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Outras Temáticas de Defesa => Livros-Revistas-Filmes-Documentários => Tópico iniciado por: quintanova em Junho 23, 2008, 01:26:33 pm

Título: Argoladas de tradução na TV portuguesa
Enviado por: quintanova em Junho 23, 2008, 01:26:33 pm
Caros amigos,

Não sei se há, pelo menos não descobri, mas costumo assistir aos documentários que passam no Canal História e outros e sinceramente vejo com cada argolada que, para descargo de consciência, inicio este post para colocar as argoladas.

Num documentário recente acerca do Dia-D, fala-se da 502.ª Divisão de Paraquedistas. Ora, quem sabe, sabe que não existe tal divisão, mas sim um regimento de infantaria Paraquedista (502nd PIR), pertencente à 101.ª Divisão Aerotransportada (Airborne Division).
A argolada complica quando, numa mesma frase, se coloca a 502.ª e a 101.ª como divisões combatendo juntas.

No filme Gettysburg, na RTP1, que passou em 2 ou 3 partes, Corps apareceu traduzido insistentemente como Companhia. De 100/150 homens a 20,000 homens vai uma grande diferença, não?

Conforme a for vendo, aqui as porei.
Título:
Enviado por: quintanova em Junho 23, 2008, 01:30:48 pm
Num episódio recente de JAG, no AXN (creio), Major General aparece traduzido como Brigadeiro. Ora, o tradutor até acerta, de acordo com as Forças Armadas Portuguesas, mas engana-se por uns 10 anos, pois actualmente o posto antigo de Brigadeiro é Major-General mesmo, sendo o posto de Brigadeiro reservado apenas para comandos da OTAN/NATO.
Título:
Enviado por: Duarte em Junho 23, 2008, 05:12:33 pm
Há anos atrás vi 'Give me a ring" no sentido de "telefona-me" traduzido em "dá um anel.._  :lol:
Título:
Enviado por: papatango em Junho 24, 2008, 01:15:16 am
Caro quintanova, em primeiro lugar os meus parabéns, porque você criou um tópico que eu já tinha pensado criar há bastante tempo.
(desmazelo)  :mrgreen:

Entre as fontes de maiores e memoráveis disparates está o Canal História.

A última de que me lembro, foi uma sobre a guerra no deserto.
Dizia o Canal História, que Rommel afirmava que se as tropas alemãs colocassem os barris na horizontal, eles ficam invisíveis ... :mrgreen:
Título:
Enviado por: SaraTrad em Junho 24, 2008, 01:42:18 am
Está visto que tenho que me meter para defender a profissão.

Bem, para começar, com o canal de História não tenho nada a haver. No entanto, se ouvirem alguma argolada no National Geographic se calhar até que fui eu.

Podíamos passar horas a rir-nos muito com os erros abismais e completamente desnecessários que acontecem em tradução. Pelo menos nós nas aulas passamos.

Como o "let's make a toast" com os copos erguidos traduzido como "vamos fazer uma torrada" ou num manual de um leitor de dvds, o famoso "tire o jogador da caixa e gire sobre o poder" ("take the player out of the box and turn on the power").

Na verdade o que acontece é que, muitas vezes, os tradutores, para além de muitos não terem formação de espécie alguma, recebem os guiões com muito pouca antecedência. Chega a acontecer receberem-nos apenas um dia antes do que têm que entregar a tradução. Se o mesmo tradutor não estiver por dentro do assunto nem tiver amigos ou familiares que estejam e o cliente não disponibilizar nenhum tipo de material de referência, depende unicamente da sua biblioteca e da internet.

Idealmente, e é isto que nos ensinam, o tradutor deve ler o texto (ou, neste caso, ver o episódio/filme) uma ou até duas vezes antes de começar o seu trabalho, ir apontando os termos que desconhece e passar algum tempo a pesquisar sobre o assunto. A verdade é que não nos dão tempo e não nos pagam bem o suficiente para isso. Logo, não é isso que acontece.

O que, pelo menos a mim, me ajudaria bastante é que os mesmos indignados que criticam (e, na maior parte das vezes, com toda a razão) as traduções, se lembrassem que nós não temos acesso a bases terminológicas de todos os assuntos que necessitamos. Se as há, eu, pelo menos, desconheço a sua localização.

