentações diplomáticas "estranhas", ou a favor da índia, ou contra esta. O PC "português" teve mão nisto também.
Já agora, e desviando-me do tema para um assunto lateral: dizem que os serviços secretos chineses tiveram acesso ao plano francês para Dien Bien Phu. Cortesia do PC "francês"...
O PC, o PC...
Título:
Enviado por: komet em Agosto 30, 2006, 12:47:14 am
São tão iguaizinhos uns aos outros... lol
Título:
Enviado por: Yosy em Agosto 30, 2006, 12:38:32 pm
Citação de: "Luso"
Já agora, e desviando-me do tema para um assunto lateral: dizem que os serviços secretos chineses tiveram acesso ao plano francês para Dien Bien Phu. Cortesia do PC "francês"...
O PC, o PC...


Isso parece mais uma teoria da conspiração. Além de que não era difícil perceber para que servia Dien Bien Phu. Não tinha nada de secreto.
Título:
Enviado por: TOMKAT em Agosto 31, 2006, 03:06:46 am
Dois textos retirados de um site interessante, presumo com origem na comunidade goense em Portugal...
http://www.supergoa.com/pt/

Citar
"Só soldados vitoriosos ou mortos"

Na véspera da queda da Índia, Salazar pediu o sacrifício da vida aos três mil militares portugueses. Não os queria prisioneiros.

José Manuel Barroso
Arquivo DN


A 3 de Janeiro de 1962, António de Oliveira Salazar, o líder e fundador do regime do Estado Novo, não leu o mais doloroso discurso da sua vida política. Perante uma Assembleia Nacional aturdida pela queda da Índia Portuguesa, um Salazar afónico "com as emoções das últimas semanas" teve de recorrer ao presidente do parlamento, Mário de Figueiredo, para a leitura de um texto de reconhecimento e de justificação de uma derrota, que iniciava o fim do Império Colonial Português, sem sequer poder invocar a gesta patriótica dos milhares de soldados mortos.
A 14 de Dezembro de 1961, três dias antes da invasão e ocupação do Estado Português da Índia (Goa, Damão e Diu) pelas forças da União Indiana, Salazar pedira aos soldados e marinheiros portugueses nos territórios um último sacrifício, o da vida.

Mal armados e em número reduzido (cerca de 4 mil efectivos), perante as forças indianas invasoras (cerca de 50 mil militares do Exército, Marinha e Força Aérea), resistir significava uma cruel e inútil auto-imolação para os efectivos portugueses. Nos dois dias da invasão, resistiram o que puderam, morrendo 26 militares. Mas o contingente português acabou por se render, a 19 de Dezembro, tendo o governador, general Vassalo e Silva, ordenado a "suspensão do fogo" às suas tropas.

Mais de 3 mil militares portugueses foram feitos prisioneiros pelo Exército indiano (entre os quais se encontrava o general Vassalo e Silva), os prisioneiros que Salazar não queria. Por isso puniu e perseguiu alguns dos oficiais em serviço na Índia - o que abriu dolorosa ferida nas Forças Armadas portuguesas e foi uma das raízes do derrube do regime de Salazar, doze anos depois da queda de Goa, Damão e Diu.

Na mensagem que enviou, a 14 de Dezembro de 1961, ao governador e comandante-chefe português do Estado da Índia, Vassalo e Silva, o chefe do governo de Lisboa reconhecia a "impossibilidade de assegurar a defesa plenamente eficaz" dos territórios, mas pedia ao general que organizasse essa defesa "pela forma que melhor possa fazer realçar o valor dos portugueses, segundo velha tradição na Índia". E ainda: "É horrível pensar que possa significar o sacrifício total, mas recomendo e espero esse sacrifício como única forma de nos mantermos à altura das nossas tradições e prestarmos o maior serviço ao futuro da Nação".

Sendo "impossível" a defesa "eficaz" dos territórios, dado a Índia poder multiplicar "por factor arbitrário" as suas forças de ataque - conforme Salazar reconhecia na sua mensagem - a ordem dada ao general Vassalo e Silva revelava-se inequívoca. "Não prevejo possibilidade de tréguas nem prisioneiros portugueses, como não haverá navios rendidos, pois sinto que apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos". O telegrama de Salazar a Vassalo e Silva, ao reconhecer a "impossibilidade de assegurar a defesa", exigia mártires, que pudessem ser exibidos interna e externamente, em nome de uma política de intransigência que tinha como horizonte o futuro dos territórios ultramarinos de África - onde a guerra começara já (em Angola) nesse ano de 1961.

Por isso, na sua mensagem à Assembleia Nacional, a 3 de Janeiro de 1962, Salazar invoca o princípio da soberania nacional, tal como o definia o ordenamento jurídico da Constituição do Estado Novo. "Nós não podemos negociar, sem nos negarmos e sem trairmos os nossos, a cedência de territórios nacionais, nem a transferência das populações que os habitam para soberanias estranhas", disse Salazar. Era o fundamento de uma política de resistência.

A "questão da Índia" começara uma dezena de anos antes, com a independência da União Indiana. Desde 1948 que, directa ou indirectamente, as autoridades do novo país - a "jóia da Corôa" do império britânico - reclamavam a integração na grande Índia dos territórios que Portugal detinha sob sua administração, desde há quase cinco séculos (ler cronologia). Em 1950, o governo indiano solicita, formalmente, a Lisboa, a abertura de negociações, quanto ao futuro dos territórios portugueses. Portugal recusou sempre qualquer diálogo com a União Indiana.

Em 1953, o primeiro-ministro indiano, Nehru, afirma que, face à recusa portuguesa, o seu país não vê outra solução que não seja "a tranferência directa que assegure a fusão daqueles territórios com a União Indiana".

No seio do regime português discute-se a possibilidade de outras soluções, para preservar a autonomia dos territórios. Mas Salazar, reconhecendo embora que Goa (o maior dos três territórios) é, ele próprio, militarmente indefensável, entende que um plebiscito ou mesmo a independência não constituem soluções, uma vez que Nehru declara já as não aceitar.

A ideia do plebiscito atraía, então, um sector importante do regime, como forma de demonstração, por parte de Portugal, do respeito pela vontade das populações da Índia Portuguesa e como argumento perante a comunidade internacional. Mas o precedente que abria, para o Ultramar, solidificou a intransigência de Oliveira Salazar - e levou à humilhação na Índia.

http://www.supergoa.com/pt/40anos/rec_inv01.asp


Citar
Breve descrição dos acontecimentos

Nos dias 17/18 de Dezembro de 1961, durante a denominada Operação Vijaya, 50 000 tropas indianas apoiadas por blindados, artilharia, meios aéros (aviões de combate Canberra) e navais (1 porta-aviões) ocuparam militarmente Goa, Damão e Diu.

Os 3500 militares portugueses e goeses tinham ordens de Salazar para lutar até à morte, sendo que o chefe-de-estado português comunicou que só esperava como resultado do combate "militares vitoriosos ou mortos".

Contudo, o Governador Vassalo e Silva apercebeu-se da situação desesperada e perante o avanço dos indianos mandou recuar as forças e destruir todas as pontes e meios militares pelo caminho.

Sem meios aéreos portugueses, a aviação indiana teve tarefa fácil ao destruir a torre de telecomunicações em Bambolim e a base militar em Dabolim. Pouco depois entravam em território de Goa, Damão e Diu as tropas da União Indiana, que ao contrário do que se esperava ainda se depararam com resistência de alguns militares portugueses, nomeadamente em Vasco da Gama, onde 500 militares fortemente armados obrigaram as forças indianas a combate.

Também a fragata Afonso de Albuquerque entrou em combate à frente da barra de Mormugão, mas foi presa fácil para os modernos navios indianos que a afundaram.

A destruição de pontes por parte dos portugueses fez também com que a ocupação total se tenha prolongado por mais de 2 dias, porque as tropas indianas não tinham meios para passar os rios de Mandovi (á frente de Pangim), e Zuari (a sul de Pondá). Como tal tiveram de pernoitar à espera de prosseguir em condições e para aceitarem a rendição das forças portuguesas em 19 de Dezembro de 1961.


http://www.supergoa.com/pt/40anos/vijay2.asp
Título:
Enviado por: Doctor Z em Setembro 04, 2006, 05:44:18 pm
Parece que estão a esquecer uma coisa : a invasão da India portuguesa
pela a União Indiana comecou em 1954, com a anexão do territórios de
Dadra e Nagar-Haveli, perto de Damão ...
Título:
Enviado por: Lancero em Dezembro 17, 2006, 01:22:57 pm
Estamos a chegar a 19 de Dezembro...

http://www.youtube.com/watch?v=uXJ3WK9Il6Y (http://www.youtube.com/watch?v=uXJ3WK9Il6Y)
Título:
Enviado por: Rui Elias em Dezembro 18, 2006, 09:42:07 am
Citar
Efeméride  
Goa assinou primeira frase do epitáfio do Império Colonial

Estado Português da Índia foi ocupado há 45 anos pela União Indiana, dando início a uma década negra para o Estado Novo. Salazar reconheceu que território era militarmente indefensável, mas recusou negociação com Nehru e exigiu sacrifício total

Paulo Martins / http://jn.sapo.pt/2006/12/18/mundo/ (http://jn.sapo.pt/2006/12/18/mundo/)


Batia o meio-dia quando as fragatas indianas entraram no porto. Cunha Aragão, comandante do navio "Afonso de Albuquerque", mandou picar a amarra e abrir fogo.

Manobrava, porém, numa área restrita. E aos 60 tiros por minuto da artilharia invasora só podia responder com dois. Estava escrito que não teria condições para rechaçar o inimigo.

O 1.º grumete telegrafista Rosário da Piedade pagou com a vida a supremacia das forças navais de Nehru. Gravemente ferido, o capitão-de-mar-e-guerra Cunha Aragão seria mais tarde promovido a comodoro. Um prémio para a ousadia demonstrada na (impossível) defesa militar do Estado Português da Índia, desaparecido nesse dia 19 de Dezembro de 1961.

Contrastante com a sanha persecutória que se abateu sobre o governador-geral Vassalo e Silva e 23 outros militares alvo de punições.

Não durou mais de 36 horas o primeiro golpe sério no Império Colonial Português, premonitório de uma década de guerras de libertação, cujo embrião fora, em Fevereiro desse ano de 1961, o ataque de nacionalistas angolanos à prisão de Luanda.

O contingente militar nos longínquos - e dispersos - territórios de Goa, Damão e Diu fora reduzido, dada a necessidade de reforçar Angola. Não ultrapassaria 3500 efectivos, apoiados por 900 indo-portugueses mal armados e duas companhias de polícia, quando à meia-noite de 18 de Dezembro a União Indiana desencadeou a invasão.

A "operação Vijay", que envolveu 45 mil tropas, apoiados por blindados, aviões de combate e até um porta-aviões, matou à nascença qualquer veleidade de defesa. Bombardeado o aeroporto e silenciada a estação radionaval, seria uma questão de tempo até à rendição sem condições. No terreno, ficaram 26 cadáveres.

Os restantes militares foram feitos prisioneiros.

Erguer a bandeira branca era a única opção que Oliveira Salazar recusava liminarmente. Quatro dias antes, enviara a Vassalo e Silva uma mensagem clara. "Não prevejo a possibilidade de tréguas, nem prisioneiros portugueses, como não haverá navios rendidos, pois sinto que apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos", escreveu o ditador, exigindo ao governador-geral, também comandante militar, que aguentasse oito dias, tempo considerado necessário para que o Governo mobilizasse instâncias internacionais.

Negociar, nunca

Bem sabia Salazar que nenhum país sairia em seu socorro. Nem os Estados Unidos de John Kennedy, a que pedira uma declaração pública susceptível de dissuadir Nehru de abocanhar a Índia Portuguesa. Era, portanto, a imolação o que pedia, por nunca ter aceitado a alternativa negocial proposta por Nova Deli.

Nehru, ponta-de-lança do Movimento dos Não-Alinhados, com o indonésio Sukarno e o egípcio Nasser, apresentara como pacifista a sua Índia, libertada em 1947 do jugo britânico. ´

A comunidade internacional percebera que não abdicaria de completar a descolonização, o que envolvia territórios sob soberania portuguesa e francesa. Ao contrário de De Gaulle, Salazar supunha poder manter intocável o extenso império, herança das Descobertas. A sua intransigência era política, não económica. Desse ponto de vista, Goa valia muito pouco; Damão e Diu ainda menos.

Em conjunto, habitavam os territórios 625 mil pessoas. Como se tratou de uma invasão "anunciada", quem quis saiu a tempo, por via naval ou aérea. Ignorando o apelo de 13 de Dezembro da Emissora de Goa: "Se nos atacarem, ficaremos aqui sepultados".
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Enviado por: JoseMFernandes em Dezembro 23, 2006, 10:12:04 am
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18 de Dezembro de 1961: o princípio do "fim"
Paulo Varela Gomes


Houve uma manhã em que fiquei um momento em silêncio perante esta bandeira no deserto cinzento da sala do museu. O guarda, lá ao fundo, dormitava. Olhei para o pedaço de pano poeirento e disse mais uma vez adeus ao Portugal de que gosto e que já não existe

