Podia-se começar por alterar o estatuto do funcionalismo publico portugues (tarefa quase condenada a partida), e periodicamente fazer uma avaliaçao por empresas externas e obviamente nao dependentes do Estado, sendo estrangeiras e conceituadas, tanto melhor.
Tiger 22 perguntou se temos funcionarios a mais, na minha opiniao temos a mais em quantidade e a menos em qualidade global.Ha um ou dois paises que tem tantos funcionarios que os nossos, e outros que tem menos e muito menos.Teriamos que comparar o tipo de serviços que lhes esta atribuido, o que nem sempre é facil, e principalmente a percentagem do orçamento publico que é destinado para remuneraçoes, pensoes e as diversas Caixas proprias de Saude e Previdencia (o que vai também contra o normal na maior parte da Europa), e nesse ponto estamos mesmo mal, terrivelmente mal.
Ha inumeros concelhos em Portugal onde as Camaras Municipais sao de longe maior empregador (outra situaçao assaz singular, curiosa e reveladora).
A titulo de exemplo, refiro que por razoes orçamentais, Bagao Félix incorporou ha dias o Fundo de Pensoes da CGD (empresa 100 % estatal) , provocando uma reacçao tremenda da parte dos trabalhadores da mesma Caixa(que os administradores fingiram compreender) , a ponto de fazerem (e tencionarem continuar ) greve.A informaçao pormenorizada da situaçao desse Fundo nao foi investigada pela comunicaçao social (como nao tinha sido a dos CTT, da CP...), limitaram-se a publicar os "sound-bytes" dos sindicatos.Nao indicaram qual o valor com que o capital e fundos proprios da CGD ja teriam colmatado eventuais buracos nos anos recentes, a viabilidade desse Fundo de Pensoes num futuro proximo com cada vez menos funcionarios e mais reformados,... esquecendo-se obviamente que, repito, se trata de uma empresa de capitais exclusivamente publicos e que aos contribuintes cabe ter total conhecimento, se o desejarem, pois serao eles em ultima analise a cobrirem atraves dos seus impostos os possiveis erros de gestao.Alguem tem ideia dos salarios, regalias em vigor e valor das pensoes atribuidas(e nao falemos so do caso limite, mas significativo, de Mira Amaral) ? muita gente ficaria surpreendida...
A criaçao de uma Escola de Administraçao Publica (creio que ja prevista, mas...) a obrigaçao absoluta de ingresso nos quadros apenas e unicamente através de concurso publico (evitando a legalizaçao tempestiva de temporarios ad-hoc, que entraram em muitos casos por... ), cursos de formaçao e actualizaçao constantes (eu sei o que é, pois a tal sou obrigado por estas bandas) etc...etc... sao medidas que me parecem imprescindiveis. Como me parece igualmente necessario da parte dos trabalhadores publicos, que devido a sua idade e estilo de vida recusem reformar-se, que aceitem transferencias de serviço e funçao se for o caso, nao seguindo um exemplo recente, em que a partir de declaraçoes no bom sentido, mas algo apressadas de Santana Lopes sobre a sugestao de professores sem horario ou subaproveitados poderem colmatar vagas nos serviços administrativos dos tribunais. Imediatamente cairam em cima todo o tipo de criticas com recusa generalizada e terminante da mudança de estatuto, nao permitindo sequer a sua dicussao.E contudo, estou convencido que era uma possibilidade a ser estudada pontualmente, devendo ate ser alargada a outros sectores da funçao publica.
Poderiamos citar também um dos casos do dia (os tesoureiros das finanças publicas e a sua afectaçao, que é outra originalidade lusa), mas isso significaria na verdade um desfile de mas vontades, vistas estreitas e enviezadas, para nao irmos mais longe...tudo menos a noçao séria de 'serviço publico' que deveria nortear a generalidade dos funcionarios.
Esperemos as eleiçoes, o debate que antecedera( ? ) e as medidas que se seguirao a este respeito, mas o facto de a maior parte dos autarcas, decisores e politicos em geral serem eles proprios também provenientes desse sector publico tao esclerosado, nao facilitara mesmo nada a tarefa.