Por isso força, se as houver, eu adorava souber onde estão. Eram imensas dores de cabeça que poupava, era menos especialistas que chateava para me ajudarem e todo o nível das traduções em Portugal subia que era uma coisa doida.

E tenho dito.
Título:
Enviado por: quintanova em Junho 24, 2008, 11:55:08 am
Saratrad,

Eu sou da área, mas não traduzo, mas creio fundamentalmente que as empresas devem pugnar pela qualidade e tentar encontrar tradutores especializados. A minha crítica não é feita aos tradutores, porque são, e sei por experiência, a parte fraca em tudo isto (vítimas da pressão e da pressa), mas as empresas de tradução e as televisões. Estas são instituições que devem lutar activamente pela qualidade do que produzem e emitem.

Eu vejo as séries e docs, cerro os dentes com a má tradução; tento perceber o original por baixo da locução. Infelizmente, a qualidade que percebo faz-me sempre desconfiar.

Já fui de mandar e-mails às empresas de tradução, mas lembrei-me do país onde estou e deixei de ser um dos velhos marretas.

Apesar de tudo, há sempre que lembrar do velho adágio traduttore, tradittore, são ossos do ofício.

Jorge
Título:
Enviado por: quintanova em Junho 24, 2008, 12:01:07 pm
Para ajudar:

NATO GLOSSARY OF ABBREVIATIONS USED IN NATO DOCUMENTS AND PUBLICATIONS (bilíngue Inglês/Francês) (2005)
http://www.nato.int/docu/stanag/aap015/2005-aap15.pdf

Bom para os termos militares modernos,e especialmente para os acrónimos mais populares.

Jorge
Título:
Enviado por: quintanova em Junho 24, 2008, 12:09:46 pm
Num filme passado no mar, ainda que não especificamente de tema militar, a palavra Man-of-War é traduzida por Homem de Guerra. Ora, na verdade é o termo geralmente utilizado para os grandes navios de linha à vela, armados, do século XVI ao século XIX.
Aparentemente o termo é cunhado por Henrique VIII que designava os Carrack (grande navio de guerra inglês, por oposição por exemplo ao Galeón espanhol) de Man-of-War.
Título:
Enviado por: quintanova em Junho 24, 2008, 12:23:20 pm
Esta eu não me lembro onde a vi, mas creio ter sido na série Band of Brothers, não sei se no DVD se no recente canal MOV.

Non-Comissioned Officers aparecia traduzido como Oficiais Milicianos. Ora, Non-comissioned Officers é na verdade e simplesmente Sargentos, na tradição anglo-saxónica (em Portugal já se chamaram Oficiais Inferiores, há muitos, muitos anos). Os oficiais a partir de 2nd Lieutenant (Alferes) recebem uma comissão, daí Comissioned Officers.

Já os Oficiais Milicianos eram os oficiais das Forças Armadas Portuguesas que saíam do extinto Serviço militar Obrigatório ou o eufemístico e mais recente Serviço Efectivo Nacional (?), pelo Curso de Oficiais Milicianos. Iam de Aspirante normalmente até Capitão.

Bem sei que um bom sargento vale o seu peso em ouro, mas sargento é sargento, e oficial é oficial...
Título:
Enviado por: Wildcard_pt em Junho 24, 2008, 02:07:58 pm
Acho que por vezes é mesmo falta de tempo ou pressa em fazer a tradução, pois para se fazer um bom trabalho é sempre necessário tempo.
Mas mesmo na televisão nos noticiarios são cometidos os mesmos erros, recordo-me de durante a 2ªguerra do golfo ouvir num canal confundirem um regimento com uma divisão, dei-me ao trabalho de mandar um mail a indicar o erro, mas nas semanas seguintes o erro manteve-se.

Então no canal de história nem se fala: "..a 7ª divisão avancou com os seus m1a1 na frente dos 1º e 3º regimentos..."  :oops:

Mas acredito que as coisas vão mudar. tenho de acreditar já que o curso que estou a tirar tambem tem a vertente de tradução.

