Economia nacional

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Re: Economia nacional
« Responder #150 em: Abril 24, 2020, 02:04:20 pm »
AEP propõe plano para reindustrializar país com ajuda estatal de 10 mil milhões de euros

Associação Empresarial de Portugal apresenta programa PEDIP 5.0 que pretende reindustrializar o país e diminuir a dependência que Portugal tem dos mercados fora da Europa. Financiamento viria da UE.



A Associação Empresarial de Portugal (AEP) vai apresentar ao governo um programa para a reindustrialização do tecido empresarial português para o qual pede um financiamento do Estado de 10 mil milhões de euros, avança o Jornal Económico na sua edição semanal impressa. O Programa Estratégico de Dinamização e Modernização da Indústria Portuguesa (PEDIP) já existia antes, mas foi agora redesenhado para um PEDIP 5.0 que já prevê a resposta aos efeitos da pandemia de Covid-19. O presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, disse ao Jornal Económico que o grande objetivo deste plano é “fazer regressar a reindustrialização ao topo da agenda política“.

Luís Miguel Ribeiro diz que esta reindustrialização vai er virada para “os bens de consumo intermédio” de forma a ajudar na recuperação pós-crise, mas também retirar o país “da dependência de países fora da Europa” no acesso a determinados produtos. O próprio primeiro-ministro António Costa revelou na quinta-feira no final do Conselho Europeu que reduzir a dependência de outros mercados é também um dos objetivos a nível europeu.

O financiamento para este programa virá essencialmente dos fundos comunitários, quer do atual quadro (Portugal 20/20, cuja a execução estava no final de 2019 em 45%), quer do próximo orçamento comunitário (Portugal 20/30). A AEP quer assim elevar o peso da indústria para 28% do Valor Acrescentado Bruto total nacional, o que significa um aumento de 10 pontos percentiais ao valor médio registado desde 2010 (18%).

https://observador.pt/2020/04/24/aep-propoe-plano-para-reindustrializar-pais-com-ajuda-estatal-de-10-mil-milhoes-de-euros/

Uma boa medida e que bem precisamos, no entanto ressalta 2 pormenores muito importantes:
- A nossa indústria só contribui com 18% do PIB nacional!!!!! Ou seja, é quase inexistente (percebe-se bem porque é que o país não cresce só com serviços e agricultura!!!!!
- Os 10 mil milhões são financiados pela UE (que no caso representa sempre entre 40 a 60% do valor)!!!!!!
 
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LM

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Re: Economia nacional
« Responder #151 em: Abril 24, 2020, 04:23:00 pm »
10 mil milhões para 10 milhões habitantes... os húngaros, polacos, "andaluzes", "napolitanos", etc também vão querer de certeza e...  :-\   
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Re: Economia nacional
« Responder #152 em: Abril 24, 2020, 05:40:49 pm »
Gostava que esse investimento fosse em industrias e tecnologias com futuro e aquelas que vimos que em caso de emergência são as que fazem realmente falta.

Não apenas fábricas de montar carros...
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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miguelbud

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Re: Economia nacional
« Responder #153 em: Abril 24, 2020, 09:35:12 pm »
Eu gostava era de ver o plano, caso contrario esta notícia está ao mesmo nível do processo de mordernizaçao das fragatas.
 

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Re: Economia nacional
« Responder #154 em: Abril 25, 2020, 01:10:18 am »
Não encontro um plano detalhado, mas as linhas gerais não são nada complicadas de cumprir: https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/aep-propoe-plano-de-dez-mil-milhoes-para-reindustrializar-portugal-580277

No fundo apelam ao governo para aumentar a execução física dos subsídios da UE, que estão apenas a 45% do Portugal2020. Os empresários pedem até 2023 cerca de 2,9 mil milhões de euros do Portugal 2020 com taxas de cofinanciamento próximas de 100%, ou seja, dinheiro dado a fundo perdido na totalidade ou perto dos 100% (indirectamente pedem que o estado financie com a percentagem que a UE não financiar, normalmente 40 a 50% não é financiado). E pedem ainda a atribuição de mais mil milhões por ano, no próximo quadro comunitário que tem a duração de 7 anos até 2030.

