Olá
Após uma curta intervenção neste fórum (à cerca de 1 ano), estou de regresso, colocando à discussão a notícia de ontem no Público sobre a introdução de mecanismos automáticos de controlo de assiduidade nos estabelecimentos de saúde e a notícia s/ a reacção da classe médica que hoje foi publicada pela Lusa.
Método de assinatura de livros de ponto não tem rigor
Ministério da Saúde quer assiduidade controlada com sistemas automáticos
28.12.2006 - 09h06 Alexandra Campos , (PÚBLICO)
O cerco para o controlo de assiduidade dos médicos e outros funcionários dos estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a apertar-se.
"médicos e outros funcionários" será esta distrinça inocente ou a ênfase colocada nos médicos tem a ver com o facto de serem os mais visados, com esta medida porque são à partida (e à chegada) os menos cumpridores :evil:
Da lista dos 82 hospitais inquiridos pela Inspecção, apenas dois tinham sistemas electrónicos (com cartões) a funcionar e quatro possuíam sistemas mistos, manuais e mecânicos. Nestes últimos casos, os médicos estavam dispensados do controlo mecânico.
Gostaria eu de saber porque razão é que os "Senhores Doutores" ficam dispensados. Será que é porque toda a gente sabe que são os que menos cumprem ou porque de facto ninguém está para se chatear. Ou será que o que realmente se pretende com estas medidas é apenas criar a aparência de serviços com regras quando sabemos que o que reina é a anarquia.
O Decreto-Lei nº 259/98 estipula que a assiduidade e pontualidade devem ser verificadas por sistemas de registo automáticos, mecânicos ou de outra natureza e refere como preferenciais os dois primeiros, frisando que nos serviços com mais de 50 trabalhadores este controlo deve ser efectuado desta forma, "salvo casos excepcionais, devidamente fundamentados e autorizados".
Contra controlo da assiduidade por impressão digital
Dezanove dos directores de serviço do Hospital de Matosinhos demitiram-se
29.12.2006 - 15h28 Lusa
Dezanove dos 25 directores de serviço do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, apresentaram hoje uma carta de demissão em resposta à decisão do conselho de administração da unidade de saúde de controlar a sua assiduidade por impressão digital.
É incrível. Será que estes senhores não se aperceberam ainda que com esta atitude estão a dar demasiada bandeira. Afinal qual será a razão para um director de serviço se demitir apenas porque vai passar a dispor de mecanismos que lhe facilitam o controlo da assiduidade da equipa que coordena? Estranho, não? Não será que é porque ele próprio também vai passar a ter um controlo que lhe é desfavorável? Ou será que não aguentou a pressão da equipa que coordena? Seja qual for a razão é bom que se demitam e que deixem o lugar para quem o mereça.
Em conferência de imprensa, o director clínico, Joaquim Pinheiro, admitiu a possibilidade de também se demitir. "Admito colocar o meu lugar à disposição depois de conversar com a tutela sobre o assunto, mas a decisão não está ainda tomada", afirmou.
A carta de demissão dos 19 directores de serviço foi recebida pela direcção clínica esta manhã, enquanto decorria um encontro dos médicos do hospital com o bastonário da Ordem dos Médicos para debater precisamente o controlo de assiduidade.
Joaquim Pinheiro informou de imediato a Administração Regional de Saúde sobre esta decisão dos clínicos e solicitou uma audiência para discutir o assunto e decidir a sua permanência, ou não, no lugar.
"Até lá está assegurada a continuidade de todos os profissionais demissionários nas suas funções", disse o responsável.
A Unidade Local de Saúde de Matosinhos - que integra o Hospital Pedro Hispano e os quatro centros de saúde de Matosinhos - está a controlar a assiduidade dos seus funcionários desde o princípio deste mês, em regime experimental, através de um sistema de impressões digitais. Anteontem, o Ministério da Saúde instou todos os estabelecimentos públicos a adoptarem sistemas similares.
Pequena Correcção: actualmente este controlo apenas está a funcionar em regime experimental no Hospital Pedro Hispano. Os 4 Centros de Saúde não têm ainda o sistema instalado, prevendo-se que o seja em breve.
A Delegação no Norte da Ordem dos Médicos criticou a medida adoptada pela unidade de Matosinhos, por considerar que reduz a actividade médica a "um exercício essencialmente burocratizado".
Como é que é? Então porque o médico coloca o dedo numa máquina para leitura de impressão digital quando entra e sai da instituição, a actividade médica fica reduzida a um exercício essencialmente burocratizado :twisted:
Um outro argumento que também tenho apreciado é o de que: "Com este sistema quem fica a perder é o doente, porque os médicos que até davam (que grande força de expressão) horas a mais, agora, com este novo sistema vão deixar de o fazer". Dá vontade de rir não dá?
O organismo nortenho atribui ainda à administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos todas as responsabilidades por decréscimos de produtividade que venham a ocorrer.
OK, não se preocupem a malta aguenta este peso na consciência.
Enquanto não se combaterem ferozmente estes interesses instalados (que sugam o orçamento de estado) nunca teremos dinheiro que chegue para nada. Nem para a Saúde, nem para a Educação nem para a Defesa.
Os dados estão lançados…