A crise energética mundial e as alternativas para Portugal

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JNSA

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A crise energética mundial e as alternativas para Portugal
« em: Agosto 04, 2004, 06:41:41 pm »
Temos assistido nos últimos meses a uma subida constante dos preços do petróleo. Esta semana o índice britânico Brent atingiu o seu preço mais alto de sempre, e há alguns analistas que prevêem que nos próximos tempos, o índice americano possa ultrapassar os 50 dólares por barril.

Tendo em conta os seguintes factores:
- os países da OPEP têm interesse nesta subida de preço
- o consumo mundial de petróleo está em crescimento exponencial, sobretudo devido à expansão da economia chinesa e indiana
- a actual instabilidade no Médio Oriente, e a grande probabilidade de os EUA desencadearem/provocarem outro conflito na zona nos próximos anos

Não seria prudente que Portugal começasse a pensar seriamente nas alternativas ao petróleo? Afinal, estamos altamente dependentes dele, visto que não o produzimos, mas também temos uma economia bastante sensível às suas variações de preço, sobretudo na actual conjuntura...

O nosso país possui características ideais para a exploração de uma série de energias renováveis: energia hidroeléctrica (embora as grandes barragens estejam actualmente ultrapassadas e devam ser substituídas por mini-hídricas), energia eólica, energia das marés e das ondas, energia geotérmica (nos Açores), energia solar (vamos construir, creio que na Amareleja, a maior central de energia solar da Europa).

Temos também bons conhecimentos ao nível do fabrico de combustíveis alternativos, como o bio-diesel.

Não seria benéfico reduzir ao mínimo, pelo menos no campo da produção de energia, o recurso ao petróleo? Os custos iniciais não seriam largamente compensados pelos benefícios futuros em estabilidade no preço da energia, e protecção do meio ambiente?

É triste que tenhamos uma mentalidade tão inercial, e que não saibamos aproveitar as potencialidades que temos...  :(

Gostava de saber o que pensam do assunto...
 

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komet

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« Responder #1 em: Agosto 04, 2004, 09:01:30 pm »
Sim, sigamos o exemplo de países como a Suécia, que usam uma central geotérmica para fornecer aquecimento constante para todo um aglomerado populacional (isto para as regiões mais frias do nosso país), que se promova a utilização de painéis solares nas casas, e se procure ser um dos primeiros países a usar carros a hidrogénio ou eléctricos em massa (ser cobaia às vezes tem as suas vantagens  :wink: ). Há muito que se pode fazer, pegando em exemplos de países nórdicos.
"History is always written by who wins the war..."
 

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Spectral

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« Responder #2 em: Agosto 04, 2004, 09:38:39 pm »
Acima de tudo tem que se investir em projectos de médio/longo prazo.

Ora, eu não vejo nem o dinheiro nem a vontade/capacidade política para tais empreendimentos.


[espero estar enganado]
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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fgomes

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« Responder #3 em: Agosto 04, 2004, 09:40:28 pm »
Não é fácil, a primeira coisa a fazer é aumentar a nossa eficiência de utilização da energia, que é muito baixa.
Depois acabar com os entraves que se põem à construção de centrais eólicas e mini-hídricas, vindas justamente de certos sectores ambientalistas, com visões completamente surreais sobre o ambiente e a natureza.
Ideias interessantes sobre o assunto em:



http://www.panda.org/about_wwf/what_we_do/climate_change/what_we_do/business_industry/power_companies/utilities.cfm
 

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Dinivan

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« Responder #4 em: Agosto 05, 2004, 08:23:55 am »
Citar
O nosso país possui características ideais para a exploração de uma série de energias renováveis: energia hidroeléctrica (embora as grandes barragens estejam actualmente ultrapassadas e devam ser substituídas por mini-hídricas)

El problema de la energía hidroeletrica, es que si no llueve, la capacidad productiva baja muchísimo :P ni tampoco cuando está nublado, se puede almacenar energía pero se pierde una gran cantidad. A parte de eso, para producir tanta energía como por ejemplo la eólica se necesitarían muchísimos kilómetros cuadrados de placas solares (se calcula que para substituir solo la energía nuclear en el mundo se necesitarían alrededor de 500.000km2 de placas solares), además son muy ineficientes (se gasta tanta energia produciendo una placa solar y demás compontentes, como 2 veces la energía que después produce) y caras.



