A defesa do território nacional é um assunto hipotético, suspeito que até para quem o deveria sempre tomar como possível. Qualquer cenário será a uma escala global ou, no mínimo, continental, em que desconheço a maioria das variáveis. Basta começar pela questão dos recursos básicos para a sobrevivência do país, em que estamos dependentes do exterior praticamente a todos os níveis.
Agora se, por exemplo, os marroquinos se quiserem "vingar" dos 2 séculos que passamos a tentar conquistar o seu território, não nos podiam atacar apenas a nós. E creio que a primeira linha defensiva da península, o poder aéreo, também não seria assim tão simples de ultrapassar.
Em relação concretamente à artilharia a sua utilização e validade é simplesmente ser o único sistema de "longo" alcance disponível, para além dos F-16, claro.
Nesse requisito, até julgo que o m777 perde para os restantes sistemas, com menor alcance usando munição standard.
De qualquer modo, o importante é ter um sistema moderno, capaz, que possa ser utilizado em caso de necessidade, o que não acontece actualmente.
O conflito na Ucrânia tem demonstrado o papel importante da artilharia na destruição de equipamento pesado russo, parece ser ela a responsável por grande parte das perdas de veículos blindados, e não os atgm, como aparentava a informação inicial.
É preciso é ter unidades bem treinadas, não só ao nível dos sistemas mas também na observação e designação de alvos. Ah, e muita ammo.
Cpts
Sozinhos ou não, nós não sabemos o dia de amanhã. Ainda antes do conflito que decorre neste momento, havia vozes a piar que a NATO não tinha razão de existir. Se o fim da NATO viesse a suceder-se, ou se houvesse alguma questão como a que se sucede entre a Turquia e a Grécia, poderemos estar em grande parte dependentes de nós mesmos. Em qualquer dos casos, defesas anti-aéreas, e agora também anti-drone, são cruciais, seja do ponto de vista ofensivo, seja defensivo.
A artilharia é de facto o único meio "stand-off" para atacar alvos em terra que temos, tirando os Harpoon dos Tridente, e os F-16 que, ainda assim, por estarem limitados a munições gravíticas, não têm capacidade stand-off nenhuma. Aí entra outro debate, sobre como potenciar o uso dos F-16, e ainda a incorporação de outros meios com capacidade stand-off/non-line of sight, como UCAVs e loitering munition, ou mesmo MLRS se formos na loucura.
Na Ucrânia, é impossível fazer um balanço do sistema mais eficaz. Observam-se muitos vídeos das baixas causadas pela artilharia, porque existe quase sempre um drone a filmar, o mesmo que terá dado as coordenadas dos alvos. O mesmo não se sucede com os ATGM por exemplo, raramente vai haver alguém a filmar cada disparo que é feito.
Mas o verdadeiro "game changer", tem sido o reconhecimento feito com drones, que permitem desde logo realizar ataques com elevada precisão. Isto apenas nos diz que precisamos também de investir nisto.
No que respeita ao Caesar, dizer que não aumenta nada a mobilidade, é gozo.
-tem melhor capacidade todo o terreno que as actuais viaturas que rebocam os M114
-é muito provavelmente mais rápido tanto em estrada como fora de estrada
-demora menos de 1 minuto para entrar em posição de tiro
E isto sem contar com as outras vantagens, como o alcance máximo ou a guarnição que é de metade da de um M114.
Entretanto, reparem no lado direito da foto, quantos militares são precisos para cada M114. E agora reparem que o Caesar precisa de apenas metade. Agora reparem que, num exército com falta de efectivos, substituir os M114 por Caesar, permite duplicar o número de armas de artilharia, sem necessitar de aumentar o número de homens para as operar.