No caso das Forças Armadas, o ponto já nem é o de se saber como é que se chegou ao actual estado de coisas, ou porque lá se chegou. Isso é passado e está mais do que debatido. O ponto é (ou deveria ser), saber como é que se vai fazer com que as ditas possam recuperar de décadas de DDD (Desinvestimento, Desinteresse e Despreocupação).
Se existisse verdadeira preocupação, conhecimento, interesse e empenho por parte de quem tem o poder de decisão, seguramente que o orçamento de Estado teria lá mais uns € para garantir a modernização das Forças Armadas. Mas como estamos em Portugal…
Pelo andar da carruagem, qualquer dia o que temos é:
- Uma Força Aérea com Épsilon, KC-390 (sim, porque esses, ninguém duvide, virão), F16, C-295, P3, Merlin e meia dúzia de Koalas (e se for assim, viva o velho).
- Uma Marinha com 2 fragatas mais ou menos válidas e outras 3 que, na prática, servirão de patrulhas, 2 submarinos, meia dúzia (com sorte) de patrulhas oceânicos, 4 tejo, umas quantas lanchas de fiscalização (que para mim passavam mas era de vez, juntamente com a componente de Polícia Marítima, para as mãos da GNR), e uma flotilha de veleiros (Sagres, Creoula, Veja, Polar). Reabastecedor? Se entretanto aparecer por aí um com 25 ou 30 anos a 20 milenas….
- Um Exército com 2 Brigadas (incompletas) e uma espécie de regimento blindado (BriMec), que, com toda a certeza, continuarão a ter por detrás uns 50 regimentos, com quartéis espalhados um pouco por todo o país. Ah, quase me esquecia – mais os dois regimentos de guarnição que, somados, não devem perfazer os efectivos necessários para um. Substituto do M-113? Essa é para rir…
As contas até nem são difíceis de fazer: para adquirir o que é indispensável para os 3 Ramos até 2030, em quantidades suficientes (e já considerando que alguns equipamentos seriam adquiridos em 2ª. Mão), e modernizar os que entretanto será necessário modernizar, seria preciso investir, como mínimo, e a preços actuais, entre 250 e 300 milhões de euros por ano.
Com 3.000 a 3.500 milhões disponíveis para investir no decurso de um período de 12 anos, seria plausível (e creio que justificável e entendível) consagrar 200 e poucos milhões para ir buscar uns 7 ou 8 M-346, Hawk ou T-50 novos. Mas se nem para o raio das espingardas aparecem os €€€€….