Caro Leonidas,
é verdade, o quadro de negociações sociais não é assim tão negro como aparentemente retratei. O que queria dizer é que é sempre no fim uma decisão das empresas, elas é que tem o poder, de resto é sempre o normal, elas apresentam um valor muito baixo, os sindicatos sempre um valor muito alto ( pensam que é num ano que conseguem recuperar a diferença..), e pronto, lá se consegue chegar a um acordo e subir uns valores.
Saudações guerreiras.
Bem-vindo Marauder ("da arca perdida")
Marauder escreveu:
Se a nossa fábrica que sim, era a mais produtiva à 2 anos atrás foi ficando esquecida nas mentes deles, até ao ponto que actualmente a produção está para metade, então veremos qual é a economia que ficará mais afectada com o fim da Auto-Europa. A da VW ou a de Portugal?
Alguém tem dúvidas quanto á resposta?
Pois, seria Portugal. A VW tem um cadeia de fábricas a produzir, os concorrentes directos da Auto-Europa, e caso as negociações salariais desta dessem para o torto, com os sindicatos a não cederem, o mais provavel seria no fim da produção do novo descapotavel, o Eos, simplesmente não atribuiriam novos projectos e a fábrica fechava. O único senão é que estas decisões custam dinheiro, o custo de desinvestimento, também chamado na literatura como barreiras à saida ( está algures no Modelo de 5 forças de Porter).
Não quero insinuar que a Auto-Europa é a economia portuguesa, nem pouco mais ou menos. É verade que representa uma pequena fatia do nosso PIB, o que é um feito notável. A minha preocupação era que uma noticia como o fecho da Auto-Europa teria na força anímica dos portugueses, uma economia que está a lutar para recuperar e desenvolver-se, seria a meu ver a "ultima machadada". De noticias más já bastam as texteis em Portugal, cada dia que passa é menos uma e mais desempregados. O impacto psicologico do fecho da Auto-Europa a meu ver seria superior ao económico.
Relativamente ao nosso modelo social, posso-lhe afirmar que ele é fraco, quando estudei os modelos sociais tive a oportunidade de os comparar com o modelo alemão e sueco, e revi melhor o alemão. Existem muitos factores que fazem o nosso modelo fraco. Em primeiro lugar o tecido economico português, que é feito das PME, empresas que não "alimentam" sindicatos normalmente. Enquanto muitas nem tem sindicalistas, outras tem os chamados comissão de trabalhadores. Outro factor é a variedade e divisão politico-ideologica dos nossos sindicatos. São 5 sindicatos, em que somente 2 têm razoavel poder, a CGTP e a UGT. Neste aspecto não sou o melhor para dizer qual destes é o mais forte, penso que é a CGTP mas não posso garantir. Para além destes 5 existem outras dezenas de confederações e etc.
No fim, quando existem negociações a tratar, existem sempre conflictos entre sindicatos, ou simplesmente não aparecem. Em qualquer dos casos o poder negocial é reduzido.
Bem isto é a teoria, mas na prática não podemos pensar assim, temos que lutar, com cabeça, e perceber quando é para ceder. Fico contente que se tenha chegado a acordo na Auto-Europa E QUE os trabalhadores no fim vão ter melhores condições salariais. Mas é um jogo arriscado que se deve saber quando se deve ceder.
Sim, porque a fábrica de Wolfsburgo até estava às lonas, sem projectos em vista, tanto que a atribuição do Marrakesh a meu ver foi mais politica que outra coisa. Mas ao contrario do Papatango, eu penso que o capital não tem pátria, se assim fosse então Portugal ainda estaria pior em termos de desemprego e de economia (..ou talvez não). Cada país tem que respeitar as normas da UE e CE, por isso é que existem autoridades da concorrencial, quer ao nível da CE quer ao nível nacional.
A decisão alemã penso que se prendeu com o efeito psicológico ( aqui entra um pouco o "capital tem pátria", afinal...Wolfsburgo é uma cidade histórica pela sua ligação à industria alemã, e grande impacto teria no mercado interno alemão se os alemães vissem uma empresa alemã a despedir alemães para produzir elsewhere), mas também aos custos de desinvestimento, agora que a VW tem uma cadeia de fábricas, o normal será tentar "alimentá-las" a todas com projectos, ou, vendo que tem um numero demasiado grande, eliminar 1 ou 2, com os grandes custos que isso implicada.
O capital não tem pátria, que digam os trabalhadores da Ford, 30 mil para o desemprego nos EUA, mais quase 10mil da GE nos EUA e outros casos.
Saudações