Em uma palavra a resposta à sua pergunta é SIM.
Para falar sobre um assunto tão complicado como este, temos de o inserir em todo o contexto histórico. Ora a verdade é que no inicio do descontentamento na África Portuguesa ele era sobretudo inspirado e apoiado nos países vizinhos que recentemente se tinham tornado independentes e sobre influencia soviética. Essas influencias geraram os massacres em angola que marcaram o inicio das hostilidades.
A história diz-nos que nesse período de descontentamento que antecedeu a guerra a condições de vida e humanitárias na África Portuguesa não eram as melhores de África. Algo que os nosso observadores nas outras guerras de insurreição da época com os ingleses e franceses se aperceberam, e recomendaram uma intervenção mais humanista em vez de bélica, a guerra social. Pode parecer irónico, mas foi com Salazar que realmente começaram a nascer as condições sociais, humanas e especialmente o desenvolvimento económico e industrial em África.
Podemos observar isso com as imagens e filmes de Luanda, Lourenço Marques ou Bissau dos anos 60, cidades com com condições de vida pelos parâmetros europeus e sobretudo uma economia. Este é o aspecto social que muitos querem fazer crer, que se limitou as cidades, e que as pessoas no campo não eram beneficiadas por tais politicas que seriam apenas para "Inglês Ver". Isto não poderia estar mais errado. Desde o inicio das hostilidades, que o exercito e as chefias militares adoptaram um modelo de luta humana e social antes de um modelo bélico. Tal é verificado quando olhando para os números referentes à década de 60, e observamos que as províncias ultramarinas portuguesas tinham o melhor nível de vida em toda a África durante os anos 60. Por nível de vida subentendo, poder de compra, condições sanitárias e de higiene, educação e saúde. Essas condições não apareceram do dia para a noite, foram criadas e implementadas desde o inicio do descontentamento na década de 50, passado pelo inicio das hostilidades em 61 até ao 25 de Abril de 74. Tais condições criaram o apoio da população as forças Portuguesas.
A tal conclusão chegamos ao observamos a situação da guerra aquando do 25 de Abril, a seguinte: Angola era uma clara vitória militar e social. os insurrectos foram derrotados pelas forças Portuguesas e especialmente pela população que se organizava em milícias e forças paramilitares ou mesmo parte integrante das forças nacionais, defendendo a bandeira nacional. Casos como os "flechas" uma milícia controlada pela PIDE, ou a própria força de Elite "Comandos Africanos" são os mais conhecidos mas de longe os únicos, não há forma como negar que mais de 50% do efectivo das FAS provinha exactamente de África! As negociações já se tinham encarregado de neutralizar a UNITA resistindo apenas o MPLA que era atacado tanto pelas populações como pela UNITA que pelas força Portuguesas, sendo assim forçados a debandar do território angolano para os refúgios no lado de lá das fronteiras.
Em Moçambique a situação era menos clara, havia claros progressos e vitorias militares importantíssimas. Casos como a própria operação nó-górdio que muitos consideram sem sentido, e um acto desesperado, foi antes o culminar de uma guerra que eliminou a totalidade das bases da FRELIMO junto das fronteiras, e colocou a beira do colapso a total estrutura da FRELIMO que ironicamente viria a ser apenas salva pelo 25 de Abril.
Por outro lado na Guiné é geralmente traçado um perfil de uma guerra sangrenta, em que no encontrávamos em inferioridades quer em números quer tecnologicamente. Isto é um exagero, usam o argumento de que os insurrectos usavam a Ak-47 e nos ainda a G-3, como que se a Ak47 fosse o expoente máximo da tecnologia. Conheço muito boa gente que teve a oportunidade de experimentar as duas e preferem na sua totalidade a G-3 pela precisão, pelo alcance ou simplesmente por mania, esta situação é discutível. Outro argumento é os famosos misseis terra-ar. Não pode ser negada a sua existência, nem a sua eficácia, a verdade é que abateram aeronaves, mas isso não torna nem tornou de qualquer forma o espaço aéreo sobre a guine inexpugnável. As operações aéreas continuaram e alguns pilotos foram abatidos. O facto a registar é que os pilotos abatidos foram na sua grande maioria ajudados pela população que tendia para o lado Português, devo lembrar que o militar mais condecorado no Ultramar é um Guineense que pertenceu aos Comandos Africanos e reside hoje em Portugal e afirma convictamente que voltaria a fazer tudo de novo se fosse necessário. É verdade que era o teatro mais complicado, a selva os pântanos e os rios, assim o ditavam, mas por outro lado era um território pequeno e perto de outros territórios sem actividade hostil. Isto, somado ao apoio da população, devido às condições sociais antes descritas, resultou num controlo alargado e geral do território, forçando, mais uma vez e à semelhança dos outros teatros, ao recuo da forças insurrectas, que se viam forçadas a operar de fora das fronteiras, no refugio de regimes que as apoiavam, facto alias que levou à operação Mar-Verde.
