Caiu o governo de Santana Lopes

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papatango

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Caiu o governo de Santana Lopes
« em: Novembro 30, 2004, 06:51:06 pm »
Aquilo que se começava a tornar inevitável, acabou por acontecer por volta das 18:30 TMG.

O Presidente, demitiu o governo, não tendo aceite a propostas que lhe foram apresentadas como solução para a saída do último ministro que se demitiu.

As eleições devem ocorrer em Fevereiro, no máximo Março

Cumprimentos
« Última modificação: Novembro 30, 2004, 08:02:54 pm por papatango »
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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JNSA

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« Responder #1 em: Novembro 30, 2004, 07:56:36 pm »
Como é lógico, as opiniões sobre esta decisão vão variar muito.

Quanto a mim, a decisão de dissolver a AR só peca por uma coisa - por ser tardia.

O descontentamento face a este Governo era cada vez mais generalizado, e atingia mesmo sectores que tradicionalmente apoiam a direita, como as organizações patronais e empresariais. A demissão do Ministro do Desporto, e sobretudo as suas declarações, foram a gota de água.

Agora é tempo de clarificar as coisas através de uma eleição que, esperemos (embora não tenha grande fé nisso... :Palmas:  :Palmas:
 

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JNSA

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« Responder #2 em: Novembro 30, 2004, 07:58:41 pm »
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Sampaio vai convocar eleições antecipadas

O Presidente da República decidiu dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas. O anúncio foi feito após a reunião com o primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes.
( 18:38 / 30 de Novembro 04 )

   

O presidente da República, Jorge Sampaio, vai iniciar o processo de dissolução da Assembleia da República e convocar eleições antecipadas.

A informação foi avançada esta terça-feira, pelo primeiro-ministro Santana Lopes, à saída do encontro com Jorge Sampaio.

Segundo Santana Lopes, a decisão de Jorge Sampaio foi tomada antes de ter sido apresentado um substituto para Henrique Chaves, o ministro que, no passado domingo, apresentou a demissão do cargo.

Santana Lopes não adiantou quais as razões que estiveram na base da decisão de Jorge Sampaio, remetendo as explicações para esta decisão para uma comunicação do Presidente da Republica,

O primeiro-ministro disse, ainda, que respeita a decisão de Jorge Sampaio, apesar de discordar da mesma, explicando que não há razões para uma dissolução da AR quando há uma maioria que quer governar.

Jorge Sampaio vai agora iniciar um processo de consulta dos partidos com assento parlamentar e do Conselho de Estado.

Segundo a lei eleitoral e a Constituição Portuguesa, Jorge Sampaio tem de convocar eleições com a antecedência mínima de 55 dias, fazendo do mês de Fevereiro de 2005 a data mais provável para a realização do acto eleitoral.

No decreto de dissolução, o Presidente da República terá obrigatoriamente de marcar a data das novas eleições.

O actual governo vai manter-se na plenitude das suas funções até à realização das eleições.


fonte: http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF156696
 

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Luso

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« Responder #3 em: Novembro 30, 2004, 08:26:40 pm »
Quem é que o PSD pode apresentar?
O Borges?

O Sócrates não me inspira, mas...
Com Guterres julgave que não era possível pior.
Depois veio Durão.
A seguir Santana!

Qui maiz noos irá acontêcê?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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P44

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« Responder #4 em: Novembro 30, 2004, 08:52:52 pm »
Ufa!

ATÉ QUE ENFIM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Estava a ver que o pesadelo não terminava...só peca por ser tardia!!!!



"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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NotePad

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« Responder #5 em: Novembro 30, 2004, 09:19:45 pm »
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« Última modificação: Fevereiro 25, 2007, 05:23:20 am por NotePad »
 

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Tiger22

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« Responder #6 em: Novembro 30, 2004, 09:28:13 pm »
Realmente o Sr. Presidente da República prestou um grande serviço ao seu partido:

Esperou que o seu partido escolhesse um novo líder para evitar confusões com pessoas que tinham processos em tribunal (mas que se ganharem as eleições voltarão ao poder, e de isso não tenham dúvidas).

Esperou que o PCP elegesse também um novo líder.

