Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas

  • 110 Respostas
  • 22930 Visualizações
*

typhonman

  • Investigador
  • *****
  • 5146
  • Recebeu: 743 vez(es)
  • Enviou: 1631 vez(es)
  • +8536/-4167
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #15 em: Fevereiro 25, 2020, 06:14:46 pm »
E aumento do tempo máximo dos RC vs criação de Quadro Permanente de Praças? Por qual se inclinariam?

QP de Praças, contratos de longa duração é dizer que em vez de ao fim de 6 anos levas o chuto, é ao fim de 20, o que ainda é pior.
 

*

raphael

  • Investigador
  • *****
  • 1618
  • Recebeu: 359 vez(es)
  • Enviou: 326 vez(es)
  • +97/-42
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #16 em: Fevereiro 25, 2020, 10:43:54 pm »
E um acesso automático à função pública para aqueles que cumpriram o tempo máximo permitido em RC, tendo sempre que possuir as qualificações e aptidões mínimas para o exercício da função?

Por exemplo!

E a possibilidade irem estudando nos tempos do contrato, (cursos de Topografia,Desenhadores,Eletrónica,etc), mas não é fácil conciliar.

Isso já vai da vontade de cada um...em alguns casos...

Um gajo colocado em sta margarida nos confins do universo para conseguir prosseguir estudos é complicado... já um gajo numa unidade proximo da área de lisboa mesmo numa tropa de cariz especial se se concentrar nos seus objetivos consegue.
é uma franja mas conheço casos que foram de praça para sargento e depois para oficial e outros direto de praça para oficial.
Tinhas até à pouco tempo oficiais generais que tinham sido praças...
Um abraço
Raphael
__________________
 

*

raphael

  • Investigador
  • *****
  • 1618
  • Recebeu: 359 vez(es)
  • Enviou: 326 vez(es)
  • +97/-42
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #17 em: Fevereiro 25, 2020, 10:46:35 pm »
As verbas destinadas em gastos com pessoal são cada vez maior na fatia do MDN... dificilmente irão para uma solução de qp de praças.
O RC de longa duração tem de ser atrativo é ver o modelo americano, é ver a progressão horizontal...
Um abraço
Raphael
__________________
 

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 7896
  • Recebeu: 1224 vez(es)
  • Enviou: 344 vez(es)
  • +5154/-235
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #18 em: Fevereiro 26, 2020, 12:33:13 am »
Praças de Quadro Permanente tem de ser visto o seu peso relativo no total de Praças em serviço. Se na Marinha e na Força Aérea, considerando a maior componente tecnológico e menor necessidade de manter elevados níveis de capacidade física (em termos relativos e genéricos, bem visto e em comparação com o Exército) podemos ter 50% ou mais do total de Praças no QP, no caso do Exército 25% de Praças no QP se calhar já é excessivo.
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Clausewitz

*

Clausewitz

  • Membro
  • *
  • 225
  • Recebeu: 245 vez(es)
  • Enviou: 291 vez(es)
  • +101/-25
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #19 em: Fevereiro 26, 2020, 01:41:20 am »
Exércitos com tradição em serem profissionais - RU e EUA, por exemplo - como resolvem a situação de recrutar E MANTER soldados...? Porque um soldado aos 20's tem uma disponibilidade diferente aos 40's e no exército mais marcada que em um marinheiro (mesmo que embarcado) ou um praça na Força Aérea, presumo.

Desde logo esses países têm sistemas contratuais e estruturas de carreira completamente diferentes dos nossos, não existe nenhuma divisão férrea entre contratados e quadros permanentes, todos os militares (incluindo os oficiais das Academias) começam com contractos, que mediante interesse do militar e do ramo podem ser renovados e prolongados para longa-duração (o mais próximo que existe do conceito de quadro-permanente). Isso é uma das razões para haver menos inchaço nas categorias de oficiais. Como bem dizes, existe uma disponibilidade diferente a vários níveis aos vintes do que aos quarentas e a maioria do pessoal acaba por sair após alguns anos de serviço.