SARATRAD
se precisar de dicionarios para o pc:
http://www.slovoed.com/ (http://www.slovoed.com/)
Título:
Enviado por: quintanova em Junho 24, 2008, 04:49:47 pm
Pode até ser, mas os canais e as empresas de tradução tem de saber a borrada constante que fazem, porque isto não é coisa de uma série ou duas. São constantes os erros e têm-me feito ver menos, canais como o História, pois sinceramente alguns erros, de grosseiros como básicos, estragam-me o documentário todo.

Certos termos mais complicados ou fora da realidade portuguesa, ok, mas coisas básicas como os postos e as unidades, isso não. Isso induz em erro os pobres desgraçados que acham que os canais de docs da cabo lhes ensinam algo.

Pelo menos pagam a profissionais, isso é um avanço, pois há uns anos era a prima que sabia inglês...
Título:
Enviado por: papatango em Junho 24, 2008, 11:32:17 pm
Começam também a aparecer não só os erros de tradução de inglês para português como erros de tradução graves de castelhano para português.

Recentemente o canal História falava sobre uma batalha em que participaram vários cruzeiros.

Trata-se de um castelhanismo, pois nessa lingua Cruzador diz-se Crucero.

No caso do Canal História, creio que têm espanhóis a fazer as traduções.
É um autêntico desastre.
Isto claro, para não falar no desastre que são os temas, mas isso é outra Estoria.
Título:
Enviado por: SaraTrad em Junho 24, 2008, 11:38:25 pm
Citação de: "Wildcard_pt"
Mas mesmo na televisão nos noticiarios são cometidos os mesmos erros, recordo-me de durante a 2ªguerra do golfo ouvir num canal confundirem um regimento com uma divisão, dei-me ao trabalho de mandar um mail a indicar o erro, mas nas semanas seguintes o erro manteve-se.


Essa situação não percebo mas, em séries ou documentários é normal que aconteça. Os episódios que eu traduzo, pelo menos, só aparecem na televisão dois meses depois de eu os traduzir (que é sensivelmente a mesma altura em que me pagam). Depois de vez em quando recebo emails dos estúdios de dobragem (que são quem me empregam mas não são uma mepresa de tradução) a dizerem que a FOX (leia-se, National Geographic e afins) não gosta da qualidade. Mas a FOX limita-se a dizer que está mal. Em outras vertentes da tradução o cliente é esperto e decente o suficiente para fornecer uma lista de termos e como os quer ver traduzidos. Utopia.

O grande problema é que quem desconhece estas andanças militares nem desconfia que pode estar a cometer uma barbaridade. Sei que há aqui muita gente que sabe, já o demonstraram. Pergunto-me, alguma vez pensaram em partilhar o vosso conhecimento ao criarem e/ou melhorarem a Wikipédia em português? Não só é um recurso muito popular a que muitos tradutores recorrem como também é um modo fácil de encontrarmos os equivalentes em várias línguas diferentes. Tudo isto feito por especialistas da área e não por terminólogos que investigam sobre o assunto. Se calhar já o fazem mas, pela experiência que tive com este épisódio mais "naval", ainda fica muito por dizer.

Citação de: "quintanova"
Pelo menos pagam a profissionais, isso é um avanço, pois há uns anos era a prima que sabia inglês...


Se pagam a profissionais não é no meu estúdio. Limitaram-se a telefonar para uma professora da minha faculdade a perguntar se conhecia alunos que fossem bons a inglês. Os que se mostraram interessados apresentaram-se e fizeram um teste. Eles disseram que sim e assim recrutaram mais uma mão-cheia de palhaços como eu que traduzem muito por pouco. Mas pouco sempre é melhor que nada. Triste é saber que quem traduz coisas para canais como o Disney Channel recebe bastante mais e não deve ter metade do trabalho ou dores de cabeça.

Já agora, os meus pais não me puseram "Trad" no nome, mas acho piada chamarem-me SaraTrad. Nunca tive uma alcunha antes. Yay! :P
Título:
Enviado por: Luso em Junho 24, 2008, 11:40:15 pm
Muito dos erros de tradução que ouço devem-se a uma enorme falta de cultura geral do tradutor E da voz off. O erro passou pelo crivo crítico de dois cérebros e isso é grave. Ou é isso ou é um trabalho feito sem brio, para ignorantes, para porcos.
Título:
Enviado por: quintanova em Junho 25, 2008, 08:10:06 pm
Citação de: "SaraTrad"
Se pagam a profissionais não é no meu estúdio. Limitaram-se a telefonar para uma professora da minha faculdade a perguntar se conhecia alunos que fossem bons a inglês.