Apostou pela degradação da imagem do Dr. Santana Lopes, para não correr o risco de este ganhar as eleições aquando da saída do Dr. Durão Barroso.

Bom trabalho o do Sr. Presidente.

Agora o país paralisa por seis meses (numa altura de recuperação económica), o PS ganha provavelmente as eleições, o país volta ao estilo de governação do Guterres (dinheiro fácil para todos, SCUTS, “Jobs for the Boys”, os investimentos na defesa caem a pique com a anulação de vários concursos previstos, como os dos blindados, aviões de transporte, arma ligeira e provavelmente arranjarão forma de cancelar o programa dos submarinos) e quem paga isto? Será o Sr. Presidente da república? Ou será que não é evidente que a saída de um ministro não justifica a queda de um governo?

Ao Sr. Presidente o meu Muito Obrigado!!! Prestou um grande serviço ao País.

P.S.  (obviamente que muitos parasitas do sistema, esses que sempre viveram à custa do estado e que sempre traíram Portugal se regozijam com esta medida).
"you're either with us, or you're with the terrorists."
 
-George W. Bush-
 

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fgomes

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« Responder #7 em: Novembro 30, 2004, 10:04:37 pm »
O único responsável é o 1º ministro, que resumindo e concluindo não tem perfil para o cargo.
Alternativas ?
Valha-nos Deus! Portugal está mesmo a precisar de intervenção divina !
 

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Spectral

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« Responder #8 em: Novembro 30, 2004, 10:18:11 pm »
Eheh, então o presidente é o culpado pelas asneiras consecutivas do Governo de Santana Lopes, desde o seu início?

O homem até lhe tinha dado uma opurtunidade de ouro  8)  8)
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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Tiger22

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« Responder #9 em: Novembro 30, 2004, 10:38:48 pm »
Já tive alguns contactos com uns colegas de partido muito bem colocados e o que eles me disseram é o seguinte:

O PSD tudo fará para candidatar a Primeiro-ministro ou o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa ou o Prof. Aníbal Cavaco Silva (ele parece que está na disposição de voltar) sendo que, aquele que for preterido para Primeiro-ministro será o candidato presidencial apoiado pelo PSD.

Assim sendo é possível que lhe saia a alguém o tiro pela culatra!!!! :jok:

O sacrificado nisto tudo seria o Dr. Santana Lopes que de facto não mereceu o que lhe aconteceu. Mas a vida dá muitas voltas.

Em relação ao melhor Ministro da Defesa dos últimos 30 anos (Dr. Paulo Portas) é possível que volte a existir uma coligação após as eleições legislativas. Se assim for espero que a pasta da defesa volte a ser dele.
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dremanu

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« Responder #10 em: Novembro 30, 2004, 10:54:10 pm »
Pobre nação Portuguesa que tão mal servida anda!

Isto não são boas notícias, isto são terríveis notícias, e são mais uma indicação do quanto o sistema político Portugues é podre e não presta.

Que mensagem é que isto manda ao mundo?

Parece o tipo de coisa que se vê nos clubes de futebol. Acho que os unicos países onde este tipo de coisa acontece é em países de 3o mundo, sinceramente. Quando é que foi a ultima vez que se escutou um governo a cair na Inglaterra, ou na França, ou na Holanda, ou seja em que outro país for.

Não se regozijem com estas notícias, isto é muito mau, muitíssimo mau...e eu não digo isto por ser este 1o ministro, ou por ser o PSD, por que não me interessa disso para nada, mas sim porque demonstrações de falta de estabilidade política  são a pior ameaça que existe à ecónomia de um país, ainda mais um país com o nosso.

E desculpem-me os socialistas, mas mais uma vez a esquerda demonstra que não está interessada em mais nada a não ser poder estar no poder, e a usar as artimanhas que forem necessárias para lá chegar, independente da crise que isso pode provocar no país.