Muito sinceramente, com dinheiro dado totalmente a fundo perdido, também eu me tornava num industrial (não tinha nada a perder), e garanto que tenho excelentes ideias para uma pequena indústria com futuro!

Como os fundos comunitários, costumam ter uma parte do investimento não reembolsável, agora pedem que o valor aprovado seja totalmente "doado" aos empresários, em vez dos 50 ou 60%! Percebem porque é que os nórdicos ficam muito renitentes connosco? Não pedimos pouco!!!!!!

Sem dúvida que temos de incentivar a indústria, mas 100% a fundo perdido...... acho demasiado!!!!!!
 

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Re: Economia nacional
« Responder #155 em: Abril 25, 2020, 09:19:53 am »
Não encontro um plano detalhado, mas as linhas gerais não são nada complicadas de cumprir: https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/aep-propoe-plano-de-dez-mil-milhoes-para-reindustrializar-portugal-580277

No fundo apelam ao governo para aumentar a execução física dos subsídios da UE, que estão apenas a 45% do Portugal2020. Os empresários pedem até 2023 cerca de 2,9 mil milhões de euros do Portugal 2020 com taxas de cofinanciamento próximas de 100%, ou seja, dinheiro dado a fundo perdido na totalidade ou perto dos 100% (indirectamente pedem que o estado financie com a percentagem que a UE não financiar, normalmente 40 a 50% não é financiado). E pedem ainda a atribuição de mais mil milhões por ano, no próximo quadro comunitário que tem a duração de 7 anos até 2030.

Muito sinceramente, com dinheiro dado totalmente a fundo perdido, também eu me tornava num industrial (não tinha nada a perder), e garanto que tenho excelentes ideias para uma pequena indústria com futuro!

Como os fundos comunitários, costumam ter uma parte do investimento não reembolsável, agora pedem que o valor aprovado seja totalmente "doado" aos empresários, em vez dos 50 ou 60%! Percebem porque é que os nórdicos ficam muito renitentes connosco? Não pedimos pouco!!!!!!

Sem dúvida que temos de incentivar a indústria, mas 100% a fundo perdido...... acho demasiado!!!!!!
Havendo dinheiro disponível, ainda para mais a fundo perdido, nao qualquer dúvida de que o plano irá para a frente e haverá fábricas a aparecer como cogumelos. O problema é como estas se irao manter, pois o que quer que produzam nao poderá competir com os preços da China e terao de se distinguir pela exclusividade, e aí sim vai esbarrar num dos grandes problemas de Portugal, que é o facto de sermos um país ainda muito atrasado. Somos dos países que menos que menos patentes cria, a articulaçao das empresas com faculdades é quase nula, os nossos melhores cerebros continuam a estudar ou a dar aulas ad eternum, etc.

Enquanto este paradigma nao mudar, nunca seremos lideres munduais de coisas nenhuma. Teremos de facto algumas empresas que competirao com alguns lideres mundiais em algumas áreas de negocio como a Bial ou Simoldes entre outras, mas só e apenas porque essas areas de negócio sao pequenas ( a facturaçao anual dessas empresas dentro do contexto mundial revela isso).

Depois também temos o problema do estado paternalista que pensa que dando subsidios aumenta a competitividade das empresas, o que nao deixa de ser verdade, no entanto, em muitos casos seria muito mais eficaz se o estado comprasse produtos a essas empresas, dando os chamados subsidios encobertos. Um exemplo, houve uma empresa em Guimaraes que construiu um planador com motor electrico (acho que se chama eurosportaircraft), porque é que o estado nao comprou 2 para a Academia da Força Aerea?

Enfim, há todo um paradigma que tem de mudar em Portugal, e enquanto a mentalidade nao mudar, o que quer que se faça será sempre começar a casa pelo telhado.
 
