Militares de origem portuguesa recordam guerra do Iraque

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Militares de origem portuguesa recordam guerra do Iraque
« em: Abril 07, 2008, 02:30:37 pm »
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Iraque/5 anos : Militares de origem portuguesa recordam guerra do Iraque

*****  Patrícia Paixão, da Agência Lusa. *****  

    Nova Iorque, 07 Abr (Lusa) - O tenente-coronel Les Melnyk, porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos disse à Lusa que há 31 cidadãos portugueses registados nos documentos do Pentágono como militares no activo mas desconhece quantos foram chamados para combater no Iraque.  

 

    "Não sei quantos são descendentes de portugueses mas posso dizer que nenhum cidadão de Portugal, com o passaporte português, foi morto em combate. Não sei dizer o mesmo quanto aos luso-descendentes", disse à Lusa o oficial norte-americano, Les Melnyk.  

 

    O Sargento Carlos Beirão, 43 anos, natural de Salvaterra de Magos, é um dos militares de origem portuguesa que combateu no Iraque e que se mostra satisfeito com os Estados Unidos, o país que o acolheu.  

 

    Como condutor dos Marines, já passou por duas guerras, tem 10 medalhas de mérito, cidadania norte-americana e actualmente trabalha como detective da polícia no Condado de Essex, New Jersey.  

 

    Carlos Beirão conta que esteve na guerra "duas vezes", a primeira foi em Dezembro de 1990 depois da ocupação iraquiana do Kuwait.  

 

    "Estacionaram-nos na Arábia Saudita, à espera que vencesse a data do ultimato a Saddam Hussein. Era recém-casado, novo, e acho que menos consciente dos perigos. Apesar de haver menos experiência de deserto, sentia-me mais seguro e foi fácil. Quando regressei senti-me útil".  

 

    O sargento Carlos Beirão voltou ao Iraque em 2003, integrado na 6th Motor Transporte Batallon da Headquarters and Support Company, com cerca de 800 outros militares, mas desta vez confessa que teve medo.  

 

    "Tenho dois filhos adolescentes, na altura o mais velho tinha 10 e o mais novo tinha oito anos. Custa estar em risco. Sei que a família fica preocupada e desestabilizada, afecta-os eu estar longe. E eu percebo melhor o perigo. Não queria mesmo voltar à guerra", afirma.  

 

    Abasteceu as linhas da frente, em Al-Kut e ao longo do Rio Tigre, integrado no primeiro grupo de soldados que chegou ao Iraque, em Março de 2003.  

 

    "Quando começaram os bombardeamentos intensos de canhões e aviões ouviu-se muito barulho. Às tantas parecia mais um fogo de artifício, ensurdecedor. Ficámos petrificados, nem dá para sentir medo. Mais tarde é que se pensa nisso, insistentemente", descreve.  

 

    Maria Licínia Beirão, a mulher, chora ao ouvir os relatos do marido.

 

    "Deixei de ver ou ler notícias, fiquei assustada. Rezo a Nossa Senhora de Fátima para não o voltarem a chamar," confessa.  

 

    No próximo ano, Carlos Beirão completa 20 anos de serviço militar e vai passar à reserva.  

 

    "Será um alívio", afirma a mulher do sargento Beirão.  

 

    Ao voluntário Manuel Oliveira Figueiredo, 26 anos, ainda restam 15 anos no Exército dos Estados Unidos.  

 

    "Sou condutor dos camiões de assistência", disse o cabo Figueiredo à Agência Lusa.  

 

    A primeira vez que esteve num cenário de guerra foi em Março de 2003, com 19 anos, em Camp Taqaum, a cerca de 25 quilómetros de Fallujah, no Iraque.

 

    Cumpriu sete meses, cruzou-se algumas vezes com o Sargento Beirão, até ao dia em que foi atropelado por um camião conduzido por um colega, na base militar onde se encontrava.  

 

    Ferido num pé, o cabo Figueiredo foi transportado para casa, nos Estados Unidos.  

 

    Recorda, no entanto, os dias em que conduzia camiões no deserto iraquiano.
 

    "Uma vez estive mais de 36 horas a conduzir um camião, sem parar, nem para aliviar a bexiga. Não podia pedir a uma coluna militar de quase cinco quilómetros para parar porque eu precisava de usar a casa-de-banho. Também era proibido dormir. Mastigava pó de café instantâneo para me manter acordado", explica Manuel Figueiredo que regressou ao Iraque em Junho de 2004.  

 

    "Foi muito pior. Senti muito o stress, passei o Natal, o Dia de Acção de Graças, o Ano Novo e a Páscoa sem a família. Arranjei três hérnias discais e caiu-me o cabelo".  

 

    Apesar de tudo, afirma que se o voltarem a chamar vai para o Iraque sem hesitar.  

