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Forças Armadas e Sistemas de Armas => Armadas/Sistemas de Armas => Tópico iniciado por: JLRC em Junho 19, 2004, 08:58:56 pm

Título: Base Naval de Lisboa
Enviado por: JLRC em Junho 19, 2004, 08:58:56 pm
Caros companheiros
Como devem saber, há já algum tempo que se vem equacionando o encerramento da base naval do Alfeite e respectivo arsenal e a sua transferência para outro local.
Deverá a base e o arsenal serem encerrados e transferidos? E em caso afirmativo para onde?
Fico à espera das vossas opiniões.
Cumprimentos
JLRC
Título:
Enviado por: Rui Elias em Junho 21, 2004, 02:24:51 pm
Se essa ideia avançar julgo que se deve a motivações do espaço que é cobiçado para projectos imobiliários, e eventualmente turísticos, o que no caso da venda daquele espaço poderia render dinheiros ao Min. da Defesa.

Caso isso se concretize, julgo que o estuário do Sado poderia ser uma boa hipótese, talvez junto da Mitrena.

Se a nossa Marinha um dia crescer em tamanho e em número de unidades navais julgo mesmo que para evitar colocarem-se todos os ovos no mesmo cesto, se poderia pensar numa segunda base naval, talvez em Aveiro ou Leixões, ou no caso de se optar por um conceito de marinha oceânica, como alguns colegas por aqui referiram, porque não pensar numa segunda base naval nos Açores?

Mas de qualquer modo julgo que esse projecto a ser concretizado ainda levará muitos anos, porque seria necessário definir o local e prepará-lo, com porto de águas profundas, infra-estruturas de apoio, alojamentos, mantimentos, combustíveis, etc.

Dadas as dificuldades financeiras permanentes, creio que não será para já, mas nunca se sabe.
Título:
Enviado por: JLRC em Junho 22, 2004, 01:05:59 am
Caro Rui Elias

Como tudo em Portugal, se realmente houver mudança, deverá ser daqui a muito tempo. Mais rápido deverá ser o projecto imobiliário da Margueira que irá rodear a base actual com construções de 40 andares. Um dos sítios falados para a mudança é realmente o estuário do Sado e a outra hipótese é Sines. Eu pessoalmente, voto no Sado até porque as infrastruturas lá existentes, Lisnave/Setenave, poderão ser úteis para a instalação do Arsenal e manutenção e docagem dos navios.
Cumprimentos
JLRC
Título:
Enviado por: Rui Elias em Junho 22, 2004, 01:10:25 pm
Caro JLRC:

Como terá lido num outro texto meu, eu também apostaria no Sado, já que como no Alfeite, são águas calmas para que aí estacionem barcos de todos os portes sem perigo de ficarem sujeitos a variações das condições do mar e evitando-se assim o custo complementar de construção de grandes molhes de protecção.

De resto o Sado terá condições e espaço para depósitos de combustível e quem sabe se não seriam um estímulo para que também a actual Lisnave enveredasse pela manutenção e construção de navios, para além dos ENVC?
Título:
Enviado por: JNSA em Junho 22, 2004, 01:24:59 pm
Concordo com o Rui e o JLRC - a criação de uma base naval no rio Sado poderia ganhar muito com a proximidade dos estaleiros navais.

A médio, longo prazo, acho que se deveria criar uma base naval na Madeira, em detrimento dos Açores, pois esta é um ponto estratégico, permitindo um acesso rápido ao Mediterrâneo, Norte e NW de África, e Atlântico Sul. Nos Açores, criaria uma base secundária, mas sobretudo, acho que aqui seria o local ideal para a colocação de uma esquadra de Su-32  :mrgreen:
Título:
Enviado por: Rui Elias em Junho 22, 2004, 02:18:58 pm
JNSA:

Já somos 3 a defender a base no Sado.

Quanto à base na Madeira julgo que só se o número de unidades navais o justificar, o que não significa que mesmo com 5 fragatas não se possa estacionar permanentemente uma que em rotatividade vá sendo rendida na Madeira, juntamente com 2 patrulhões.

Quanto aos Açores e aos nossos submarinos, o que será deles se se cruzarem com um Trident, ou mesmo um Los Angeles a meio do Atlântico? :oops:
Título:
Enviado por: emarques em Junho 22, 2004, 02:26:55 pm
Citação de: "Rui Elias"
Quanto aos Açores e aos nossos submarinos, o que será deles se se cruzarem com um Trident, ou mesmo um Los Angeles a meio do Atlântico? :P
Título:
Enviado por: Rui Elias em Junho 22, 2004, 02:33:27 pm
e-marques:

Eu sei que somos aliados e não me estava a referir a um conflito mas à diferença de tamanho e de capacidades.

