Votação

Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

Sim
30 (47.6%)
Não
33 (52.4%)

Votos totais: 63

Votação encerrada: Janeiro 09, 2007, 07:28:51 pm

Referendo do aborto

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Marauder

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« Responder #60 em: Janeiro 15, 2007, 12:00:53 am »
Citação de: "ricardonunes"

E a despenalização (liberalização) vai servir para remediar actos não "programados"?
Se esses "jovens" têm maturidade para iniciar a sua vida sexual, não a têm para assumir os seus actos?
Quem não os quer ter (filhos) tem bom remédio, não os faça.
E isto aplicasse tanto aos menores, mas principalmente aos adultos ( maiores de 18 anos).


O mal é que muitos não tem essa maturidade e nem sabem no que se estão a meter...e são 3 vidas que se estragam..

De qualquer das formas, a malta do "não" fala como se, caso o aborto fosse legalizado, seria a 7ª maravilha na Terra para as mulheres. As mulheres não fazem aborto de animo leve, e regra geral somente em casos muito extremos é que o fazem.

A diferença é que quem já ia fazer um aborto de uma forma ou de outra assim já não é marginalizada e já o pode fazer sem correr tantos riscos ( sim..porque os abortos são perigosos, não é como ir à loja da esquina comprar tabaco!)

Em Espanha houve no ano passado 90mil abortos, e é considerado um dos países com menos abortos. Em França penso que é 200mil.
São estes miudos que iriam resolver a nossa situação demográfica? Miudos que secalhar teriam uma vida estilo Cova da Moura ou pior?

Eu digo que seja a mulher a fazer a decisão, que depois todos ajustam contas com o criador lol
 

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komet

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« Responder #61 em: Janeiro 15, 2007, 12:49:15 am »
Penso q o resultado desta votação vai reflectir muito bem o resultado do referendo...
"History is always written by who wins the war..."
 

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Yosy

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« Responder #62 em: Janeiro 16, 2007, 12:33:26 am »
Citação de: "Miguel"
Esqueci-me ....

Sou a favor da despenalizaçao total da prostituiçao, e legalizaçao de casas para esse efeito como na Hollanda.

 :P
 

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Pantera

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« Responder #63 em: Janeiro 16, 2007, 06:53:52 pm »
Citação de: "Yosy"
Citação de: "Miguel"
Esqueci-me ....

Sou a favor da despenalizaçao total da prostituiçao, e legalizaçao de casas para esse efeito como na Hollanda.

 :P


eu aí também sou a favor.... :P

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Viriatuga

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« Responder #64 em: Janeiro 16, 2007, 07:21:54 pm »
Citação de: "Pantera"
Citação de: "Yosy"
Citação de: "Miguel"
Esqueci-me ....

Sou a favor da despenalizaçao total da prostituiçao, e legalizaçao de casas para esse efeito como na Hollanda.

 :P

eu aí também sou a favor.... :P

tambem sou a favor mas so se fizerem casas para isso ,porque a prostituiçao sempre hove e sempre havera e assim ao menos haveria um meio para que as prostitutas (e os seus "clientes") se protegessem melhor das doenças
6ºMandamento: O Pára-quedista não se rende. Vencer ou morrer constitui para ele ponto de honra.
 

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RedWarrior

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« Responder #65 em: Janeiro 18, 2007, 12:10:27 am »
Há pessoas que ainda não aprenderam aquilo que Ceausescu aprendeu da pior maneira.
A primeira vítima de todas as guerras é a verdade
 

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Luso

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« Responder #66 em: Janeiro 18, 2007, 12:15:55 am »
Citação de: "RedWarrior"
Há pessoas que ainda não aprenderam aquilo que Ceausescu aprendeu da pior maneira.