No dia 18 de Dezembro de 2006 terão passado 45 anos sobre a queda do estado português da Índia. A data, como qualquer data que dizemos histórica, é importante apenas simbolicamente. Esta data em particular é mais importante para a história da ideia de Portugal do que para a história política do país (embora tenha assinalado o início do fim do império colonial). De facto, é possível que a invasão de Goa, Damão e Diu pelas forças armadas indianas e a rendição de quase todos os militares portugueses que aí serviam tenha sido um factor de destaque na afirmação de um certo pessimismo português, uma "ideia de fim" que é hoje dominante em muitos sectores intelectuais, para além de ter fundo impacto popular.
Há já alguns anos que vários comentadores - mas também historiadores, filósofos e outros profissionais das ideias - vivem como que fascinados pelo pensamento apocalíptico da Geração de 70 do século XIX e glosam interminavelmente temas anterianos e queirozianos acerca da decadência de Portugal como nação ou como entidade colectiva digna de existir. A procura de citações de Eça ou Ramalho para aplicar à situação presente do país tornou-se uma espécie de jogo de sociedade.
A esta deriva autofágica responde a deriva tecnocrática da crença no P"rá frente Portugal, no Portugal em Acção, protagonizada pelos dirigentes do PS e do PSD e pelos respectivos governos.
Nem uma nem outra destas duas narrativas sobre o destino pátrio são novas, como se sabe, embora a segunda exiba todos os tiques irritantemente saloios do novo-riquismo. Para não ir mais atrás, provêm do século XIX. E para simplificar, têm origem nas gerações de 70 e 90, respectivamente. O pessimismo de Antero - confirmado pelo ultimato britânico de 1890 - foi confrontado pelo optimismo voluntarista da pequena burguesia republicana, que viu a revolução de 1910 como a redenção da pátria pela modernidade.
Deste modo, entre a época de Antero, Eça ou Ramalho e a daqueles que agora os citam para dizer que o país "está na mesma", passou cerca um século de I República e de Estado Novo, em que o país não ficou "na mesma", mas, pelo contrário, esteve dominado por narrativas optimistas (a do Estado Novo pelo menos até à década de 1960) que mobilizaram opiniões públicas também elas crentes nas virtudes e no progresso de Portugal.
Foi sobretudo a oposição republicana anti-salazarista que repegou no discurso catastrofista da Geração de 70 para com ele castigar o Estado Novo, culpando-o pela manutenção do "atraso secular" da pátria e conseguindo, como efeito colateral, apagar da história, como se tivesse sido somente propaganda, o optimismo que se exprimiu, por exemplo, nas comemorações dos centenários na década de 1940.
Aquilo que justifica o retorno em força do pessimismo é o descalabro da legitimidade do presente regime, a III República (ou a República de Novembro, como também se lhe pode chamar): em primeiro lugar, o falhanço económico representado pelo último lugar que o país ocupa na União Europeia, apesar de anos a fio a receber subsídios, ou seja, apesar de uma economia toda ela subsídio-dependente e assente naquilo que milhares e milhares de portugueses percebem como tendo sido práticas fraudulentas nas quais participaram e das quais beneficiaram. Depois, a suspeita ética que pesa sobre as elites políticas centrais e locais como um manto de chumbo e a ideia generalizada de que vivemos num país onde a lei não é respeitada. Finalmente, a noção difusa de que "não somos capazes" e de que somos todos mais ou menos corruptos e ladrões.
A tudo isto se vem acrescentar periodicamente - agora, por exemplo, a propósito das memórias de Almeida Santos - a ideia de que alguma coisa correu drasticamente mal na descolonização, tendo assim acabado de uma forma cobarde a narrativa mais heróica da história de Portugal - a dos Descobrimentos.
Talvez o pessimismo tenha começado a renascer em 18 de Dezembro de 1961, ou melhor, algumas semanas depois, quando, ultrapassando a censura salazarista, se soube em Portugal da rendição das tropas portuguesas na Índia e dos episódios dignos de uma ópera-bufa que a acompanharam: Salazar a exigir aos militares que morressem em combate, depois de os ter desarmado sistematicamente durante anos... Pode ter sido de facto então, há 45 anos, que teve início o "fim de Portugal", só interrompido pela revolução do 25 de Abril estrangulada em Novembro.
Em 1961, caiu sem glória e sem orgulho a Índia de Vasco da Gama e Albuquerque, a Índia do mito lusíada. Em 1975, o resto do império. Depois, a crença na "Europa".
O entusiasmo patriótico-futebolístico e o agitar histérico das bandeiras a que assistimos em 2004 e no corrente ano só pode ser compreendido neste quadro histórico. O grito colectivo de "Somos os maiores!" é como que uma "denegação" (para usar o vocabulário psicanalítico): gritamo-lo, porque sentimos que não somos "os maiores". A escolha popular-televisiva do "maior português" e os debates a que tem conduzido inscrevem-se nesse mesmo ambiente de crise de legitimidade.
Talvez não fosse pior que, em Dezembro de 2006, 45 anos depois do fim, nos lembrássemos dos portugueses que, na Índia, não se renderam. Sem armas, sem munições, já sem legitimidade histórica, esmagados pelo potencial indiano, não se renderam: a guarnição de Damão que resistiu durante muitas horas com elevadas baixas. O primeiro-grumete telegrafista Rosário da Piedade que morreu quando o navio Afonso de Albuquerque enfrentou em condições desesperadas a armada indiana na barra de Goa. O comandante do navio, capitão-de-mar-e-guerra Cunha Aragão, que ficou gravemente ferido, mas ainda conseguiu transmitir ao oficial imediato, capitão-de-fragata Pinto da Cruz, a ordem de assumir o comando e não se render. O comandante da lancha Vega, Oliveira e Carmo, que morreu em combate com dois dos seus homens ao largo de Diu, metralhado pelos aviões indianos, contra os quais, cumprindo o seu dever, abriu fogo (três outros tripulantes ficaram feridos e a lancha destruída). A guarnição do forte Aguada em Goa. Os combatentes da ilha de Angediva.
E de cada vez que sentirmos a tentação de ir buscar a bandeira por causa do futebol ou de mais uma inauguração de um troço de auto-estrada, lembremo-nos de que, exposta numa vitrine da sala do Património Marítimo do Museu Nacional de Deli, capital da Índia, está a bandeira verde e vermelha do Afonso de Albuquerque, capturada pela marinha indiana, quando o navio, quase completamente destruído, deu à costa.
Houve uma manhã em que fiquei um momento em silêncio perante esta bandeira no deserto cinzento da sala do museu. O guarda, lá ao fundo, dormitava. Olhei para o pedaço de pano poeirento e disse mais uma vez adeus ao Portugal de que gosto e que já não existe. Historiador


no jornal PUBLICO de 23/12/2006
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Enviado por: Luso em Dezembro 23, 2006, 11:50:23 am
Excelente texto!
A este propósito recordo o documentário apresentado na 2 e que considero excelente mas também vos deixo aqui um texto mais cáustico:
(nota: não concordo que Mário Crespo seja um imbecil, mas o resto do texto é muito interessante)

GOA
Correm 45 anos sobre a brutalidade da invasão do território português de Goa e sobre o tema acabo de ouvir a palavra autorizada de Adriano Moreira, uma vez mais apesar das interrupções impertinentes, desta feita não da idiota da Campos Ferreira, mas daquele homem de óculos cujo facies poderá indiciar o que o Lombroso definiria como imbecilidade compulsiva. Mas valha o mérito de alguém (neste caso, o canal balsemónico) se recordar do assunto e convidar o Ministro do Ultramar da altura para ensinar os brutos e avivar a memória dos esquecidos. Entre o que ouvi e o que me lembrou (e houve outro confrade que não esqueceu), decidi-me não só a reeditar abaixo o que há um ano, por esta altura, escrevi sobre o mesmo assunto, mas também algo mais, a acrescer ao que não mudou.
Em primeiro lugar, o livro de M.J. Stocker, Xequemate em Goa, interessante e informativo, mas aquém do que se esperava e se sabe poder ser extraído da monstruosidade documental existente no arquivo do MNE e do Arq. Histórico Ultramarino. Sobretudo, não fica suficientemente sublinhado o facto referido por Adriano Moreira: o clamoroso atentado ao Direito e à Moral internacional assim praticado pela pacifista U. Indiana e o miserável papel da ONU durante toda a crise. Vem de longe. Depois, o facto de ao clássico de história militar, A queda da Índia portuguesa: crónica da invasão e do cativeiro, do ilustre militar Carlos Alexandre de Morais, se terem seguido mais um ou dois títulos de relevo que lamentavelmente donde escrevo me não é possível citar com rigor, mas cujo mérito, entre muitos, é de quebrar o monopólio da galhardia e do testemunho da resistência desse ferrabraz do General Azeredo, ex-ordenança do macróbio Soares e menos conhecido pelo comportamento indigno e ordinário que teve como carcereiro de dignatários do antigo regime na ilha da Madeira. Um outro apontamento, é o da confirmação do fraco salário do crime dos "patriotas" goeses, um bando de marmanjos formado e alimentado por Portugal, gerado nesse grupo racista dos auto-definidos "brâmanes católicos" de Margão, que dias passados sobre aviltantes vassalagens às autoridades portuguesas estavam já a facilitar e a festejar a entrada dos militares sikhs no território. Convenceram-se que a União Indiana lhes daria um estatuto privilegiado de indiática Atenas, quando afinal Nehru (conhecendo a pinta da bicharada) lhes pagou com o desprezo e a humilhação de colocar o território sobre a tutela do governo central, onde se manteve até 87, quando, pela influência de Jack Sequeira junto de Rajiv Ghandi, se tornou efectivamente um Estado autónomo. Que aliás, para lá do negócio do turismo selvagem, em nada se impôs, a não ser pela fama de inépcia e corrupção dos sucessivos governozecos locais. Nada digo sobre os milhares de goeses dignos e leais, que por aqui se exilaram, ou os outros que lá ficaram, que não falam para as câmaras e que, como durante a visita do Dr. Soares, foram empurrados para os cantos das estradas e dos palmares para abrir espaço aos salamaleques das elites locais. Por diversas razões, sobre o destino dos "patriotas" e da carreira "heróica" dos freedom-fighters, também nada digo; o comunóide pai do Ministro António Costa já passou a melhor mundo, mas que falem o nababo tonto do Dr. José Blanco, que anos a fio os andou a apajar com as benesses da FCG, os cúmplices dos traficantes nacionais de antiguidades pilhadas nos templos goeses ou aquele jesuíta renegado e bombista, que hoje, casado e com o passaporte luso nas unhas sobrevive a dar aulas numa das univ. privadas da capital.
Enfim, gostava de ser mosca do Mandovi e, à sombra do velho Palácio do Hidalcão, testemunhar de visu qual vai ser o tom do nosso Presidente e a eventual erupção de postura ideológica e sapatológica da Primeira Dama, quando em Janeiro, ao som dos mandós, dos fados dos Mirandas de Margão, e nos requebros da chula com caril, visitarem a terra que foi a sede política, administrativa e diplomática do Estado Português da Ásia, cabeça do Patriarcado das Índias e Mãe das Missões do Oriente. Suspeito que tudo um pouco demais para os gorgomilos do casal de Boliqueime. Oxalá, durante a genuflexão da praxe na Igreja do Bom Jesus, a vetusta imagem do Santo Xavier prodigiosamente se animasse e lhes desse na tola com o bastão dos Vice-Reis que ainda conserva nas mãos. Em justa paga a este bando de ingratos que por aqui ficou a vegetar no torrão.

A Nossa Velha Goa (post de 17.12.05)

A atenção devida e equanimemente partilhada entre os meus cães, os meus livros e dois ou três mapas cuja vetetusta papelaça os faz carentes de atenção, privaram-me da possibilidade de confirmar as mais sinistras previsões de MCB nas Combustões sobre as alusões comemorativas em mais um aniversário decorrido sobre a invasão do Estado Português da Índia pela União Indiana. Espero que não. Ou que sim, porque tal lembrança constituiria uma pungente dúvida sobre a coerência no desatino da consciência nacional, que considero programático e infalível.
O choroso romance goês continua, mas hoje confinado às gavetas das Necessidades, nos nédios processos das inépcias consulares lusas, nos desmandos majestáticos das Fundações lá deixadas à redea solta, no oportunismo de freedom fighters reconvertidos à esperteza de sugar a teta das bolsas, dos apoios, et al. que a tradicional palermice correctamente pensante por cá prodigaliza com medo de parecer mal...
Entretanto, a memória do que interessa pelas águas cálidas do Mandovi se dilui... Ó jus-historiadores e jus-internacionalistas e mais peritos (tantos, ó céus!) das Relações Internacionais! Para quando um estudo completo e objectivo sobre o que foi a nobre campanha travada em Haia, no Tribunal Internacional de Justiça sobre os nossos direitos na Índia? Para quando a justiça feita a Galvão Telles, Silva Cunha e ao quase esquecido Alexandre Lobato que, sozinhos, arcaram com as responsabilidades da batalha? Porque de resto, já sabemos tudo da bondade, da ternura e das lágrimas de Vassalo e Silva ou da habilidade do último Patriarca das Índias, tanto quanto da dignidade das forças que se quiseram bater e o que fizeram e tantas outras a quem esse direito sonegaram. Dizem-me que jovem doutora granjeou o grau escorada em imponente tese sobre a queda do nosso Estado da Índia. Xeque-mate em Goa é o título. A ver o que dali sai. A imagem xadrezística promete.
Entretanto, não sei se alguém notou, passaram este ano os 400 sobre a fundação do Estado da Índia por D. Francisco de Almeida. Não notaram, já calculo. E é pena porque entre tanta comemoração que não vale a casca acarvalhada de um melão de Almeirim, ninguém se lembrou de picar uma dessas fundações da av. de Berna ou do Salitre e levá-las a fazer ao menos o que qualquer nação de marchantes anafados, como a Holanda, fez com as estrondosas comemorações da sua malfadada VOC. Perdão, parece que houve alguém, mas lá das bandas das Necessidades disseram que era melhor estar quieto para não ofender os Indianos...".


Para que a história não se repita.
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Enviado por: TOMKAT em Janeiro 08, 2007, 12:10:34 am
Um tema não tão esquecido como isso... por altura da visita do PR Cavaco Silva à Índia.

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Índia: Invasão de Goa, Damão e Diu foi ilegal e ilegítima - Carlos Azeredo

**** Por Fernando Zamith, da agência Lusa **** Porto, 08 Jan (Lusa)
A invasão dos territórios portugueses de Goa, Damão e Diu, consumada em 1961 pelas tropas indianas, foi "ilegal, ilegítima e contra os Direitos Humanos", disse à Lusa o general Carlos Azeredo.

"Foi um ataque absolutamente ilegal, ilegítimo e contra os Direitos Humanos. O que lá vai lá vai, mas isso é uma verdade histórica, e a verdade não se torce", afirmou Carlos Azeredo, em entrevista à agência Lusa, no Porto, onde vive.

Carlos Azeredo, então com 31 anos, estava em Goa como oficial de ligação do comandante da Polícia do Estado da Índia (PEI, designação dada ao Exército português na Índia), general Vassalo e Silva, quando 50 mil tropas da União Indiana invadiram o Estado Português da Índia, ao anoitecer de 17 de Dezembro de 1961.

"Eles tinham armas automáticas e nós umas kropatchek de 1892, armas de origem checa completamente obsoletas, que era preciso carregar depois de cada tiro. Não tínhamos qualquer meio aéreo e eles atacaram-nos com aviões a jacto. Foi a primeira vez que vi um avião a jacto", recordou Carlos Azeredo.

O ataque foi feito por terra, com carros de combate blindados, por ar, com inúmeros caças e bombardeiros, e por mar, com vários navios de guerra. As tropas portuguesas ainda conseguiram rechaçar o primeiro ataque, mas a resistência durou pouco.

O então capitão Azeredo tinha a incumbência de comandar as tropas no último reduto, em Goa, mas não chegou a entrar em acção.

Com apenas uma metralhadora anti-aérea, escassa artilharia, poucas munições e só um navio de guerra, um aviso de primeira classe (maior do que um destroyer e menor do que um cruzador), os portugueses sabiam que não podiam resistir muito tempo.

Menos de dois dias depois, às 17:00 de 19 de Dezembro, as mal armadas tropas portuguesas aceitaram o cessar-fogo e a União Indiana consumou a ocupação, mas a anexação unilateral dos territórios de Goa, Damão e Diu só foi reconhecida por Portugal e pelas Nações Unidas depois do 25 de Abril de 1974.

Com o cessar-fogo, que não constituiu uma rendição oficial, como sublinhou Carlos Azeredo, a União Indiana enviou para campos de prisioneiros os cerca de 3.500 militares da PEI, metade dos quais nascidos na metrópole (Portugal continental) e os restantes nos territórios portugueses na Índia (morreram nos combates 26 portugueses continentais e um número indeterminado de goeses).

Impedidos de tentar fugir, sob pena de serem considerados "traidores", só seis meses depois um navio português foi buscar os prisioneiros, recebidos em Lisboa sob a ameaça de pistolas, dado Salazar os ter acusado de "covardes" por não terem lutado até à morte.

"Goa foi uma tragédia, um desastre nacional", frisou Carlos Azeredo, disparando críticas simultaneamente para o presidente do Conselho, Oliveira Salazar, o primeiro-ministro na União Indiana, Pandita Nehru, e o presidente dos Estados Unidos, John Kennedy.

Para Carlos Azeredo, não havia qualquer razão, "a não ser geográfica", para integrar Goa, Damão e Diu na União Indiana, que era de constituição bem mais recente do que a Índia Portuguesa.

"Goa era muito mais velha do que a União Indiana, que só nasceu em 1947/48", quando passou a ser um estado independente do império britânico, salientou, recordando que as possessões portuguesas na Índia começaram com Afonso Albuquerque.

O general sublinhou que "Goa foi conquistada a muçulmanos e não a hindus", pelo que não havia qualquer legitimidade para a anexação do Estado Português da Índia pela União Indiana.

"Kennedy, que foi bem morto, teve muita culpa disso. Ele, através da mulher, deu carta branca a Nehru para atacar Goa", acusou Carlos Azeredo, referindo que, apesar de não desejar a morte de ninguém, não teve pena que o então presidente norte-americano fosse assassinado.

"O tipo [John Kennedy] era absolutamente contra Portugal, sobretudo por causa das colónias", afirmou o general, salientando que Salazar também não ajudou nada à resolução pacífica do conflito, dado que "chegou a oferecer bases aos chineses para fazerem guerra à União Indiana".

Carlos Azeredo referiu que a integração na União Indiana nem sequer era desejada pelos goeses, que lhe deram muitas provas de amizade e gratidão durante os seis meses em que esteve prisioneiro.

"Como viram as boas relações que tínhamos com os goeses, obrigaram a população a separar-se de nós. Impediram todas as visitas aos prisioneiros, à excepção de uma visita por semana da Cruz Vermelha Internacional", disse.

