Acaba sempre por ser uma questão de vontade e força política, ou na maior parte das vezes, da falta destas.
A questão financeira já nem nós deve merecer atenção, é crónica, e todos se queixam, independentemente do país, da falta de investimento nestes sectores ligados à defesa.
Em relação à questão de não existir mercado interno, não é tão simples quanto isso, na minha opinião.
Há necessidade interna suficiente para colocar encomendas num estaleiro nacional, capazes de manter o estaleiro permanentemente em actividade. Falo claro, do AOR, LPD e LFC. Não nos moldes em que o NPO tem sido construído, mas sim de forma contínua, estável, e enfim, mais produtiva.
Um estaleiro que fosse construindo navios para a Marinha habitualmente, estaria numa posição bem melhor para poder, por exemplo, fazer manutenções dos meios navais, e talvez até, vir a ser uma hipótese para a construção de algo mais complexo, como um fragata.
O projecto do NPO é que não tem corrido muito bem, não nos dá confiança para muito mais. Alguém apostaria nos estaleiros actualmente para construir um LPD dentro do prazo e do orçamento? Julgo que poucos.
Mas falando da procura do mercado, não se esqueçam de um facto, Portugal é que deveria estar a construir e a vender NPOs e (acredito que também fosse possível) LFC, LPDs, etc, para África. Navios de patrulha, oceânicos ou não, são uma necessidade em vários países do continente. Com uma indústria minimamente produtiva, capaz de cumprir calendário e com um preço necessariamente abaixo do francês, espanhol ou holandês, podíamos muito bem vender meia dúzia de navios. Parece pouco, mas era o suficiente para termos o dobro do mercado.
É claro, que é também fundamental, ter uma diplomacia externa a trabalhar, a mexer os cordelinhos.
Não falo do Brasil poder ser um mercado para a indústria naval portuguesa, porque eles têm muitos estaleiros. Mas com a trocas comerciais recentes, bem que podia levar uns NPO como contrapartida 😉.
Cumprimentos