De facto!  :twisted:
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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ricardonunes

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« Responder #67 em: Janeiro 18, 2007, 12:17:07 am »
Afinal o Red está vivo :wink:
Não percebo onde quer chegar com a sua intervenção quando cita o Ceausescu.
Potius mori quam foedari
 

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Marauder

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« Responder #68 em: Janeiro 18, 2007, 12:19:37 am »
Citação de: "ricardonunes"
Afinal o Red está vivo :wink:
Não percebo onde quer chegar com a sua intervenção quando cita o Ceausescu.


No outro dia deu um bom documentário a explicar a "doença" de Ceausescu..

Ide e multiplicai-vos...era o seu sonho...encher o mundo de romenos lol...completamente contra o aborto...as mulheres romenas desse tempo é que sabem...
 

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Luso

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« Responder #69 em: Janeiro 18, 2007, 12:20:03 am »
Citação de: "ricardonunes"
Afinal o Red está vivo :mrgreen:  :wink:
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Paisano

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« Responder #70 em: Janeiro 18, 2007, 12:27:42 am »
Não!!! :?
As pessoas te pesam? Não as carregue nos ombros. Leva-as no coração. (Dom Hélder Câmara)
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Volta Redonda
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Luso

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« Responder #71 em: Janeiro 18, 2007, 12:28:29 am »
http://doportugalprofundo.blogspot.com/

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Interpretação do estudo da APF sobre o aborto

A Gisela Nunes do novo blogue Sim Esclarecido indica neste post algumas conclusões do "Estudo-Base sobre as Práticas do Aborto em Portugal", realizado entre Outubro de Dezembro de 2006, pela Consulmark por encomenda da Associação para o Planeamento da Família (APF) o qual, em minha opinião, deveria suscitar uma mudança das posições mais demagógicas sobre o aborto, descompensadas até da argumentação tradicional do aborto na linha da tese de licenciatura de Álvaro Cunhal (O Aborto - Causas e soluções, 1940).

O post levou-me ao estudo da APF (2000 mulheres dos 18 aos 49 anos, residentes em Portugal, questionadas através de entrevista pessoal em Outubro e Novembro de 2006; num inquérito com um intervalo de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,2%).

Alguns factos e números referidos no estudo da APF:

Mulheres dos 18 e os 49 anos que afirmaram já ter abortado: 14,5% (daí a conclusão da APF de 346 000 a 363 000 mulheres já terem feito aborto)
o primeiro aborto é realizado:
- dos 13-16 anos por 3,8%;
- dos 17-20 anos por 30%;
- dos 21-24 anos para 20,6%;
- dos 25-34 anos por 35,6%;
- e dos 35-46 por 10%.
Das mulheres de 18 aos 49 anos que responderam ter abortado fizeram-no apenas uma vez: 82,8%
Das mulheres (18-49 anos) que abortaram responderam tê-lo feito até às 10 semanas de gravidez: 72,7% (e 24,9% depois das 10 semanas).
Das mulheres (18-49 anos) que abortaram qual o motivo da gravidez:
- não usavam qualquer método contraceptivo 46,1%;
- o método contraceptivo falhou em 20,8%;
- "descuido («enganou-se nas contas»)" para 15%.
Das mulheres (18-49 anos) que abortaram qual o motivo apresentado para o aborto:
- por ser muito jovem 17,8%;
- por não desejar ter filhos 13,2%;
- pelo marido/companheiro ter rejeitado a gravidez 9,4%;
- instabilidade conjugal 9,1%;
- por pressões familiares 8%;
- por já não ter idade para ter filhos 3,2%;
- por as condições económicas não o permitirem 14,1%;
- por ter tido um filho há pouco tempo 10,2%;
- por problemas de saúde 4,2%;
- por malformação do feto 3,3%;
- e por outros motivos 8,1%.
A decisão de abortar só não foi difícil para 12,6% das mulheres que abortaram.
A decisão de abortar é tomada solitariamente por 22,5% das mulheres (e só 43,8% com o marido ou companheiro)
O método abortivo utilizado no primeiro aborto foi:
- comprimidos 25%;
- raspagem em 35%;
- aspiração em 23%.
O local do aborto cirúrgico (excluem-se os comprimidos) foi:
- numa casa particular 39,4%;
- clínica privada 32,2%;
- consultório médico 18,2%
- hospital público 6,9%
- em casa 1,3%.
O local de realização do aborto cirúrgico numa escala de 1 a 4 (1 muito negativo, 4 muito positivo) é classificado em:
- higiene 3,44;
- privacidade 3,39;
- conforto 3,29;
- localização 3,22
- acolhimento 3,31.
O país da realização do aborto foi... Portugal em 85,7% dos casos e apenas 14,3% a Espanha.
No aborto cirúrgico 87,5% das mulheres foram anestesiadas.
O aborto cirúrgico foi realizado por:
- médicos(as) 45%;
- parteiras 30,6%;
- enfermeiros(as) 13%
Além de hemorragias, febre alta, infecção e outro problemas, 43,6% das mulheres que abortaram referem problemas emocionais após o aborto.
A "contracepção de emergência" (sic) - eufemismo para pílula do dia seguinte? - já foi usada por 14,4% das mulheres.
No que respeita à posição das mulheres dos 18 aos 49 anos sobre um referendo da despenalização do aborto (a pergunta do referendo não foi apresentada):
- vai votar SIM à despenalização 56,5%;
- vai votar NÃO à despenalização 22,4%;
- não vai votar 21,1%
o estudo refere ainda que no último ano fizeram-se em Portugal entre 17260 e 18000 abortos (o estudo na versão disponibilizada e aqui seguida, "apresentação dos principais resultados", não indica como se chegou a este número)
Em rigor, descontado o intervalo de confiança e a margem de erro, consideram-se as respostas apresentadas, ainda que a resposta possa ficar aquém ou além da realidade pessoal, num assunto tão melindroso e de alto envolvimento como é o do aborto.

Todavia, se não é legítimo considerar a impropriedade do questionário - pesem embora alguns erros de enviesamento, a começar pela escolha da expressão "interrupção voluntária da gravidez" sem a correspondente expressão do "aborto" ou a ostensiva inexistência da questão do financiamento do aborto, e desequilíbrio das perguntas, ou falta de clareza como é o caso da "contracepção de emergência" -, da recolha da informação, do tratamento dos dados e sua análise, senão em face de evidência contrária, o mesmo não se pode dizer da provável encomenda e posterior interpretação do estudo. O estudo cruza sistematicamente os resultados com a variável religião e prática religiosa (sem distinguir religiões), não o fazendo com ideologia política ou até preferência partidária, já sem mencionar a militância política. Nesta dicotomia sistemática - religião ou não - se percebe a definição estratégica do combate: reduzir os adversários da despenalização do aborto aos praticantes religiosos.

Ao contrário da liberalização do aborto, o que o estudo da APF sugere é a necessidade de melhoria do planeamento familiar, especialmente dos segmentos etários mais jovens, a necessidade de apoio do companheiro ou marido e da família, a ajuda à maternidade e mudança das leis laborais para acomodar os contratos e as carreiras com a maternidade e o apoio à guarda dos filhos (em vez das creches de custos exorbitantes e a quase-abstenção do Estado nas cidades).

Segundo o estudo, numa interpretação que as condições de vida conhecidas também reflectem, hoje, em Portugal, o aborto não tem uma causa económica dominante, mas "social": o estudo diz expressamente que "a maioria dos motivos que levou ao aborto é de carácter social". Por isso, é demagógico apresentar como paradigma o caso da mulher pobre, que decide abortar porque a família não tem dinheiro para criar mais um filho, para lhe dar de comida, o vestir e educar, ou a caricatura ainda mais extrema da realidade no caso da empregada doméstica enganada pelo patrão.