Está tudo explicado então; estamos a falar de portuguese style management. Também o que é se pode esperar de um empresariado com habilitação média de 4.ª classe? Isso também explica porque certo pessoal é eleito e mantem-se com excelentes sondagens.

O consumidor, como sempre, é o mexilhão da história. A DECO e o Deco jogam bem, mas não nos trazem a taça...
Título:
Enviado por: komet em Junho 26, 2008, 11:02:22 pm
Ficou-me para sempre na memória um jornalista da sic ou rtp1, já não me lembro bem,  quando começou a guerra do kosovo, houve uma ponte que foi destruída por um caça da nato, e esse dito jornalista aponta para os depósitos externos de um F-15 (se calhar um F-15C até), e diz ele que foi uma bomba daquelas que atingiu a ponte.
 :lol:
Título:
Enviado por: PereiraMarques em Junho 26, 2008, 11:05:06 pm
O "orelhas" quando foi a última intervenção turca no Curdistão/Norte do Iraque e viu os soldados com G-3 disse que "os militares turcos usam a arma portuguesa" :P ...
Título:
Enviado por: Cabecinhas em Junho 27, 2008, 12:14:47 am
Talvez estava-se a referir às últimas produzidas cá no burgo e que nós nunca lhes pusemos a vista, nem sabemos onde andam...

Mas era uma coincidência e pêras!
Título:
Enviado por: PereiraMarques em Junho 27, 2008, 12:47:29 am
Citação de: "Cabecinhas"
Talvez estava-se a referir às últimas produzidas cá no burgo e que nós nunca lhes pusemos a vista, nem sabemos onde andam...

Mas era uma coincidência e pêras!


Então os homens "fabricam" F-16 e não haviam de "fabricar" G-3...

As G-3 turcas são feitas no próprio país pela empresa Makina ve Kimya Endustrisi Kurumu, que ainda as fabrica ao contrário da INDEP...

 :arrow: http://www.mkek.gov.tr/english/foUretim ... timYeri=13 (http://www.mkek.gov.tr/english/foUretimYerleri.aspx?iKodUretimYeri=13)
Título:
Enviado por: quintanova em Junho 29, 2008, 06:12:18 pm
Num documentário acerca do actor Peter Falk, no Canal Biography, temos um bom exemplo de uma má tradução, que acontece por associação.

Durante a segunda guerra mundial, Peter Falk tentou alistar-se nos Marines (referente aos US Marine Corps), mas foi recusado por ter um olho de vidro. Aí, segundo a tradução, ele alistou-se nos Merchant Marines.
Ora, quem conhece os ramos das Forças Armadas norte-americanas, e os vários serviços federais, sabe que Merchant Marine é a Marinha Mercante, e não um corpo de fuzileiros comerciantes...
Título:
Enviado por: Lightning em Junho 29, 2008, 10:41:05 pm
Ainda à uns dias vi o IRON MAN, e na sequencia inicial em que o heroi estava no Afeganistão dentro de um hummer americano guiado por supostos soldados americanos, quando a condutora diz que não é soldado (praça do Exército) mas que é airmen (praça da Força Aérea), a legenda diz que era piloto.
Título:
Enviado por: papatango em Julho 02, 2008, 12:03:59 pm
Discovery Channel 2/7/2008 12:00:

«Utilizaram um canhão Howitzer»
Título:
Enviado por: quintanova em Julho 03, 2008, 02:03:25 pm
Também os livros nos apresentam erros de tradução bastante interessantes, mais graves pelo posicionamento social do livro.

Na tradução portuguesa de The Face of Battle, O Rosto da Batalha (Ed. Fragmentos: 1987), obra-prima de John Keegan - leitura obrigatória para estudiosos da defesa, a palavra gun é insistentemente traduzida por espingarda, quando está num claro contexto de artilharia. Logo, teria que ser traduzido por peça ou canhão (sendo que o segundo termo peca por inexacto, mas seria mais adequado que o ridículo espingarda).

