Uma aspirante de Infantaria foi sujeita a praxes violentas

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hellraiser

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Uma aspirante de Infantaria foi sujeita a praxes violentas
« em: Fevereiro 11, 2007, 08:13:14 pm »
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Em estado de choque, com equimoses e nódoas negras por todo o corpo, incluindo na cabeça, resultado de pontapés e coronhadas, aparentando estar na iminência de um ataque cardíaco ou um AVC. Foi assim que, no dia 19 de Novembro do ano passado, chegou às urgências do Hospital de Barcelos a aspirante Cláudia Almeida Brito, vítima de uma praxe violenta na Escola Prática de Infantaria (EPI), em Mafra, onde entrara 12 dias antes como a primeira mulher oficial daquela arma.

“Tinha marcas de violência, muitas equimoses e disse-me que lhe tinham batido em tudo o que era sítio, incluindo na cabeça”, afirmou ao Expresso o médico que a assistiu na altura. O diagnóstico era de tal ordem que ele recomendou a sua transferência imediata para o hospital de Braga, com indicação de acompanhamento psiquiátrico e que lhe fossem feitos exames toxicológicos e ginecológicos. Do ponto de vista clínico, poderia estar à beira do suicídio.

Segundo testemunhas oculares, Cláudia só pedia: “Não me batas”. Não reconhecia ninguém - nem o próprio marido, também ele oficial de Infantaria, que a acompanhou ao hospital. O seu estado físico e psíquico levou os médicos de Braga a apresentar queixa ao Ministério Público, tendo sido ouvida por uma comissária da Polícia, chamada ao hospital.

O calvário da jovem Cláudia Brito começou a 7 de Novembro, dia do exercício de baptismo para os 22 jovens aspirantes de Infantaria, que assim iniciaram o seu ano de tirocínio, o estágio na Escola Prática, depois de quatro anos de Academia Militar. E terá sido logo nesse dia que se produziram os maiores abusos. O exercício, que durou 24 horas e incluiu várias provas na Tapada de Mafra e na Foz do Lisandro, terminou já madrugada alta, com os jovens de olhos vendados e mãos atadas.

“Ela foi enfiada num camião, deitada no chão, apalpada de toda a maneira, pontapeada e batida, sem sequer se poder defender, ao mesmo tempo que a insultavam chamando-lhe ‘puta’ e ameaçando-a de males maiores”, conta uma fonte, a quem ela relatou o que se passara.

Durante os 12 dias que passou no quartel, as praxes e ameaças foram diárias: bichos na cama, comida imprópria, o cabelo empastado com massa consistente. À noite, tinha medo de ficar sozinha no quarto. Aparentemente, tudo aguentou, tal como os outros camaradas, a quem ela sempre se refere como “os irmãos”.

Em casa, onde passou o primeiro fim-de-semana e notaram o seu nervosismo, dizia “que estava bem”, apesar de estar sempre a tremer. “É dos nervos”, afirmava. Sobre o que se passava no quartel, nada dizia: “Está tudo normal”, relata a mesma fonte.

Na terça-feira seguinte, de regresso a Mafra, fere um joelho durante um exercício de salto sobre uma vala, afecção considerada suficientemente grave para um internamento de três dias na enfermaria do quartel. Regressa a casa no fim-de-semana de muletas e é nesse domingo à tarde que quebra, presumivelmente por receio de regressar ao quartel.

A aspirante acaba por ser internada no Hospital Militar do Porto, depois em Lisboa e na própria enfermaria da EPI, com baixa psiquiátrica. Só a 12 de Janeiro é colocada na Academia Militar, depois de ter sido chumbada por faltas no tirocínio.

A mesma Academia, onde, nos primeiros anos do curso, disse uma fonte contactada pelo Expresso, teria sido avisada por colegas mais velhos de que não iria aguentar a Infantaria: “Quebramos-te os queixos”, foi a ameaça.


Exagero jornalístico ou então algo vai de muito mal nas nossas forças armadas...
"Numa guerra não há Vencedores nem Derrotados. Há apenas, os que perdem mais, e os que perdem menos." Wellington
 

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lurker

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« Responder #1 em: Fevereiro 11, 2007, 08:37:15 pm »
Não digo nas forças armadas em geral -- tenho uma prima no exército e não teve problemas destes.
Mas admito que nalgumas instituições, aconteçam exageros com mais ou menos frequência. O mesmo se passa no ensino superior, se bem que ai não costuma envolver violência fisica.
 

