Angoche

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Rui Elias

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« Responder #15 em: Abril 06, 2006, 02:33:10 pm »


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Tipo: Navio de carga
Construtor: C.U.F. - Companhia União Fabril
Local construção Estaleiro Naval da A. G. P. L. - Lisboa
Ano de construção 1958
Registo Capitania do porto de Lisboa, em 11 de Junho de 1958, com o número H 456
Sinal de código C S A H
Comprimento fora a fora 81,67 m
Boca máxima 11,82 m
Calado à proa 3,75 m
Calado à popa 4,33 m
Arqueação bruta 1.689,32 Toneladas
Arqueação Líquida 884,10 Toneladas
Capacidade 2.834 m3
Porte bruto 1.543 Toneladas
Aparelho propulsor Um motor diesel, de 6 cilindros, construído em 1957 por Klockner-Humboldt-Deutz A. G., em Colónia - Alemanha.
Potência 915 cavalos
Velocidade máxima 11,5 nós
Tripulantes 39
Armador Companhia Nacional de Navegação - Lisboa
 

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Duarte

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"Angoche"
« Responder #16 em: Novembro 07, 2006, 08:46:35 pm »
Eis uma possível explicação, de certo reforçada com o misterioso desaparecimento, após o 25 Abril, dos ficheiros da PIDE relativos ao caso..

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/caso_angoche_23041971/index.html
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e mais uma informação...
« Responder #17 em: Novembro 12, 2006, 06:21:59 am »
http://historiaeciencia.weblog.com.pt/arquivo/025185.html

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B.O.S: No ano passado, um dos operacionais da ARA, Jaime Serra, publicou um livro, onde conta a história das várias acções realizadas.

O.C: O que ele se esqueceu de escrever é que, em Abril de 1971, a ARA também provocou o desaparecimento do navio Angoche, ao largo de Moçambique, causando 23 mortos. Quem fez explodir os helicópteros de Tancos, fez explodir o Angoche. É que as duas explosões foram provocadas pelo mesmo tipo de explosivo, do mesmo lote.
Nós tínhamos um laboratório de polícia no 3º andar da António Maria Cardoso e que era dirigido pelo dr. Carlos Veloso, que ainda é vivo. Foram aí feitas análises para apurar responsabilidades, tendo-se concluído precisamente que as duas acções foram realizadas com o mesmo lote de explosivo. É evidente que o processo do Angoche desapareceu sem deixar rasto. O processo demonstrava que o crime foi perpetrado pela ARA, com a conivência de oficiais superiores da Marinha, entre eles o Vítor Crespo, que nos meios castrenses e não só era também conhecido por Vítor Copos. É que o PCP teve sempre, e ainda tem, os seus informadores na Forças Armadas. Ora, foi precisamente através desses informadores que o PCP soube que o Angoche transportava material de guerra para o norte de Moçambique. (...)
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Luso

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« Responder #18 em: Novembro 12, 2006, 11:21:29 am »
Alguns dos terroristas/traidores:

http://raimundo.no.sapo.pt/Operacionais.htm
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Duarte

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« Responder #19 em: Novembro 12, 2006, 04:39:43 pm »
Estes senhores nada mais foram do que marionetas de interesses estrangeiros (URSS), traíram a pátria, são criminosos e deveriam ser todos levados a justiça pelos seus actos de terrorismo. E diga-se de passagem, que nem um deles parece ter um QI maior do que 70... parece um bando de arrumadores de carros com graves problemas psicoloógicos :roll:
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Rui Elias

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« Responder #20 em: Dezembro 28, 2006, 03:40:14 pm »
Uma versão dos acontecimentos:

Citar
O Caso do Navio ANGOCHE - Faz hoje 35 anos que aconteceu
Uma versão:




ÓSCAR CARDOSO- CRIADOR DOS FLECHAS
.....
"Ingressei em miúdo na Mocidade Portuguesa, quando tive de ingressar. Fi-lo, curiosamente, quando estudava no Colégio Moderno, do Dr. João Soares. Mais tarde entrei para a Legião Portuguesa e frequentei o Instituto Superior de Estudos Ultramarinos.

Interrompi o curso para fazer o serviço militar na Índia. Depois fui para a Guarda Nacional Republicana até que, em 1965, entrei para a PIDE. Na estrutura da PIDE, Barbieri Cardoso era inspector superior.