O estudo traz a novidade que contrasta com a argumentação económica clássica dos defensores da liberalização incondicional (agora dentro do prazo das 10 semanas) do maior peso relativo das mulheres mais jovens no aborto - nos oito anos que vão dos 17 aos 24 anos fazem-se mais abortos (as mulheres que abortaram só uma vez representam 82,8% do total das mulheres que abortaram) do que dos vinte e dois anos dos 25 aos 46 anos...

Menos surpreendente é a confirmação das consequências emocionais nefastas do aborto que se percebem também na grande dificuldade da decisão de abortar e da percentagem de mulheres que abortou apenas uma vez. Estes números têm tido o efeito positivo de moderar o delírio da emancipação da mulher pelo aborto que se pressentia no entusiasmo da coisificação do feto.

Outra novidade do estudo é o desmentido, através das respostas do próprio questionário da APF no que concerne ao local do aborto e suas condições, da validade do argumento do aborto-que-está-a-ser-realizado-no-vão-de-escada e que torna absolutamente necessária a alteração da lei. Mais ainda, quando 85,7% dos abortos foram realizados em Portugal.

O aborto surge, então, principamente como um recurso do deficiente planeamento familiar, da negligência de contraceptivos - nem sequer da falácia da one-night-stand. A gravidez indesejada surge no meio de um projecto de vida prejudicado, no impacto do choque, pela emergência de um filho: no meio de uma relação incerta, no meio da negação ou desinteresse do pai, no meio dos estudos, no meio do contrato precário ou da evolução na carreira, no meio da casa a que falta o quarto necessário, no meio do corpo que envelhece, no meio do cosmopolitismo que não integra a dádiva. É aí, entre o projecto da mãe/dos pais e o filho que vem que a decisão irreparável de escolha do projecto próprio sobre o Outro se marca.

Para os defensores do Não, o objectivo não é pôr na cadeia a rapariga que aborta porque não usou contraceptivos, a jovem mulher solteira que aborta porque não se preveniu ou a mulher adulta aborta por ter engravidado inesperadamente no intervalo da pílula - nem na verdade são condenadas, à parte um ou outro industrial de abortos mais tardios! Nem tão pouco hipocritamente despenalizar para evitar as indignações mediáticas dos defensores do aborto (tirando as excepções da lei actual), pois é um comportamento moralmente censurável.

O que não se pode consentir, por contrário à civilização do amor do Outro, que evolui do amor-próprio, é a legitimidade do aborto - fora das condições de malformação, saúde e violação. O aborto é um mal. A sociedade não pode admitir legalizar o mal, por causa da sua frequência ou do seu perigo.

Publicado por Antonio Balbino Caldeira em 1/17/2007 12:42:00 AM
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Marauder

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« Responder #72 em: Janeiro 18, 2007, 12:44:22 am »
Obrigado Luso pelos dados.....deixaram-me no mínimo apreensivo. Terei que analisar melhor , mas realmente não transmitem uma imagem muito abonatória para os abortos.
 

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RedWarrior

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« Responder #73 em: Janeiro 18, 2007, 12:56:35 am »
Como disse Marauder, não há pior doença do que pensar que se resolvem os problemas do mundo com gravideses indesejadas, ou dizer que é maior a inconsciência de interromper a sua gravidez a trazê-las ao mundo.
 Neste momento, é o Estado que decide o que é que pode ser indesejável ou não, nos 3 casos previstos pela lei. O que está aqui em causa não é a ética do aborto, o Estado já permite que se matem fetos desde que estes provenham de uma violação. O que está aqui em causa é a despenalização da IVG para todos os outros casos.
 Aqueles que defendem que a gravidez indesejada deve ir até ao fim, não estão a zelar pela felicidade da criança, pois não lhe garantem que ela é desejada pelos seus progenitores num ambiente de estabilidade conjugal, emocional e económica.  E é isso que cabe aos pais (agora aqui o pequeno defeito do referento, que exclue o pai da decisão) decidir.