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ricardonunes

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« Responder #2 em: Fevereiro 11, 2007, 08:41:40 pm »
Exagero jornalístico.
Existem exajeros, e eu passei por eles :wink:
Potius mori quam foedari
 

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Yosy

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« Responder #3 em: Fevereiro 12, 2007, 12:27:06 am »
Citação de: "ricardonunes"
Exagero jornalístico.
Existem exajeros, e eu passei por eles :wink:


Concordo, mas anda pelas FAs muitos tipos meio malucos. Não me admirava se este fosse o caso.
 

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NBSVieiraPT

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« Responder #4 em: Fevereiro 12, 2007, 12:28:27 am »
Notepad, condição física não é só resistência ou só força.
É a união de todos esses factores. Ora se ele nem 15 conseguiu fazer claramente em termos de força dos membros superiores é fraco. (Para uma comparação eu tenho 18 anos e sem nunca ter ido ao ginásio nem nada disso, com 80kg de peso encho bem feitas mais de 70 e não conheço ninguém que se tenha alistado sem conseguir fazer pelo menos 35.)
Os testes físicos servem mesmo para isto, separar o trigo do joio e ver quem aguentará a recruta de forma satisfatória...
Sei de gente que teve de correr o teste de Cooper de pé torcido depois do salto do muro, outros com uma ressaca monumental e outro ainda com um corte profundo num joelho depois também de uma queda... tentaram até ao fim e passaram. Por isso "E se um tipo tive com um lesão?... vai logo como inapto." não é bem verdade.

Quanto ao tópico...
Se tal for verdade é sem dúvida vergonhoso para a instituição militar e as Forças Armadas no geral. Contudo, parece-me bastante que se trata de um caso de exagero jornalístico.
Mas como de "lá dentro" nada sei, remeto para quem sabe :P só a minha opinião...

Cumprimentos
 

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Spectral

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« Responder #5 em: Fevereiro 12, 2007, 10:16:06 pm »
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e tal for verdade é sem dúvida vergonhoso para a instituição militar e as Forças Armadas no geral. Contudo, parece-me bastante que se trata de um caso de exagero jornalístico.
Mas como de "lá dentro" nada sei, remeto para quem sabe  só a minha opinião...


Pelo que ouvi de quem entrou na Academia Militar há uns 3 anos, existem realmente algumas situações a roçar o inadmissível. No entanto o que está acima ultrapassa o que me foi descrito.
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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papatango

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« Responder #6 em: Fevereiro 12, 2007, 11:37:29 pm »
Provavelmente, tratou-se de uma reação de algum individuo ou grupo de individuos em Máfra, que por alguma razão não gosta de mulheres... :roll:

As práticas referidas no texto, não indicam nada de realmente fora do que muitas vezes se considera comum.

Creio que para ter havido queixa, a situação deve ter sido bastante mais grave que a que aparece descrita no texto.

Infelizmente o problema continua, nas forças armadas em Portugal e nas forças de outros países (nós não somos caso único).

Isto tem a ver com as fronteiras da resistência humana, e a tradição "Espartana" de treinar os soldados que muitas forças gostam de ter como referência.

Nunca se conseguirá traçar a fronteira entre o que é demasiado e o que é aceitavel por ser necessário.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #7 em: Fevereiro 19, 2007, 07:47:42 pm »
O mais estranho disto tudo é que ainda há pouco tempo tivemos a primeira mulher Sargento QP da Arma de Infantaria, que como tal passou pela EPI e que foi a melhor do curso. Neste momento está a dar instrução na EPI. Então eles deixam mulheres da classe de Sargentos e não de Oficiais?!  :?
Não sei o que aconteceu, mas espero pelo bem do Exército Português que tudo se esclareça!
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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[Mumia_]