"Os goeses foram leais e portaram-se como portugueses até ao fim", frisou Carlos Azeredo, acrescentando o que lhe disse um oficial indiano: "Esta guerra foi uma teimosia de velhos: Nehru e Salazar".

A única "vantagem" pessoal que Azeredo disse ter tido da "tragédia" de Goa foi o despertar da sua consciência política: "Daí em diante passei a ter actividade política. Essa é talvez uma das razões porque comandei o 25 de Abril no Norte de Portugal. Foi revanche [vingança] contra a forma como fomos tratados pelo Estado Novo e por Salazar".

Passados 45 anos, o "monárquico, católico e conservador" Carlos Azeredo, que foi oito anos chefe da Casa Militar do "republicano, laico e socialista" Presidente da República Mário Soares, lamenta que os portugueses que foram prisioneiros de guerra continuem sem receber pensões e que o Governo de José Sócrates tenha proibido as mulheres dos militares de serem tratadas nos hospitais militares.

Em contraste com os muitos "ministros do Ataque" que viu passar pelos governos após o 25 de Abril, Carlos Azeredo considerou que Adelino Amaro da Costa e Paulo Portas foram os únicos verdadeiros ministros da Defesa que Portugal teve.

"Paulo Portas não tinha dinheiro, e a gente percebeu isso, mas não nos ignorou", disse Carlos Azeredo, elogiando o gesto do ex- ministro da Defesa, que, em 2003, atribuiu a "Medalha de Reconhecimento" aos prisioneiros da guerra colonial.

FZ.

Lusa/Fim
Título:
Enviado por: LM em Dezembro 17, 2007, 11:39:52 am
CM 17/Dez/07 (http://http)

Comandante da lancha ‘Sirius’ à data da invasão de Goa pelas tropas da União Indiana, Marques da Silva, então com 25 anos, cumpriu uma ordem que lhe deixou marcas: afundou o seu próprio navio com recurso à danificação das hélices. “Ainda hoje ouço o barulho do embate da lancha nas rochas”, recorda, à distância de mais de quatro décadas, quem, tal como a sua guarnição de oito homens, escapou de ser detido. Sobre o cenário de guerra, classifica-o como “um absurdo que marcou o início da ruptura entre os militares e a ditadura”.

Autor do livro ‘Sirius’, em que pretende repor a verdade sobre o que aconteceu, Marques da Silva entende que o seu nome, “na altura, foi apagado na instituição naval, tendo só sido recuperado em 2005”. O que fez “resultou do cumprimento de uma ordem clara”, garante. No dia do ataque indiano, sem ter recebido quaisquer instruções do Comando Naval de Goa sobre como actuar em caso de ataque, e depois de ver o navio de guerra ‘Afonso de Albuquerque’ encalhar, decidiu afundar a lancha.

Como mandam os manuais militares, nos dias seguintes conseguiu evitar fazer-se prisioneiro. Cumpriu as regras e recusou lutar até à morte, como pretendia Salazar. “A morte em combate é uma consequência involuntária. Não é uma expressão que a ética militar preveja numa situação de conflito”, explica.

A salvo com os seus homens, chegou ao Paquistão num cargueiro grego. De regresso a Lisboa, a sua atitude não foi bem recebida por um regime que defendia a resistência na Índia até ao último soldado.

Depois de um processo moroso e sem direito ao contraditório, acabou por ser expulso da Marinha. O caso da ‘Sirius’ nunca foi assimilado pela instituição.

Sem vencimento, casado e com três filhos, compreendeu que era necessário lutar na vida civil. Quem foi tradutor até formar-se em Engenharia espera agora clarificar uma situação que permanece esquecida na Marinha. Gostaria de convidar os homens que comandou para a apresentação de ‘Sirius’, mas desconhece o paradeiro da maior parte deles.

LIVRO NARRA TRÊS VIDAS

Quarenta e seis anos após a invasão de Goa, Damão e Diu, é apresentado amanhã, na sede do Comité Olímpico Português, em Lisboa, o livro ‘Sirius - Índia, 18 de Dezembro de 1961 - Três Casos de Marinha’, de Manuel José Marques da Silva. A obra revive a experiência de três militares no dia em que as forças indianas ocuparam os territórios. O comandante Marques da Silva recorda que, após receber ordem para afundar a lancha ‘Sirius’, viria a ser proscrito da História da Marinha. Uma segunda parte é referente ao vice-almirante Fausto Morais de Brito, que deslocou uma outra lancha, a ‘Antares’, de Damão para o Paquistão. Do capitão-tenente Vitor Marques Pedroso são reveladas as cartas no cativeiro em Pondá.

CAMARADAS PRESTAM RECONHECIMENTO

AMADORA

Na Academia Militar, na Amadora, em Outubro de 2004, o tenente--coronel José Aparício disse: “Há ainda injustiças dolorosas por reparar, como o caso da lancha ‘Sirius’, afundada no cumprimento de ordem superior.”

‘SAGRES’

No navio-escola ‘Sagres’, um ano depois, o contra-almirante Azevedo Pascoal aludiu à reparação moral que considerava necessária. “Este acto recuperou-me para a instituição naval”, entende Marques da Silva.

TESTEMUNHO

‘Sirius’, o livro agora publicado, tem no último capítulo o testemunho de pessoas próximas dos militares Marques da Silva, Morais de Brito e Marques Pedroso.

PERFIL

Manuel José Marques da Silva nasceu em Lisboa a 20 de Setembro de 1936 e entrou na Escola Naval em 1955. Guarda-marinha em 1958 e segundo-tenente em 1959, foi destacado para Goa a 3 de Dezembro de 1961. Após os acontecimentos de 18 de Dezembro desse ano regressou a Lisboa a 29 de Dezembro de 1961. Demitido da Marinha em Abril de 1963, viria a tirar o curso de Engenharia Electrónica. Reintegrado na Marinha em 1975, foi incorporado na reserva territorial. É vice-presidente do Comité Olímpico.  

João Saramago
Título:
Enviado por: Luso em Dezembro 17, 2007, 04:50:31 pm
Estando eu no conforto do meu lar e sem ter passado alguma vez por qualquer que se assemelhe, não posso deixar de estranhar a posição de um militar que, perante uma situação de combate e de invasão do seu território, decide-se pela inutilização dos seus meios e combate e pela evasão.

"No dia do ataque indiano, sem ter recebido quaisquer instruções do Comando Naval de Goa sobre como actuar em caso de ataque, e depois de ver o navio de guerra ‘Afonso de Albuquerque’ encalhar, decidiu afundar a lancha."

Eles atacam-nos. O que faço?
Afundo o próprio barco. :shock:

À espera de instruções para quê?
Em Wake todos ajudaram à festa, independentemente da sua especialidade e condição militar.
Desconfio muito da qualidade dos oficiais da altura.
Título:
Enviado por: Miguel em Dezembro 17, 2007, 08:34:32 pm
O que faria o capitao Luso dentro de um NPO2020 com uma unica peça de 40MM contra uma invasao de forças superiores c34x

Arriscar sem qualquer utilidade, as vidas dos homens sob seu comando?

Lembre-se do general de gaulle, "nao é porque perdemos uma batalha que perdemos a guerra"

Como militares experientes devemos saber quando é possivél resistir e quando é necessario uma retirada, para vencer no futuro.
Título:
Enviado por: Luso em Dezembro 17, 2007, 09:15:18 pm
Citação de: "Miguel"
O que faria o capitao Luso dentro de um NPO2020 com uma unica peça de 40MM contra uma invasao de forças superiores c34x

Arriscar sem qualquer utilidade, as vidas dos homens sob seu comando?

Lembre-se do general de gaulle, "nao é porque perdemos uma batalha que perdemos a guerra"

Como militares experientes devemos saber quando é possivél resistir e quando é necessario uma retirada, para vencer no futuro.


Não sei o que é que o Capitão Luso faria. Até poderia ser que fizesse muito pior figura que esse comandante. Ou não.
Mas se formos levados a esse extremo é preferível não ter juramentos de bandeira, nem forças armadas nem coisa nenhuma. Se se desiste logo à primeira...
Depois, parto do princípio que quando se enverga o uniforme aceitam-se as consequências.
O que fez Oliveira e Carmo?
É possível louvar o seu exemplo e aceitar uma postura contrária?

Ao ler as poucas linhas desse livro aqui citadas parece-me uma situação de uma desistência precoce", para não dizer deserção.
Resumindo, o princípio que defendo é que pelos menos uns tiritos bem dados ele e os seus deveriam ter dado, no mar ou na terra.

Em todo o caso - e mais uma vez repetindo o que desde sempre disse - que os culpados foram (e são) as chefias militares cobardes e cúmplices com a irresponsabilidade do poder político ao não terem feito o seu melhor para garantir as melhores hipóteses de sucesso e sobrevivência para as tropas sobre o seu comando.
Melhores hipóteses essas que a maior parte de nós, neste fórum, procura conseguir para as nossas forças.
Título:
Enviado por: pedro em Dezembro 17, 2007, 09:21:06 pm
Concordo consigo luso.
A patria é o mais importante.
Senao para que que eles dizem que dariam a vida pela patria?????
O capitao pedro tentava fazer o possivel para honrar Portugal e seus antepassados.
Cumprimentos e boas festas. :wink:
Título:
Enviado por: papatango em Dezembro 17, 2007, 10:47:57 pm
Na realidade, dar a vida pela Pátria, só é realmente importante quando a perda da vida tem um objectivo claro.

Só se a perda da vida puder salvar ou prlongar a vida da dita Pátria é que é legitimo pedir o sacrificio máximo.

Num juramento de bandeira, jura-se defender essa mesma Pátria, mas não se jura dar a vida apenas por dar a vida.

Comparativamente com o século XVI, em que muitos comandantes "viravam" corsários e roubavam os indianos, fossem eles aliados ou inimigos do rei de Portugal e em que alguns fizeram pactos para entregar fortalezas ao inimigo a troco de dinheiro, o comportamento dos militares portugueses esteve muito longe de indigno ou menos corajoso.

A verdade é que é normal pedir a vida dos soldados numa situação crítica, em que a própria Pátria depende de uma vitória desesperada.
Para os militares na Índia, que estavam numa parcela mínima do império português, a perda da vida deveria parecer algo de absurdo, num país como Portugal que tinha mais terra que aquela que conseguia dominar e colonizar.

Na verdade, a perda da Índia não parecia colocar em causa o império na sua totalidade.

Além de tudo isto, não esquecer que o governo em Lisboa não esperava na realidade um ataque indiano. Começou a negociar com a China a concessão de bases em Goa para a marinha de Mao Tsé Tung.

Mao, mandou dizer a Salazar que a China estava interessada em discutir o assunto das bases navais em Goa, mas que não previa que Nehru atacasse num futuro próximo.

As informações da China de Mao, vieram ao encontro da impressão internacional de que a Índia da "Não intervenção" e do pacifismo não iniciaria uma guerra.

Para não criar problemas e reduzir a possibilidade de uma acção militar indiana, o governo de Lisboa não fez absolutamente nada para reforçar Goa com tropas minimamente credíveis.

Quando Salazar entendeu que a Índia iria mesmo atacar era já demasiado tarde.

Um governo que se enganou rotundamente, previu mal e organizou pior, não tinha legitimidade para tentar limpar com o sangue dos soldados (aos quais mandou chouriços em vez de munições) a sua própria incompetência e erros de previsão.

A destruição de material, para evitar que caia em mãos do inimigo não é nada de extraordinário. O aviso Afonso de Albuquerque aliás foi encalhado propositadamente, embora estivesse armado com canhões de 120mm e tivesse alguma capacidade militar.

Era aliás praticamente a unica coisa com alguma serventia, mas que perante as fragatas da Índia (uma das quais chegou a ser atingida tendo-se retirado de imediato)  não tinha qualquer hipótese.

Cumprimentos
Título:
Enviado por: Lancero em Abril 02, 2008, 05:02:12 pm
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47 anos depois a viúva do tenente Oliveira e Carmo foi ao encontro da memória do marido morto na batalha de Diu

Artigo de José Pedro Castanheira, publicado no Expresso de 29MAR08



Eram 6h25 do dia 18 de Dezembro de 1961 quando a lancha de fiscalização ‘Vega’ levantou ferro do cais de Diu. A invasão pelas forças da União Indiana já tinha começado - por terra, mar e ar. À saída da barra, os oito membros da guarnição avistaram, recortada no horizonte, a silhueta de um cruzador inimigo, com a bandeira de fogo içada no mastro. Pouco depois, o comandante desapareceu no interior da embarcação. Ao reaparecer, o 2º tenente Jorge Manuel Oliveira e Carmo envergava uniforme branco, próprio dos grandes momentos. “Assim morrerei com mais honra”, justificou-se. Pouco depois, falou à tripulação: “Fazemos parte da defesa de Diu e da Pátria e vamos cumprir até ao último homem e última bala, se possível”. O inimigo não perdeu tempo. Dois aviões fizeram fogo cerrado sobre a ‘Vega’, limitada a uma pequena metralhadora de 20mm. Atingido nas coxas, o comandante, coberto de sangue, despediu-se dos marinheiros. Antes, num gesto que os cinco sobreviventes jamais esqueceriam, tirou do bolso um plástico que protegia as fotografias da mulher e do filho e beijou-as. Um novo voo picado dos caças indianos roubou finalmente a vida ao tenente, cujo corpo desapareceria mais tarde no Mar de Omã, arrastado pela lancha a afundar-se.

Durante semanas, a mulher viveu na ânsia da incerteza. Escreveu-lhe, desesperada, todos os dias. Pelo correio, nem uma nova. Na rádio, televisão e jornais, apenas loas à “heróica resistência” dos soldados e marinheiros. A notícia da morte só chegou a Lisboa um mês depois, a 18 de Janeiro de 1962, através de um telegrama da Caritas de Goa, em português e inglês, a “informar falecimento” do tenente Oliveira e Carmo, «killed in action». Maria do Carmo estava em casa a comer uma laranja quando entraram vários familiares. “Vinham todos vestidos de negro, não precisaram de dizer nada...”

A gesta do comandante Oliveira e Carmo - acima descrita a partir do ‘relatório de acção’ feito pelos sobreviventes - ficou nos anais da historiografia militar como o último herói da Índia. O Estado atribuiu-lhe a título póstumo a Torre e Espada, a mais alta condecoração militar. À viúva, uma pensão de sangue.

Morto aos 25 anos, deixou um filho, Diogo, com pouco mais de um ano, e a viúva, Maria do Carmo, de 22 e grávida. “Foram quatro anos inesquecíveis: em 1959, casámos; em 1960, nasceu o Diogo; em 1961, morreu o Jorge; e em 1962, em Janeiro, nasceu o outro Jorge”, conta Maria do Carmo, na sua casa, no Restelo, que lhe foi atribuída pelo Estado, mas paga por si e pela Gulbenkian. Com duas crianças no colo, determinada, refez a vida, apostada no futuro. “Não podia viver do passado”, explica. Pragmática, pegou em toda a correspondência trocada com o marido, nas fotografias e outras recordações e fechou-as numa mala, no sótão.

Empregada na TAP durante anos, Carmo viajou pelo mundo fora. Incluindo a Índia, que visitou como turista mais do que uma vez. Chegou a ir a Bombaim, bem pertinho das antigas colónias de Goa, Damão e Diu. Sem a coragem de lá entrar. Até que, há uns anos, um paciente entrou no consultório médico do filho Diogo. Informado de que era o varão do herói de Diu, contou-lhe que o cadáver do pai teria aparecido nas areias brancas da praia de S. Sebastião. A informação coincidiu com a tragédia de Entre-os-Rios, com os cadáveres a surgirem, um a um, semeados ao longo da costa, Minho e Galiza acima. “Nessa altura, tomei a decisão de ir a Diu. Quando chegasse a altura”.