A primeira vítima de todas as guerras é a verdade
 

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Luso

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« Responder #74 em: Janeiro 18, 2007, 06:39:39 pm »
Continuando...
Longo, mas vale a pena...

http://aborto.aaldeia.net/abortoclandestino.htm

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O argumento do aborto clandestino
 
Alega-se habitualmente que a despenalização do aborto é necessária para acabar com as mortes que o aborto clandestino provoca.
Sobre isto diga-se o seguinte:

1. Quando se faz uma lei deve-se ter em conta o que é justo, ou antes a conveniência dos que infringem a lei?
O governo espanhol deve proteger a vida de todas as pessoas, ou deveria ter autorizado a circular em veículos blindados aqueles jovens suicidas que entravam nas auto-estradas fora de mão, de forma a que eles pudessem matar as outras pessoas sem risco?
Quantos criminosos são mortos em tiroteio com a polícia? Será isso motivo para legalizar os seus crimes?
O governo italiano deve proteger a vida de todas as pessoas ou deve antes dar condições a certos grupos mafiosos para que estes, nos célebres ajustes de contas, possam matar os grupos rivais sem que a sua vida corra perigo?
Quantos reféns e mortos resultam de assaltos a bancos? Devemos legalizar o assalto a bancos?
Todas estas analogias podem ser invalidadas provando que o bebé antes de nascer (ou antes das 20 semanas, ou das 12, ou...) não é pessoa. Mas onde está a prova, se todas as tentativas que se fizeram nesse sentido (gradualismo, não se sabe, funcionalismo) não chegaram sequer a convencer os próprios defensores do aborto?!?
Além do mais a questão é muito simples: o aborto é aceitável ou não? Se o aborto é aceitável, a sua legalização resulta do facto de ele ser aceitável. Se o aborto é inaceitável, como podemos aceitá-lo?

2. O argumento do aborto clandestino baseia-se numa série de premissas que a seguir se discutem:

«O aborto só é perigoso quando é feito sem condições de higiene e por pessoal incompetente. Se o aborto fosse feito em hospitais e por pessoal competente, não haveria mortes.»

a) Esta premissa é completamente falsa! O aborto é um ataque medonho à saúde da mulher que aborta:
"Poucos riscos em obstetrícia são tão certos como aqueles a que a grávida se expõe quando aborta após a décima quarta semana de gravidez." (Cf. Duenhoelter & Grant, "Complications Following Prostaglandin F-2A Induced Midtrimester Abortion," Amer. Jour. OB/GYN, vol. 46, no. 3, Sept. 1975, pp. 247-250)
"Uma das razões que mais frequentemente levam as mulheres à urgência de ginecologia, são abortos feitos em clinicas de aborto legais." (Cf. L. Iffy, "Second Trimester Abortions," JAMA, vol. 249, no. 5, Feb. 4, 1983, p. 588.)
E quais são os problemas a que a mulher se sujeita quando aborta? Entre outros podem-se referir: 20% gravidez ectópica (numa gravidez "desejada" posterior), 8% infertilidade, 14% aborto expontâneo (numa gravidez "desejada" posterior), 5% parto prematuro (numa gravidez posterior), e muitas outras (como hemorragias, febres, coma e morte).
A coroar tudo isto, descobriu-se recentemente que uma mulher aborta hoje e morre daqui a dez anos com um cancro da mama que nunca teria. Só nos EUA morrem 10 000 mulheres [http://www.prolife.org/ultimate/feature.html] por ano com cancro provocado por um aborto. São dez mil mortes reais, dez mil dramas genuínos, que resultaram de uma lei que visava impedir as cinco mil mortes que os pró-aborto diziam resultar de abortos clandestinos, mas que mais tarde reconheceram ser um número forjado e sem nenhum fundamento. (É preciso recuar até aos tempos em que não havia penincilina, para se encontrar nos EUA mil mortes resultantes do aborto).
Por causa de cinco mil mortes inventadas por pessoas mentirosas e sem escrúpulos, morrem hoje dez mil mulheres com um cancro que nunca teriam; outras suicidam-se no dia em que o seu filho abortado deveria nascer, outras morrem durante o aborto, outras morrem na sequência de hemorragias e infecções; algumas mais morrem na sequência de uma gravidez ectópica não assistida, outras ainda ficam estéreis ou inférteis, e todas as que sobrevivem carregam amargamente um drama que se abate sobre marido, pais, família e amigos. Se para a saúde física o aborto é pavoroso, se do ponto de vista psicológico o aborto é medonho, do ponto de vista familiar e de relações sociais é um completo desastre!
b) Nos países que têm aborto legal há mais anos nota-se que o estigma que recai sobre os abortadores não diminui. Consequentemente, a médio prazo, só se dedicam ao aborto os médicos medíocres, sem grandes capacidades, aqueles que não conseguem mais nada... Pelo que acabamos muito perto do que se pretendia evitar: abortos feitos por incompetentes!
«As mulheres sofrem e morrem em abortos legais em parte porque o aborto é inerentemente perigoso, é um ataque violento, e em parte porque as pessoas que se dedicam a fazer abortos podem ser tão perigosos para a saúde das mulheres como alguns dos infames abortadores de vão-de-escada». (Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)