Será a vergonha, mas não podemos ter tudo.

Seria caso para os americanos comunicarem com os nossos marujos e dizerem: "o meu é maior e mais comprido que o teu" :lol:
Título:
Enviado por: Ricardo Nunes em Junho 22, 2004, 02:41:12 pm
Citação de: "Rui Elias"
e-marques:

Eu sei que somos aliados e não me estava a referir a um conflito mas à diferença de tamanho e de capacidades.

Será a vergonha, mas não podemos ter tudo.

Seria caso para os americanos comunicarem com os nossos marujos e dizerem: "o meu é maior e mais comprido que o teu" :wink:
Título:
Enviado por: lf2a em Junho 22, 2004, 03:13:40 pm
Citar
Seria caso para os americanos comunicarem com os nossos marujos e dizerem: "o meu é maior e mais comprido que o teu"


Já que os submarinos americanos são nucleares e que dentro desta categoria, restrita, os deles são maiores do que os franceses e de que os inglêses (só não sendo maiores que os russos) então essa expressão aplica-se quase a todos os submarinos do mundo. Vergonha??? :wink:

Pode perguntar a qualquer mulher: "Tamanho não é argumento, o que interessa é o jeito" :lol:

Cmpts,
LF2A
Título:
Enviado por: Rui Elias em Junho 22, 2004, 03:13:47 pm
Ricardo:

Mas para afundar um portas-aviões até uma daquelas lanchas chinesas que você colocou noutro forum desta secção, desde que carregada de explosivos e lançada a toda a velocidade, o conseguia.

Agora não me está a dizer que os futuros submarinos portugeses competiriam com um Sub de ataque da classe Los Angeles? :?
Título:
Enviado por: JNSA em Junho 22, 2004, 03:24:15 pm
Citação de: "Rui Elias"
Mas para afundar um portas-aviões até uma daquelas lanchas chinesas que você colocou noutro forum desta secção, desde que carregada de explosivos e lançada a toda a velocidade, o conseguia.

Só se o porta-aviões estivesse parado no porto, e sem nenhum marinheiro a tripular as armas de defesa do navio  :roll:

Citação de: "Rui Elias"
Agora não me está a dizer que os futuros submarinos portugeses competiriam com um Sub de ataque da classe Los Angeles?


Não têm que competir - foram feitos para missões diferentes. Aliás, para a Marinha portuguesa, um U209/214 é muito mais adequado às nossas necessidades e capacidades do que um Seawolf ou um Los Angeles.

Tudo depende da missão e das circunstâncias - em defesa no litoral, um U209/214 com AIP, estacionário é provavelmente melhor (porque mais silencioso) do que um SSN...
Título:
Enviado por: Spectral em Junho 22, 2004, 06:33:13 pm
Em missões no litoral, e com tripulações igualmente treinadas, um U209PN/U214 bate um Los Angeles.

A classe Los Angeles já tem 20 anos... Estão a começar a ser substituídos pelos Seawolf, que sendo nucleares mantêm as mesmas vantagens e desvantagens.

Aliás, com o desenvolvimento do AIP, cada vez mais a única vantagem dada pelos SSN é a sua autonomia e elevadíssima velocidade de cruzeiro ( podem navegar sempre a 30 nós ou mais...). Ou seja, apenas são úteis a marinhas com intenção de projectar o seu poder globalmente.
Título:
Enviado por: JLRC em Junho 22, 2004, 08:18:09 pm
Citação de: "Spectral"

A classe Los Angeles já tem 20 anos... Estão a começar a ser substituídos pelos Seawolf, que sendo nucleares mantêm as mesmas vantagens e desvantagens.


Caro Spectral
Os Los Angeles vão ser substituídos pelos Virginia cujo 1º exemplar já está em construção. Só foram construídos 3 Sea Wolfe devido a serem muito caros. O último, SSN 23 Jimmy Carter, entrou recentemente ao serviço, depois de ter sido modificado, nomeadamente com uma nova secção de casco elevando o comprimento para 115,83 m, para missões especiais e transporte de SEALS.
Cumprimentos
JLRC
Título:
Enviado por: Rui Elias em Junho 23, 2004, 12:01:25 pm
Voltando ao tema das bases navais e fazendo uma ponte para a questão dos submarinos, e uma vez que se espera que num ano mais ou menos distante Portugal poderá ter a necessidade de garantir uma maior cobertura dos seus mares, ou envolver-se em acções longe do seu território, não acham que a velocidade dos submarinos é importante, bem como a sua autonomia?

Claro que não advogo a necessidade de Portugal trocar o seu actual programa de submarinos pela aquisição de outros tipo Los Angeles.