O momento chegou em Fevereiro passado. Antes, teve que juntar forças e preparar-se. Com a ajuda dos filhos e da única irmã, Luísa - que, de resto, a acompanhou no seu périplo. Conversou igualmente com o pároco de S. Francisco Xavier, padre Colimão, indiano e com familiares em Diu.
Como não há fome que não dê em fartura, visitou Diu duas vezes. Numa primeira, foi como uma vulgar turista - “estava demasiado couraçada”. À segunda, mais serena e com o terreno desbravado, sentiu finalmente a terra onde o marido passou os últimos cinco meses de vida, até morrer numa inútil batalha com vencedor antecipado. Com a ajuda de um sacerdote, percorreu os lugares que Jorge tantas vezes descrevera: a casa da lancha (onde vivia), a fortaleza e o farol, o Fortim do Mar, a estátua do conquistador Nuno da Cunha, a capitania, o bazar, a praia de S. Sebastião. E as muitas igrejas e capelas. Numa delas, até é provável que repousem os restos mortais do marido. Na matriz de São Paulo, Carmo despediu-se de Diu e de Jorge, mandando rezar uma missa “por todos os portugueses que ali morreram”. Igreja cheia, para uma missa em inglês, com o celebrante a afirmar que “Oliveira e Carmo faz parte da natureza de Diu”. Maria do Carmo comoveu-se. É isso que pensa. Melhor: é isso que sente. Descarta, por isso, qualquer hipótese de trasladação de eventuais ossadas: “Não! Foi por Diu que ele deu a vida - ele pertence a Diu!”
Título:
Enviado por: TOMSK em Dezembro 15, 2008, 09:13:21 pm
Só para relembrar que estamos a dias de assinalar a queda da Índia Portuguesa...

Já no dia 14 de Dezembro de 1961 tinha chegado a célebre carta de Salazar ao Governador Vassalo e Silva em que pedia-lhe que organizasse a defesa "pela forma que melhor possa fazer realçar o valor dos portugueses, segundo velha tradição na Índia"
"É horrível pensar que possa significar o sacrifício total, mas recomendo e espero esse sacrifício como única forma de nos mantermos à altura das nossas tradições e prestarmos o maior serviço ao futuro da Nação".


 :cry:   :cry:
Título:
Enviado por: P44 em Dezembro 16, 2008, 08:29:08 am
queriam uma Chacina, era isso??????
Título:
Enviado por: TOMSK em Dezembro 16, 2008, 10:29:16 am
O passado português na Índia tem um peso muito grande, que não se devia compadecer com rendições. E a desvantagem numérica não era novidade para nós...

No entanto, o passado não se discute, e só quem lá estava é que sabia com mais certeza o que podia ou não podia fazer.

Prefiro relembrar contudo a atitude de Santiago de Carvalho, que não se rendeu, e consegui resistir quase 36 horas, na fraca Damão, quase sem armas, sem munições...
Um feito de "tomates", que parece vindo daquelas histórias dos feitos portugueses do séc.XVI...
E concerteza estará agora lá no céu, lado a lado a Albuquerque e aos grandes da Índia, plenamente merecedor de tal companhia...

A questão não era conseguirmos resistir ou não. Era impossível resistir a tão poderoso exército.
Trata-se de que depois de largos séculos da presença portuguesa na Índia, saímos de lá pela porta pequena...
 :roll:
Título:
Enviado por: Daniel em Dezembro 16, 2008, 10:44:48 am
Índia: Invasão de Goa, Damão e Diu foi ilegal e ilegítima - Carlos Azeredo


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Eles tinham armas automáticas e nós umas kropatchek de 1892, armas de origem checa completamente obsoletas, que era preciso carregar depois de cada tiro. Não tínhamos qualquer meio aéreo e eles atacaram-nos com aviões a jacto. Foi a primeira vez que vi um avião a jacto", recordou Carlos Azeredo.


Meus amigos creio que está tudo dito, como é que era possivel registir, com uma diferença tão grande de meios, creio que esse sempre foi um erro de nossas guerras, falta de meios, pois capacidade humana sempre tivemos e temos, agora ao contrario ficamos muito a desejar. :roll:
Título:
Enviado por: Lightning em Dezembro 16, 2008, 12:25:07 pm
É muito fácil falar que se devia resistir na Índia sentados no sofá, mas se qualquer um de nós de visse nessa situação, com 18 anos, inferioridade numérica esmagadora, armamento obsoleto, sem apoio aéreo.

"Tenho 18 anos e vou-me suicidar contra o Exército Indiano, para que no futuro todos digam como eu fui valente! Só se for parvo! Ainda por cima eu nem moro aqui nem ninguém da minha familia!"
Título:
Enviado por: André em Dezembro 16, 2008, 12:30:51 pm
Saimos de lá pela porta pequena tal como os Ingleses e Franceses ...  :roll: E como é que querias que eles resistisem quando a Metropole em vez de Munições enviou Chouriços ...  :?
Título:
Enviado por: TOMSK em Dezembro 16, 2008, 12:52:55 pm
Por isso mesmo é que só quem estava lá sabia o que podia fazer...
Eu não estou criticar a atitude do Vassalo e Silva, nem dos militares que se renderam!

Como sempre, é a política que não funciona, e depois a fava sai sempre aos militares...

Não funcionou Salazar, não funcionou a "Aliança Mais Velha do Mundo", não funcionou Kennedy e os EUA, não funcionou a ajuda chinesa...

Temos que entender que as critícas ao Vassalo e Silva estão inseridas num regime que usava para uso pessoal as glórias e personalidades passadas de Portugal, de conquistas e heróicas vitórias contra forças substancialmente superiores. Ora, rendendo-se o Governador, para o regime não interessava quais tinham sido as condições, mas o facto de se ter rendido era uma vergonha para Salazar e a sua política de continuação do Império de "quinhentos".

E cada um sabe de si. Se houve os portugueses que se renderam, também houve os que lutaram.
Lutaram para nada, pode-se dizer.
E são parvos por isso? Secalhar sentem a herança de ser português de outra maneira. E sim, estavam a defender Portugal. Aquele pedaço de Índia era Portugal. Pelo menos em teoria.
São razões pessoais, as do Santiago de Carvalho e as do Vassalo e Silva.

Se Salazar queria manter a Índia Portuguesa ( :roll:  ) então devia ter abdicado de tropas que não eram precisas em África e enviá-las para lá.
Mas sem dúvida, houve aqui um erro crasso de Salazar, a lembrar as dos velhos comandantes debruçados sobre um mapa, movimentando divisões que já nem existem...
Título:
Enviado por: Ataru em Dezembro 16, 2008, 01:26:45 pm
Os pequenos territórios como São Baptista de Ajudá, Macau, Goa, Damão e Diu, deviam ter sido devolvidos como Macau foi, ou seja, um acordo com o pais em questão (Benim, China e Indía) e num prazo determinado, seria então devolvido o território com estatuto especial, onde a lingua e os valores portugueses fossem valorizados.
Título:
Enviado por: TOMSK em Dezembro 16, 2008, 07:44:01 pm
Para quem desconhece, deixo aqui o conteúdo dos telegramas enviados pelo Presidente do Conselho ao Governador da Índia:


14 Dez 1961

TRANSMITE-SE SEGUINTE TELEGRAMA SEXA PRESIDENTE PARA
GOVERNADOR-GERAL GOA:


Vexa compreenderá amargura com que dedico esta mensagem. É-nos impossível
prever se União Indiana atacará ou não dentro de pouco tempo os territórios desse
Estado; ameaças aliás muitas vezes repetidas não tem ser tomadas à letra mas
desta vez governo indiano foi tão longe seus preparativos bélicos que não sabemos
como possa desviá-los sem efectuar ataque. Porventura tentará por meio de
agentes subversivos alterações poder e vida esse Estado para dispersar e anular
valor nossas forças defesa território e evitar conquista que internacionalmente
receia. Por isso é de aconselhar máxima paciência ante provocações. Tem-se
desenvolvido intensa acção diplomática, com fim mobilizar todas amizades
internacionais e influenciar numerosos Estados sentido dissuadir União Indiana
que o ataque se projectasse. Estamos seguros grandes potências como EUA,
Inglaterra e os Estados amigos como Brasil e outros sul-americanos, e com assíduo
auxílio Espanha, fizeram sentir junto do governo de Nova Delhi, ou representantes
naqueles países, sua reprovação por um ataque militar ao território português.
Posição tomada espontaneamente por categorizada imprensa mundial e
geralmente afecta à União Indiana mostra como agressão a Goa repugna a
consciência das nações e é interpretada como desmentido da política pacifista do
Primeiro-ministro que a isso é muito sensível. Sejam quais forem os resultados
destas acções combinadas há que esperar o pior; todos nós temos consciência da
modéstia nossas forças mas podendo o Estado vizinho multiplicar por factor
arbitrário forças ataque revelar-se-ia sempre no final grande desproporção.
A Política do governo foi sempre, na impossibilidade assegurar defesa plenamente
eficaz, de manter em Goa forças que obrigassem União a manter dispositivo, como
caso agora, a operação militar em força, com escândalo mundial que dissuadisse a
não projectar simples operações policiais.
Isto significa que a primeira missão das nossas forças foi cumprida; a segunda
consiste em não se dispersar contra os agentes terroristas supostos libertadores
mas organizar a defesa pela forma a mantermos à altura das nossas tradições e
prestarmos o maior serviço ao futuro da Nação. Não prevejo possibilidades de
tréguas nem prisioneiros, como não haverá navios rendidos, pois sinto que apenas
pode haver soldados ou marinheiros vitoriosos ou mortos.
O ataque que está a ser desferido contra Goa deve pretender pela sua extrema
violência reduzir ao mínimo a duração da luta. Convém politicamente que esta se
mantenha ao menos oito dias, período necessário para Governo mobilizar em
último recurso as instâncias internacionais.
Estas palavras não podiam pela sua gravidade ser dirigidas senão a um militar
cônscio dos mais altos deveres inteiramente disposto cumpri-los. Deus não há-de
permitir que este militar seja o último governador do Estado da Índia.


Presidente do Conselho

14 DEZ 61

Transmite-se seguinte rádio Sexa Presidente do Conselho
Governador Geral de Goa:


Acabo de receber por intermédio do nosso ministro dos Negócios Estrangeiros
Paris neste momento informação dos seus colegas ingleses e americanos que U. I.
desencadeará amanhã ataque territórios portugueses.
Foram inúteis diligências respectivos Governos junto nosso e mesmo diligência
Presidente Kennedy.
Não restará agora mais que honrar a missão confiada às tropas sob comando Vexa.


Presidente do Conselho
Título:
Enviado por: nelson38899 em Dezembro 17, 2008, 09:32:51 am
Quem escreveu essa mensagem não devia ter janelas da sua casa ou do seu gabinete pois a desproporção de meios era tão grande que não havia possibilidade de defesa, tendo em conta os poucos meios que as forças armadas tinham, nem as batatas ajudaram  :evil:. Desviando um pouco do tópico eu num percebi o que vai na cabeça dos políticos Portugueses tendo em conta a politica de defesa, pois quando tínhamos império as nossas forças eram muito insuficientes para proteger o nosso império e mesmo assim eles nada fizeram para melhorar a situação, agora continuamos na mesma uma ZEE enorme e valiosa sem protecção as ilhas e as costas de Portugal continental também sem protecção. Mais uma vez a história se repete
Título:
Enviado por: Heraklion em Janeiro 26, 2009, 11:02:02 pm
Honra aos bravos que morreram a defender o Império.
 :Soldado2:  :Soldado2:  :Soldado2:
Título:
Enviado por: TOMSK em Janeiro 27, 2009, 12:14:25 am
Uma cápsula de cianeto para Vassalo e Silva

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fclix.segundasedicoes.expresso.pt%2Fimagens%2Fed1519%2Ffotos%2Fgrande%2FF1-R0742.jpg&hash=fa988062bb4436c04275f40a963e883a)
 Regresso à Índia, em Junho de 1980. O general Vassalo e Silva junto à estátua de Camões, que ainda estava em Velha Goa
 
Campo de prisioneiros de Pondá, 7 de Maio de 1962.
Numa das casas da Companhia das Águas, que lhe serve de cela, o ex-governador do Estado Português da Índia recebe a visita do engenheiro Jorge Jardim. Este especialíssimo agente, perito em missões impossíveis, chegara à União Indiana em Fevereiro, com carta branca do ministro do Ultramar, Adriano Moreira, e do próprio Salazar para resolver as questões relacionadas com a libertação dos presos.

Libertação que, afinal, se vinha arrastando por razões exclusivamente imputáveis a Lisboa, já que a única preocupação de Nova Deli era livrar-se daquele fardo o mais rapidamente possível.

A repatriação dos 3500 militares portugueses tinha finalmente começado na véspera, de manhã. Muito antes, haviam sido os civis, entre os quais Urbano Carrasco, do «Diário Popular» e uma equipa da RTP, alguns dos numerosos jornalistas que cobriram a invasão de Goa (como o fotógrafo H. Van Kan, que publicou o seu trabalho no «Paris Match»).

Não é difícil imaginar o assunto da conversa de Jorge Jardim com Vassalo e Silva: o desfecho da guerra, a rendição incondicional ao fim de 36 horas de uma débil resistência, as razões que levaram o governador a não aceitar o «sacrifício total» reclamado por Salazar. A reunião prolonga-se por mais de uma hora. Jardim rejeita os argumentos do general e condena vivamente a sua atitude. Segundo um relato oral feito pelo engenheiro ao ministro Adriano Moreira, a reunião termina com Jardim a recriminar Vassalo: «Para bem do país, o senhor general devia ter morrido em combate. Aconselho-lhe uma maneira de não regressar vivo a Portugal.» Dito isto, levanta-se e deixa sobre a mesa um pequeno frasco com veneno. O episódio é confirmado por Jaime Nogueira Pinto (em «Portugal, os Anos do Fim»), com a diferença de um pormenor: em vez de um frasco, seria «uma cápsula de veneno de acção rápida e mortal». José Freire Antunes, por sua vez (em «Jorge Jardim Agente Secreto»), admite que este «teria aconselhado Vassalo e Silva a suicidar-se com cianeto na funesta hora da partida».

O general não seguiu a sugestão-apelo. Tal como prometera, e apesar da precária saúde, foi o último a ser repatriado. À chegada a Lisboa, não tinha nenhuma autoridade a recebê-lo - nem civil, nem militar. Salazar jamais lhe perdoou a traição. «Se as nossas tropas tivessem resistido oito ou dez dias, ainda hoje tínhamos Goa», tal era a convicção do ditador, numa confidência feita em 1968 ao ministro dos Estrangeiros, Franco Nogueira (em «Um Político Confessa-se»); «assim foi uma desgraça e o Vassalo e Silva cometeu um crime histórico».

Sem conseguir ser recebido por Salazar, o ex-governador pediu um encontro com o ministro. «Apareceu-me com um calhamaço enorme na mão», conta Adriano Moreira. «Expliquei-lhe por que razão não fora ao aeroporto.»

É certo que fora esperar os governadores de Damão e Diu, mas não o de Goa. «É que, entretanto, tinha sido extinto o cargo de governador-geral da Índia, para não termos que negociar a libertação de um governador.» Em seu lugar, fora criada a figura de um alto-comissário. O ex-ministro garante, contudo, que «nunca - jamais! - fiz a menor crítica à sua decisão de se render. Tem que se perceber o papel em que ele se encontrava: a responsabilidade de decidir como é que acabava a História do país! E teve que decidir!» No final da audiência, deu-lhe «o tal livro: era o plano de recuperação da velha Goa, com a indicação de que era para ser executado. Era uma obsessão!»

Oriundo da arma de Engenharia, o general Manuel António Vassalo e Silva nunca estivera na Índia, onde chegou a 4 de Dezembro de 1958. Durante os três anos da sua gestão, Goa atingiu «o maior desenvolvimento de sempre» («Dicionário de História de Portugal»). O aumento da exportação de ferro permitiu superar o crónico deficit externo. Construiu o aeroporto internacional, a que deu o nome do antecessor - Benard Guedes. Uma pista em condições permitiu a criação dos Transportes Aéreos da Índia Portuguesa. Alguns trabalhos de recuperação do espectacular património de Velha Goa arrancaram no seu tempo. Projectada ficou uma ponte suspensa sobre o Mandovi, junto a Panjim, da autoria de Edgar Cardoso.