«Os abortos clandestinos são feitos sem condições de higiene e por pessoal incompetente»

a) Que dados fiáveis sobre a situação portuguesa existem? Concretamente: Quais são as qualificações académicas dos abortadores em Portugal? Quantos abortos clandestinos há? Quantos são feitos em caves fétidas? Será que a maioria dos abortadores clandestinos são funcionários de hospitais (médicos, enfermeiros, etc)? Ou será que só fazem abortos os mais rematados analfabetos porque todas as pessoas que percebem do assunto preferem ficar fora do negócio?! Quantos abortos são feitos por médicos competentes em clínicas e hospitais? Quantas mulheres chegam por dia às urgências dos hospitais com complicações resultantes de uma aborto clandestino? Já viu algum estudo que responda a tudo isto?
b) Alega-se a necessidade de despenalizar o aborto, pois todas as pessoas sabem que os abortos clandestinos são feitos por pessoal incompetente e sem condições sanitárias, mas ao mesmo tempo ninguém considera possível uma análise científica destas certezas porque, pela sua clandestinidade, ninguém sabe onde eles se fazem nem por quem! Ou seja, toda a gente sabe aquilo que ninguém consegue estudar!

«A despenalização do aborto acaba com o aborto clandestino»

a) Em 1984 legalizou-se -ou despenalizou-se- o aborto para acabar com o aborto clandestino. Acabou ou não? Se acabou, então não há aborto clandestino! Se não acabou, então está provado que a legalização não acaba com o aborto clandestino!
b) A legalização do aborto implica -só!!- que o aborto passa a ser legal! Não implica, ao contrário do que se pretende fazer crer, que todas as mulheres vão passar a recorrer ao aborto legal! Umas o farão mas outras nem tanto!
Todos os defensores do aborto estão convidados a apresentar um país -um único!- onde a legalização do aborto tenha acabado com o aborto clandestino. No caso de não conseguirem, expliquem-nos então porque invocam o aborto clandestino a seu favor.
c) E expliquem mais isto: nos países em que o aborto é proibido, as forças pró-aborto clamam contra as mortes causadas pelo aborto clandestino. Nos países onde o aborto é permitido até às 12 semanas, as forças pró-aborto clamam contra as mortes em abortos clandestinos depois das 12 semanas. Com argumentos destes, tendo sempre o cuidado de nunca verificar a veracidade das mortes alegadas, pode-se legalizar o aborto até aos nove meses! É isso que se pretende? Se é, porque o não dizem claramente? Se não é, como pensam parar o processo? Por acto de fé?
d) Se algumas mulheres morrerem na sequência do aborto do seu filho de 35 semanas, isso será motivo para legalizar o aborto até às 35 semanas? Porque é que a morte num aborto clandestino até às 12 semanas legitima a legalização do aborto até ás 12 semanas, e a morte na sequência de um aborto às 35 não legitima a legalização do aborto até às 35 semanas?
e) E já agora registe-se:
O aborto na Índia é legal há 25 anos e por cada aborto legal fazem-se dez clandestinos. Como se explica isto? Quem garante que não acontecerá o mesmo em Portugal?
Todos os estudos que se seguem provaram que, depois da legalização, o aborto clandestino não diminui de forma significativa:
(Inglaterra: Brit. Med. Jour., May 1970, 1972, e Lancet, Mar. 1968;