Mas depois apareceu São José Lopes, um homem com grande influência em Angola, e era necessário dar-lhe outra situação para compensar o bom serviço que tinha feito. Então, nomearam-no inspector superior do Ultramar. Entretanto, havia na PIDE um indivíduo muito mais antigo do que o Dr. São José Lopes, o inspector Coelho Dias, que era subdirector, e que também queria ser inspector superior.

Criaram-se assim os lugares de subdirector-geral para Barbieri Cardoso, de inspector superior do Ultramar para São José Lopes e de inspector superior do Continente para Coelho Dias. Havia uma divisão de tarefas entre os três.

A PIDE tinha muito boas relações com todas as polícias e serviços secretos do seu género na Europa e no mundo. É conhecida a ligação de Barbieri Cardoso aos serviços secretos franceses, dirigidos pelo conde Alexandre de Marenches.

Mas dávamo-nos bem com todas as polícias congéneres e também com os americanos da Central Intelligence Agency (CIA). Operávamos muito em África, através de informadores, sobretudo nos países vizinhos de Angola, Moçambique e Guiné. Por exemplo, havia informadores na Tanzânia em ligação a Oscar Kambona, o chefe da oposição a Julius Nyerere.

Mas o controlo era feito através de Lisboa, pela secção central na António Maria Cardoso, chefiada por Álvaro Pereira de Carvalho. Tínhamos de facto bons informadores em África, onde os nossos serviços faziam um trabalho sobretudo de intelligence, em colaboração estreita com os militares.

Foi precisamente através da nossa rede na Tanzânia que soubemos o que se tinha passado com o navio Angoche. O navio Angoche levava material para a nossa Força Aérea, material sofisticado, essencialmente material explosivo, bombas para os aviões, etc., e creio que ia para Porto Amélia.

Soubemos que o Angoche foi abordado em 23 de Abril de 1971 por um submarino da União Soviética e que os seus tripulantes foram levados para a Tanzânia, para a base central da Frelimo, Nachingwea. Foi uma operação executada por soviéticos, o que nos foi possível confirmar pelas análises que fizemos dos vestígios encontrados no barco. A primeira pessoa que fez a investigação a bordo do Angoche foi o inspector Casimiro Monteiro.

Verificou que as armas não estavam lá. A tripulação foi levada para Nachingwea e depois, penso eu, terá sido aniquilada. Penso que iam no Angoche à volta de vinte e três pessoas. Mais de metade eram africanos, de Moçambique, e os outros europeus.

O navio não era de passageiros mas levava um passageiro a bordo, a quem se deu uma boleia, o que era estranho. Houve uma outra coisa curiosa: a mudança, à última hora, do radiotelegrafista.

O radiotelegrafista que era para ir resolveu não ir. Pode ter sido uma mera coincidência, mas é curioso que assim tenha sido. Na nossa opinião, tratou-se de uma operação soviética, feita em colaboração com o Partido Comunista Português.

Fala-se que houve oficiais da Marinha, hoje oficiais generais, que estariam envolvidos nisso. Houve também o estranho caso de uma rapariga que foi "suicidada" na cidade da Beira e que estava ligada aos meios esquerdistas da Marinha portuguesa. Esta versão dos factos constou dos nossos relatórios na altura. Tínhamos um relatório secreto sobre o Angoche que desapareceu da sede da DGS, na Rua António Maria Cardoso, depois do 25 de Abril.

Foi um dos processos que desapareceram. O caso estava a ser investigado....

Bruno Oliveira Santos, Histórias secretas da PIDE/DGS (p. 401-402)

NOTA:

A última notícia relacionada com o navio "Angoche" tive-a de Fernando Taborda, o último administrador português de Quionga:
"Saiba o povo português que, em Março de 1974, foi descoberta, na foz do Rovuma, uma baleeira do navio "Angoche", com insígnias começadas por NA confirmada pelo cabo de mar de Palma e que, sobre ela, nunca me foi dada resposta à circular que mandei para a Capitania de Porto Amélia."

In Quionga, meu amor

UMA ACHEGA: NAVIO “ANGOCHE”

No dia 23 de Abril de 1971 - faz hoje 35 anos - o navio "Angoche" foi assaltado em alto mar, na costa de Moçambique, quando ia em viagem para o Norte.