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« Responder #8 em: Fevereiro 21, 2007, 10:24:51 pm »
estarei eu errado ou sera que este tema sofreu o uso do "lapis azul"  :wink:
quanto a parte das provas da recruta... infelizmente nao podemos ser so bons numa coisa... se possivel... bons num pouco de tudo... e fazer 15?????? desculpa mas deve ser o minimo... nao digo que no exercito no haja quem nao as faz e esta la.. ha.. mas isso pronto seria entrar por outro assunto... :wink:
"Quem faz do perigo o seu pão, do sofrimento seu irmão e da morte sua companheira"
 

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Lightning

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« Responder #9 em: Fevereiro 21, 2007, 10:36:01 pm »
Citação de: "[Mumia_
"]estarei eu errado ou sera que este tema sofreu o uso do "lapis azul"  :wink:
quanto a parte das provas da recruta... infelizmente nao podemos ser so bons numa coisa... se possivel... bons num pouco de tudo... e fazer 15?????? desculpa mas deve ser o minimo... nao digo que no exercito no haja quem nao as faz e esta la.. ha.. mas isso pronto seria entrar por outro assunto... :wink:


Para a Força Aérea todos os homens (PAs, mecanicos, secretariado, todos) tem k fazer 23 flexões de braços no chão, 35 abdominais, e correr 2.400m em de 12 minutos, é por essa ordem e as provas são todas eliminatorias, não vale a pena fazer 100 flexões se depois só faz 30 abdominais, tem k fazer só esses valores, para as mulheres é diferente não me lembro bem, acho que é 16 flexões, 20 e tal abdominais e tem 13 ou 14 minutos para correr.

Mas o que quero dizer é que as força aérea não quer super corredores, ou super outra coisa qualquer, quer pessoas relativamente normais e essas provas são as que eles acham que uma pessoa normal deve fazer.
 

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papoila

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« Responder #10 em: Maio 02, 2009, 02:34:42 am »
Eu estava no serviço de urgência qd a nossa aspirante entrou lá...uma...dois e mais vezes....estava e vi em que condições chegava...e vi outros do tirocinio e do cfs a chegar e nem comparação havia...
E também estava lá qd foi evacuada e à sua espera estava o Director do HMP que sem a deixar ser observada, se fechou num gabinete com ela e a pressionou para desistir....ela mesmo assim não o fez e nesse mesmo dia foi internada no serviço de medicina...contra a indicação dos médicos de serviço, apenas e só pq o director tinha recebido um pedido...daí saiu chumbada do tirocinio..
"Hic Non hostes nisi morbi”
 

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Camuflage

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« Responder #11 em: Maio 02, 2009, 02:40:05 pm »
Citação de: "lurker"
Não digo nas forças armadas em geral -- tenho uma prima no exército e não teve problemas destes.
Mas admito que nalgumas instituições, aconteçam exageros com mais ou menos frequência. O mesmo se passa no ensino superior, se bem que ai não costuma envolver violência fisica.


A comparação é um pouco ingénua, no ensino superior só se submete a praxes quem quer, mesmo quem não vá, acaba por fazer amigos mais tarde ou mais cedo e vai a festas e tudo mais. No caso dos abusos pode facilmente apresentar queixa na policia ou ir ainda mais longe. Não me parece que dentro das FA seja fácil dizer que não ou apresentar queixa, sem que isso acarrete severas consequências.
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #12 em: Maio 02, 2009, 02:53:36 pm »
Isto já se passou à algum tempo; alguém sabe o que aconteceu à militar em questão? É que da última vez que li algo sobre ela, estava a tentar ir para outra Arma.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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fabio_lopes

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« Responder #13 em: Maio 03, 2009, 06:06:52 pm »
boas tudo bem que foi um pouco duro...mas a uns tempos atras li por ai que tiveram de reduzir a intensidade de curso de tropa especial lembro me no tempo do meu pai fazer tropa que ate pessoas morriam na instruçao...pode ser maxismo mas se acontece se a um homem sabem o que dizia? É FRACO
Tudo por aquilo que sonho...

tratem me por tu sff
 

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antoninho

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« Responder #14 em: Maio 03, 2009, 09:44:28 pm »
Não esquecer o que faz parte da instrução com violência gratuita, quando um grupo tira prazer com tal facto, acabou a instrução e começou algo que deve ser punido sem lamechas, aliás o difícil muitas das vezes não é o esforço físico mas o psicológico, aí é que muitos quebram e o engraçado é que a maior parte das situações não envolve porrada gratuita...mas mental.....