No livro Espionagem na Guerra (Tinta da China: 2006), também de John Keegan, temos um erro básico na página 194, relativos a um posto (ou patente, para os amigos brasileiros) da Marinha britânica:

"Almirante de Retaguarda" - concerteza o tradutor se refere a Rear-Admiral, que em português é Contra-Almirante.

Como sou também forte adepto de Antony Beevor, tentei esquecer os erros de tradução dos seus livros pela Bertrand (Estalinengrado, A Guerra Civil de Espanha, etc.), mas logo que voltar a lê-los, eles aparecerão.
Título:
Enviado por: TOMSK em Julho 08, 2008, 02:39:42 pm
Nunca mais me esqueci que quando a SIC passou o filme " O Resgate do Soldado Ryan", na parte final do filme (durante a emboscada americana às forças alemãs em Ramelle), o "Private Jackson, (que para quem não se lembra era o Sniper) estava no cimo daquele campanário.

Ora, lá estava ele com os tiros perfeitos.....até que aparece lá em baixo uma anti-aérea de 20mm que começa a disparar sobre os americanos.

É então que Jackson grita para Parker( que estava consigo na torre) algo como: " Heavy weapon..defilade below..I got a shot"
Ora isto foi traduzido da seguinta maneira:
" Há fogo cerrado lá em baixo, fiquei sem munições " ?!?!?!?!?!?!?!

De referir, que passado 2-3 segundos, continuava ele a fazer fogo sobre as cabeças dos pobres coitados de Wehrmacht....

Sem comentários.... :roll:
Título:
Enviado por: Normando em Julho 15, 2008, 06:07:59 pm
Também já me apercebi da dificuldade dos tradutores relativamente aos calibres das armas (desde os "45 mm" da pistola M1911, aos projécteis de "50 mm" das metralhadoras pesadas Browning) e aos termos "battleship" (sai quase sempre como "navio de batalha") e "armored vehicle" (invariavelmente traduzido "veículo armado"), entre outros.
Título:
Enviado por: komet em Julho 15, 2008, 10:23:05 pm
Em filmes de acção, em que um piloto de um caça persegue um caça adversário, este ao fazer uma manobra evasiva, consegue perder velocidade suficiente para o primeiro o ultrapassar, pelo que comunica via rádio "I overshoot him!" que todos sabemos que significa que perdeu a oportunidade de tiro neste contexto.

tradução "Disparei demais!".
Título:
Enviado por: JLRC em Julho 16, 2008, 03:26:07 pm
Embora não tenha qualquer ligação com assuntos de defesa, nunca me esquecerei de num filme, do qual não me recordo do nome, numa cena em que o Robert de Niro (muito novinho) estava a ser julgado e calçava meias brancas, o juiz ter-lhe dito : não volte aqui com "white socks" e ter sido traduzido com : não volte aqui com socos brancos :oops:
Título:
Enviado por: Normando em Julho 19, 2008, 10:01:28 pm
Ontem estava a ver um documentário no Canal História (ou seria no National Geographic?, já não me lembro) sobre a dicotomia blindagem/poder de fogo na evolução dos carros de combate (tanques), quando, a dada altura, na narração em inglês se ouve que determinado investigador se deslocou ao Médio Oriente "At the end of the Six Day War", ou seja, a Guerra dos Seis Dias entre Israel e os seus vizinhos Árabes, travada em Junho de 1967. Ora qual não foi o meu espanto quando a voz em português traduz para "No final do sexto dia de guerra"... Palavras para quê?
Título:
Enviado por: SpecOps em Outubro 23, 2008, 09:26:41 pm
A mais engraçada que apanhei foi na serie da Fox E-Ring

A sargento atendeu o telefone e não me lembro do contexto da frase, mas ela ao identificar-se, a legenda estava como "sargenta". Parti-me a rir com essa
Título:
Enviado por: Ermit em Outubro 24, 2008, 06:45:56 pm
Basta ver 90% das traduções feitas dos titulos dos filmes...  :lol:

Nunca têm nada a ver.