 

    "Só fico preocupado com a minha mãe. Da última vez teve uma depressão e anda sempre ansiosa, com medo que eu não volte do Iraque", confessa.  

 

    No dia 09 de Abril assinalam-se cinco anos sobre a entrada dos militares da coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos, na capital iraquiana.

 

 

    No mesmo dia, uma estátua de Saddam Hussein na Praça do Paraíso em Bagdad foi derrubada pelos soldados dos veículos blindados do 4º Regimennto do 3º Batalhão dos Marines.  

 

    Antes da queda da estátua, frente ao hotel Palestina onde se encontravam hospedados os jornalistas estrangeiros, o soldado do Exército norte-americano Edward Chin, de origem birmanesa, tapou a estátua do presidente iraquiano com uma bandeira norte-americana que tinha sido retirada dos escombros do edifício do Pentágono, em Washington, depois do atentado de 11 de Setembro de 2001.  

 

    Segundo dados divulgados em Março pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos morreram 3.988 soldados norte-americanos desde o início da intervenção militar no Iraque, em 2003.  

 

   Iraque/5 anos: Sargento Humberto morto no Iraque recordado como herói em Newark  


    Newark, 07 Abr (Lusa) - No Ironbound, bairro de Newark, em New Jersey, vive uma vasta comunidade de portugueses instalada à volta de Ferry Street, também chamada Portugal Avenue e que perdeu um dos seus membros na guerra do Iraque.  

 

    Humberto Timóteo, 25 anos, cidadão norte-americano natural de Estarreja, sargento do Exército, nos Estados Unidos desde 1985, foi morto na noite de 05 de Junho de 2004, quando o carro em que seguia foi alvo de um atentado, no Iraque.  

 

    Em Março, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos mencionou 3.988 baixas entre os efectivos militares que foram enviados para o Iraque desde 2003.  

 

    Alguns desses soldados são luso-descendentes mas a contabilidade não informa sobre a origem dos militares que combatem no Iraque.  

 

    "Não sabemos especificar quantos estão no Iraque, não mantemos estatísticas geneológicas", disse à Lusa o tenente-coronel Les Melnyk, porta-voz do Pentágono, que explicou que não existem dados específicos sobre descendência dos soldados nascidos ou não nos Estados Unidos.  

 

    O jornal Luso-Americano, distribuído entre as comunidades portuguesas nos Estados Unidos, contabilizou oito militares luso-descendentes que morreram no Iraque tendo publicado a lista com base em informações das famílias, de origem portuguesa, e que confirmaram estas baixas.  

 

    Por outro lado, o vereador da Câmara Municipal de Newark, Augusto Amador, garante que tem conhecimento de pelo menos 10 apelidos portugueses que constam de uma lista de soldados mortos em combate desde 2003 e que eram luso-descendentes.

   

 

    Mas o único registo de um militar do Exército dos Estados Unidos nascido em Portugal corresponde ao do sargento Humberto Timóteo, morto durante uma missão no Iraque.  

 

    "O Humberto foi o único morto no Iraque que nasceu em Portugal," disse à Lusa Carlos Timóteo, irmão do sargento.  

 

    Humberto Timóteo alistou-se no Exército dos Estados Unidos com 17 anos, depois de uma demonstração militar na escola secundária que frequentava em Newark.  

 

    "Os meus pais tiveram de dar autorização," conta o irmão.  

 

    "Não se arrependem de o ter feito. Acreditam em Deus e sabem que houve uma razão para o Timóteo morrer", acrescenta.  

 

    Humberto fez a recruta durante dois meses, foi enviado para uma base militar na Coreia do Sul por um ano, onde conheceu Silvia, de origem sul-americana, também militar, a mulher com quem casou e de quem teve um filho.  

 

    "Quando foi chamado para o Iraque, não quis ir porque a mulher também estava a cumprir serviço na Coreia e o filho de três anos teria de ficar com os avós," recorda o irmão.  

 

    Na semana em que o sargento Timóteo foi atingido, Silvia deveria chegar ao Iraque, integrada no contingente de Junho.  

 

    "Dispensaram-na porque o Exército tem como regra não deixar órfão nenhum cidadão americano. O bebé já tinha perdido o pai, não podia correr o risco de ficar também sem a mãe", diz Carlos Timóteo.  

 

    A cidade de Newark não hesitou em homenagear o sargento, explica o vereador de Newark, Augusto Amador.  

 

    "Levei a proposta ao Conselho Municipal e foi aprovado, por unanimidade (nove vereadores) que, simbolicamente, renomearam parte da Magazine Street, perto da casa onde Timóteo cresceu. A zona passou a chamar-se Humberto Timóteo Plaza", disse à Lusa o vereador Augusto Amador.  

 

    A secção de transporte de animais e mercadorias da companhia aérea Continental Airlines, onde o militar trabalhava antes de embarcar para o Iraque, ergueu em sua honra um monumento no Aeroporto Internacional de Newark.  

