Sobre a possível falência do BCE, obviamente está longe disso, ainda por cima pode emitir toneladas de euros sem limite...... mas e se alguns países abandonarem o Euro? Imagine um caso barato, o português, abandonamos o Euro (não desejo e julgo que está completamente fora de hipótese), o BCE tem mais de 36 mil milhões de dívida portuguesa no balanço e assim que saímos dizemos que não vamos pagar essa dívida (reestruturação), só aí provocamos um buraco de 36 mil milhões..... agora imagine a Itália com quase 400 mil milhões, a França com quase 450 mil milhões...... https://www.ecb.europa.eu/mopo/implement/omt/html/index.en.html
Caro Viajante, como sabe toda a actividade económica baseia-se no principio da confiança, isto é, o comprador confia que o vendedor lhe vai entregar/prestar o bem/serviço e o vendedor confia que o comprador lhe vai pagar, obviamente, isto é hiper simplificado, mas serve o propósito... Posto isto, devemos pensar quem nos emprestaria dinheiro se deixássemos de pagar? E mesmo que emprestassem, a que taxa de juro seria? Ou seja, os Franceses ou Italianos trocavam um cenário mau por um apocalíptico. (Pelo que vou lendo por aqui, não me parece que o caro Viajante seja apologista desta solução. Mesmo assim, fica a minha observação sobre o que considero ser um não-cenário)
Caro ocastilho, é um cenário real se efectivamente a UE colapsar! O euro está intimamente ligado à UE, e se esta colapsar…… o divórcio vai ser muito complicado! Eu não desejo, sou europeísta convicto que viu a transformação deste país desde 1986. Não quero dizer com isto que tudo é perfeito, longe disso, mas é uma hipótese que já esteve mais longe, acredite!
Quanto à dívida dos coronabonds/eurobonds, é verdade que não se conhecem os pormenores daquilo que não existe, mas o que se sabe é que quem vai emitir a dívida é o BCE directamente ou um veículo qualquer criado para o efeito, semelhante ao MEE, os países serviriam como avalistas.
Precisamente, como podemos afirmar se vai ou não acontecer o que não se sabe, aliás, sendo os Países os avalistas e sendo os EM a pagarem a sua parte, que sentido faz não ser contabilizada na divida pública? Se for para fazer uma habilidade contabilística, então não englobem o MEE na divida pública. É mais simples e aldrabice por aldrabice...
Mas como já dei a entender aqui, e agora afirmo-o, os Coronabonds(CB) são mais uma jogada de Europeístas que, nunca tendo ganho nas urnas de voto o que pretendem, tentam sempre ganhar na secretária e vale tudo... Agora a cobro de uma crise, vendem a banha da cobra de que os CB são a única e milagrosa solução. Infelizmente, não tenho duvidas de que eventualmente conseguiram o seu intento. Acabaremos em mais uma União que não votamos, onde receberemos ordens de como cobrar os nossos impostos e de como, quando e onde gasta-los, mais um pequeno, ou não, passo na perda de independência. E os que agora vociferam contra os malvados Holandeses, estarão a vociferar contra a UE, pq nunca votaram para uma união fiscal.
Bem sei que o Viajante dirá: " acredito que se estes eurobonds algum dia virem a luz do dia, a emissão será limitada no tempo e só para resolver esta crise, resumido numa grande emissão de dívida pelo BCE com o aval de todos os países.". Poderá muito bem ser assim, mas estará muito mais para cabeça-de-praia do que para esta opção.
Um abraço e bom fim-de-semana a todos.
Eu sou mais pragmático e tolerante que ocastilho. Sigo princípios e não leis feitas à medida e que mudam a cada mês (apesar de as cumprir, que remédio). E já percebi o cerne da discórdia. Eu refiro-me ao início do processo por exemplo do MEE (quem avalisa os empréstimos do MEE, é toda a UE e o BCE) e ocastilho ao fim do MEE (quem fica com o dinheiro). Quando a UE emprestou dinheiro à Grécia, Irlanda ou Portugal, primeiro foi ao mercado pedir emprestado, tendo como avalistas todos os países da UE e ainda alguns que nem faziam parte, como no caso português do Reino Unido ou da Noruega. Mas a dívida não ficou sob a responsabilidade dos países avalistas, nem do mecanismo que pediu emprestado o MEE, ficou sim sob a responsabilidade de quem recebi esse empréstimo.
E como além da área financeira, também sou da área da contabilidade, uma realidade nunca tem só 1 expressão. E vou dar-lhe exemplos. Acha que só Portugal, Irlanda e Grécia é que foram resgatados pela UE? Os orgulhosos espanhóis também foram resgatados, e pediram até mais dinheiro do que nós, só que pediram a utilização do MEE……. Em 100 mil milhões para ajudarem os bancos!!!!! Essa dívida não conta para o endividamento da Espanha, mas recebeu na mesma a ajuda do mesmo instituto que Portugal! Por isso para mim essa regra sagrada não é a preto e branco!!!!! No caso português essa ajuda conta para o deficit, no caso espanhol não!!! Onde é que está a coerência!?
Mas vou dar-lhe outro exemplo, o BCE com a ajuda do Draghi, passou a fazer uma coisa que era impossível nos tratados sagrados da CEE, que era o BCE comprar dívida dos países para baixar as taxas de juro a valores que nunca tivemos, taxas de juro negativas!!!!!!!
Sobre a falta de democracia da UE que ocastilho refere e a falta de representatividade, que nunca ganharam eleições nas urnas….. eu rio-me! A sério ocastilho? Esse argumento vindo do Farage ainda vá que não vá, porque vem da primeira democracia parlamentar do mundo, onde existem círculos uninominais de 70 000 eleitores, mas caro ocastilho:
- Eu fui votar a 6 de Outubro de 2019, para as eleições legislativas, presumo que ocastilho também. Eu não me lembro de escolher nenhum deputado com o meu voto! Eu lembro-me que dei um cheque em branco a um partido para escolher alguém que até pode nem sequer ser do distrito!!!!! Por isso a representatividade ou falta dela na UE causa-me risos!!!! Se nem um país consegue ter deputados eleitos pelo povo, como podem criticar a UE que claramente, por ser transnacional é muito mais complexa de gerir?
- E já agora, nas eleições legislativas de 4 de Outubro de 2015 também passou a governar-nos o partido mais votado? Não me diga que o governo foi formado pelo 2º partido mais votado!
- Eu nem sequer posso escolher o meu vereador do meu Município quanto mais o meu deputado! E ainda vêem falar de quem está na UE sem ganhar eleições!!!
Por isso, a legitimidade de que fala….. devemos primeiro olhar para nós e depois sim criticarmos a UE que é construída com a unanimidade de 27 países.
Desculpe o desabafo, mas colocou-se a jeito
Abraço e proteja-se!