Os 22 tripulantes foram levados para a Tanzânia e assassinados em Nachingwea, uma base da Frelimo.

Supõe-se que o assalto tenha sido feito por meios navais soviéticos, talvêz um submarino e foram encontradas manchas de sangue no navio, o que prova que foi usada violência contra os tripulantes.

O jornal "Notícias" de Lourenço Marques foi impedido pela Comissão de Censura de divulgar qualquer informação, o mesmo acontecendo com os jornais de Lisboa.

O jornal "Star" de Joanesburgo, que era vendido na esquina do "Continental", em Lourenço Marques, começou a referir-se ao assunto a partir da última semana desse mês de Abril de 1971. As informações eram poucas e as suposições eram muitas. "Diz-se", "fala-se", "supõe-se"...

O mesmo acontecia com a Rádio Brazaville e a Rádio RSA de Joanesburgo, que transmitiam em português. Ou com as emissões em inglês da BBC e da Voz da América. Todas escutadas por mim em Onda Curta.

Nunca ouvi a Rádio Moscovo e a "Voz da Frelimo" (através da Rádio Tanzânia) referirem-se ao assunto em Abril/Maio de 1971, apesar de eu as escutar todos os dias para o efeito.

Ainda hoje permanece o mistério sobre o que teria contecido aos tripulantes e a um provável passageiro, que viajavam a bordo do navio "Angoche".

Só 3 dias depois, a 26 de Abril de 1971, o navio foi abordado pelas autoridades coloniais portuguesas, pelo que houve quem se interrogasse em Moçambique se não teria sido tempo demais para dar pela falta de um navio daquele tamanho e com uma carga daquela natureza.
Usou-se o clásico raciocínio do "Motivo, Meios e Oportunidade" para tentar peceber o que se tinha passado:


- Motivo e Oportunidade: a Frelimo e a União Soviética, porque o "Angoche" transportava material de guerra;
- Meios: apenas a União Soviética, porque a Frelimo não tinha meios navais para um assalto em alto-mar.

Por motivos óbvios estratégicos e porque um acto de pirataria contra um navio mercante civil não honra particularmente quem o pratica, a URSS nunca falou no assunto.

Quatro anos depois, com o golpe militar de 25 de Abril em Lisboa, desapareceu o relatório secreto sobre o assunto.
Assim se passaram 35 anos sem que a opinião pública tivesse tido o direito de saber o que se passou.

Haverá pessoas daquele tempo que sabem o que aconteceu ou que tiveram acesso ao relatório.

É tempo de quebrarem o silêncio!

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http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/portugal/
 

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Yosy

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« Responder #21 em: Dezembro 29, 2006, 01:07:36 am »
^^^^isto é outra grande tanga, daquelas que o Óscar Cardoso gosta de lançar de tempos a tempos. O Angoche não foi nada de extraordinário, apenas um resultado falhado da acção de um tipo solitário qualquer que trabalhava nos portos: além de que foi um grande fracasso, pois só atingiu inocentes e deixou intactas as armas a bordo.
 

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Luso

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« Responder #22 em: Dezembro 29, 2006, 02:19:22 am »
Que armas, Yosy?
Os tanques vazios de Napalm?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Yosy

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« Responder #23 em: Dezembro 29, 2006, 12:04:53 pm »
O Angoche levava bombas de avião e caixotes com G3. Além disso, o processo da PIDE sobre a investigação do Angoche NÃO desapareceu.
 

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Get_It

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« Responder #24 em: Dezembro 29, 2006, 04:10:30 pm »
Já era seria interessante que indicassem fontes que referiram e mostrem que a carga não foi roubada e que o processo da PIDE ainda continue na posse do governo.

Cumprimentos,
:snip: :snip: :Tanque:
 

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Yosy

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« Responder #25 em: Janeiro 02, 2007, 01:11:07 am »
Citação de: "Get_It"
Já era seria interessante que indicassem fontes que referiram e mostrem que a carga não foi roubada e que o processo da PIDE ainda continue na posse do governo.

Cumprimentos,


Leia o livro "A PIDE/DGS na Guerra Colonial" e/ou vá á Torre do Tombo ver os processos.
 