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Re: Economia nacional
« Responder #156 em: Abril 25, 2020, 11:45:00 am »
Não encontro um plano detalhado, mas as linhas gerais não são nada complicadas de cumprir: https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/aep-propoe-plano-de-dez-mil-milhoes-para-reindustrializar-portugal-580277

No fundo apelam ao governo para aumentar a execução física dos subsídios da UE, que estão apenas a 45% do Portugal2020. Os empresários pedem até 2023 cerca de 2,9 mil milhões de euros do Portugal 2020 com taxas de cofinanciamento próximas de 100%, ou seja, dinheiro dado a fundo perdido na totalidade ou perto dos 100% (indirectamente pedem que o estado financie com a percentagem que a UE não financiar, normalmente 40 a 50% não é financiado). E pedem ainda a atribuição de mais mil milhões por ano, no próximo quadro comunitário que tem a duração de 7 anos até 2030.

Muito sinceramente, com dinheiro dado totalmente a fundo perdido, também eu me tornava num industrial (não tinha nada a perder), e garanto que tenho excelentes ideias para uma pequena indústria com futuro!

Como os fundos comunitários, costumam ter uma parte do investimento não reembolsável, agora pedem que o valor aprovado seja totalmente "doado" aos empresários, em vez dos 50 ou 60%! Percebem porque é que os nórdicos ficam muito renitentes connosco? Não pedimos pouco!!!!!!

Sem dúvida que temos de incentivar a indústria, mas 100% a fundo perdido...... acho demasiado!!!!!!
Havendo dinheiro disponível, ainda para mais a fundo perdido, nao qualquer dúvida de que o plano irá para a frente e haverá fábricas a aparecer como cogumelos. O problema é como estas se irao manter, pois o que quer que produzam nao poderá competir com os preços da China e terao de se distinguir pela exclusividade, e aí sim vai esbarrar num dos grandes problemas de Portugal, que é o facto de sermos um país ainda muito atrasado. Somos dos países que menos que menos patentes cria, a articulaçao das empresas com faculdades é quase nula, os nossos melhores cerebros continuam a estudar ou a dar aulas ad eternum, etc.

Enquanto este paradigma nao mudar, nunca seremos lideres munduais de coisas nenhuma. Teremos de facto algumas empresas que competirao com alguns lideres mundiais em algumas áreas de negocio como a Bial ou Simoldes entre outras, mas só e apenas porque essas areas de negócio sao pequenas ( a facturaçao anual dessas empresas dentro do contexto mundial revela isso).

Depois também temos o problema do estado paternalista que pensa que dando subsidios aumenta a competitividade das empresas, o que nao deixa de ser verdade, no entanto, em muitos casos seria muito mais eficaz se o estado comprasse produtos a essas empresas, dando os chamados subsidios encobertos. Um exemplo, houve uma empresa em Guimaraes que construiu um planador com motor electrico (acho que se chama eurosportaircraft), porque é que o estado nao comprou 2 para a Academia da Força Aerea?

Enfim, há todo um paradigma que tem de mudar em Portugal, e enquanto a mentalidade nao mudar, o que quer que se faça será sempre começar a casa pelo telhado.

Também, mas olhe que agora há muito mais ligação das empresas ao mundo académico, mas é verdade o que diz, temos muitos "teóricos" brilhantes mas com pouca prática.

Mas olhe que todas as Universidades e Politécnicos, têem grupos de investigação de áreas similares (já fiz parte de um), que investiga a pedido das empresas ou de qualquer pessoa que requisite os serviços e pague. Dou-lhe o exemplo da UTAD, que nos vários grupos de investigação, tem um com investigadores da área agrícola, que ajudam os agricultores da CIMDOURO a combater o "cancro" dos castanheiros, que dizima os soutos. Ainda não arranjaram a cura para a doença dos castanheiros, mas dão formação e ajudam no tratamento, poda e cura para salvarem as árvores sãs! Por exemplo, quem quiser, pode contratar uma Universidade para fazer um estudo de mercado, ou para desenvolver um produto.

Esta investigação a pedido já existe em todo o lado, muitas das vezes contratando a tempo parcial os investigadores para desenvolverem produtos novos.