En realidad, la única alternativa hoy en día es construir más centrales nucleares (que tampoco son la panacea, porque el uranio también se agota), y esperar a ver los resultados del ITER (de aquí a unos 20 - 30 años). Si se substiuyeran todas las centrales electrícas que funcionan con petróleo por centrales nucleares, el consumo bajaría muchísimo y tal vez nos permitiría aguantar esas 3 décadas (hay que considerar también que una central nuclear tarda del orden de 10 años en ser construida). Para los vehículos no pesados se podría potenciar los coches híbridos (que pueden funcionar también con electricidad), y seguir investigando con el hidrógeno para intentar aumentar su eficiencia de uso (actualmente se pierde como mínimo el 70% de la energía usada para la creación del hidrógeno).
También podemos rezar para que, como ya dicen muchas voces, no llegemos a la máxima producción posible de petróleo a partir de la próxima década (¿recuerdan el caso Shell?¿recuerdan que a Indonesia se le está acabando el petróleo y ya no es productor neto?¿saben que el mayor campo de petróleo de Arabia Saudita se está agotando? ( http://home.entouch.net/dmd/ghawar.htm http://www.newcolonist.com/ghawar.html...¿y si pasa en Arabia Saudita, cuanto tardará en pasar en el resto del mundo¿), porque si no estamos preprados no se que puede llegar a pasar, pero no a nivel de Portugal, sino a nivel mundial...
 

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Tiger22

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« Responder #5 em: Agosto 05, 2004, 03:33:51 pm »
Citação de: "Dinivan"
En realidad, la única alternativa hoy en día es construir más centrales nucleares


Nem pensar.

As centrais nucleares são um perigo latente, tanto o seu funcionamento como os resíduos que produzem (vejam o caso da Suécia que vai desmantelar todas as suas centrais nucleares). A opção de Portugal ficar de fora dos países que possuem centrais nucleares foi uma das mais acertadas de sempre, só espero é que os espanhóis saibam CUIDAR bem delas, tanto a nível operacional como no que diz respeito a sua segurança.

Fiquei MUITO preocupado quando após o 11 de Março o governo espanhol ordenou reforçar a segurança em ditas centrais e que segundo alguns meios de comunicação espanhóis esse “reforço” significava em aplicar simples e elementares medidas de seguranças como as que os demais países que possuem essas centrais aplicam constantemente mas que pelos vistos e para os espanhóis essas medidas só se justificam em casos extremos. É para ficar a TREMER. O nosso próprio governo e mesmo sendo este um assunto “interno” da Espanha deveria pressionar o governo espanhol para que levasse esta questão a sério e penso que não é necessário explicar porque.
"you're either with us, or you're with the terrorists."
 
-George W. Bush-
 

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emarques

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« Responder #6 em: Agosto 05, 2004, 04:17:44 pm »
Penso que o grande objectivo no caso das energias renováveis será não depender especialmente de nenhuma delas. Se o espectro fôr variado, a probabilidade será que quando uma fonte esteja em sub-produção, as outras possam compensar.

No caso da energia eólica, ao que parece, em Portugal, em 2001 ainda só estavam instalados 150 MW. Calcula-se que o território terá capacidade para produzir 2000 a 3500...

Ao que parece Portugal é um dos países com melhores conhecimentos no campo do aproveitamento de energia das ondas. O sistema parece ser simples, uma coluna de água oscila com a passagem das ondas e a deslocação da coluna de ar sobre ela faz girar uma turbina geradora. Existem outros sistemas, mas este parece ser o mais bem sucedido. Os cálculos que vi apontavam para que, se se conseguisse aproveitar 1% da energia que o mar atira contra a costa portuguesa (o que, ao que parece, é possível), se teria uma potência instalada de 550MW. Neste momento, os protótipos em funcionamente têm cerca de 6 MW.

