A expressão «espanhola» ou Hispânica não é incorrecta do ponto de vista histórico.
Como já aqui temos vindo a referir, se não fosse a criação do actual estado que conhecemos como Espanha, provavelmente não haveria nenhum problema em dizer que o português era uma lingua espanhola, da mesma maneira que o sueco é uma língua escandinava.
O problema é o de sempre (e está sempre à vista) embora os espanhóis o neguem:
Esta questão sobre o que é "Hespanhol", "Español", "Espanyol" ou "Espaniolerria" (ou seja lá como os bascos chamam ao antigo nome da peninsula) só existe depois de 1715, quando ser Espanhol, passou a ser sinónimo de ser Castelhano.
Logo, a partir do momento em que os espanhois impuseram o seu estado e insistiram em dar a Castela o nome Espanha, chamar ao português uma lingua espanhola passou a ser ofensivo.
Pela mesma ordem de razões, o Catalão é uma língua ibérica, Occitano também, mas o português não é.
A Ibéria é históricamente a região que fica entre os rios Rodano e Iber.
O rio Iber, é o actual rio Ebro. Ibéria é o nome que os gregos deram a uma secção da costa oriental da peninsula e do sul de França.
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Quanto à lingua catalã:
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Efectivamente, quando se escuta um catalão a falar fica-se espantado com a quantidade de palavras que são pronunciadas da mesma maneira que o português.
Da primeira vez que fui a Barcelona, não ouvi ninguém falar catalão. Mais tarde entendi no entanto algo muito desconcertante e que me deixou preplexo.
Disseram-me, e depois confirmei, que há milhões de pessoas que falam castelhano na rua, mas que quando voltam para casa falam catalão.
explicaram-me que o preconceito contra os catalães e a sua língua foi especialmente evidente durante o tempo do Franquismo.
Franco queria à força que a língua catalã fosse banida e encarava-a como uma curiosidade histórica, uma espécie de lingua extinta.
Durante o periodo do franquismo, quem falasse catalão na rua levava logo uma etiqueta, e era razão para investigação e eventualmente detenção ou coisa pior.
Lembro-me que tive uma interessante conversa, com uma senhora catalã já com alguma idade sobre a questão da língua, e ela ficou incrivelmente espantada, quando lhe disse que em Portugal antes de 1640 especialmente em Lisboa estava claramente em curso um processo de castelhanização.
Havia muita gente a falar castelhano nas ruas. As peças de teatro e as letras das musicas populares eram em csastelhano.
Isto conduziu a um movimento de resistência das pessoas, uma resposta que veio de dentro das casas, de dentro de cada familia. O português já fraquejava na rua, mas resistia dentro de casa.
Começou-se a ler, com o objectivo de preservar a língua. Começou-se a ler tudo o que havia, que ainda lembrasse dos tempos em que Portugal tinha o rei em Lisboa.
É também nessa altura que se dá uma enorme iimportância a um livro, que por razões óbvias não tinha exactamente sido promovido: Os Lusiadas.
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Os espanhóis não entendem. Eles não têm como saber, porque não podem entender o que realmente é aquilo a que chamamos peninsula ibérica, mas a que chamámos, durante milénios "Espanha"
Eles abastardaram o nome. Roubaram-no para baptizar o país que criaram em 1715.
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Já agora, esse senhor Carod Rovira, falou no ano de 2014, que é quando passam 300 anos do fim do Estado Catalão.
Como é evidente, esse senhor veio ao Fórum Defesa, onde nos fartamos de inventar mentiras.
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Uma nota final:
Comparar o Carod Rovira com o Saramago é um pouco estranho. O Saramago não é vice-primeiro ministro, e o Carod Rovira embora seja Ibérista, não quer transformar a Catalunha numa província de Espanha.
Cumprimentos