«Era um bom engenheiro e foi o responsável pelo forte desenvolvimento de Goa», concorda Adriano Moreira. «Foi um riquíssimo governador», opina Carlos Azeredo, «competente, sério e bom».

Significativamente, a imprensa goesa de expressão portuguesa, apesar da enorme cambalhota que deu, não parece ter beliscado o ex-governador. Mesmo os inimigos conservam boa impressão dele. «Era boa pessoa», diz simplesmente Ravindra Kelecar, um dos «Freedom Fighters» preso pela polícia portuguesa.

Em Junho de 1980, voltou a Goa, onde lhe foi dispensada uma amável recepção. A razão é muito simples: evitara um banho de sangue e a destruição de um valiosíssimo património histórico.

Expulso do Exército em 1963, por deliberação do governo de Salazar, reclamou um julgamento. A isso se opuseram os comandos militares, que insistiram na punição disciplinar. Viria a ser reintegrado depois do 25 de Abril. Morreu em Agosto de 1985, com 86 anos.

 
Expresso
Título:
Enviado por: Heraklion em Janeiro 30, 2009, 11:03:00 pm
Que ganharam os indianos de Goa com a transição de poder... :roll:
Viva Portugal!!
Viva o Império!!
Título:
Enviado por: dannymu em Fevereiro 26, 2009, 05:33:42 pm
Citação de: "JoseMFernandes"
Um apontamento sobre uma das consequencias posteriores.O Governo portugues que obviamente nao reconheceu a legalidade da ocupaçao do Estado Portugues da India, nem a legitimidade da sua integraçao na Uniao Indiana, decretou o direito dos naturais desses territorios (nascidos até 1961) manterem a cidadania portuguesa, com os respectivos e entao relativamente escassos direitos internacionais.Curiosamente, esta lei,nao so nao foi revogada no 25Abril74 ( esta questao foi regulada com os acordos bi-laterais de independencia nas restantes ex-colonias), como  até hoje, penso,  nao se fez um largo e conclusivo  acordo com a India sobre a herança cultural e humana portuguesa, e  sem pretender que a culpa seja atribuivel exclusivamente a Portugal.Pelo contrario, esta dubia situaçao veio  a ser  aproveitada  e deturpada com os piores objectivos, apos a integraçao de Portugal na entao CEE em 1986, quando muitos hindus 'descobriram a saudade' de ser portugueses, por via do estado indiano de Goa. O trafico de passaportes e BI's portugueses verdadeiros(rarissimos com o decorrer dos anos) e os pretensos da esmagadora maioria nos registos oficiais (nomes,datas de nascimento, de naturalidade...), quando nao totalmente falsos, cresceu exponencialmente, na tentativa de obter um 'lugar ao sol' na Europa, muitos para Portugal, onde sao relativamente visiveis no comercio, mas cmuitos  deles com rumo posterior  para o Reino Unido, onde  se sentem mais ligados por motivos de casta, ambiente ou interesse economico, sendo que na sua  maioria pouco ou nada tinham a ver com o antigo Estado da India Portuguesa...Lembro-me de uma visita nos anos 90, bem documentada fotograficamente, efectuada pelo PM portugues a Goa, e onde ficaria  patente a surpresa, dele e seus  acompanhantes, com a livre  existencia de  enormes painéis publicitarios por todo o lado, até na estrada do aeroporto,  prometendo  'arranjar' passaportes portugueses com vista a deslocar-se ou emigrar para a  Europa.

Em Moçambique uma  parte significativa da razoavel comunidade indiana existente, que nao seria maioritariamente goesa, acabou apos varias e tristes peripécias(racismo?), por abandonar o novo pais, e redirigir-se para a Europa, igualmente  para, ou  através de Portugal...mas isso ja sera outra historia...

Os meus avos eram Goeses e já viviam em Moçambique desde o início dos anos 50. Depois nasceram os meus pais e após o 25 de Abril os meus avos regressaram a Goa enquanto os meus pais ficaram em Moçambique (como Portugueses) até que se fartaram de ser perseguidos pelos comunas por serem Cristãos Protestantes (no inicio da década de 80). Depois foram para Portugal e ainda permanecem em Portugal.

Mas os meus pais do pouco que já me contaram sobre como era viver em Moçambique, disseram que tinham sido vítimas de racismo em algumas ocasiões durante o tempo em que Moçambique pertencia a Portugal. Mesmo assim eles reconhecem que a independência estragou Moçambique por completo e que Portugal nunca deixaria Moçambique ficar tão pobre como agora está. Além disso no tempo do Salazar e Caetano os meus avos tinham comida na mesa.

Não sou um especialista em questões militares (embora esteja muitissimo interessado nessa matéria) mas a culpa de Goa ter caído tão facilmente nas mãos dos Indianos é sem dúvida da falta de planeamento por parte do Salazar. Ele insistia muito em manter Goa mas só falava. Ele devia ter enviado um número de navios da Marinha mais umas dezenas de milhares de soldados altamente treinados e aviões de guerra para defender Goa e outros territórios. E claro que devia ter enviado o armamento mais recente ºara substituir armamento do século anterior. Isso para dissuadir os Indianos de atacarem militarmente Goa, Diu e Damão....

Citar
Que ganharam os indianos de Goa com a transição de poder...
 :roll:

Nada de especial. Fui a Goa em 1998 (fiquei perto de Colvá e visitei Panjim) e embora ainda nem tinha 10 anos, eu vi muito bem que aquilo estava cheio de pobreza. As cidades eram sobrelotadas e sem condições nenhumas, os transportes públicos não prestavam para nada e a única coisa de jeito que havia eram as praias (pelo menos a de Colvá) mais os sumos bem geladinhos que bebia em tal praia!
Título:
Enviado por: teXou em Fevereiro 26, 2009, 07:08:57 pm
Citação de: "dannymu"
...

Ele insistia muito em manter Goa mas só falava. ...

Não só falava ... tambem pedia o sacrifício supremo dos poucos militares que là estavam.

O f**** d* p**** dizia: "... soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos ..."  :down:

Na RTP sobre Goa. (http://http)
Título:
Enviado por: André em Fevereiro 26, 2009, 07:12:35 pm
No caso de Goa em relação ao armamento obsoleto e falta de apoio da metrópele é caso para dizer sem Ovos não há Omoletes ...  :lol:  :lol:
Título:
Enviado por: dannymu em Fevereiro 26, 2009, 07:31:10 pm
Citação de: "teXou"
Citação de: "dannymu"
...

Ele insistia muito em manter Goa mas só falava. ...
Não só falava ... tambem pedia o sacrifício supremo dos poucos militares que là estavam.

O f**** d* p**** dizia: "... soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos ..."  :down:

Na RTP sobre Goa. (http://http)

Mas "esqueceu-se" de dar aos poucos militares armamento moderno e de enviar reforços ANTES da invasão dos Indianos. Sem tais meios é normal que os poucos soldados em Goa, Diu e Damão não tivessem muita coragem para lutar até ao fim pois morreriam sem causar baixas nos Indianos.
Título:
Enviado por: TOMSK em Fevereiro 26, 2009, 08:53:33 pm
Citar
Não só falava ... tambem pedia o sacrifício supremo dos poucos militares que là estavam.

O f**** d* p**** dizia: "... soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos ..."


Durante o 1º Cerco de Diu, em 1538, o baluarte da Vila dos Rumes viu-se completamente cercado pelas forças turcas. Aguardando instruções, enviaram uma carta à fortaleza de Díu, ao Capitão António de Silveira. A resposta deste foi a seguinte "Que façam o que vos pareça melhor, porque não se pode mandar a ninguém morrer, estando os que o mandam em salvo"
Veja-se a diferença  entre esta missiva e a ordem de Salazar.

Foi no entanto este António da Silveira e mais uma centena de portugueses que resistiram formidavelmente ao ataque de cerca de 19.000 Turcos, obrigando o inimigo a abandonar o ataque, extasiados com tão assombrosa façanha realizado por tão poucos homens.

A Índia foi de facto um altar de feitos magníficos obrados por Portugueses. Só que nessa altura não havia um inimigo com caças-bombardeiros, nem com uma tremenda superioridade de material bélico como aquele que apareceu em 1961.

A situação política internacional desfavorável a Portugal, os problemas logísticos, e mais importante que tudo, a superioridade material e numérica indiana fizeram com que a defesa da Índia Portuguesa fosse impossível naquelas circunstâncias.

Muito diferente da situação na África Portuguesa.
Título:
Enviado por: teXou em Fevereiro 26, 2009, 09:37:32 pm
Citação de: "TOMSK"
...
Veja-se a diferença  entre esta missiva e a ordem de Salazar.
...

Não é preciso, você já a disse.  lo3x4
Título:
Enviado por: P44 em Fevereiro 27, 2009, 09:54:31 am
Citação de: "Heraklion"
Honra aos bravos que morreram a defender o Império.
 :Soldado2:  :Soldado2:  :Soldado2:


Honra mas é ao General Vassalo e Silva que teve a CORAGEM de não obedecer ás ordens de um caduco que apenas desejava a morte dos soldados portugueses.
Título:
Enviado por: legionario em Fevereiro 27, 2009, 07:30:34 pm
Citação de: "teXou"
Citação de: "dannymu"
...

Ele insistia muito em manter Goa mas só falava. ...
Não só falava ... tambem pedia o sacrifício supremo dos poucos militares que là estavam.

O f**** d* p**** dizia: "... soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos ..."  :down:

Na RTP sobre Goa. (http://http)


e o senhor Doutor  ( aquele a que  vc chama f**d**p** ) disse muito bem ! os militares servem para defender a Patria e os seus interesses , nao deviam servir para fazer revoluçoes... como aquela (de Beja) que o seu idolo Humberto Delgado organizou e em que foi assassinado um Major de Leiria desarmado ! Porque nao guardaram a valentia para defender Goa ?
Nao foram sempre combates desiguais que opuseram os tugas aos adversarios ?
Eu penso que Goa devia ter regressado à Uniao Indiana mas da mesma formaz que o foi Macau e apos consulta dos Goeses e nao acho nada digno o comportamento de Vassalo da Silva. Foi mais um que seguiu a carreira militar so pelas mordomias e pelo status  . Felizmente que outros miltares ,como o oficial de Marinha Oliveira e Carmo entre outros, mostraram que se temos o pior (o Vassalo) tambem temos do melhor que ha.
Se o general Vassalo tivesse feito o que fez em paises como a França   passava em conselho de guerra e era fusilado . Nos EUA nao sei o que lhe fariam, mas nao era coisa boa tambem. Valeu-lhe termos o F***d***P***  (sic)   do Salazar a governar que se calhar nao era tao carrasco como dizem .
Título:
Enviado por: TOMSK em Fevereiro 27, 2009, 07:52:03 pm
Citação de: "legionario"
Eu penso que Goa devia ter regressado à Uniao Indiana mas da mesma formaz que o foi Macau e apos consulta dos Goeses...

Ela nunca poderia ter "regressado" à União Indiana, já que nunca fez parte dela, como aliás já eu e outros tivemos a oportunidade de explicar aqui. Esses territórios pertenciam aos Turcos Otomanos e a outros pequenos reinos, na maioria muçulmanos.
Assim Goa, Damão e Díu não pertenciam à União Indiana( criado séc. XX), mas sim ao Estado Português da Índia ( criado séc XV-XVI)
Que fique bem claro a ilegalidade e criminosa invasão de território português.

Citar
Felizmente que outros miltares ,como o oficial de Marinha Oliveira e Carmo entre outros, mostraram que se temos o pior (o Vassalo) tambem temos do melhor que ha.

E o Alferes Santiago de Carvalho, que resistiu em Damão 36 horas!

Citar
Se o general Vassalo tivesse feito o que fez em paises como a França   passava em conselho de guerra e era fusilado . Nos EUA nao sei o que lhe fariam, mas nao era coisa boa tambem. Valeu-lhe termos o F***d***P***  (sic)   do Salazar a governar que se calhar nao era tao carrasco como dizem .


Secalhar queriam que o homem fosse recebido com honras militares e comité de boas-vindas...
Bem visto. :G-Ok:
Título:
Enviado por: pedro em Fevereiro 27, 2009, 08:02:19 pm
Tenho que dar razão ao legionario o homem não teve valor quase nenhum.
Ele deveria resistir nem que fosse com pistolas, e armamento de pessima qualidade.
Ele fez que o sacrificio de outros fosse em vão.
Cumprimentos
Título:
Enviado por: TOMSK em Abril 01, 2009, 06:48:38 pm
O Combate da “Vega”
Visto da Fortaleza de Diu
.

 
O Coronel Dias Antunes era em 1961, Alferes do Exército, e tinha sido destacado para uma Companhia de Infantaria, para o longínquo distrito de Diu, no então Estado da Índia Portuguesa. É nesta situação que se encontra na altura do ataque da União Indiana e foi testemunha do combate da lancha “VEGA”.

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fclix.segundasedicoes.expresso.pt%2Fimagens%2Fed1519%2Ffotos%2Fgrande%2FF2-r0744.jpg&hash=c7d438387e0a06ebbaba29c9199c4888)

R. A. – Em que ano chegou a Diu e em que situação?  

D. A. - Cheguei a Diu em 15 de Junho de 1960, integrado na Companhia de Caçadores nº 3, tendo ficado colocado como Comandante do Pelotão de Acompanhamento (Armas Pesadas), o qual ficou instalado na Fortaleza.  

R. A. – Naquela altura, qual era a situação em Diu e na Índia Portuguesa em geral?  

D. A. – De uma grande tranquilidade. O Governador, Sr. General Vassalo e Silva estava a fazer um excelente trabalho e, economicamente, a Índia Portuguesa era das poucas províncias ultramarinas que não constituía encargo para o governo português. Já sob o ponto de vista militar a situação era difícil. Sem entrar em mais pormenores basta que lhe diga que os cunhetes das munições de Morteiro de que dispúnhamos, tinham na tampa uns carimbos, de cor vermelha, que diziam: “WEST POINT – 1954 – REJECTED”!
Material antiquado, velho e com efectivos em pessoal cada vez menores!  

R. A. – Qual era de uma maneira geral, o relacionamento dos militares com a sociedade civil?  

D. A. –A relação entre nós e a população civil era a melhor possível, de uma sincera fraternidade e amizade. Confirmámos isso depois da rendição.  

R. A. – Qual era o efectivo militar nessa altura?  

D. A. – Para além da minha Companhia, havia também o pessoal da Bateria de Artilharia, da PSP, Guarda Fiscal, algum pessoal do Comando e, claro, o Pessoal da Marinha constituído pela guarnição da lancha “VEGA”, e 3 homens da lancha “Folque” dos serviços hidrográficos, num total aproximado de 350 homens. Pessoal civil, natural da Metrópole, não havia ninguém.
 
R. A. – Havia grande confraternização entre os ramos?  

D. A. –A natural defesa para um grupo pequeno, numa terra tão pequena é a de se unir. Mas de facto o ambiente era excepcional. Basta acrescentar que, ainda este ano, na noite de 17 para 18 de Dezembro nos continuaremos a reunir, como vimos fazendo nos últimos vinte anos! Com o pessoal da Marinha, desde o então Primeiro-Tenente Geraldes Freire, mais tarde Seixas Serra e a finalizar Oliveira e Carmo, com todos eles a amizade e confraternização eram uma constante.
 
R. A. – Quando é que notaram alterações por parte da União Indiana?  

D. A. –Três meses antes começam a notar-se os primeiros sintomas de que algo se estava a preparar, com contínuos sobrevoos  de Diu por parte de aviões militares, os quais imaginávamos que estariam fotografando em pormenor todo aquele pequeno território. Numa linha de caminho de ferro que corria cerca da fronteira, também detectámos o transporte inusitado de tropas, canhões etc., num aparato militar tremendo. O Comando recebeu informações que lhe confirmavam a deslocação para os arredores de Diu de tropas e material de guerra (efectivos calculados em cerca de 4.500 homens).  