O que fazem para recrutar e manter é oferecer bónus (dinheiro) para alistamento e/ou prolongamento de contratos em especialidades com maior necessidade de pessoal, bónus (dinheiro) para diminuir as diferenças salariais para o sector privado nas especialidades onde isso se verifica, bons benefícios em geral, reconhecimento e certificação de competências profissionais e, sobretudo no caso dos Estados Unidos, concessão de bolsas de estudo universitárias, dado que neste país um simples curso da treta numa universidade da esquina leva o estudante a endividar-se até ao tutano.

Nós deveríamos procurar fazer algumas destas coisas já há muito tempo, particularmente a parte dos bonus, mas atendendo ao proverbial espírito mesquinho e invejoso de boa parte do povito, antecipo que medidas desse tipo produzam uma celeuma de todo o tamanho no interior da instituição militar.
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: LM, NVF, FoxTroop

*

Clausewitz

  • Membro
  • *
  • 225
  • Recebeu: 245 vez(es)
  • Enviou: 291 vez(es)
  • +101/-25
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #20 em: Fevereiro 26, 2020, 03:42:06 am »
E um acesso automático à função pública para aqueles que cumpriram o tempo máximo permitido em RC, tendo sempre que possuir as qualificações e aptidões mínimas para o exercício da função?

Acesso automático nunca. Bonificação na candidatura (que já existe) sim e pré-requisito obrigatório no caso da GNR até concordo, mas colocações automáticas não, a função pública não pode ser um depósito de ex-militares, precisa de atrair os melhores e mais motivados (e não quem tem o mínimo) para as respectivas funções em concursos transparentes, já não estamos nos anos 60 em que se arranjava um lugarzito qualquer para o moço, que até é bom rapaz.

E aumento do tempo máximo dos RC vs criação de Quadro Permanente de Praças? Por qual se inclinariam?

As duas coisas não têm que ser mutuamente exclusivas. Acesso de praças ao quadro permanente só em funções técnicas especializadas e no caso do Exército o contingente total deve ser limitado, sob pena de se reduzir o ramo a um corpo de funcionários públicos, com vários problemas que daí advêm. As forças de segurança não são uma boa comparação, por um lado porque têm uma missão e actuação bastante diferentes, com outro tipo de competências exigidas, e por outro porque não são poucos os casos de pessoal entradote nas forças de segurança que se encosta ou tenta encostar a serviços de secretaria ou mais afastados da rua. Há até um certo tabu em falar sobre a proporção de policias/guardas que efectivamente faz patrulhamento.

Praças de Quadro Permanente tem de ser visto o seu peso relativo no total de Praças em serviço. Se na Marinha e na Força Aérea, considerando a maior componente tecnológico e menor necessidade de manter elevados níveis de capacidade física (em termos relativos e genéricos, bem visto e em comparação com o Exército) podemos ter 50% ou mais do total de Praças no QP, no caso do Exército 25% de Praças no QP se calhar já é excessivo.

Isto.

 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: LM

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 20066
  • Recebeu: 2928 vez(es)
  • Enviou: 2200 vez(es)
  • +1227/-3448
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #21 em: Fevereiro 26, 2020, 03:13:01 pm »
QP para Praças. Dentro dos Regimentos o que não faltam são trabalhos perfeitamente possíveis de serem realizáveis por Cabos velhinhos. RV é para esquecer e RC com pelo menos 3 anos iniciais.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

*

tenente

  • Investigador
  • *****
  • 10358
  • Recebeu: 5658 vez(es)
  • Enviou: 4353 vez(es)
  • +8476/-1841
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #22 em: Fevereiro 26, 2020, 05:42:52 pm »
a primeira acção a ser tomada seria a redução muito drástica do numero de oficiais e sargentos no activo!
os actuais numeros de quadros são um insulto para o erário público, especialmente os 98 Oficiais Generais e almirantes que actualmente pululam numas FFAA abaixo dos 30.000 elementos, metade desse numero de generais e afins seriam mais que suficientes.

A limitação dos futuros ingressos nas diversas academias, deveria ser implementada ASAP, e, também preferencialmente a passagem á reserva de largas centenas de Oficiais, especialmente os Superiores e Generais, e Sargentos, iria fazer toda a diferença num futuro muito próximo.

O Exército, é o Ramo onde o numero dos quadros, excede em muito as necessidades reais!