Mas não deixa de ser verdade, que o normal numa Universidade é os investigadores serem "obrigados" a fazerem artigos "a metro", com investigação de 1 semana num escritório fechado, rodeado de artigos e computador ligado à internet!!!!!! Ou pior, incentivam os candidatos a investigador a fazerem um artigo e aproveitam-se do artigo para cumprirem os "objectivos mínimos" da Universidade (ao contrário do ensino até ao 12º, as Universidades exigem que os seus professores apresentem resultados...... teóricos!) ou até apropriarem-se dos artigos como aconteceu comigo, num artigo aceite para ser apresentado em Roma, no EuroMed Academy of Business......

O problema que refere advém de um factor muito importante, normalmente os nossos líderes políticos são apenas bons na oratória, mas depois são o oposto de que deve ser um visionário, um líder...... sabem o que fizeram para subir na hierarquia política (muitos aproveitamentos, facadinhas nas costas, compadrios, etc) e depois replicam isso nos cargos que ocupam, muitas das vezes sem o mínimo de conhecimento do que fazem!

Veja bem à sua volta, um político é ajudado por muitos amigos a subir ao poder e depois de atingir o poder, vai compensar os amigos em quase todos os contratos que faz. Isso prejudica imenso a sociedade, distorce completamente a economia e torna a economia muito paternalista como refere e bem, que existe entre nós desde os tempos "da outra senhora"! Somos o país do respeitinho, do compadrio, que encobre os seus pares. E isso é que nos tolhe as pernas.

Tivessem os nossos governantes mais visão, até no equipamento das Forças Armadas, que conseguimos muitas empresas dispostas a criar centros de competências. Mas como sabe, numa sociedade "socialista", a segurança nunca é prioridade, muito acima disso estão os amigos, os amigos dos amigos.......
 
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Re: Economia nacional
« Responder #157 em: Abril 25, 2020, 06:37:33 pm »
Nada é a fundo perdido ; ha sempre contrapartidas visiveis ou invisiveis.
O financiamento vem do BCE, certo ?  é que ha uma diferença entre a instituição UE e a instituição BCE, so esta instituição tem poder de criar moeda.
Um banco central nacional, se existisse, tambem poderia criar moeda para investir ;  na realidade, é o que fazem os bancos centrais dos paises independentes como o Reino Unido, Marrocos,  o Japão, Israel,..
Uma politica de relocalização da industria europeia, em Portugal e nos outros paises da EU, é algo que esta a ser ponderado neste momento por todos os paises membros da UE, não é nenhuma originalidade portuguesa. Como diz o povo : "Depois de casa roubada, trancas na porta ! " .
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Re: Economia nacional
« Responder #158 em: Abril 25, 2020, 08:27:37 pm »
Nada é a fundo perdido ; ha sempre contrapartidas visiveis ou invisiveis.
O financiamento vem do BCE, certo ?  é que ha uma diferença entre a instituição UE e a instituição BCE, so esta instituição tem poder de criar moeda.
Um banco central nacional, se existisse, tambem poderia criar moeda para investir ;  na realidade, é o que fazem os bancos centrais dos paises independentes como o Reino Unido, Marrocos,  o Japão, Israel,..
Uma politica de relocalização da industria europeia, em Portugal e nos outros paises da EU, é algo que esta a ser ponderado neste momento por todos os paises membros da UE, não é nenhuma originalidade portuguesa. Como diz o povo : "Depois de casa roubada, trancas na porta ! " .
Á partida viria do BEI (Banco europeu de Investimento), e o dinheiro pode ser angariado através do mercado de capitais, alocaçao de fundo comunitarios para projectos especificos de acordo com a estrategia da UE, ou um misto de ambos.
 