Cumprimentos
Título:
Enviado por: PereiraMarques em Outubro 24, 2008, 11:45:01 pm
Citação de: "Ermit"
Basta ver 90% das traduções feitas dos titulos dos filmes...  :mrgreen:

Além disso as traduções são como as mulheres...as fiéis não costumam ser boas e as boas não costumam ser fiéis :P
Título:
Enviado por: Ermit em Outubro 25, 2008, 01:37:06 pm
Citação de: "PereiraMarques"
Além disso as traduções são como as mulheres...as fiéis não costumam ser boas e as boas não costumam ser fiéis :rir:

Grande frase, até pensei sériamente em coloca-la como assinatura :lol:

Cumprimentos
Título:
Enviado por: quintanova em Outubro 27, 2008, 01:01:58 pm
Desta feita, trago aqui uma argolada da RTP 1, mas não relacionada com assuntos militares, mas é grave. O filme é a "Esfera", com, entre outros, Dustin Hoffman e Sharon Stone. "Squid" é insistentemente traduzido como 'polvo', quando devia ser 'lula'.

No canal MOV, na excelente série Generation Kill ficamos a saber (mal) que 'Lance-Corporal' dos Marines norte-americano se traduz por 'Cabo de Lanceiros'. O senhor tradutor melhor faria em ir à wikipedia (que não é assim tão mazinha quanto isso), verificar que Lance-Corporal é o nível OR-3 da NATO, e que equivale, no Exército Português, a Primeiro-Cabo, e na Armada Portuguesa, a Primeiro-Marinheiro.

Tudo seria melhor que incorporar o nosso cabo nos Lanceiros, coisa que aliás não existe no exército norte-americano há mais de cem anos.

Já a série Generation Kill, recomendo vivamente, sextas-feiras às 22 horas no MOV. Fala sobre uma unidade de reconhecimento dos Marines na Invasão do Iraque de 2003 e está baseada num livro escrito por um embedded reporter da revista Rolling Stone.
Título:
Enviado por: abatista em Outubro 27, 2008, 04:04:51 pm
Citação de: "quintanova"
Já a série Generation Kill, recomendo vivamente, sextas-feiras às 22 horas no MOV. Fala sobre uma unidade de reconhecimento dos Marines na Invasão do Iraque de 2003 e está baseada num livro escrito por um embedded reporter da revista Rolling Stone.


E que passam a vida a levar com fogo da própria artilharia.. :lol:
Título:
Enviado por: quintanova em Outubro 27, 2008, 07:32:48 pm
Citação de: "abatista"
Citação de: "quintanova"
Já a série Generation Kill, recomendo vivamente, sextas-feiras às 22 horas no MOV. Fala sobre uma unidade de reconhecimento dos Marines na Invasão do Iraque de 2003 e está baseada num livro escrito por um embedded reporter da revista Rolling Stone.

E que passam a vida a levar com fogo da própria artilharia.. :lol:


O friendly fire, ou fogo amigo, esteve também em grande foco na 1.ª Guerra do Iraque, em 1991, e que foi, salvo erro, a maior causa de morte em combate.

Uma coisa boa é que os oficiais subalternos são em geral bem vistos, moda que começou com o Saving Private Ryan e Band of Brothers. Desde 1970's oficial era, no cinema, sinónimo de burro.

Apesar disso, o comandante da companhia, no episódio 3, queria chamar um bombardeamento com as próprias forças a 200 metros. Talvez assim se queira explicar como as coisas acontecem a escalão companhia, quanto mais a escalão divisão ou corpo.
Título:
Enviado por: abatista em Outubro 27, 2008, 11:54:21 pm
Citação de: "quintanova"
Uma coisa boa é que os oficiais subalternos são em geral bem vistos, moda que começou com o Saving Private Ryan e Band of Brothers. Desde 1970's oficial era, no cinema, sinónimo de burro.