O actual numero de Oficias e Sargentos, cerca de 6.000, daria para enquadrar um efectivo total de pelo menos 30.000 elementos.

Ora se actualmente o Exército possui 13.000 efectivos, podemos ver o custo que tal numero de quadros representa para a Instituição Exército e as implicações que tais custos com pessoal e o volume destes quadros, acarretam para a eficácia do mesmo Exército !!
Das duas uma ou se reforça o Exército com um muito maior numero de Praças, situação muito pouco provável de ocorrer, pois tais incorporações iriam aumentar os custos com o pessoal, ou se reduz o numero de quadros, em cerca de cinco anos, para nunca mais que cerca de 4.000, suficientes para enquadrar um efectivo de 20.000 almas, e ao mesmo tempo:

A) se reforçam os vencimentos dos Praças;
B) se aumenta o prazo dos RC, e;
C) se cria um QP para praças, incentivando as incorporações exclusivamente desta classe para que em cerca de quatro/cinco anos o Exército possua no mínimo mais uns cinco a seis milhares de Praças.

Os custos destas medidas conjuntamente com o aumento de efectivos, seriam totalmente compensados, com a redução de custos referente aos vencimentos da redução dos quadros em 33% !!

Quanto aos restantes Ramos das FFAA, penso que na Marinha o que faz falta é uma redução drástica do Almirantado, para nunca mais que uma quinzena, e o reforço do numero de Praças, já na FAP acho que se deveriam formar umas largas dezenas de oficiais/Sargentos pilotos, que muita falta fazem, e reduzir o Generalato, para não mais que uma quinzena, se tanto.

Abraços
« Última modificação: Fevereiro 26, 2020, 05:50:37 pm por tenente »
Quando um Povo/Governo não Respeita as Suas FFAA, Não Respeita a Sua História nem se Respeita a Si Próprio  !!
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: NVF

*

LM

  • Investigador
  • *****
  • 2456
  • Recebeu: 893 vez(es)
  • Enviou: 3092 vez(es)
  • +533/-73
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #23 em: Fevereiro 26, 2020, 06:04:51 pm »

Desde logo esses países têm sistemas contratuais e estruturas de carreira completamente diferentes dos nossos, não existe nenhuma divisão férrea entre contratados e quadros permanentes, todos os militares (incluindo os oficiais das Academias) começam com contractos, que mediante interesse do militar e do ramo podem ser renovados e prolongados para longa-duração (o mais próximo que existe do conceito de quadro-permanente). Isso é uma das razões para haver menos inchaço nas categorias de oficiais.

E aqui está A explicação... e que me fez recordar algo que li em um artigo de um oficial do exercito PT a fazer um curso nos EUA: messes iguais (mas oficiais pagavam refeição), cultura de exercício física e que os oficiais ou eram promovidos ou saiam das vida militar activa.       
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: FoxTroop

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 12750
  • Recebeu: 3088 vez(es)
  • Enviou: 7581 vez(es)
  • +770/-1303
    • http://youtube.com/HSMW
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #24 em: Fevereiro 26, 2020, 09:33:24 pm »
E um acesso automático à função pública para aqueles que cumpriram o tempo máximo permitido em RC, tendo sempre que possuir as qualificações e aptidões mínimas para o exercício da função?

Acesso automático nunca. Bonificação na candidatura (que já existe) sim e pré-requisito obrigatório no caso da GNR até concordo, mas colocações automáticas não, a função pública não pode ser um depósito de ex-militares, precisa de atrair os melhores e mais motivados (e não quem tem o mínimo) para as respectivas funções em concursos transparentes, já não estamos nos anos 60 em que se arranjava um lugarzito qualquer para o moço, que até é bom rapaz.


Pensei exatamente o mesmo.
Muitos já entraram para as FA "automaticamente", sem muito esforço e sem grandes provas, terminaram a recruta quase automáticamente pois não se podia chumbar ninguém, cumpriram o tempo em RC também em modo automático pois o único objetivo era que chegasse o dia 20 para receber.