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Re: Economia nacional
« Responder #159 em: Abril 25, 2020, 09:01:35 pm »
Nada é a fundo perdido ; ha sempre contrapartidas visiveis ou invisiveis.
O financiamento vem do BCE, certo ?  é que ha uma diferença entre a instituição UE e a instituição BCE, so esta instituição tem poder de criar moeda.
Um banco central nacional, se existisse, tambem poderia criar moeda para investir ;  na realidade, é o que fazem os bancos centrais dos paises independentes como o Reino Unido, Marrocos,  o Japão, Israel,..
Uma politica de relocalização da industria europeia, em Portugal e nos outros paises da EU, é algo que esta a ser ponderado neste momento por todos os paises membros da UE, não é nenhuma originalidade portuguesa. Como diz o povo : "Depois de casa roubada, trancas na porta ! " .
Á partida viria do BEI (Banco europeu de Investimento), e o dinheiro pode ser angariado através do mercado de capitais, alocaçao de fundo comunitarios para projectos especificos de acordo com a estrategia da UE, ou um misto de ambos.

Estão a falar de coisas distintas.

O que os empresários estão a propor é a utilização dos fundos comunitários que já existem à muitos anos, financiados pelo FSE ou outros fundos (a Fundo perdido e que representam normalmente entre 40 a 60% do investimento), não estão a referir-se a empréstimos nem do BCE nem do BEI.

O que eles pedem é que a taxa de financiamento da UE e do governo chegue perto dos 100%, como por exemplo existe desde 1986 para as Instituições públicas. Por exemplo as Câmaras de todo o país, tinham financiamentos a fundo perdido de cerca de 92,5% para o saneamento básico. As empresas agora querem algo do género. A fundo perdido.

O que vocês estão a falar, que presumo seja um dos planos previstos para salvar a economia e quem ainda nem se sabe como vai ser organizado, são outros quinhentos e nem se sabe se é empréstimo, a fundo perdido em parte ou no todo.

Os empresários referem-se apenas ao sector industrial e utilizando o que existe, desviando o dinheiro que não é utilizado para a Indústria!!!!!
« Última modificação: Abril 25, 2020, 09:04:17 pm por Viajante »
 
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Re: Economia nacional
« Responder #160 em: Abril 25, 2020, 09:13:14 pm »
Com a visão estratégica que os últimos governos têm tido neste país de corruptos vai ser como os fundos da UE nos anos 90...
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

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Re: Economia nacional
« Responder #161 em: Abril 25, 2020, 09:54:25 pm »
Nada é a fundo perdido ; ha sempre contrapartidas visiveis ou invisiveis.
O financiamento vem do BCE, certo ?  é que ha uma diferença entre a instituição UE e a instituição BCE, so esta instituição tem poder de criar moeda.
Um banco central nacional, se existisse, tambem poderia criar moeda para investir ;  na realidade, é o que fazem os bancos centrais dos paises independentes como o Reino Unido, Marrocos,  o Japão, Israel,..
Uma politica de relocalização da industria europeia, em Portugal e nos outros paises da EU, é algo que esta a ser ponderado neste momento por todos os paises membros da UE, não é nenhuma originalidade portuguesa. Como diz o povo : "Depois de casa roubada, trancas na porta ! " .
Á partida viria do BEI (Banco europeu de Investimento), e o dinheiro pode ser angariado através do mercado de capitais, alocaçao de fundo comunitarios para projectos especificos de acordo com a estrategia da UE, ou um misto de ambos.

Estão a falar de coisas distintas.

O que os empresários estão a propor é a utilização dos fundos comunitários que já existem à muitos anos, financiados pelo FSE ou outros fundos (a Fundo perdido e que representam normalmente entre 40 a 60% do investimento), não estão a referir-se a empréstimos nem do BCE nem do BEI.

O que eles pedem é que a taxa de financiamento da UE e do governo chegue perto dos 100%, como por exemplo existe desde 1986 para as Instituições públicas. Por exemplo as Câmaras de todo o país, tinham financiamentos a fundo perdido de cerca de 92,5% para o saneamento básico. As empresas agora querem algo do género. A fundo perdido.

O que vocês estão a falar, que presumo seja um dos planos previstos para salvar a economia e quem ainda nem se sabe como vai ser organizado, são outros quinhentos e nem se sabe se é empréstimo, a fundo perdido em parte ou no todo.