R. A. – Em Diu havia um plano para enfrentar as Forças Indianas em caso de invasão?

D. A. – O plano da defesa de Diu que, devido à pequenez do território e aos reduzidos meios de que dispunha, era forçosamente simples, foi cumprido. Assentava ele fundamentalmente nos seguintes pontos:

a)  Resistência dos Postos exteriores da Guarda Fiscal e Polícia, enquanto possível;
 
b) Ocupação da zona do Aeroporto e arredores;

c)  Defesa da muralha exterior da cidade, a cargo da Companhia de Caçadores, menos o seu pelotão destacado para a zona do Aeroporto, e o Pelotão de Armas Pesadas que estava na Fortaleza, onde constituía uma base de fogos;

d) Defesa final, efectuada na Fortaleza, à custa dos meios recolhidos, incluindo a Bateria de Artilharia, actuando como Infantaria;

Não foi possível a sua execução completa, porque depois do primeiro embate em que se combateu toda a noite, até ao esgotamento de munições no caso dos Morteiros, de manhã a U. I. entrou com os seus aviões a jacto e a partir desse momento era completamente impossível sair sequer dos buracos onde nos tínhamos enfiado...

A Fortaleza, nosso teórico último reduto, estava completamente devassada e destruída.  

R. A. – Quando começou a desenrolar-se o combate?  

D. A. – Na madrugada de 18 de Dezembro, cerca das 1.30, a U.I. iniciou a invasão tentando entrar por dois pontos: a península de Gogolá, defronte de Diu, e um posto fronteiriço (Porto Covo).

Em ambos os postos, sobretudo em Gogolá onde havia mais concentração de tropas, e devido à forma maravilhosa como se comportaram os (poucos) homens da Guarda Fiscal e Polícia que neles se encontravam, os ataques foram repelidos com bastantes baixas por parte da U. I. e apenas alguns feridos da nossa parte. Para Gogolá foi onde se concentrou todo o nosso fogo de apoio, quer por parte dos Morteiros, quer por parte das peças de Artilharia.

Esta acção durou até cerca das 5.30 da manhã, e como entretanto se tinham esgotado as munições dos Morteiros que estava comandando, apresentei-me no posto de Comando ao Sr. Major Lucena de Vasconcelos, Governador e Comandante-chefe, o qual me ordenou “que ficasse por ali”. O posto de Comando tinha uma posição elevada e dispunha de uma janela sobre o canal de onde eu vi a lancha “VEGA”, com o seu Comandante Oliveira e Carmo de farda branca (adiante explicarei porquê) e com o qual eu troquei uns acenos de saudação. Neste momento um marinheiro aproximou-se dele e disse-lhe qualquer coisa que fez com que ele se precipitasse para o alarme de postos de combate, tendo-me acenado para a ponta da ilha. Ali duas esquadrilhas de aviões a jacto iam destruindo com uma rapidez incrível todos os postos fronteiriços e – pensámos nós – sepultando no seu interior os seus bravos defensores.

Também na mesma altura se identificou ao largo de Diu, mas muito perto para os seus canhões, o cruzador “Nova Delhi” que entretanto começara a bombardear a Fortaleza.

Corri para perto do meu pessoal, pelo caminho fui atacado pelos aviões, e do buraco onde todos nos enfiámos, de vez em quando vinha até ao cimo das muralhas de onde...  

R. A. – Assistiu à acção da “VEGA”?  

D. A. – Assisti à acção da “VEGA”! Vejo-a sair a toda a velocidade a caminho do cruzador, tendo sido atacada no caminho pelos aviões a jacto! O Comandante manejando com perícia o leme, furtava-se repetidamente aos vários ataques que lhe eram dirigidos (eram visíveis no mar os rastos das várias rajadas), e assim conseguiu atirar abaixo três aviões inimigos! Fantástico! E continuava a gritar com o seu pessoal: Força neles! Dá-lhes agora, Ramos! Boa Aníbal!” Extraordinário!

Mas após um breve intervalo de reabastecimento, quando os aviões vieram outra vez, ao primeiro ataque desta vez cruzado, ao fugir de uma das rajadas, caiu em cheio no meio da outra, e foi o fim! As balas entravam por cima e saíam pelo fundo da lancha construída em fibra, e logo nessa primeira rajada a embarcação ficou em chamas, a meter água, mas ainda com o atirador da peça de Artilharia a fazer fogo! O convés era um mar de sangue, pois foram cortadas ambas as pernas ao Oliveira e Carmo e ferido de morte o marinheiro-artilheiro Ferreira. Ao Comandante ainda com vida, tentaram passá-lo para uma balsa lançada entretanto na água, mas nova rajada acabou de vez com a sua vida!!

Essa é uma imagem que jamais esquecerei!!!

R. A. – Conseguiu ouvir as palavras que o Comandante dirigiu à guarnição antes do combate?  

D. A. – Não. Mas durante o cativeiro e como me continuei a dar muito bem com o pessoal da Marinha (tendo sido até escolhido pelo Governador para recolher oficialmente o relatório deste pessoal), falámos várias vezes deste assunto tendo todos de uma forma geral referido que as suas palavras tinham sido de exaltação e estímulo, mais ou menos: “Rapazes! Sei que vão cumprir assim como eu! E que mais vós quereis se não acabarmos numa batalha! Fazemos parte da defesa da Pátria e vamos cumprir até ao último homem e última bala! Eu até me vou vestir de gala porque assim morrerei com mais honra!!”

E depois de isso, fizeram-se as despedidas, as fotografias dos entes queridos foram beijadas e guardadas nos calções e partiram com aquele Comandante com quem iam até ao fim do mundo!!!  

R. A. – Hoje, 40 anos depois, o que se lhe oferece dizer?  

D. A. – Analisando a atitude do Comandante Oliveira e Carmo, de ter visto a forma como ele encarou a situação, tem que se enaltecer o grande patriotismo, honestidade profissional, hombridade e enorme coragem. Ele teve tempo suficiente para se preparar e preparar o pessoal para o combate, preparou-se para cumprir uma ordem e nesse cumprimento, morreu. A guarnição estava perfeitamente moralizada e o exemplo dele foi de tal forma empolgante que todos o seguiam.

Ainda há heróis em Portugal!

Só lamento que o seu nome seja tão pouco conhecido e honrado, sobretudo junto da nossa juventude!
 
http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_ ... pag24.html (http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_dez2001/pag24.html)
Título:
Enviado por: legionario em Abril 01, 2009, 07:08:52 pm
Conheço relativamente bem este episodio mas é a primeira vez que ouço falar de 3 avioes indianos abatidos pela lancha ...mas gostava que fosse verdade .
O apontador devia ser fora de série para abater 3 aparelhos a jacto com uma metralhadora pesada .
Título:
Enviado por: Ataru em Abril 01, 2009, 07:55:09 pm
Estes nossos territórios deviam ter sido lidados de melhor maneira, penso que mais ou menos como Macau. Uma negociação cuidada com a União Indiana e garantia de devolução pacifica dos territórios dentro de um determinado período de anos. Não vejo solução melhor... Isto aplicava-se também à Fortaleza de São João Baptista de Ajudá, no actual Benim.
Título:
Enviado por: TOMSK em Abril 01, 2009, 08:01:35 pm
Penso que o que o Coronel Dias Antunes se referia ao dizer "abater"´era pôr fora de combate. O que de facto sucedeu. A "Vega" consegui repelir o ataque de dois caças, conseguindo mesmo danificar gravemente um terceiro, que teve que aterrar de emergência!

O que não deixa de ser uma façanha impressionante para uma lancha de fiscalização!  :shock:  :shock:

"O valor dos portugueses, segundo velha tradição na Índia" como afirmou Salazar na última carta ao Governador, foi assegurado, e o nome de Oliveira e Carmo figurará na história ao lado dos Albuquerques e Almeidas, como os grandes portugueses da Índia!
Título:
Enviado por: legionario em Abril 01, 2009, 08:10:01 pm
Esse episodio é extraordinario, pena tantas pessoas o ignorarem.
Título:
Enviado por: TOMSK em Abril 09, 2009, 11:25:26 am
Documentário de 25 minutos sobre a "portuguesa" Diu.

 yu23x1
Título:
Enviado por: TOMSK em Maio 10, 2009, 12:46:11 am
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fi380.photobucket.com%2Falbums%2Foo246%2Fpanzer18%2Fparis_match_13jan62_goa.jpg&hash=41cbb058fe5b434934ec1811f78b0880)

A prestigiosa revista “Paris Match” de 13/1/1962 noticiava o fim da “Índia Portuguesa”:
3000 soldados feitos prisioneiros. 36 horas tinham sido suficientes para abolir 451 anos de história. O verdadeiro não-violento tinha sido o último Governador português, Vassalo e Silva cuja partida fez chorar as gentes de Goa, que o queriam abraçar. Rendendo-se, tinha evitado um massacre e assegurado a sobrevivência do património português naquelas paragens.


 :cry:  :cry:
Título:
Enviado por: HSMW em Agosto 28, 2009, 01:23:42 am
http://www.militaryphotos.net/forums/sh ... p?t=163901 (http://www.militaryphotos.net/forums/showthread.php?t=163901)

Goa - 1954
Excelentes fotos.
Quem estiver lá registado que mande uns bitaites.  c34x
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: TOMSK em Outubro 09, 2009, 02:01:42 pm
Documento da rendição do Estado Português da Índia

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fz.hubpages.com%2Fu%2F698197_f520.jpg&hash=618c3cf3f39aa0bff42e67d151eb3d50)

http://hubpages.com/hub/The-Spread-of-the-GSB-Community (http://hubpages.com/hub/The-Spread-of-the-GSB-Community)

Curiosa a observação do Presidente Kennedy, a propósito das virtudes da "não-violência" contrastantes com a agressiva invasão do território, quando comentava com o embaixador indiano nos Estados Unidos:

"Vocês passaram os últimos 15 anos a pregar-nos a moralidade, e agora chegam-se à frente e agem como qualquer outro país agiria. Como se costuma dizer, parece que o padre foi apanhado a sair do bordel"...

(New York Times, Pag.32, 19  Dezembro 1961)
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Carlos Rendel em Março 09, 2010, 01:40:07 pm
Guerra esquecida ou guerra que se quer esquecer?
Não conheço a India ex-portuguesa e só sei o que se conta e o que se escreve,a que se deve dar um prudente desconto.É indiscutível que a política ultramarina de Salazar sofreu uma
súbita inflexão ao soprar o vento da história em Angola,ficando em Goa o armamento que
não era possível "exportar".Também há que reconhecer que resistir 8 dias em Goa como
aspirava o dr. Salazar para o assunto ser debatido no Conselho de Segurança da ONU era
insensato dados os meios em confronto.Todavia,a resistência deste território minúsculo
face ao Golias indiano traria uma onda de simpatia dos países ocidentais,sobretudo os que
sofreram as agruras da II Guerra mundial,com a invasão hitleriana.
Fosse como fosse,as forças nacionais,para atingirem o desiderato de "aguentar" necessitariam
de armamento mais moderno e adequado aos fins,de linhas de defesa organizadas,de artilharia antiaérea com pessoal treinado,e artilharia de "campo" (faz lembrar o 188 alemão)
ainda "comandos" com objectivos bem definidos,de alguma aviação com missões defensivas,
e treino intensivo de goeses na guerra de guerrilha,com missões de infiltração.
Bem, embora a história não tivesse mudado,e já não fôssemos os portugueses de quinhentos
ainda tínhamos garras afiadas,embora nos sobrassem poucas,havia a nosso crédito o respeito
e admiração da comunidade internacional.
Aceito que haja quem "a posteriori"diga que esta argumentação é uma fantasia de ociosos
mas a História traz-nos mais algumas lições.Que dizer então de Stalingrado,da defesa de
cidades portuguesas e espanholas cercadas por Napoleão,dos cadetes do Alcazar de Toledo
em 1936,ou dos 300 espartanos em Termópilas?Tudo isto a propósito dos 25 homens que
morreram em combate em 1961,que nos fazem inclinar com respeito.
E o resto? Como foi?Porque foi? Talvez um dia se saiba,talvez não.                       C.R.
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: miguelbud em Dezembro 14, 2011, 10:39:41 am
"Jóias da Índia" saíram dos baús

Há exactamente 50 anos, a 12 de Dezembro de 1961, Jorge Esteves Anastácio, gerente-geral do Banco Nacional Ultramarino (BNU) tomava uma decisão drástica, mas que o escoar do tempo provaria acertadíssima.

A Índia Portuguesa, particularmente Goa, vivia os seus últimos momentos sob jurisdição lusa, com o exército indiano nas suas fronteiras, pronto a retomar pela força o que a diplomacia, esbarrando na intransigência de Salazar, não tinha conseguido. Prevendo a invasão do território (que se viria a verificar apenas cinco dias depois) e temendo as consequências que esse processo poderia ter para os bens depositados no banco – as autoridades da Índia ter-se-iam apropriado dos valores, reclamando-os para si – Jorge Anastácio mandou encaixotar todo o espólio e encaminhá-lo para Portugal.

O navio português ‘Índia’ (apropriadamente baptizado), por desígnios do destino, fazia nessa altura escala em Goa, na sua viagem desde Timor, e em boa hora, pensou o gestor, já que foi mesmo essa a boleia que os bens apanharam, rumo a Lisboa, onde estariam a salvo. A decisão hoje parece de mestre, um gesto de determinação e capacidade de análise, mas na altura não deixou de acarretar risco, já que se nada tivesse acontecido, os clientes teriam visto os seus valores enviados para bem longe, por razão nenhuma.

Meio século volvido, a Caixa Geral de Depósitos (que entretanto adquiriu o BNU) celebrou esta data com a reabertura do espólio, que depois de tanto tempo selado e atrás de quatro paredes (de cofre) vai ser entregue ao Estado português. Alguns dos objectos foram reclamados pelos herdeiros dos legítimos donos, ao longo destes anos, mas as 14 caixas que sobraram vão agora ser reabertas, analisadas e inventoriadas, devendo depois ser, pelo menos em parte, expostas ao público.

«O destino que será dado aos objectos pertence agora ao Ministério das Finanças e ao Instituto dos Museus e da Conservação, creio. As peças com valor museológico devem acabar expostas ao público, algo que deve demorar alguns meses, no entanto, já que tem de se fazer o inventário das peças. Nesta altura já nada será reclamado, e todo este material pertence, legal e juridicamente, ao Estado português», disse a A BOLA Rodolfo Lavrador, administrador da Caixa Geral de Depósitos.

O dia, da parte da CGD, serviu também para homenagear o ‘salvador’ do espólio em causa, denominado de ‘Jóias da Índia’, que contempla desde moedas a barras de ouro e acessórios de valor, como brincos e pulseiras. Um homem que representa um exemplo de gestão.

«Numa altura em que se fala tanto de administração, Jorge Anastácio foi o precursor dos valores que hoje tanto se apregoam. O rigor, o profissionalismo, a preocupação com os clientes e, sobretudo, a proactividade. Hoje, não está aqui fisicamente [uma fissura na coluna impediu o antigo gestor de marcar presença na cerimónia] mas o seu espírito, sim, e hoje estamos aqui para homenagear alguém que demonstrou grande coragem, sob circunstâncias muito complicadas», declarou Rodolfo Lavrador.

A esposa e a filha de Jorge Anastácio agradeceram, com visível emoção, o gesto, garantindo que «ele estaria muito orgulhoso, com estas palavras, já que trabalhava com muito zelo, cuidado e dedicação».

http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=303813 (http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=303813)
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: manuelmvrebelo em Dezembro 16, 2011, 09:58:28 pm
Meus amigos

Como trabalho capital cito A Queda da India Portuguesa de Carlos A. de Morais.

Claramente Salazar não acreditava na invasão. Pedir a vida à tropa era claramente inadequado.

O exercito estava num estado lamentável, com a moral muito em baixo. Comandante em Chefe incapaz. Faltou um plano consistente.

Há uma clara intenção do Estado Maior em não "investir" na Índia. Este pensamento não é incorrecto mas aos que ficavam seria justo dar meios de defesa dignos (a guarnição que chegou a 3000 homens estava em 1500, pouco antes da invasão a outra fragata foi retirada, ficando o Afonso de Albuquerque sozinho)
Marinha globalmente à altura
Algumas unidades locais estiveram à altura.
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Carlos Rendel em Dezembro 17, 2011, 04:37:00 pm
Suponho que a atitude honrada do senhor Anastácio só merece encómios por vivermos numa sociedade sem moral.Assim não fosse e seria um caso vulgar de cumprimento do dever dum homem honesto.

