É de facto um problema. Para muita gente, o serviço militar é um escape, por falta de outras opções e não por "amor á pátria".
Só vamos ter oportunidade de verificar como é que as coisas são, quando houver necessidade de mandar alguma tropa para algum lugar. Nessa altura vão aparecer as mães a protestar por mandarem os filhos para a guerra.
Mas nessa altura, os argumentos já não terão a força que tinham no passado. Quem vai para a tropa, vai porque quer.
Quem vai para a tropa deve saber o que o espera. A vida de militar, é em grande medida ociosa. O que se paga aos militares não é o trabalho que desenvolvem, o que se paga aos militares é a disponibilidade e a preparação.
Não estou á espera que se manda a tropa apagar fogos (a não ser que haja unidades preparadas para isso). Não acho bem que se utilize a tropa quando as organizações civis não são capazes de corresponder..
No entanto espero que a tropa esteja preparada para fazer o que lhe compete, se, e quando for preciso.
Em todas as forças armadas do mundo, há problemas de droga (falo aqui das drogas duras, porque as chamadas drogas leves provavelmente fazem menos mal que o tabaco), e isso tem e terá que ser tratado no futuro.
Há muita gente com a mania (secular) de que o soldado português é por definição muito bom. Eu não estou em desacordo, mas a qualidade desse soldado tem muito a ver com a motivação e com a necessidade (necessidade de salvar o traseiro entenda-se). Sempre tivemos de tudo. Muito bons militares e muito maus militares.
Vai ser muito dificil disciplinar as Forças Armadas no novo modelo de serviço militar obrigatório.
O caso na antiga Jugoslávia, com os tontitos dos Zé Portuga a levar granadas para a caserna, até mete dó. Na minha tropa, que já foi feita muitos anos depois da guerra no ultramar, ensinaram-me que as granadas matam, os projecteis matam. Uma granada rebenta-nos os pulmões se não tivermos cuidado, mais uma carrada de coisas.
Comparado com o tempo da guerra em África e mesmo nos anos seguintes, as casernas são um luxo, a comida em grande parte dos quarteis, tem uma qualidade próxima de muito restaurante que por aí há. Se não se disciplina certa gentinha, não servirá de nada ter forças armadas. Os novos meios e equipamentos que começam a aparecer, exigem um nível de conhecimentos medio-elevado. Já não podemos ter um exercito de analfabetos ou semi-escolarizados, que nunca vai entender como funcionam os sistemas que ligam um veículo ao comando, e o integram no campo de batalha.
O fim do SMO e o exército profissional trazem novas exigências e a principal delas é a forma de encarar as forças armadas. Temo que muitos dos militares responsáveis ainda não tenham entendido isso, e continuem a ver o zé soldado que serve para lhe engraxar as botas, e não o técnico de armamentos que é pago para defender o país.
A tropa é uma coisa séria, e eu estou de acordo com aqueles que dizem, que em várias unidades do país, anda tudo a brincar com a tropa.
Cumprimentos