Os empresários referem-se apenas ao sector industrial e utilizando o que existe, desviando o dinheiro que não é utilizado para a Indústria!!!!!
Correctíssimo, confesso que li a notícia na diagonal, pois ao ler fundo perdido associado a industria e nao ter visto o plano, perdi o interesse.
 

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Re: Economia nacional
« Responder #162 em: Abril 25, 2020, 09:55:50 pm »
Com a visão estratégica que os últimos governos têm tido neste país de corruptos vai ser como os fundos da UE nos anos 90...
Nao seja mauzinho, a industria italiana prosperou imenso nessa altura, nomeadamente na produçao de ferraris  :mrgreen:
 
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Re: Economia nacional
« Responder #163 em: Abril 25, 2020, 10:01:27 pm »
Viajante,
Eu nao tenho qualquer duvida de que a investigaçao academica que se faz em Portugal está ao mesmo nível do que se faz nos países mais desenvolvidos. No entanto falta o elo de ligaçao entre o trabalho desenvolvido e a criaçao de um negócio, o chamado spin off. É aqui que de facto a nossa industria se pode desenvolver, pois o nosso sistema de ensino (por muito que alguns desdenhem) está ao nível de qualquer país desenvolvido, o problema é depois a mentalidade. O portugueses vao para a faculdade para terem bons empregos, os americanos vao para a faculdade para criarem a sua própria empresa e consequente o seu imperio.

E mais, a investigaçao nao deve ser compartimentada e apenas financiada pelo estado. Deveria have uma taxa simbolica para as empresas (tipo €1 por cada €100k do lucro liquido) de maneira a aumentar o orçamento do estado alocado á investigaçao. Nao só aumentava como motivaria as empresas a aproximarem-se dos investigadores e a procurar novas áreas de negócio. Eu vejo com muito agrado as parcerias que certas empresas privadas fazem com as academias da nossas forças armadas, mas no geral esta articulaçao ainda é muito pouca. Um exemplo interessante, no ano passado, tive de ir a Israel visitar um cliente, depois da reuniao, fomos almoçar e durante o almoço perguntei-lhe como é que Israel com os problemas que tem acaba por ser um mini Silicon Valley. Resposta: aos 18 anos os melhores alunos do liceu sao recrutados para prosseguirem o estudo nas instituiçoes militares, quando acabam as empresas matam-se umas ás outras para os recrutar  ;)

A grande maioria dos nossos politicos sao o principal cancro do país, porque os portugueses sao de facto um povo fantástico ( digo isto estando imigrado há 15 anos) solidario, trabalhador e quando quer é do melhor que há. Os politicos estao mais interessados em assaltar o orçamento de estado. Eu quando os ouço a utilizar a expressao: "empresa portuguesa grande" dá-me vontade de rir. As nossas empresas grandes sao pequenas, a PT, a Galp, o BCP sao minusculos quando comparados com a Telefonica, Deutsch Telecom, Repsol, BP, Santander ou ING. E quando uma empresa tem potencial para crescer é como voce diz tolhem-lhes as pernas, exemplo: " Em Portugal nao temos capacidade para construir navios complexos". Como se fossemos burros e nao conseguissemos aprender.

Bom, sinto que já estou a divagar, mas voltando ao tópico e como isto é um forum de defesa e eu até falei em navios no paragrafo anterior, aqui fica uma ideia para desenvolver a industria de bens intermédios que despoletou esta "discussao". Neste caso a industria metalurgica. Lembro-me do saudoso membro Chaimites dizer, aquando a construçao dos primeiros NPOs, que nem o aço dos navios era portugues. O que pelas minhas contas daria uma comparticipaçao nacional no total de 40/ 45% entre o projecto, mao de obra e alguns serviços/ componentes fornecidos pema EDI. A razao pela qual o aço nao era portugues era porque a nossa industria metalurgica nao conseguia fornecer dentro do prazo o tipo de aço usado na  construçao. Assim sendo, devia-se avançar com a construçao de 4 NPOs garantindo a compra do aço a empresas metalurgicas nacionais se estas se modernizassem para garantir os prazos. Nao é preciso subsidios, apenas vontade em fazer as coisas e eventualmente garantir financiamento bancario.
 