Quanto à situação militar,Salazar e Nehru estavam cada um em seu beco sem saída.Nehru pretendia ampliar o seu prestígio na Índia,arrancando três "borbulhas" da face do país,e demonstrando a força da Índia no seio dos não alinhados.Por outro  lado deixava caír a máscara de Gandhi da "não violência" queimando o prestígio internacional,tão difícil de angariar.A posição de Salazar não era melhor,na hora do apêrto descobriu não têr amigos dispostos a ajudar a salvar Goa,Damão e Diu,e,deixando as forças portuguesas caír numa desproporção angustiante.Escreveu,então o Presidente do Conselho ao Governador General Vassalo e Silva,horas antes da invasão,"que portugueses só vitoriosos ou mortos".E solicitou oito dias de resistência,para pôr o caso ao Conselho de Segurança da ONU e daí obter a condenação mundial da União Indiana.Mas o diferencial entre os dois adversários em militares e material era assustador,o que contribuiu para  a desmoralização das nossas tropas,antevendo a impossibilidade de uma vitória.São conhecidos os pormenores da invasão,e os actos heróicos de alguns portugueses,na melhor tradição  castrense,que foram rápidamente neutralizados-a excepção que confirma a regra.Pode dizer-se que se deram escaramuças em alguns locais em que os heróis pagaram com a vida a sua ousadia.Também é certo que tombaram mais agressores que portugueses,o que não deve admirar ninguém.
Se há quem afirme que foi a primeira derrota de Salazar,demonstrou que um governante não pode dirigir um Império encafuado num gabinete,e desconectar a realidade.A tropa portuguesa sabia muito bem não têr qualquer hipótese,
daí ao derrotismo vai um passo pequeno,e a rendição sem disparar um tiro a consequência.Sempre ouvi dizer que o Governo decide,e o militar cumpre as ordens sem fazer perguntas.  Certamente que houve heróis de um e outro lado,
que se evidenciaram,e se a União Indiana no termo das hostilidades,falou em "duros combates","lutas corpo a corpo" e "muitas baixas" ela é suspeita,porque apenas pretende valorizar a sua actuação.O conceito de heroi também deixa
algumas dúvidas e lembra-me os combates pela posse de Estalinegrado,em 1943 (II Guerra Mundial) :os alemães após terem  tomado noventa por cento da cidade,foram alvo de um fortíssimo contra-ataque que levou os nazis e os russos
a escavar trincheiras,e defender as suas linhas.Ambos tinham ordens superiores para não recuar,sob nenhum pretexto.Com temperaturas negativas da ordem de vinte graus e sujeitos a constante bombardeamento,só havia uma ideia:
saír dali quanto antes...Em ambos os lados houve casos de automutilação e de loucura,mas heróicamente as trincheiras aguentaram de parte a parte.Bom,falta referir,que os dois lados dispuseram ninhos de metralhadoras detrás das
trincheiras,com tropas especiais---Spetznaz e Waffen SS---  para de imediato abater quem saísse da trincheira.            Heróis,sim,mas à força...                       C.R.




Bibliografia:-A Queda da  Índia Portuguesa de Carlos A. de Morais
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Pedro de Ataíde em Dezembro 19, 2011, 06:22:18 pm
A minha tristeza é grande, quando leio alguns comentários de que o combate e o morrer pela pátria durante a Invasão de Goa, Damão e Diu foi uma estupidez com o único argumento de que a proporção das forças envolvidas conduzia a uma única saída... a derrota. Seguindo a lógica.... neste momento estávamos todos a discutir aqui em castelhano. Relembro que A Batalha de Aljubarrota, a 14 de agosto de 1385,  colocou em confronto 30.000 castelhanos contra pouco mais de 5.000 portugueses, seguindo esta lógica ´´da batata´´ o melhor tinha sido enfiar a cabeça na terra e rendermos-nos.... quis o destino que 5.000 portugueses, grande parte deles apeados, derrotassem um exército 6 vezes superior! E isto não é facto único na história, outros exemplos há!

É fácil falar 50 anos depois perante os factos confirmados, com o conhecimento geral dos acontecimentos, forças envolvidas e outros pormenores que na altura não se sabiam (já tinha havido várias escaramuças e sinais hostis por parte da União Indiana sem que se consubstanciasse nenhuma invasão). Coloquem-se há 50 anos atrás... com tudo o que isso implica... (regime politico incluído, não nos vamos esquecer) a centenas de milhares de quilómetros da Metrópole na pele daqueles jovens Oficiais, Sargentos e Praças.

Vergonhoso e cobarde foi o que muitas unidades do Exército fizeram (nem todas).... em que houve armas e bocas de fogo de artilharia de campanha que nem um único tiro deram... em defesa da então Pátria... mas souberam muito bem içar lençóis brancos.

 "Patriotismo não é dar a vida pela Pátria, é fazer com que o inimigo dê a vida pela dele"  - Morrer pela pátria pode ser uma consequência disto mesmo... mas nunca um fim ou vontade anunciada. É isto que muita gente não percebe ou não quer perceber. Quem morreu na Índia portuguesa, combatendo, fê-lo de cabeça levantada com o orgulho e a Honra de ter cumprido e Honrado o juramento que fez e que nos destinge como militares.

Pedro de Ataíde
"Na campa de um Marinheiro não crescem Rosas, crescem Algas"
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: papatango em Dezembro 19, 2011, 10:27:16 pm
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Relembro que A Batalha de Aljubarrota, a 14 de agosto de 1385, colocou em confronto 30.000 castelhanos contra pouco mais de 5.000 portugueses, seguindo esta lógica ´´da batata´´ o melhor tinha sido enfiar a cabeça na terra e rendermos-nos.

O problema é que a analogia não procede.
Em Aljubarrota, as forças em presença do lado do inimigo, representaram o máximo que a coroa castelhana previsivelmente poderia juntar.
Foi um esforço supremo.
Os portugueses, assegurando a vitória poderiam respirar durante muitos anos (como veio a acontecer).

Já na India, o problema não era a desproporção efectiva que resultou da colocação das tropas indianas no terreno, mas o facto de os indianos poderem multiplicar por um numero muito grande, a já de si grande desproporção.

O resultado era por isso inevitável.
É claro que era possível ter feito muito mais, esperando (e é preciso frisar isto) infligir ao inimigo um numero de baixas tal, que este tivesse que recuar, mesmo que apenas numa primeira fase.

Mas para isto, precisávamos de ter lá equipamento e uma força militar que não achasse que ía ser triturada.
Havia uma meia duzia de peças de 57mm anti-tanque, com cerca de 20 anos (o que é equivalente a ter hoje material de 1991) mas não havia quem soubesse opera-las, mas também (aparentemente) ninguém tentou.

A idade das munições também foi determinante. Muito do material inglês e americano sofria com o problema do tempo e do acondicionamento.
É curioso analisar a quantidade de militares que disseram que as armas tinham encravado.

De resto teria sido possível fazer alguma coisa, mas a superioridade aérea da India seria sempre determinante. A distância a que a India se encontrava de outro território português (sul de Moçambique) também tornava inviável o envio de outros navios de guerra, nomeadamente de submarinos, que nós tínhamos mas que não podiam operar a distâncias tão grandes da base.

Os indianos já utilizavam aviões a jato e contra aeronaves a jato, os canhões começavam a mostrar-se demasiado lentos.
Estamos no tempo em que os exércitos começaram a estudar os mísseis anti-aéreos ligeiros. O Redeye americano ainda não estava disponível e mesmo que estivesse os americanos não nos vendiam.

Enfim.
A maior parte dos fatores jogavam a nosso desfavor.
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: urso bêbado em Abril 21, 2012, 07:08:41 pm
Por se alguém não sabe deste livro, e acho que não sobejam sobre o conflito:



http://www.pglingua.org/sites-associado ... oi-vasques (http://www.pglingua.org/sites-associados/imperdivel/3168-a-casa-comboio-resenha-de-carlos-campoi-vasques)

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fs13.postimage.org%2Foy3j0ygev%2Fa_casa_comboio.jpg&hash=3fcf2919928286eb3707655e777d1ce3)
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: mafets em Dezembro 17, 2013, 10:07:15 pm
Quinquagésimo segundo aniversário da invasão indiana de Goa, Damão e Diu.

http://osmeusolhares09.blogs.sapo.pt/6960.html

Saudações
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: mafets em Dezembro 17, 2014, 12:29:06 pm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%A3o_de_Goa
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Forças
Exército Português
3 300 soldados
Marinha Portuguesa
1 aviso e 3 lanchas de fiscalização

Exército Indiano
45 000 soldados
Marinha Indiana
1 porta-aviões, 1 cruzador, 3 contra-torpedeiro e 4 fragatas
Força Aérea Indiana
50 caças e bombardeiros

Vítimas

Portugal
31 mortos em combate
57 feridos em combate
3306 prisioneiros de guerra
1 aviso   

India
34 mortos em combate
51 feridos em combate
Mais um aniversário da invasão de Goa, Damão e Diu. Numa altura que se fala tanto de invasões e anexações, seja da Crimeia à Ucrânia, da Geórgia ao Kosovo, por norma esta fica esquecida.  :?
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F-muesfwLeyAY%2FTuNi_SGV6CI%2FAAAAAAAAEoE%2FCi6BWfuvJds%2Fs1600%2FGoa-diu.JPG&hash=8e86ee2cb461cc5f92f419cdd2210658)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fupload.wikimedia.org%2Fwikipedia%2Fcommons%2F7%2F7f%2FNRP_Afonso_de_Albuquerque.jpg&hash=a25cbdfb1f7c3556b42885876b162c0a)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F-oJ9st38zMv8%2FUKY9_6EmS4I%2FAAAAAAAAFmA%2FvsRupGNStcs%2Fs1600%2FCapela%2Bem%2BAbuxanas%2B-%2BRio%2BMaior%2B%285%29.JPG&hash=acc2cd5570c7164e4cd7b966c7100f92)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fultramar.terraweb.biz%2FLivros%2FCarlosAlexandredeMorais%2F2_Pond%25C3%25A1_Fev62.jpg&hash=2b31ea11d497a96262b46fa7064e019b)

Cumprimentos
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: mafets em Dezembro 18, 2016, 10:53:53 pm
Uma data para ser lembrada.
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A INVASÃO DO ANTIGO ESTADO PORTUGUÊS DA ÍNDIA > 47 Anos depois
"Acção da Marinha Durante a Invasão do Estado da Índia (1961) Introdução Na noite de 17 para 18 de Dezembro, a União Indiana invadia os territórios de Goa, Damão e Diu. Apesar da dimensão avassaladora do ataque, as tropas portuguesas portaram-se com grande dignidade, tendo estado muito longe da imagem de debandada que se generalizou na opinião pública portuguesa. [NRP “Afonso de Albuquerque”. ] Embora se tenham registado alguns casos de pânico e de rendição prematura, também se verificaram situações de tenaz resistência, como sucedeu na ilha de Angediva e, de um modo geral, nos territórios de Damão e Diu. Talvez a falta de meios de comunicações e de uma eficiente rede de comando e controlo tenham reduzido a eficácia da resistência portuguesa (sem falar da esmagadora desproporção de efectivos), mas quando o prolongamento da luta apenas pode conduzir ao inútil sacrifício de vidas (muitas das quais civis) e a uma gratuita destruição de um património histórico milenar, a rendição torna-se a única opção inteligente. Não foi, porém, esse facto que impediu a nossa Marinha de se bater com grande brio e honrar, de forma heróica, a gloriosa tradição naval dos nossos antepassados.

http://osmeusolhares09.blogs.sapo.pt/6960.html (http://osmeusolhares09.blogs.sapo.pt/6960.html)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fc10.quickcachr.fotos.sapo.pt%2Fi%2FB910779c3%2F9718562_gCAG1.jpeg&hash=4704b256fcd261ea64dd02148c3a6282)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2F3.bp.blogspot.com%2F-zabaqqvsc3Q%2FVZh_GXOuLQI%2FAAAAAAAAE6c%2FBff8TwNV4aI%2Fs1600%2F10%252BLancha%252BPequena%252BSirius.jpg&hash=31c9eefc8633d31a2b0c2e586f85a820)
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NRP Sirius (1959-1961) Auto-afundada em Dezembro de 1961
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2F4.bp.blogspot.com%2F-p4ohAJGV1dU%2FVZh_GSWBMEI%2FAAAAAAAAE6Y%2FeaC_q5BLH_A%2Fs1600%2F09%252BLancha%252BPequena%252BVega.jpg&hash=5e6d8d903bc57fa222656cb58c7fb1df)
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NRP Vega (1959-1961) Afundada em combate em Dezembro de 1961
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2F4.bp.blogspot.com%2F-6rlh3UuJ-ZM%2FVZh_GGJFqBI%2FAAAAAAAAE6U%2FTdEILI_flYk%2Fs1600%2F08%252BLancha%252BPequena%252BAntares%252B1.jpg&hash=bf6d8b1f4c6c05c4b2b693917ec02b31)
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NRP Antares (1959-1975) Cedida a Moçambique

Saudações
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Lightning em Abril 05, 2017, 09:33:13 am
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Nessa carta, Suleimão prometia livre saída de pessoas e bens, desde que entregassem a fortaleza e as armas. E prometia esfolar vivos todos os que não o fizessem, gabando-se de ter com ele muitos guerreiros que ajudaram na conquista de Belgrado, a Hungria e a Ilha de Rhodes. Perguntava no fim a Silveira, como se iria defender num “curral com tão pouco gado!”

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“Muito honrado Capitão Paxá, bem vi as palavras da tua carta. Se em Rhodes tivessem estado os cavaleiros que estão aqui neste curral podes crer que não a terias tomado. Fica a saber que aqui estão portugueses acostumados a matar muitos mouros e têm por Capitão António da Silveira, que tem um par de tomates mais fortes que as balas dos teus canhões e que todos os portugueses aqui têm tomates e não temem quem não os tenha!”

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Esta foi a resposta que deu António da Silveira, Capitão de Diu, à carta que Suleimão Paxá, Comandante turco (que era eunuco), que com 70 galés e 23.000 homens cercava a cidade, defendida por 600 portugueses.

https://jornaldiabo.com/destaque/quem-esta-louco-erdogan-ou-os-europeus/
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Luso em Março 13, 2020, 11:23:54 am
Apesar do contexto actual impor outras prioridades, entendo que deveria deixar registado no fórum um registado retirado do blog "A Bem da Nação" e que pode indicar pistas para explicar o inexplicável nesse ano de 1961...

https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/em-tardia-defesa-dos-goeses-1746505

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EM TARDIA DEFESA DOS GOESES
Henrique Salles da Fonseca 24.11.16

São Francisco Xavier ainda não foi substituído por uma vaca, como fingia recear o Doutor Adriano de Sousa, grande advogado do pretório de Lourenço Marques, para levantar o orgulho dos seus patrícios, mas Goa está amoxamada... É o que observa quem lá vai.  Há um debate para saber se a insidiosa perda dos valores ocidentais é culpa dos que já estão fora e dos que vão para fora ou dos que ficam lá em Goa.
 
Na realidade dos factos históricos, a culpa está muito bem definida e identificada. Não é dos Indo-portugueses, nem dos Goeses.
 
Tudo foi combinado fora de Goa, pelo PCP, que começou em Moscovo e acabou por conseguir fazer programar tudo em Nova Delhi e em Goa.  Depois foi tudo executado, dentro de Goa e de Portugal, pelos marxistas-leninistas infiltrados, pelo PCP, no exército português, o marechal Francisco da Costa Gomes, cognominado Rolha durante o PREC, a instalar como governador o humanista general Vassalo e Silva, que não era vassalo de Portugal e só queria salvar a pele bem curtida nas praias de Goa, em desmentido do juramento que tinha feito na sua carta militar.

