Para ver os satélites passarDe passagem por Lisboa, o secretário executivo da Task Force que segue a adesão de Portugal na Agência Espacial Europeia e membro da equipa que está a estudar a instalação de um centro de rastreio de satélites em Santa Maria, nos Açores, faz o ponto da situação.O português José Pedro Poiares Baptista, 47 anos, vive em Noordwijk, na Holanda e trabalha como engenheiro no Centro de Pesquisas e Tecnologia Espacial da Agência Espacial Europeia (ESA) há já 18 anos, graças ao passaporte italiano obtido com a certidão de casamento.Com a candidatura da ilha de Santa Maria para acolher um centro da ESA, há um ano que está a trabalhar para tornar o projecto uma realidade. Sem querer alinhar em descrições de pura-ficção científica, Pedro Baptista - o seu nome de guerra – explica que se trata de encontrar um local que permita cobrir toda a trajectória dos lançamentos que são feitos a partir de Kourou, na Guiana Francesa, para reabastecer a Estação Espacial Internacional. Santa Maria foi escolhida como resultado de um estudo técnico da ESA e para já, frisa, há a decisão política portuguesa de apoiar a instalação naquela ilha açoriana. VISAOONLINE: Está de regresso dos Açores. O que motivou esta viagem? PEDRO BAPTISTA: Durante dois dias, uma delegação técnica correu a ilha de Santa Maria, à procura do lugar ideal para instalar o anunciado, e necessário, centro de rastreio de satélites. E perante as opções, escolhemos três localizações possíveis, uma delas dentro do perímetro do aeroporto. V: Para que servirá este Centro? PB: Fundamentalmente, trata-se de seguir os Ariane 5 cujo destino é a Estação Espacial. E nós precisamos de cobrir a trajectória toda do lançamento. Há uma primeira monitorização na Guiana Francesa, depois num navio fundeado em alto mar equipado para o efeito, e posteriormente só em território continental. Fazer o controlo numa das ilhas atlânticas era assim imprescindível. V: Quando é que estará pronto? PB: Por ora, há apenas uma decisão política. Mas falta ainda decidir a questão económica, como quem diz, como se vai suportar os 5 milhões de euros do seu custo. E terá de sair dos orçamentos do Governo da República e do Governo Regional. V: E há uma data para essa decisão estar tomada? PB: Esperemos que até ao fim do ano isso aconteça. Ou melhor, até ao fim do Verão, dado que há eleições regionais, e uma alteração nos titulares da pastas que estão a participar na decisão poderá provocar atrasos ainda maiores. Porque havendo novos intervenientes, é depois preciso voltar a explicar o projecto todo. E um centro destes demora pelos menos dois anos a ser construído. E ainda nem se sabe quando começa a contagem decrescente desses 24 meses. V: Isso quer dizer que poderá haver revezes? PB: Bem, isso pode sempre acontecer, se um dos decisores políticos algum dia acordar mal-disposto...Mas se isso acontecer, temos sempre a alternativa de levar a estação móvel e lá ficar durante três meses, que é o tempo necessário para a instalar e recolher os dados necessários cada vez que houver um lançamento..V: Qual a receptividade que este projecto recebeu das autoridades locais?PB: Òptima, passe algumas preocupações de impacte ambiental por parte de algumas pessoas que já procuramos desmistificar. Afinal, trata-se de monitorizar satélites, não haverá radiações ou propulsores a lançar fumos... Vamos apenas receber dados que são enviados pelos lançadores. V: Mas falou-se de outros planos – bem mais ambiciosos - para este centro... PB: O que se trata é de criar igualmente um Centro de Observação da Terra. Seria uma ferramenta útil na previsões de fogos florestais, mas também das marés, e das actividades de pesca, já que permitiria identificar os locais onde há mais plâncton de que se alimentam os peixes e onde estão os navios. V: O que será preciso para que esse Centro de Observação da Terra se concretize? PB: Primeiro que tudo, dinheiro. E esse centro seria óbviamente nacional até porque a ESA já tem vários centros similares, e não necessita de mais uma. Era um investimento que Portugal teria de suportar com apenas um pequeno acréscimo à contribuição inicial, mas que seria uma mais valia para o país.
Dá uma olhada a esta notícia que encontrei através do Google: http://www.esa.int/esaCP/SEMA154MDAF_Portugal_0.htmlA seguinte tem algum detalhe sobre a estação http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid ... p=all#cont