Mas voltando à carga e tendo como horizonte a existência de 2 ou no máximo três, e tendo em conta que um dia se poderá concretizar a construção de uma segunda base naval na Madeira ou nos Açores, a rapidez de meios de superfície não será mais importante, que a existência de dois aparelhos, por muito sofisticados que sejam?

Reparem os colegas:

Se afirmam que um dos que aí vêem é superior a vários níveis a um Los Angeles, menos na autonomia e velocidade, mas acrescentam logo a seguir que os Los Angeles estão a ser susbtituídos por outros, Portugal ficará sempre para trás, já que os nossos só virão daqui a 4 ou 5 anos, e serão apenas 2.

P.S.

O que os EUA farão aos Los Angeles?  Desmantelam-nos, ou vendem-nos a aliados europeus?
Título:
Enviado por: JLRC em Junho 23, 2004, 12:35:37 pm
Citação de: "Rui Elias"

O que os EUA farão aos Los Angeles?  Desmantelam-nos, ou vendem-nos a aliados europeus?


Óbviamente desmantelam-nos (até pareço o general sem medo, óbviamente demito-o....).
Submarinos nucleares não se vendem nem alugam, embora a Rússia já tenha alugado um à Índia no passado por cinco anos e se falasse no possível aluguer, também por 5 anos, dos dois Akula II que estão por completar quer à Índia, quer à China.
Cumprimentos
JLRC
Título:
Enviado por: JLRC em Junho 24, 2004, 12:21:18 am
Voltando à questão da transferência da BNL
Se por acaso se concretizar num horizonte mais ou menos longínquo, a Marinha devia reservar algum do espaço libertado e instalar aí o Museu da Marinha. Ficava com bastante espaço quer coberto, quer descoberto, podendo finalmente ter um local condigno para a D. Fernando II e Glória e também para os futuros modelos que resolvesse conservar, por exemplo o submarino Albacora, uma corveta e uma fragata (Hermenegildo Capelo?), etc. Se não tivéssemos vendido a anterior Sagres, seria um óptimo sítio para a expor. Era também uma óptima valorização para a zona. O que pensam desta ideia?
Cumprimentos
JLRC
Título:
Enviado por: Rui Elias em Junho 24, 2004, 11:12:31 am
Completamente de acordo:

Se o actual sítio da Fragata D. Fernando é péssimo e não atrai visitantes, os locais alternativos não são melhores para um grupo de embarcações.

Já aqui defendi que a Marinha devia ser mais firme nas negociações com a APL para que a Fragata pudesse estar junto do Parque das Nações, embora por princípio, e até pelo simbolismo do local, Belém fosse o ideal, até pela proximidade com o Museu de Marinha.

Simplesmente as docas junto de Belém estão cheias de iates e nem sei se teriam profundidade suficiente para aí receber a D. Fernando.

Com a D. Fernando, o Creoula, um Fragata João Belo, uma corveta Batista de Andrade, eventualmente o NRP Rio Minho e um Albacora, o Alfeite poderia ter condições para atrair visitantes de vários pontos do país, mas também seria necessário que o local tivesse animações e interactividade, porque o tempo dos museus estáticos passou à história.

E para que esse museu funcionasse em termos de público seria necessário que aí atracasse de vez em quando um navio nosso no activo, e se fizesse aí a recepção de navios dos aliados que fossem visitáveis, quando fazem escala em Lisboa.
Título:
Enviado por: lf2a em Junho 24, 2004, 12:40:22 pm
Citação de: "Rui Elias"
Com a D. Fernando, o Creoula, um Fragata João Belo, uma corveta Batista de Andrade, eventualmente o NRP Rio Minho e um Albacora

Caro Rui,
Concordo com a sua ideia de ter uma colecção de navios, que serviram na Marinha Portuguesa, em exposição num espaço próprio para o efeito. 8)
Mas daí a já estar a pensar em "aposentar" a CREOULA e a RIO MINHO (esta para além de não ter nada de especial para demonstrar, foi construída em 1991)??? :shock:

Um abraço,
LF2A
Título:
Enviado por: Rui Elias em Junho 24, 2004, 01:54:48 pm
If2a:

Tem razão em relação à reforma do NRP Rio Minho e ao creoula, mas se esta ideia for para a frente ainda levará muitos anos, e até lá espero que essas embarcações se reformem.

Seria uma pena deixar o Creoula apodrecer quando for abatido, sem que um lugar digno o receba.

Quanto ao NRP Minho, é porque faz serviço fluvial e daí o interesse relativo.

Por isso é que apesar do abate das João Belo, defendemos que a Armada na medida das suas posses deveria preservar um exemplar para um futuro museu, tal como a Câmara de Viana recuperou e preservou o Gil Eanes.