Defesa: Atrasos no reequipamento deve-se a problemas técnicos e não orçamentais - ministro Leiria, 21 Out (Lusa) - O ministro da Defesa Nacional, Nuno Severiano Teixeira, garantiu hoje em Leiria que qualquer atraso na modernização do equipamento militar dever-se-á a questões técnicas e não orçamentais. "São programas absolutamente essenciais para manter o reequipamento ao nível das exigências das missões que hoje o Exército desempenha sobretudo no plano internacional", afirmou o ministro, à margem das comemorações do dia deste ramo das Forças Armadas, que teve lugar em Leiria. Actualmente, há "vários programas que estão a ser executados" de acordo com a Lei de Programação Militar (LPM), mas têm-se verificado "contratempos técnicos" que nada têm a ver com constrangimentos orçamentais, garantiu. "A Lei de Programação Militar está a ser cumprida ao ritmo que é necessário", afirmou o ministro, destacando ainda o facto de o conceito estratégico das Forças Armadas já obedecer aos princípios do novo tratado reformador europeu. "O Exército tem desenvolvido no terreno uma nova vocação estratégica, com a participação nas novas missões internacionais", demonstrando a "sua capacidade de se constituir como produtor de segurança internacional", afirmou Severiano Teixeira, que destacou também o esforço do exército em limitar o desperdício. "Um exemplo claro de economia de escala e ganhos de eficiência, passíveis de reinvestimento ao serviço do Exército, é a concentração e modernização de infra-estruturas", disse. Por outro lado, "a nossa independência, a nossa credibilidade e os nossos interesses defendem-se em fronteiras de segurança que não coincidem, hoje, com as fronteiras geográficas do Estado nacional", acrescentou o ministro, apelando à opinião pública para ser menos crítica da modernização das forças armadas. "É tempo de ultrapassar reflexos antiquados e concepções arcaicas: Os riscos e as ameaças à segurança nacional e europeia são claros e evidentes e não se compadecem com respostas fracas" até porque "sem Forças Armadas fortes e modernas não teremos um Estado forte e moderno", salientou. Exemplos dos "novos equipamentos que respondam aos novos requisitos" para o Exército, é a aquisição das viaturas blindadas Pandur, os carros de combate Leopard ou os empasteladores de engenhos explosivos. "Estamos perante o primeiro grande processo de modernização de equipamentos levado a cabo para o Exército desde o 25 de Abril, que permitirá às Forças Armadas nacionais dispor de níveis de operacionalidade e de segurança do pessoal idênticos aos das modernas unidades militares dos países aliados", defendeu Severiano Teixeira. Para o ministro, "não valeria a pena ter feito a profissionalização das Forças Armadas e o esforço da reestruturação se mantivéssemos em operação equipamentos obsoletos". No seu discurso, o ministro revelou também que já teve início a aprovação legal para a adaptação do ensino superior militar ao processo de Bolonha e está em fase de consulta a lei de programação de infra-estruturas militares, que visa "agilizar os processos de rentabilização e modernização do património afecto à defesa nacional e garantir a sustentabilidade do Fundo de Pensões dos militares". Por seu turno, o chefe de Estado-Maior do Exército, o general Pinto Ramalho, defendeu a urgência que existe em relação à aquisição de helicópteros, uma solução que vem alargar a capacidade operacional deste ramo militar. "Aguardamos com redobrada expectativa o lançamento dos concursos relativos à arma ligeira e às viaturas tácticas ligeiras com blindagem" mas, em especial, "o programa dos helicópteros ligeiros que, pela alteração técnico-táctica e pela sinergia operacional que introduz no exército, a par dos helicópteros médios", permitirá "uma capacidade de resposta mais rápida, mais flexível e mais adequada às exigências do moderno ambiente operacional", salientou o general. "A unidade de Aviação Ligeira é uma prioridade para o Comando do Exército, devendo ser dada sequência aos programas de aquisição das versões ligeira e média, com uma adequada revisão da lei da programação militar", disse o general, admitindo, no entanto que ainda não possui praças suficientes para cumprir os objectivos mínimos estabelecidos, ficando aquém em 1.500 homens. "Não podemos obrigar ninguém para que venha para o Exército", recorda o general, que rejeitou a possibilidade de aumentar a oferta salarial como facto de atracção, preferindo investir em acções de promoção junto dos mais novos. Apesar disso, Pinto Ramalho relembrou no seu discurso que a "vocação última do Exército é fazer a guerra, sendo sensato ponderar esta realidade em termos organizativos e de equipamento" já que a actual conjuntura internacional "torna menos clara e cada vez mais ténue e indefinida, a fronteira entre paz e guerra". A guerra de informação, defesa biológica e química, o laboratório militar, a revisão das carreiras militares foram outras das prioridades elencadas pelo responsável máximo da hierarquia. "Queremos um Exército moderno, agilizado e flexível, que evidencie força, adaptado e adaptável à evolução do ambiente interno e externo, cada vez mais projectável, com uma combinação diversificada, equilibrada e credível de meios", defendeu. As actuais "dificuldades e restrições orçamentais" são encaradas pela hierarquia "como uma situação conjuntural, não nos faltando espírito para as compreender e enfrentar", acrescentou.
Para quando esta prevista a chegadas dos primeiros LEO2/A6?
Realizou-se, em Leiria, a 21 de Outubro, a cerimónia oficial do Dia do Exército. A mesma foi presidida pelo Ministro da Defesa Nacional (MDN), Professor Doutor Nuno Severiano Teixeira. O programa incluiu um desfile de 1.000 militares das várias unidades do Exército e as intervenções do Ministro da Defesa e do Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), General Pinto Ramalho. O MDN defendeu um “consenso político alargado” em torno das questões da Defesa e reforçou o seu empenho no reequipamento do Exército, no “primeiro grande programa” após o 25 de Abril de 1974. Por sua vez, o CEME realçou, em declarações à imprensa, que o Exército pretende completar o seu quadro de efectivos, atingindo 24.500 militares, dos quais 14.500 praças – terá, hoje, 13 mil praças.