Futuros funcionários públicos?   ::)

Uma bonificação sim e tendo em conta as avaliações durante o tempo de serviço militar.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Clausewitz

*

Lightning

  • Moderador Global
  • *****
  • 11015
  • Recebeu: 2330 vez(es)
  • Enviou: 3206 vez(es)
  • +731/-1031
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #25 em: Fevereiro 26, 2020, 11:44:59 pm »
Os custos destas medidas conjuntamente com o aumento de efectivos, seriam totalmente compensados, com a redução de custos referente aos vencimentos da redução dos quadros em 33% !!

Não há redução de custos, esses não deixam de ser pagos.
« Última modificação: Fevereiro 26, 2020, 11:46:05 pm por Lightning »
 

*

FoxTroop

  • Investigador
  • *****
  • 1837
  • Recebeu: 667 vez(es)
  • Enviou: 389 vez(es)
  • +332/-6249
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #26 em: Fevereiro 27, 2020, 10:03:06 pm »

Desde logo esses países têm sistemas contratuais e estruturas de carreira completamente diferentes dos nossos, não existe nenhuma divisão férrea entre contratados e quadros permanentes, todos os militares (incluindo os oficiais das Academias) começam com contractos, que mediante interesse do militar e do ramo podem ser renovados e prolongados para longa-duração (o mais próximo que existe do conceito de quadro-permanente). Isso é uma das razões para haver menos inchaço nas categorias de oficiais.

E aqui está A explicação... e que me fez recordar algo que li em um artigo de um oficial do exercito PT a fazer um curso nos EUA: messes iguais (mas oficiais pagavam refeição), cultura de exercício física e que os oficiais ou eram promovidos ou saiam das vida militar activa.     

Sem duvida algo que deveria ser implementado de modo a agilizar e "podar" a estrutura militar. Nunca consegui perceber essa cultura de QP's profissionais e RC's "semiprofissionais" (tão certo tantas letras estarem nesta sentença como quantas vezes ouvi esse termo a ser usado). Também não entendo essa de "ficar para a vida" numas FA ou FS. Além de estagnar por completo a renovação necessária, cria uma espécie de "casta" em que uns quantos pensam que estão intitulados a tudo, criando uma barreira de separação entre a Sociedade e "eles". Não tenho a mínima dúvida de quão galvanizador é coisas como o simples facto de, se não se atingir certos objectivos ou não se evoluir o suficiente, poder significar a porta da rua. Aliás, como em qualquer estrutura.
Só que também não tenho duvidas nenhumas que essa é a ultima coisa que muitos dentro das nossas FA e FS querem e isso a acontecer teríamos o caldo entornado.
 

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 18015
  • Recebeu: 5409 vez(es)
  • Enviou: 5717 vez(es)
  • +7064/-9429
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #27 em: Fevereiro 28, 2020, 10:10:36 am »
É o que dá ter 500 generais para cada 50 soldados
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

Jorge Pereira

  • Administrador
  • *****
  • 2235
  • Recebeu: 89 vez(es)
  • Enviou: 122 vez(es)
  • +59/-44
    • http://forumdefesa.com
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #28 em: Março 04, 2020, 05:19:24 pm »
Básicamente temos aqui as respostas que já discutimos há anos. Mais coisa menos coisa. A meu ver, e sobre a redução de Oficiais Superiores, surge-me uma dúvida e um dilema: Reduzir esse quadro de Oficiais para adaptá-lo ao actual número de elementos das Forças Armadas não é "compactuar" com estes números? Ou por outra, temos os efectivos adequados para um país como Portugal e o nosso enquadramento geoestratégico?

Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 7896
  • Recebeu: 1224 vez(es)
  • Enviou: 344 vez(es)
  • +5154/-235
Re: Falta de Recursos Humanos nas Forças Armadas
« Responder #29 em: Março 04, 2020, 05:36:23 pm »
A pergunta para mim será outra...Quantas e quais unidades conseguimos mobilizar no tempo x e  colocar no teatro operacional y? Portanto a questão dos recursos materiais (armamento, viaturas, combustíveis, munições, etc.) não pode deixar de estar associada aos recursos humanos e, a montante, aos recursos financeiros que sustentam os dois anteriores (materiais e humanos).

Não esquecer que tempo do SMO/SEN, em que não ocorreriam problemas com os recursos humanos (ou pelos menos problemas relacionados com a quantidade dos mesmos) a operacionalidade das Forças Armadas era igualmente reduzida...