Creio que o tema ainda não foi abordado aqui no fórum: o da persistência em combate de unidades de superfície, nomeadamente quanto ao remuniciamento.
Há tempos vi uma simulação de um ataque de saturação chinês a uma task force americana com 2 (3)? porta aviões e respectivas escoltas e constatava-se o esgotamento das defesas antiaéreas (mísseis ar-ar e superfície-ar) e a força acabava por ficar maltratada.
Independentemente do resultado, pergunto-me se é viável (e em que condições de mar) fazer o rearmamento das células de lançamento vertical.
Além disso, no nosso caso em que os recursos são imensamente mais escassos, pergunto-me se a persistência em combate não poderia ser conseguida ou melhorada recorrendo ao aumento em número e sofisticação de sistemas de artilharia (nomeadamente 76mm e 35mm).
O que vos apraz dizer?
É uma questão interessante, e que pode ser dividida em várias partes.
A começar pelos locais (portos/pontos de apoio naval) onde os navios combatentes podem ser ou não abastecidos de novas munições. Os pontos existentes, além do Alfeite, têm essa capacidade? Se não tiverem, o que seria necessário para ter? Dado os Tridente serem o único meio naval relevante que temos, devia haver a capacidade destes poderem atracar em vários sítios. Um meio daquela importância estratégica não pode estar limitado a operar somente a partir do Alfeite.
Outro ponto, é constituir verdadeiros stocks de munições. Isto de ter uma vintena deste míssil e outra daquele não dá com nada. Além disso, convém dispersar este stock, e não espetar tudo no mesmo paiol. Isto aplica-se aos 3 ramos.
Estes dois primeiros pontos, visam uma descentralização da capacidade de defesa, que hoje está essencialmente dependente de Beja, Alfeite e Monte Real. É tirar partido das infraestruturas já existentes, e dos "porta-aviões naturais" que são as ilhas.
Tocando directamente no assunto em questão, os meios actuais (fragatas) não possuem relevância suficiente para serem usadas numa força naval nacional, já que nem sequer aguentavam o suficiente em conflito para esgotar o stock que têm. Sendo portanto irrelevante para estas, estando elas limitadas a defesa territorial ou para fazer número em battle groups da NATO.
Tenho ideia de ler em algum lado que o Mk-41 não pode ser abastecido no mar, mas o Sylver sim. Mas não tenho a certeza. Por outro lado, a estratégia (para quem pode) passa por render sempre o navio que fica sem munições, por outro carregado, e para isso é preciso ter navios suficientes.
É preciso novas fragatas. E é aí que deve ser tido o verdadeiro debate. Navios maiores e com mais armamento, ou navios mais pequenos, decentemente armados, mas em maior número? Quiçá um misto de ambos?
Devemos tirar partido dos VLS, nomeadamente da combinação Mk-41/ESSM quad-packed, sendo que uma fragata leve com 16 VLS, transporta 64 mísseis. Já uma fragata maior deveria ter no mínimo 32 a 48 VLS.
Uma fragata leve (menos de 4000t), consegue levar sem problema os 16 VLS mencionados em cima, mais 1 RAM Mk-144, perfazendo um total de 85 mísseis AA num único navio (106 com o segundo RAM).
Além dos mais recentes Oto Melara de 76mm, com munição inteligente, podendo servir tanto de camada extra anti-míssil, como para atacar alvos em terra com precisão, dependendo da munição.
No futuro as armas laser farão a sua parte também, mas aí já depende da capacidade dos navios gerarem a energia para elas, e para isso é preciso navios maiores.
Por fim, a forma mais eficaz de combater ataques de saturação, é prevenindo-os. Com novos mísseis anti-navio (e em maior número) com maior alcance que os adversários. Através da operação conjunta com outros meios, nomeadamente aeronaves para atacar primeiro, ou para poder disparar para lá do horizonte (recorrendo à informação proveniente de UAVs por exemplo). Também temos de ter a nossa própria capacidade de fazer ataques de saturação contra uma força opositora, e para isso, as futuras fragatas devia ter 16 em vez de 8 SSM, que fosse reforçado o stock de Harpoon para os Tridente e P-3 e incluir mísseis anti-navio (Harpoon, JSM ou LRASM) no leque de armas dos F-16, e também fazia sentido adquirir pelo menos mais 1 ou 2 U-214.
Mas isto é muita coisa para um país que não se importa com a defesa. Mas de um ponto de vista pragmático, o mínimo de combatentes de superfície devia ser de 5 ou 6, e não a tendência actual de reduzir mais. Devíamos ter a mínima capacidade de render um navio numa força tarefa por outro equivalente.