Há uma questão a que urge responder e que é provavelmente mais importante no que respeita ao navio polivalente logístico.
A questão é simples:
O que é que Portugal pretende transportar com ele ?
Que tipo de equipamentos e de unidades o navio deverá transportar ?
O cenário standard, que já foi aqui referido é o da operação de emergência para retirar portugueses ou outros cidadãos da UE de regiões em risco.
Já tivemos problemas do tipo nomeadamente na Guiné Bissau, mas as implicações políticas de qualquer atuação são tais, que cada vez parece mais dificil justificar qualquer intervenção.
Como vemos no caso do Conselho de Segurança, as ditaduras russa e chinesa recusam sempre qualquer intervenção estrangeira, porque não querem ouvir falar do direito de intervenção, quando um governo de um país começa a matar a própria população.
Tanto russos como chineses já foram vítimas de intervenções estrangeiras e por isso não querem nem ouvir falar nisso.
A capacidade que aquelas duas ditaduras têm para proibir qualquer intervenção estrangeira condiciona uma ação do tipo para a qual o NAVPOL poderia ser utilizado.
No caso de uma convulsão qualquer de grande amplitude, a não ser que estivessemos do lado dos chineses (como aparentemente pareciamos estar no caso do último golpe) o NAVPOL não servia de nada.
Além disso, os chineses só aprovariam uma intervenção se pudessem assegurar o resultado e uma posição de controlo depois da intervenção, o que nos lava a perguntar, para quê gastar dinheiro para depois os chineses controlarem tudo e ficarem com os lucros ?
Portanto, com o presente estado de coisas o NAVPOL só parece servir para utilizar sob o comando de potências estrangeiras.
Isto, mesmo que a economia portuguesa recupere alguma coisa e possamos pagar parte da nossa dívida, ou então se os alemães finalmente decidirem aceitar os Eurobonds.
Neste último caso, isto só acontecerá se os alemães puderem controlar o nosso ministério das finanças, pelo que nessa altura, é melhor esquecer qualquer compra de armamento, a não ser que convenha aos alemães.
Logo:
Na circunstância em que nos encontramos, em que não temos dinheiro para mandar cantar um cego, mesmo que consigamos recuperar a economia, valerá a pena ter um NAVPOL quando a situação internacional demonstra que não temos qualquer capacidade para atuar dentro do quadro das Nações Unidas ?