Carros de Combate M5A1 em Nambuangongo

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Nuno PE

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M5 A1 "Stuart" em Angola-Um pouco de história
« Responder #30 em: Outubro 06, 2010, 01:24:53 am »


Graças à determinação e entusiasmo do então Capitão de Cavalaria Mendes Paulo,três velhinhos carros de combate M5 A1 "Stuart" da 2ª Guerra Mundial,foram os protagonistas de uma aventura sem igual em terras africanas,ficando para a história como os unicos Tanques usados na guerra do Ultramar e os únicos a verem combate em toda a história do Exército Português.Resgatados a muito custo do Depósito de Material em Beirolas onde enferrujavam,estes veteranos de muitas batalhas tiveram nova oportunidade de emprego.Embarcaram 3 ( o Gina,o Milocas e o Licas) para Angola em 1967,e até 1972 distinguiram-se em muitas missões de escolta e reconhecimento,sendo apelidados pelos guerrilheiros da FNLA "Elefante Dundum".Noventa M5 A1 vieram para Portugal em 1956 ao abrigo da NATO.Quando chegaram ao nosso pais,estes carros eram já obsoletos.O Exército Português estava já nessa altura equipado com os mais modernos M-24 "Chaffee" e M-47 "Patton".Produzidos em 1943,em Detroit,os M5 A1,seguiram para Inglaterra onde foram baptizados "Stuart" e preparados para a iminente invasão de França,desembarcaram na Normandia,entraram em Paris com a 2ª Divisão Blindada do General Jacques Leclerc,rolaram pela Bélgica e terminaram a guerra na Alemanha,onde receberam a rendição de Neustadt a 16 de Abril de 1945.Foram depois vendidos ao Canadá,tendo servido no Exército Canadiano como blindados de instrução até 1956,ano em que após terem sido completamente revistos,recondicionados e motorizados de novo,receberam "guia de marcha" para Portugal.Em 1967,dos noventa M5 A1 Portugueses,o Regimento de Cavalaria 6 (RC6) possuia 2,a Academia Militar (AM) tinha 3,a Guarna Nacional Republicana (GNR) tinha 20 e finalmente o Depósito Geral de Material de Guerra (DGMG) em Beirolas albergava os restantes 65,dos quais apenas 13 estavam operacionais,ou seja prontos para serviço imediato.Destes 13,apenas 10 tinham lagartas de ferro,as ideais para o tipo de terreno que iriam encontrar em África embora menos confortáveis do que as de borracha,mas mais resistentes ao desgaste.O Capitão Mendes Paulo,acompanhado de um condutor e de um mecânico,estiveram em Beirolas durante uma semana tendo sido selecionados seis M5 (os carros já não estavam no parque mas sim no "cemitério",última etapa antes de serem desmantelados pelo maçarico do ferro velho).Os carros eram sujeitos a um primeiro exame ,e se aprovados,eram tirados do cemitério para testes de andamento mais completos.Escolhidos os três definitivos,foram levados para às Oficinas Gerais de Material de Engenharia (OGME) em Belém,onde se procedeu a uma revisão completa.Na Direcção do Serviço de Transmissões (DST) foram equipados com rádios iguais aos dos M-24 e M-27.No Paiol de Sacavém estavam as munições-1.500 perfurantes de 37mm e 61.500 de 7.62mm para as metralhadoras Browning,que embarcaram com os carros no navio "Beira" a 26 de Setembro de 1967 (mais tarde foram recebidas as munições explosivas porque estas na altura estavam adstritas à GNR).
O carro ME-08-98 Milocas ficou no Grafanil,o ME-08-77 Gina em Luanda e o ME-07-70 Licas em Zala.
São hoje esqueletos de ferro ferrugento,reliquias de uma guerra muito particular.Actualmente em Portugal existem 13 M5 A1 distribuidos da seguinte forma:

-2 na Escola Prática de Cavalaria
-2 no Quartel de Cavalaria (ex-RC4)
-1 no Museu Militar do Porto
-1 no Regimento de Lanceiros nº2
-4 no Regimento de Cavalaria 6
-1 na Escola Prática de Serviço de Material
-1 (transitou do Regimento de Cavalaria 3) no Museu da Liga dos Combatentes no Forte do Bom Sucesso em Belém.

In "Cadernos Militares do Lanceiro n.º 3".Autor do artigo:Alexandre Gonçalves
« Última modificação: Março 13, 2011, 01:28:19 pm por Nuno PE »
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Re: M5 A1 "Stuart" em Angola-Um pouco de história
« Responder #31 em: Outubro 06, 2010, 01:33:50 am »
Por acaso até tivemos a honra de ter umas participações do MAJ Mendes Paulo cá no fórum antes de falecer .
 

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João Vaz

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Re: Carros de Combate M5A1 em Nambuangongo
« Responder #32 em: Outubro 07, 2010, 05:19:00 pm »
Muito interessante e belo pedaço de história.

Estava a Leste de tudo isto  :mrgreen: Venham mais!
"E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós (...), nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas".
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província Santa Cruz, 1576
 

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Nuno Calhau

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Re: Carros de Combate M5A1 em Nambuangongo
« Responder #33 em: Novembro 04, 2010, 08:49:15 pm »
Uma emenda; o carro que está no museu da liga, era o que se encontrava no RC-3.

Um Abraço.
 

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Nuno PE

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Re: Carros de Combate M5A1 em Nambuangongo
« Responder #34 em: Março 13, 2011, 01:30:41 pm »
Citação de: "Nuno Calhau"
Uma emenda; o carro que está no museu da liga, era o que se encontrava no RC-3.

Um Abraço.

Saudações Lanceiras caro Nuno Calhau.
Obrigado,A informação foi corrigida.

Um abraço. :)
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