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NaVeG

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Outra perspectiva, sobre o "Caso Angoche"
« Responder #26 em: Agosto 01, 2008, 03:07:51 am »
1971 – Abril.23 (6ªfeira antevéspera de lua-nova)
Ao fim da tarde no porto de Nacala o cargueiro Angoche da CNN, sob comando de Adolfo Manuel Bernardino larga rumo à baía de Mocímboa da Praia, levando 24 tripulantes e um passageiro civil a bordo. De acordo com o manifesto de carga, aquele navio de cabotagem transporta «100 bombas de 50kg para a FAP e cargas inertes para bombas de napalm», mercadoria produzida na Explosivos da Trafaria e originária da BA5-Monte Real, transferida do cais do Lobito com destino final ao AM51-Mueda.
– «Eu achei que o ‘napalm’ não tinha absolutamente nenhuma utilização prática para a guerra que fazíamos [em Angola] e mandei embora o ‘napalm’, embora se pensasse que utilizava ‘napalm’. Dei, por exemplo, uma entrevista [em Mar71 em Luanda] a um jornalista do Washington Post, o Jim Hoagland, em que ele me disse que apesar de eu ter dito que não usava ‘napalm’, ele tinha visto bombas de ‘napalm’ [num hangar do aeródromo civil da FAV-202] em Nova Lisboa. Pois viu. Mas essas bombas estavam precisamente para ir para a Guiné e para Moçambique.»¹
– «Essa transferência fez-se devido ao facto de nunca ter autorizado a sua utilização. Um jornalista do Washington Post deslocou-se a Angola para fazer várias reportagens. Nomeei um oficial para o acompanhar a todos os sítios que ele quisesse visitar. Escreveu sobre as tais bombas de 750 libras que, segundo ele, estavam depositadas no aeroporto [de Nova Lisboa] para serem utilizadas por nós. Só que o contrário é que era verdadeiro: elas estavam depositadas no aeroporto precisamente porque não as queríamos usar. Em Moçambique, foram de certeza [!?]; na Guiné, não sei. Na ocasião fiz um desmentido, mas o Governo impediu a sua divulgação. [Um desmentido para] rebater as afirmações [em 16Mai71] do jornalista, tanto mais que tinha testemunhas. Apesar de falar inglês, na entrevista final não quis ficar sozinho. Pedi a aos Serviços de Informação e Turismo de Angola [CITA] para enviarem um intérprete para cada um de nós.»²
– «Mais de metade dos tripulantes do Angoche eram moçambicanos negros, os outros eram europeus. O navio não era de passageiros mas havia um a bordo, a quem se deu boleia. E também à última hora, o radiotelegrafista que era para ir resolveu não ir.³ Por isso houve mudança de radiotelegrafista. [...] Em 23 de Abril de 1971 foi abordado por um submarino soviético e os tripulantes levados para Nachingwea, base central da FRELIMO na Tanzânia.»4
¹ (Costa Gomes, em 27Abr95 a Freire Antunes); ² (idem, op.cit pp.138/9); ³ (um dos navios-patrulha que prestou serviço ao largo de Moçambique até pouco antes desta data, foi a fragata “Álvares Cabral” comandada pelo capitão-de-fragata Soares Parente e tendo como imediato Possidónio Roberto; em 21Abr69 havia saído da base naval do Alfeite para Lourenço Marques e até data recente esteve ao serviço do ComNav de Moçambique, vindo a aportar ao Alfeite em 10Mai71); 4 (Óscar Cardoso, in “A Guerra de África” pp.402)

1971 – Abril.24
Em Porto Amélia as autoridades portuárias dão o navio de cabotagem Angoche, como desaparecido ao largo da costa nordeste de Moçambique.

1971 – Abril.26 (2ªfeira)
Em Lourenço Marques, o comandante naval de Moçambique ordena acções de busca aero-naval para localizar o cargueiro Angoche.
Por essa ocasião em Lisboa, o subdirector-geral da DGS Barbieri Cardoso já contactou telefonicamente em Paris o director do SDECE Alexandre de Marenches que, por intermédio da rede de informadores na Tanzânia ligados ao chefe oposicionista zanzibarita Oscar Kambona, transmite o que se sabe ter acontecido ao largo do Canal de Moçambique.
«antes morto, que español... »[/b]