Acabei de ver Men of Honor, e reparei logo nisso, numa das linhas do Sargento-Mor da escola de mergulhadores:
"A Chief Petty Officer shall not drink. However, if he should drink he shall not get drunk. If he should get drunk, he shall not stagger. And if he should stagger, he shall not fall. And if he should fall, he will fall in such a manner as to cover up his rank so that passerbyers will think he is an officer." :lol:
Título:
Enviado por: quintanova em Abril 17, 2009, 08:07:40 am
Esta é fresquinha. No excelente filme 'Major Dundee' (1965), a passar no Canal Hollywood, o dito major, referindo ao que lhe fazia falta para a campanha (pessoal e não autorizada superiormente) contra um bando de Apaches, indica por último Ordnance, que é traduzido, no filme, por 'careço de ou não tenho autorização'.
Na verdade, Ordnance refere-se à munição ou toda a panóplia de suprimentos militares, desde o armamento a ferramentas.
Título:
Enviado por: quintanova em Abril 22, 2009, 09:19:34 am
Estava eu a ver ontem um doc do História relativamente às passagens do Reno em Março de 1945 pelos Aliados, quando ouço do único contra-ataque alemão de "artilharia pesada"; ao mesmo tempo, vejo carros de combate (tanques) - momento esquisito que só pode ser explicado pela palavra Armor mal traduzida, por Artilharia pesada quando deveria ser, por exemplo, Tanques ou Carros de Combate.

Isto, diga-se, um erro numa tradução que até está boa no geral.
Título:
Enviado por: Falcão em Maio 27, 2009, 06:09:01 pm
Citação de: "migas75"
Olá! Alguém sabe como se diz em Português "kicker charges"?

Estou a traduzir um documentário sobre demolições e eles vão usar "kicker charges" em vez de cargas lineares.

Suponho que serão cargas de impacto, ao passo que as cargas lineares são para fazer cortes no aço.

Se quiserem ver do que estou a falar, aqui está um link do programa.

http://dsc.discovery.com/videos/the-det ... ction.html (http://dsc.discovery.com/videos/the-detonators-kicker-charge-perfection.html)

Decidi pôr-vos esta questão porque pensei que, melhor que ninguém, o pessoal deste fórum sabe do que fala quando se trata de explosivos...

Desde já muito obrigado! :D
Título:
Enviado por: Falcão em Junho 02, 2009, 12:32:03 pm
Citação de: "migas75"
Alguém sabe como se traduz "six-pounder gun"? (referem-se aos canhões usados na Guerra Civil Americana. Não sei se é só converter o peso ou se tem um nome específico em português)

Obrigado
Título:
Enviado por: papatango em Junho 02, 2009, 11:58:38 pm
Os britânicos, mesmo até à II Guerra Mundial continuavam a designar a sua artilharia pelo peso do projectil e não pelo calibre.

Um exemplo, que podemos dar, é o tanque Valentine, que tinha um «two pounder» que na prática era um canhão de 40mm.

Os «Centaur» portugueses estavam armados com um «six pounder» que era uma peça de 57mm.
É correcto chamar-lhes peças de seis libras, de duas libras ou dezassete libras, conforme o caso.
Título: Re: Argoladas de tradução na TV portuguesa
Enviado por: oTradutor em Abril 05, 2010, 06:19:18 pm
Boas amigos,

Estive a ler com alguma atenção alguns dos detalhes que apontaram relativamente a traduções, que sendo de teor técnico, e na minha opinião como profissional de tradução já de há 14 anos para cá, devem ter, de forma ideal, uma redobrada atenção.

O grande problema é que, por vezes, em termos de urgência de entrega de trabalho (prazos apertados) e da pouca flexibildade do cliente relativamente a essa matéria, por vezes não temos opção senão entregar o trabalho "cortado à faca", para nosso grande desagrado pessoal e profissional. Mas a realidade, quem a dita é o cliente, e bem feito ou mal feito, ele quer é lá o trabalho.

A acrescer a este facto, e nesta matéria em concreto, por vezes eu, e colegas de profissão meus, simplesmente não sabemos onde encontrar fontes de informação fiável. Claro que a grande maioria de vocês está dentro da matéria, e facilmente conseguem apontar "gralhas", mas para quem está fora da mesma, é outro assunto.