 

    A Fundação Abel de Morais, da comunidade portuguesa de Manassas, no estado de Virgínia, também colaborou e doou, em Novembro de 2007, sete mil dólares (cerca de 4430 euros) ao filho do sargento.  

 

    A família, todas as semanas, encomenda uma missa em nome de Humberto Timóteo na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Newark.  

 

    "É um ritual de domingo. Assisto à missa com os meus pais e as minhas duas irmãs. Tomamos um café e seguimos depois para o cemitério de North Arlington (New Jersey), a cerca de 20 minutos. Mudamos as flores, rezamos e voltamos para casa", diz o irmão acrescentando que o pai continua com muitas dificuldades para ultrapassar a morte de Humberto.  

 

    "Fica sempre sensibilizado com as homenagens mas nunca deixa de dizer que nada disto o trará de volta."  

 

    No dia 09 de Abril assinalam-se cinco anos sobre a entrada dos militares da coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos, na capital iraquiana.

 

 

    No mesmo dia uma estátua de Saddam Hussein na Praça do Paraíso em Bagdad foi derrubada pelos soldados dos veículos blindados do 4º Regimennto do 3º Batalhão dos Marines.  

 

    Antes da queda do monumento, frente ao hotel Palestina onde se encontravam hospedados os jornalistas estrangeiros, o soldado do Exército dos Estados Unidos Edward Chin, de origem birmanesa, tapou a estátua do presidente iraquiano com uma bandeira norte-americana que tinha sido retirada dos escombros do edifício do Pentágono, em Washington, depois do atentado de 11 de Setembro de 2001.  

 

 
Iraque / 5 anos : Marine de Ponte de Lima aguarda cidadania norte-americana
 

   Nova Iorque, 07 Abr (Lusa) - Ricardo Cruz, soldado do Exército dos Estados  Unidos, filho de emigrantes portugueses, combateu no Iraque entre 2005 e  2006 como voluntário para conseguir a cidadania norte-americana mas há mais  de um ano que espera receber a documentação.  

 

   "Quis inscrever-me nos bombeiros mas responderam-me que era obrigatório  ser-se cidadão norte-americano. Não houve exigências destas para ir para  a guerra. Não acho justo e andam ainda há mais de um ano a tentar decidir  se me dão a cidadania", disse à Agência Lusa o soldado Ricardo Cruz.  

 

   O marine de 21 anos, especializado em condução de veículos de mantimentos  e assistência nasceu em Viana do Castelo, e emigrou com 11 anos de idade  para os Estados Unidos para se juntar ao pai que vivia perto do estádio  dos Giants, em Lyndhurst, New Jersey.  

 

   Ricardo Cruz considera que os "sacrifícios" vividos no Iraque até podiam  ter valido a pena se notasse algum reconhecimento por parte do governo dos  EUA.  

 

   "Queria ir ver como era a guerra, ter uma experiência diferente. Fui  enviado para Fallujah em Setembro de 2005", disse à Lusa, acrescentando  que, se pudesse voltar atrás, nunca se teria apresentado no posto de recrutamento  de Union City, New Jersey aos 17 anos, para se oferecer como voluntário.  

 

   "Gostei dos dois meses de recruta mas arrependi-me logo nas primeiras  semanas de Iraque. Tive de aguentar até Abril de 2006."  

 

   Actualmente de férias em Ponte de Lima, o jovem militar não esquece  a campanha no Iraque e confessa que tem "sonhos maus" por causa dos dias  que passou nas "intermináveis estradas de pó" e recorda as explosões, os  grupos de "iraquianos desesperados" em Fallujah, uma das zonas de maior  perigo do país, e não consegue esquecer o ataque que vitimou o amigo norte-americano,  com quem fez a recruta.  

 

   "Chegámos juntos, integrados na mesma companhia. Dois meses depois houve  um ataque suicida. Ele foi apanhado. Eu recolhi os seus restos mortais",  recorda o soldado que mantém o passaporte português mas que lutou no Iraque  para conseguir a cidadania norte-americana.  
 





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Humberto Timóteo, 25 anos, cidadão norte-americano natural de Estarreja, sargento do Exército norte-americano, falecido em 2004 vítima de uma explosão no Iraque, foi homenageado com o nome numa rua perto da casa onde cresceu " Humberto Timoteo Square", 6 de Abril de 2008





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Sargento Carlos Beirão, natural de Salvaterra de Magos, no Iraque, a avançar pela linha do rio Tigre. Condutor dos Marines, passou por duas guerras, tem dez medalhas de mérito, cidadania norte-americana e é detective da polícia no Condado de Essex, 6 de Abril de 2008



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Ricardo Cruz, com 21 anos, nasceu em Viana do Castelo, desde os 11 anos nos Estados Unidos, foi integrado nas tropas norte-americanas no Iraque, em Fallujah. 6 de Abril de 2008
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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