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Re: Economia nacional
« Responder #164 em: Abril 26, 2020, 12:00:04 pm »
Viajante,
Eu nao tenho qualquer duvida de que a investigaçao academica que se faz em Portugal está ao mesmo nível do que se faz nos países mais desenvolvidos. No entanto falta o elo de ligaçao entre o trabalho desenvolvido e a criaçao de um negócio, o chamado spin off. É aqui que de facto a nossa industria se pode desenvolver, pois o nosso sistema de ensino (por muito que alguns desdenhem) está ao nível de qualquer país desenvolvido, o problema é depois a mentalidade. O portugueses vao para a faculdade para terem bons empregos, os americanos vao para a faculdade para criarem a sua própria empresa e consequente o seu imperio.

E mais, a investigaçao nao deve ser compartimentada e apenas financiada pelo estado. Deveria have uma taxa simbolica para as empresas (tipo €1 por cada €100k do lucro liquido) de maneira a aumentar o orçamento do estado alocado á investigaçao. Nao só aumentava como motivaria as empresas a aproximarem-se dos investigadores e a procurar novas áreas de negócio. Eu vejo com muito agrado as parcerias que certas empresas privadas fazem com as academias da nossas forças armadas, mas no geral esta articulaçao ainda é muito pouca. Um exemplo interessante, no ano passado, tive de ir a Israel visitar um cliente, depois da reuniao, fomos almoçar e durante o almoço perguntei-lhe como é que Israel com os problemas que tem acaba por ser um mini Silicon Valley. Resposta: aos 18 anos os melhores alunos do liceu sao recrutados para prosseguirem o estudo nas instituiçoes militares, quando acabam as empresas matam-se umas ás outras para os recrutar  ;)

A grande maioria dos nossos politicos sao o principal cancro do país, porque os portugueses sao de facto um povo fantástico ( digo isto estando imigrado há 15 anos) solidario, trabalhador e quando quer é do melhor que há. Os politicos estao mais interessados em assaltar o orçamento de estado. Eu quando os ouço a utilizar a expressao: "empresa portuguesa grande" dá-me vontade de rir. As nossas empresas grandes sao pequenas, a PT, a Galp, o BCP sao minusculos quando comparados com a Telefonica, Deutsch Telecom, Repsol, BP, Santander ou ING. E quando uma empresa tem potencial para crescer é como voce diz tolhem-lhes as pernas, exemplo: " Em Portugal nao temos capacidade para construir navios complexos". Como se fossemos burros e nao conseguissemos aprender.

Bom, sinto que já estou a divagar, mas voltando ao tópico e como isto é um forum de defesa e eu até falei em navios no paragrafo anterior, aqui fica uma ideia para desenvolver a industria de bens intermédios que despoletou esta "discussao". Neste caso a industria metalurgica. Lembro-me do saudoso membro Chaimites dizer, aquando a construçao dos primeiros NPOs, que nem o aço dos navios era portugues. O que pelas minhas contas daria uma comparticipaçao nacional no total de 40/ 45% entre o projecto, mao de obra e alguns serviços/ componentes fornecidos pema EDI. A razao pela qual o aço nao era portugues era porque a nossa industria metalurgica nao conseguia fornecer dentro do prazo o tipo de aço usado na  construçao. Assim sendo, devia-se avançar com a construçao de 4 NPOs garantindo a compra do aço a empresas metalurgicas nacionais se estas se modernizassem para garantir os prazos. Nao é preciso subsidios, apenas vontade em fazer as coisas e eventualmente garantir financiamento bancario.

Por aquilo que eu vejo, já evoluímos muito.
Até 1986, viviamos muito fechados, proteccionismo às nossas empresas, falta de inovação, muito na sequência do plano de desenvolvimento que já vinha dos anos 60.

Com a adesão à então CEE, muita coisa mudou no país, nem tudo necessariamente para melhor, mas em termos geral mudamos muito e para melhor. Em tom de referência, lembro-me de usarmos chave para abrir uma lata de conservas!!!!! E já depois de aderirmos à então CEE, lembro-me bem de subscrever certificados de aforro com taxas de juro de 17% ao ano!!!!!!