O Professor Doutor Oliveira Salazar nem teve tempo para mudar de ideias e fazer um referendo, que os goeses não teriam hesitado em votar em massa para ficarem portugueses.

Se houve tiros contra o exército e marinha do invasor, foram disparados por uns poucos goeses, entre eles o comandante duma instituição militar, que devia ser libertada por um grupo de blindados, pelo subchefe Aniceto do Rosário, que morreu, no seu posto defendendo Dadrá, pelos descendentes dos escravos de armas caboverdeanos de Diu, que só içaram uma bandeira branca depois de esgotadas as munições contra a marinha de guerra da União Indiana, e pela marinha portuguesa, nomeadamente a lancha Vega comandada pelo segundo-tenente Oliveira e Carmo fardado de branco e morto em combate, em Diu, pelo aviso Afonso de Albuquerque, com o seu comandante gravemente ferido, em Mormugão.  Também em Damão houve tiros.  Em Damão, nas festividades do dia feriado pela libertação ou invasão, antigos oficiais do exército português também vão pôr coroas pelos caídos, em Dadrá e Nagar Aveli.  Para quem não acreditar, há um filme, na Internet.

Segundo os invasores, a conquista de Goa (ou de Goa com Damão e Diu) durou 36 horas e, em Goa, as tropas portuguesas foram recuando até Vasco da Gama, na península de Mormugão, onde o governador humanista trazido para Goa pelo marechal Rolha, que dali levou tropas e armamentos, por serem necessários em Angola, solicitou o cessar fogo, sem condições, aos Excelentíssimos Senhores seus Inimigos e Amigos, depois da rendição incondicional do Comandante Chefe das Forças Armadas do Estado Português da Índia, ele próprio e a mesma pessoa (Valentino Viegas, 2012, Goa, o preço da identidade, Lisboa, Livros Horizonte, Lda, 165 p.).  Antes disso o general Vassalo e Silva, para afastar qualquer dúvida sobre o cabal cumprimento da sua missão, tinha já combinado com o seu Inimigo e Amigo, general Chaudhury, comandante do exército invasor, como devia fazer, para entregar Goa à União Indiana.  Quem ficou irritado com essa formalização, foi Krishna Menon, ministro dos negócios estrangeiros, que desejava confinar a aparatosa invasão a um problema interno da União Indiana e daí lavar as suas mãos, mas, agora o seu exército tinha recebido e deferido um requerimento a pedir rendição de um exército, que para ele era estrangeiro (Mariana Manuel Stocker, 2011, Xeque-Mate a Goa, O Princípio do Fim do Império Português, Alfragide, TextoEditora Lda., 440 p.). 

Quanto aos jornalistas e outras personalidades, que tinham estado presentes, o jornalista brasileiro Leopoldo de Melo declarou em Caráchi, que a rendição das forças portuguesas lhe parecera “vergonhosa” e que estas forças “actuavam como se estivessem privadas de comando, deslocando-se continuamente sem aparente finalidade, acabando por retirar-se em direcção a Vasco da Gama”.  O Patriarca José Alvernaz desmentiu ter dado qualquer conselho de rendição e afirmou, que desde o primeiro dia da invasão, quando se encontrou com ele, o governador já tinha decidido que os portugueses se deviam render.  Os jornalistas americanos regressaram de Goa frustrados.  Só poucas pontes tinham sido cortadas à última da hora.  Não tinha havido praticamente combates e os tiros tinham escasseado.  Do lado português vinte mortos, entre eles o telegrafista Piedade do aviso Afonso de Albuquerque e o segundo-tenente Oliveira e Carmo da lancha Vega, do lado indiano vinte e uma baixas (Mariana Manuel Stocker, 2011), entre elas o oficial indiano ingénuo que comandava os tanques que foram atacar uma instituição militar de Goa guarnecida por goeses.  Saiu a peito descoberto para negociar a libertação com o oficial goês, que comandava esse quartel ou forte, o qual, sem hesitar, o abateu (Valentino Viegas, 2010, A morte do Herói Português, da guerra em Angola à invasão de Goa, um testemunho, Lisboa, Livros Horizonte, Lda.).   Este infeliz oficial sabia que a guarnição era goesa e julgava que os goeses se queriam libertar de Portugal, como a Índia se tinha libertado do imperialismo britânico.  Como oficial superior, estava no segredo dos deuses e sabia que o general Vassalo e Silva obedecia ao PCP e ao KGB, não obedecia às ordens de Salazar.  Não tinha reparado, que o general tinha deixado de comandar, abandonando as suas tropas à sua sorte, por motivos de grande humanismo marxista-leninista.  Também não sabia, que, quando Ghandi dirigia o partido do Congresso, uns goeses líricos lhe tinham escrito de Bombaím, pedindo para trabalharem pela libertação com o Congresso Indiano, porque tinham em Goa a mesma luta e a mesma situação de colonizados.  Ghandi tinha iniciado a sua carreira de advogado, em Durban, onde lutou para ser considerado sujeito do Reino Unido e seu Commonwealth e deixar de ser discriminado pela lei do apartheid da África do Sul, votada pelo parlamento britânico, no início do século XX.  Ghandi respondeu aos líricos goeses de Bombaím, que estavam muito enganados e que, em Goa, só o governador era português e que tudo o resto, incluindo o poder judiciário estava nas mãos dos goeses, situação muito diferente daquela, que vigorava na Índia Inglesa, onde os indianos até estavam impedidos de frequentar lugares públicos reservados aos Ingleses.

O aviso Afonso de Albuquerque afrontou sozinho três fragatas indianas acompanhadas por um cruzador e um porta-aviões, na baía de Mormugão:  “… muitos foram aqueles que observaram com os seus próprios olhos, assistindo à distância à batalha naval travada…  Com extraordinária coragem, grande determinação e invulgar valentia, os marinheiros portugueses enfrentaram as modernas fragatas inimigas (…), sabendo de antemão que a qualquer momento elas podiam ser apoiadas pelo cruzador (…) e pelo porta-avões (…).  Apesar de o comandante do navio, o capitão-de-mar-e-guerra António da Cunha Aragão, ter sido dos primeiros a ser alvo do fogo inimigo e estar gravemente ferido, pois logo na fase inicial do ataque fora atingido por um estilhaço junto ao coração, o aviso Afonso de Albuquerque deu grande luta e conseguiu acertar e danificar fragatas indianas.  Combateu enquanto pôde, enfrentando o inimigo numa peleja desigual.  Com as máquinas destruídas, impossibilitado de continuar a travar a batalha que vinha travando, cerca das treze horas do dia 18 (de Dezembro de 1961) o aviso Afonso de Albuquerque foi encalhado pela tripulação não muito longe do cais de D. Paula” (Valentino Viegas, 2012), onde, já depois de encalhado, continuou a defender o acesso ao canal do porto de Mormugão, disparando com a única peça de artilharia que lhe restava (Mariana Manuel Stocker, 2011).

O general Vassalo e Silva era engenheiro militar, tal como o seu ilustre colega Vasco dos Santos Gonçalves.  Foi trazido para Goa pelo ilustre marechal Francisco da Costa Gomes por duas razões:  era um tubarão do PCP e tinha sido aceite pelo Ministro da Guerra Salazar, só por ser engenheiro militar.  Estava incumbido de preparar Goa para a invasão, criando o maior número possível de obstáculos à progressão do exército invasor.  Teve tempo para cumprir a sua missão, mas não fez nada ou praticamente nada, só ficou documentada a falta de comando, ordens e instruções às tropas portuguesas e a sua fidelidade ao PCP e traição a Portugal.  Com o pouco ou nada que fez na sua especialidade de engenharia militar, sobrou-lhe tempo para praia e festas (J., 2007, O último Imperador de Portugal, Volume I, Uma história verídica, Lisboa, Enke Editions, 400 p.), no dia anterior ao da invasão estava numa festa de casamento. 

A estratégia de Salazar, no Estado da Índia, consistia em atrasar o inimigo, ganhando tempo, para poder mobilizar os aliados de Portugal e fazer queixas nos areópagos internacionais.  Porque, no subcontinente indiano, por exemplo, Portugal tinha um poderoso aliado e muitos pequenos, mas activos aliados.  Ainda hoje, no Paquistão, os goeses, que não quiseram submeter-se aos libertadores, ocupam postos de relevo, como funcionários do estado.  Ainda hoje, emigrantes de nações da União Indiana emigram para a Europa, via Portugal, em vez de irem para o Reino Unido.  A fronteira do Caxemira não é a única fronteira do Paquistão disputada com a Índia.  A fronteira do Gujarate, ao norte de Diu, também é disputada.  Com a guerra relâmpago do exército indiano retardada, o Paquistão tinha uma oportunidade única para avançar, no Gujerate e Diu podia passar para o outro lado da fronteira.

Segundo Franco Nogueira, o pandita J. Nehru teria ficado arrependido por ter usado a força em Goa, Damão e Diu.  A verdade é que ele só respondeu afirmativamente à pressão de militares do seu exército, porque tinha garantias diplomáticas secretas, duma das duas grandes potências, de que o PCP controlava a situação em Goa e que tudo se passaria rapidamente. Em Setembro de 1961 Nehru tinha visitado a URSS e em Dezembro, antes da invasão, foi a vez de Nikita S. Khruchtcov visitar a União Indiana.  Na primeira edição incompleta do seu livro, Maria Manuel Stocker (2011) prometeu esclarecer definitivamente este ponto pela “análise dos arquivos soviéticos”.  Parece que já deviam estar disponíveis e até temos, em Portugal, um grande e bom especialista, que já esclareceu vários mistérios das histórias recentes de Moçambique e Angola, graças às fontes soviéticas.   

Numa carta de Goa a um dos seus amigos, em Lisboa, Luís de Camões (Carta II, 1948, Obras Completas com prefácio e notas do Prof. Hernâni Cidade, Volume III, Autos e Cartas, Livraria Sá da Costa Editora, Lisboa, 379 p.), já, há muito tempo, tinha pedido meninas feias lisboetas, mas corajosas para fazerem uma viagem a enjoar durante seis meses. Segundo Camões as venerandas meninas reinóis de Goa tinham ultrapassado a idade da reforma. A sua experiência pessoal também lhe tinha mostrado que as meninas que a terra dava, as meninas goesas estavam amoxamadas. Para ele, ninguém havia como as meninas do reino para chiarem, na fervura, como “pucarinho novo”. Parece que, só agora, o nosso príncipe dos poetas e dos amores infelizes e tristes foi ouvido pelas meninas russas bonitas, segundo os padrões do Renascimento e do “povo vão” (Endechas à Bárbara Escrava, 1948, Volume I):  pele branca como a neve sem melanina, olhos azuis de azurite ou verdes de malaquite, cabelos de ouro.
 
Goa tornou-se um estado da União Indiana separado de Damão e Diu, território da União Indiana.  Assim, em Damão e Diu, os descendentes de caboverdeanos, que não se deixam amoxamar, como provaram sobejamente, em Timor Leste, ficaram mais isolados.
 
Para ser completo, este sítio sobre Goa, a bem da Nação, só precisava ainda de um relato ou entrevista a um tripulante do navio escola Sagres sobre a festa de despedida, que lhe foi feita, uma surpresa dos goeses, a 14 de Novembro de 2010. Essa festa parece ter ultrapassado de longe a cerimoniosa recepção dos canecos do século XIX a um príncipe de Portugal, o único da história, que foi visitar os seus fidelíssimos vassalos do vice reino. Para essas grandes festas, não faltaram recursos, em Goa, tolerância de ponto, canecos (= chapéus altos) e fraques para todos os funcionários sem distinção, no século XIX, barcos e motas, bandeiras das quinas verdes e encarnadas, música e vinho espumante para todos, juventude e trabalhadores, assim como liberdade de palavra para os auto-proclamados combatentes da liberdade, no início do século XXI. 
 

Moçambique, 30.11.2016
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Luso em Abril 13, 2020, 02:27:30 pm
Encontrei isto...


Ver aos 7´30"...

Ao que parece, Diu, em 1961 estava equipada com peças de artilharia de 1916...

Demonstrativo de uma negligênciaque se mantém até hoje e que obriga a ponderar se toda uma instituição não estará minada, desde há muito por interesses estranhos à Pátria.

Insisto: com a abundância de surplus desde 1945, não se justificava a pelintrice criminosa de meios. E não me venham com tretas que a culpa é da avarice de Salazar.
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: HSMW em Abril 13, 2020, 10:57:24 pm
Até se poderia dizer que a negligência era resultado dos interesses ocultos dos sociedades que chegaram ao poder com a republica.
Mas a situação não era muito diferente com a monarquia, ou talvez ainda pior.

Talvez por militarmente estes territórios não serem defensáveis sendo a melhor estratégia a diplomacia. 
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Lusitaniae em Outubro 06, 2020, 03:04:19 pm
Está um thread aberto no twitter que podem merecer a vossa atenção!

https://twitter.com/Advaidism/status/1313324595076685824
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Luso em Outubro 07, 2020, 09:42:18 pm
Está um thread aberto no twitter que podem merecer a vossa atenção!

https://twitter.com/Advaidism/status/1313324595076685824

Muito interessante.
Só demonstra como estávamos completamente sós.
E quão de confiança são os EUA.
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Lusitano89 em Dezembro 21, 2021, 03:10:02 pm
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Lusitano89 em Junho 08, 2023, 06:50:02 pm
Documentário: Prisioneiros de Guerra


Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: HSMW em Junho 17, 2023, 02:48:28 am
(https://pbs.twimg.com/media/FyygC17WAAEWIbu?format=jpg&name=small)


Citar
Caricatura alusiva à ajudada dada a Portugal pelo Paquistão durante o conflito com a União Indiana a propósito dos territórios de Goa, Damão e Diu

https://mfcanaveira.tripod.com/historiadasrelacoesinternacionais/id29.html

e

A QUEDA DO ESTADO PORTUGUÊS DA INDIA
António de Faria Meneze

Citar
Resumo

Este artigo descreve a disputa entre Portugal e a India, com ênfase na estratégia militar, que culminou com a queda do Estado Português da India e o fim da presença lusa de 500 anos naquela região.
Após décadas de disputa e perante a intransigência portuguesa numa solução mediada, o fracasso da sua manobra diplomática em garantir o bloqueio ao uso da força militar, a India
desencadeou a Operação Vijay, invasão militar dos territórios de Goa, Damão e Diu com força desproporcionada perante uma reduzida e obsoleta capacidade militar expressa no Plano Sentinela.

https://www.defesa.gov.pt/pt/defesa/organizacao/comissoes/cphm/rphm/edicoes/ano1/n12021/india/Documents/25%20-%20RevPHM_I_1_Anto%CC%81nio%20Faria%20Menezes.pdf
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Luso em Junho 22, 2023, 10:52:03 am
Fará sentido recuperar os destroços da Vega e dar-lhe tratamento museológico?
Não falo no actual contexto de estarmos com um governo anti-Portugal).
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: P44 em Junho 23, 2023, 04:05:44 pm
Fará sentido recuperar os destroços da Vega e dar-lhe tratamento museológico?
Não falo no actual contexto de estarmos com um governo anti-Portugal).

Há destroços?

Do Afonso de Albuquerque há parte do navio num museu indiano
Título: Re: Invasão de Goa, Damão e Diu - A guerra esquecida?
Enviado por: Luso em Junho 23, 2023, 04:29:03 pm
Fará sentido recuperar os destroços da Vega e dar-lhe tratamento museológico?
Não falo no actual contexto de estarmos com um governo anti-Portugal).

Há destroços?

Do Afonso de Albuquerque há parte do navio num museu indiano

Diz-se que ocorreu explosão a bordo em consequência do ataque da aviação indiana. Li há dias que pensa-se que a lancha levaria explosivos suficientes para afundar um navio indiano que se encontrava nas proximidades, numa acção na qual ficou danificado o USS Cole.

https://www.bharat-rakshak.com/IAF/history/1961goa/sinking-of-nrp-vega/

Em todo o caso, seria de investigar e recuperar alguma coisa, no âmbito da convenção da UNESCO para destroços históricos.
Mas como vivemos num país que considera como legítimo e normal ter cancros políticos na Assembleia da República...