Japão: Asahi Jour., Oct. 16, 1966;
Hungria: International Jour. of OB/GYN, May 1971;
EUA: Amer. Jour. of Public Health, No. 1967. )
Quem nos garante que em Portugal será diferente?
f) Além do mais, este argumento supõe uma enorme simplificação sociológica... ou uma estratégia definida!...
Alguém no seu juízo perfeito acredita que uma rapariga da província vai abortar ao hospital da terra, quando sabe que o pai ou a prima ou a vizinha trabalham lá? Ou quando pode encontrar nos corredores do hospital dez ou vinte pessoas da sua aldeia? E para a rapariga se deslocar a duzentos ou trezentos quilómetros, para abortar sem perigo de ser reconhecida, é necessário que o aborto lhe seja feito sem demora; quer dizer, é preciso que o aborto esteja muito facilitado, livre e a pedido, pois não há condições -nem de tempo nem geográficas nem humanas- para apurar se se verificam os pressupostos de uma lei do aborto...
E se o resultado final que se pretende -e que já se prevê!- é o aborto livre, o aborto a pedido, porque não há a honestidade de o defender claramente? Porque insistem os pró-aborto em empurrar a lei, suavemente, calmamente, sem dor, como se todas as pessoas fossem ovelhas estúpidas arrastadas ao matadouro?

«Depois da despenalização só aborta legalmente quem abortaria clandestinamente».

a) Num estudo realizado nos EUA, 72% das mulheres interrogadas afirmaram categoricamente que se o aborto fosse ilegal nunca o teriam feito. As restantes exprimiram dúvidas sobre se o teriam feito ou não. Somente 4% das interrogadas afirmaram que teriam feito o aborto ainda que ele fosse ilegal. (Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)
b) Mostra a experiência dos outros países que, depois de legalizado ou despenalizado, os números do aborto disparam para valores nunca vistos.
Portanto, o deputado ao aprovar uma lei do aborto não está --como já se viu-- a votar o fim do aborto clandestino: está a votar a favor da morte de bebés que de outra forma viveriam! O deputado pode ignorar isso ou pode sabê-lo mas preferir silenciá-lo. A verdade, porém, é que o seu voto levou a que fossem torturadas até à morte crianças que de outra forma não morreriam. À volta de 72% das crianças que forem mortas ao abrigo da sua lei, não morreriam no caso de o seu voto ser distinto.

«A penalização do aborto não acaba com o aborto»

a) Pois não! E a penalização do roubo acabou com o roubo? E a penalização da violação acabou com as violações? Ou será que devemos legalizar a violação?
b) Estudos sobre a psicologia da moralidade revelam que a lei é, verdadeiramente, um guia. Uma das conclusões mais significativas desses estudos mostra que as leis que existem, junto com os costumes, são o critério mais importante quando se trata de decidir o que é certo ou errado. A maioria das pessoas olha para a lei como um guia moral. Neste momento a lei está a ensinar que o aborto é moral e presumivelmente uma solução eficaz para solucionar os problemas que decorrem duma gravidez indesejada. Como resultado estão a ser destruídas milhões de crianças, e um número igual de mulheres estão a ser violentadas física e emocionalmente, enquanto que a compaixão da sociedade por ambas está a ser erodida. (Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...