Quanto à energia geotérmica, claro que só pode ser aproveitada onde existam afloramentos geotérmicos. O que é o caso dos Açores. Até 2005 a estimativa era de que cerca de 30% da energia consumida no arquipélago seja geotérmica.

Quanto à energia solar, penso que o mais útil por enquanto seria aproveitar o calor para aquecimento de águas e das casas. Se a casa se aquece com a luz do sol, não é preciso usar outras formas de aquecimento que consomem energias não renováveis. Claro que também existem aproveitamentos para produção de energia mais distribuível, que se terão que ir estudando, de forma a resolver os tais problemas de ineficiência.

Mas o aproveitamento da energia do Sol para fazer coisas que normalmente precisam de outras energias talvez seja o mais viável hoje em dia.

E continuar a trabalhar para melhorar o aproveitamento do hidrogénio e dos combustíveis biológicos.

E não, eu não sou um "gajo poderoso" que sabe estas coisas todas... Eu procurei informação. :) http://www.energiasrenovaveis.com/index.asp
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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alfsapt

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« Responder #7 em: Agosto 05, 2004, 05:01:03 pm »
Citação de: "Spectral"
Acima de tudo tem que se investir em projectos de médio/longo prazo.

Ora, eu não vejo nem o dinheiro nem a vontade/capacidade política para tais empreendimentos.


[espero estar enganado]


Aprecio bastante quando poucas palavras dizem muito... neste caso dizem quase tudo.

Spectral: também espero que esteja enganado!
"Se serviste a patria e ela te foi ingrata, tu fizestes o que devias, ela o que costuma."
Padre Antonio Vieira
 

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JNSA

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« Responder #8 em: Setembro 28, 2004, 11:12:55 am »
Citar
OPEP nada pode fazer para baixar preços
O presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Purmono Yusgiantoro, alertou hoje para o perigo de recessão e confessou-se impotente para fazer baixar os preços recordes petróleo.
 
( 09:20 / 28 de Setembro 04 )

 
 
 
A OPEP não pode fazer nada actualmente para fazer baixar os preços do petróleo e admite que a tendência de subida poderá conduzir a uma recessão, estimou esta terça-feira o presidente desta organização e também ministro da Energia na Indonésia, Purmono Yusgiantoro.

O barril do petróleo ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 50 dólares, no decorrer de transacções electrónicas após o fecho oficial dos mercados de Nova Iorque ontem à noite.


fonte: http://www.tsf.pt/online/economia/interior.asp?id_artigo=TSF154512

Bem, se juntarmos a isto aqueles tarados que andam a ameaçar com uma guerra civil na Nigéria, é bom que os nossos "iluminados" dirigentes comecem a pensar (e depressa) em alternativas viáveis, ou a economia vai ressentir-se ainda mais... :?
 

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dremanu

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« Responder #9 em: Setembro 28, 2004, 11:11:07 pm »
Eu sou a favor da construção de usinas nucleares, não vejo perigo nenhum. Portugal é um pais produtor de urânio e em vez de aproveitar este recurso natural para aumentar a nossa auto-sufeciência em questões energéticas, compramos petróleo a estrangeiros para gerar electricidade. Uma usina nuclear custa mais dinheiro que uma que funciona com petróleo, ou gás natural, mas a longo prazo é melhor e gere menos poluição.

Acho que tb devemos investir em técnologia de moinhos-de-vento, das ondas, e energia solar.

Outra questão que deviamos procurar solucionar é a do volume de água fresca. Devia-se construir plantas de transformação de água salgada em água fresca. Temos o mar à nossa frente e não aproveitamos, ficamos dependentes do volume dos nossos rios, e potencialmente dos Espanhoís visto que estes podem controlar o volume d'água que chega ao nosso país.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."