A UE tem como principal princípio a protecção ao consumidor, quase impedindo as ajudas públicas às empresas, com o princípio correcto de que as empresas já são ajudadas com candidaturas de apoio ao investimento, entre outras, onde aquelas recebem fundos comunitários a fundo perdido de 40 a 60%. E por esse motivo a UE considera e eu acho muito bem, que as empresas já não precisam de mais apoios públicos!

Mesmo no sector metalomecânica, tenho uma ideia totalmente diferente da realidade actual. Eu vivo na "montanha" e no interior, e tenho perto de mim várias empresas metalúrgicas que fazem qualquer coisa à medida, desde estruturas metálicas de estádios, estruturas em ferro para casas, casas modulares pré-fabricadas, escadas, vedações, coberturas. Eu chego a uma dessas empresas, ou com um desenho ou explico a um Engenheiro o que quero e é feito o esboço do que pretendo construir, conforme a espera na linha de montagem, tenho o produto final que quiser. Aqui também existe muita extracção de granito e já aconteceu eu chegar junto de uma empresa de transformação de pedra (principalmente exportadora), com um desenho tosco feito por mim, de uma pedra de soleira a fazer em granito e a empresa entregou-me a pedra como eu queria e com o acabamento que tinha sido decidido! Posso escolher também o tipo de pedra para fazer os muros da casa, pedras de ornamentação, etc.

Em Aveiro por exemplo, você pode encomendar uma máquina/robot à medida! Você só tem de explicar o que a máquina tem de fazer, e passado um tempo tem a máquina que você pediu! Sem saír de Aveiro, você pode fazer azulejos ou mosaicos personalizados para a sua casa!!!! Sem saír do mesmo distrito, você encontra dezenas de fábricas de moldes que fazem o que você quiser à medida!
Agora também é verdade que muitas empresas desapareceram, não conseguiram viver num país que deixou de proteger as suas empresas!

Nesse aspecto temos de ser mais inteligentes e a resposta começa em cada um de nós. Eu quando vou às compras, costumo ver a origem dos produtos e não me importo de pagar um pouco mais por um produto nacional.
O estado, como muito bem falou, se tivesse pessoas com "2 dedos de testa", com visão estratégica para o país, protegia sectores estratégicos, por exemplo ao ser um cliente dessas empresas.

Quanto ao tamanho das empresas, temos ao tamanho do país, mas muitas delas dão cartas lá fora. Mas temos muitas empresas que lutam ombro a ombro contra qualquer empresa estrangeira em sectores como: calçado, téxteis, cerãmica, moldes, cortiça, automóvel, celulose....

Não podemos é ter governos que deixem destruir empresas que já foram players mundiais: PT, Cimpor, CUF, Quimonda (chegou a ser a maior exportadora nacional à frente da Autoeuropa)...... mas também lhe digo que é preferível termos muitas pequenas e médias empresas muito boas, do que 2 ou 3 gigantes. Se falir uma pequena ou média, não provoca muitos estragos, mas se falir por exemplo uma Galp ou Autoeuropa, faz bastante abalo no país!

Também temos uma mentalidade desviante, e que agora até governa o país, de que as empresas terem lucro é pecado!!!!! Assim não vamos lá. Não podemos depender sempre e para tudo do estado protector. Uma empresa pode e deve dar lucro (mesmo as empresas públicas) e se der prejuízo, os sócios devem ponderar se vale a pena salvar ou fechar as portas!!!!! Temos o exemplo que referiu dos ENVC, bastou mudar o dono, que não está preso à inércia do governo e...... parece-me que a West Sea safa-se muito bem, aliás os últimos relatórios de gestão da Martifer referem isso, as jóias da coroa são as construções metálicas e os estaleiros que possui (tem a West Sea e a Navalria em Aveiro).
« Última modificação: Abril 26, 2020, 03:04:22 pm por Viajante »
 
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