Recordo até que Amilcar Cabral disse uma vez algo como isto: "se Portugal fornecer à Guiné condições de vida e autonomia, então não vejo razão para uma independência." Isto é de qualquer forma uma citação exacta, é apenas de cabeça, mas a integridade do teor é mantida. Ora acho que isto diz tudo. O próprio líder do grupo mais activo e insurrecto de toda a guerra a admitir uma solução que não implicaria a independência apenas um autonomia (coisa que hoje ate o sr. Alberto João tem!).
Adiante, que se faz tarde, há outro factor a considerar, e não esquecendo toda esta situação na Guine pois, no meu entender foi ela a origem do 25 de Abril. É sabido que se iniciaram negociações com o Sr. Amilcar Cabral. Negociações essas para a paz imediata e supondo pelo seu discurso a integridade nacional poderia ser mantida. Ora num negro dia o Sr. Marcello Caetano, quer por DMM (diarreia mental momentanea), ou por (e mais tarde veio-se a concluir ser verdade) simples falta de carácter e patriotismo, ou por andar a fumar as mesmas coisas que eu mas a versão enriquecida com plutónio, decidiu proferir a famosa frase "Aceito apenas uma derrota militar.", com isto esse senhor matou a África Portuguesa. As Negociações de paz foram abandonadas. Os majores que as iam conduzir foram mortos à catanada, Amilcar Cabral acabou por ser morto, (quer pela PIDE/DGS quer por extremistas do PAIGC ainda não há certezas absolutas), e por fim todo o descontentamento de 13 anos de sacrifícios militares, a serem arrumados para o fundo da gaveta, deu origem ao livro "Portugal e o Futuro" do general Spinola. Livro esse veio empurrar para a frente e originar o 25 de Abril. Devemos a personalidades como Mário Soares, que levaram o pais para um esgoto do qual tentamos sair á 30 anos.
Quem devemos culpar? O Salazar? Não. Administrou apenas 6 anos da guerra nem chegou a metade. Devemos ate, e mais os africanos que nos, agradecer-lhe pois foi quem mais desenvolveu e evoluiu a África Portuguesa. O Spinola? Não, Fez o dever e venceu uma guerra não se pode pedir mais de um general. O Álvaro Cunhal? Penso que não, tinha os seus ideais utopicos ou não, pretendia transformar Portugal numa cuba europeia, mas a verdade é que não foi "avante". O Mario Soares? SIM! o 2º maior traidor do século XX e princípios do XXI. que vendeu a honra nacional, não respeitou os Portugueses vivos, nem os mortos, e tentou destruir o patriotismo dos outros. E claro passamos ao maior Traidor do século, Marcello Caetano, o patriota que foi primeiro ministro, e no entanto nem sequer quis ser sepultado em Portugal! E deixem-no lá no Brasil que aqui ainda vai causar infertilidade nas terras para agricultura, que tanta falta nos faz! O homem que matou a esperança.
PS-Continuo a achar piada às respostas do Yosy, muito ao estilo "Só ali! porque ali não dava de certezinha!!! Tenho um dedo que adivinha! Embora nunca tenha estado lá..." Jovem, doulhe apenas um conselho e que vais ser muito util para a sua futura vida, FUNDAMENTE-SE! Tudo o que escreve fundamente-o e prove-o, e prove não com sabedoria popular nem de boca em boca, mas sim em sabedoria imparcial e de preferência externa. tudo o que escrevo tem fundamentos e provas, as quais posso aceder, e facilmente aqui colocar. Aconselho-o a seguir o mesmo caminho. O rigor e exactidão são qualidades que devemos aprimorar!
E assim despeço-me! Bem Haja!