Como exemplo, ainda recentemente traduzi alguns episódios da série NCIS INVESTIGAÇÃO CRIMINAL - A segunda temporada, na qual me apareceram termos como "petty officer", "lance corporal", "LEO", entre outros que tais. Por acaso fui elucidado aqui para a solução para "lance corporal", mas a grande maioria de termos teve que ir de acordo com a minha interpretação e com as poucas soluções (que pudesse considerar fiáveis) na Wikipedia. E porquê? Porque o prazo era apertado, e a entrega do trabalho era hoje.

De modo que, entendendo por completo a vossa frustração para incongruências técnicas (que também partilho, noutros campos), sensibilizo-vos para a nossa realidade, que nem sempre é a mais favorável. Não é para dizer que todos os profissionais são bons, mas aqueles que realmente são e procuram fazer o seu trabalho com qualidade, muitas vezes sofrem pelos outros, ou mesmo pelo cliente.

Um forte abraço neste fórum, que irei acompanhando, e talvez esclarecendo até mais algumas dúvidas, para a eventualidade de me surgirem mais episódios na temática de assuntos militares (navais, ou de outra espécie).
Título: Re: Argoladas de tradução na TV portuguesa
Enviado por: MundoPortugues em Julho 19, 2010, 08:46:30 pm
Anúncios e series sem serem dubrados devidamente para Português.

Não só as traduções nas series são desastrosas como somos confrontados com os anúncios que nem legendas têm do espanolismo que nos invade constantemente os nossos ouvidos.

É ridiculo esta situação só para poupar uns trocos porque estas impresas, como a suberana Zon, tem tantos lucros que só por ganancia é que não respeita a lei.

Nem nos foruns das respectivas empresas nos deixam protestar.


Só iram fazer alguma coisa se tiverem muitas reclamações, dizem os ditos responsaveis, sendo assim protestaremos cada vez mais.
Título: Re: Argoladas de tradução na TV portuguesa
Enviado por: P44 em Julho 20, 2010, 04:37:41 pm
mas se "eles " nem escrever português sabem, quanto mais traduções

basta ver as noticias em rodapé dos telejornais, é com cada alarvidade

ainda ontem "atetismo" em vez de atletismo, "fiueira da foz" em vez de figueira da foz.

eu gosto especialmente desta... :mrgreen:

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg27.imageshack.us%2Fimg27%2F8601%2Fsdc11761b.jpg&hash=f0f39179bf81f3b07128a95fc8facb5d)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fimg26.imageshack.us%2Fimg26%2F8950%2Fsdc11760w.jpg&hash=6537bfd140b35fb2f9481096c6496a61)
Título: Re: Argoladas de tradução na TV portuguesa
Enviado por: AtInf em Julho 27, 2010, 12:06:23 pm
Uma azelhice corrente nas séries policiais é a de traduzir para "oficial" o termo officer que significa simplesmente "agente".
Outra é para o posto de "gunnery-sergeant" ou "gunny" dos fuzileiros americanos ser traduzido como sargento artilheiro, o correcto será de acordo com tabela de equivalencia de postos NATO (OR-7) traduzir para o correspondente português de "sargento-ajudante".
Já agora "marines" = fuzileiros e não "marinheiros".
Sobre o calibre das armas então é melhor não falar muito, deixo só uma sugestão: se ainda se lembram das conversões de medidas pensem nisto - tudo o que for maior que 12,7 mm ( calibre .50 ) é considerado um canhão. atenção porque há calibres em mm e outros em polegadas.
Título: Re: Argoladas de tradução na TV portuguesa
Enviado por: Icterio em Junho 20, 2023, 12:04:56 pm
Vou desenterrar este tópico porque me lembrei de uma tradução engraçada num DVD.

Quando saíu o DVD do "Black Hawk Down" (estupidamente entitulado "Cercados" em Português, mas isso seria um outro tópico) num dos extras vinha um documentário com o título;

"Curso de Acidentes Aéreos".

Ok, vi o dito, onde os actores conversam sobre as suas experiências na escola dos Rangers (onde receberam um curso básico para se comportarem correctamente do ponto de vista tactico) e também nas instalações da Força Delta.  Tudo bem.  Depois percebi a ignorância do tradutor.  O título em Inglês de certeza que era "Crash Course" que significa, simplesmente, curso curto mas intensivo.  Mas, talvez embalado pela palavra "crash", o tradutor pensou num curso onde se ensivaria como ter um acidente aéreo...