Acho inacreditável que este tipo de coisa aconteça hoje em dia em Portugal. O mandato de um governo é feito para se cumprir, independente se está a fazer um bom trabalho logo ao princípio, ou não. Se o que se elege é um partido, então mesmo que se mude o líder do partido a meio do mandato, o partido que está no poder deve continuar a governar com um outro membro do partido.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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JNSA

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« Responder #11 em: Dezembro 01, 2004, 10:41:08 am »
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Crise conduz País a novas eleições
Chefe do Estado só dissolve o Parlamento depois da votação do Orçamento do Estado

graça henriques
paula sá
pedro correia

Quatro meses e meio depois, Jorge Sampaio decidiu-se. Ontem à tarde, o Presidente da República comunicou a Pedro Santana Lopes que dissolverá o Parlamento e convocará eleições legislativas antecipadas. Um facto que apanhou o primeiro-ministro de surpresa. Ao princípio da noite de ontem, a maioria estava «em estado de choque», como confessou fonte governamental ao DN.

O PSD reúne hoje de emergência a sua Comissão Permanente e a sua Comissão Política. Em cima da mesa, está o fim da coligação com o CDS, não sendo também de excluir a convocação de um congresso social-democrata extraordinário antes das eleições antecipadas, que deverão ocorrer em Fevereiro. Da parte do CDS, não houve ontem qualquer reacção. Paulo Portas só hoje deve tomar uma posição pública. Mas da parte dos democratas-cristãos também o cenário de ida às urnas em listas separadas está em cima da mesa.

A GOTA DE ÁGUA. O cenário de dissolução já estava a ser equacionado em Belém desde domingo, um dia fatídico para Santana Lopes. A demissão intempestiva de Henrique Chaves, ministro da Juventude, Desporto e Reabilitação, escassos quatro dias depois de tomar posse, foi apenas uma gota de água após várias trapalhadas protagonizadas pelo Executivo desde o primeiro dia, a 17 de Julho.

Para a decisão de Sampaio foi fundamental um artigo muito crítico de Cavaco Silva na última edição do Expresso. O ex-primeiro-ministro e antigo líder do PSD considerou ter «chegado o tempo dos políticos competentes afastarem os incompetentes». Uma referência a Santana, que nesse mesmo dia provocou uma reacção do chefe do Executivo considerada «muito infeliz» no Palácio de Belém. Santana comparou o Governo a um bebé que foi «tratado ao estalo e ao pontapé pelos irmãos mais velhos» quando ainda estava na incubadora. Uma resposta - também demasiado óbvia - a Cavaco.

«É uma imagem terrível. Um dirigente partidário e primeiro-ministro reconhece que a crise está instalada no Governo», comentou ao DN um assessor de Belém.

Ao decidir-se pela dissolução da Assembleia da República, Sampaio teve igualmente em conta o clima de desconfiança que se instalou na sociedade portuguesa, nomeadamente ao nível dos agentes económicos, que mostraram grandes dúvidas em relação à execução do OE. Ontem mesmo, a manchete do Diário Económico punha em destaque uma série de reacções críticas de empresários que apontavam Santana como factor de instabilidade política. Alguns adiantavam mesmo que «mais vale ir a eleições». Um sinal significativo, tanto mais que se tratava dos mesmos empresários que, no Verão passado, aconselharam Sampaio a empossar o Governo em nome da estabilidade.

Mas, no encontro entre Santana e Sampaio ocorrido segunda-feira em Belém, o Presidente deixou passar a ideia de que a demissão de Henrique Chaves não seria relevante para abrir uma crise política. Essa mesma tese foi nesse próprio dia reiterada ao DN por várias fontes, quer do Governo quer da Presidência da República.

O primeiro-ministro foi, pois, completamente apanhado de surpresa pela decisão do Presidente. Santana tinha pedido a Sampaio 48 horas para pensar na substituição de Henrique Chaves, mas ainda na segunda-feira à noite informou Belém de que já dispunha de um nome para o cargo: Miguel de Sousa, actual vice-presidente da Assembleia Legislativa Regional da Madeira - um homem muito próximo de Alberto João Jardim. A audiência ficou marcada para ontem à tarde, mas Sampaio nem quis ouvir mais nada, avisando desde logo Santana que tencionava desencadear os mecanismos legais com vista à dissolução do Parlamento.

Antes ainda de terminar a audiência, Sampaio fazia divulgar aos órgãos de informação um comunicado em que tornava pública a sua intenção de pôr fim à legislatura. «O Presidente da República, ponderada a situação actual, comunicou ao primeiro-ministro a sua decisão de ouvir os partidos políticos e o Conselho de Estado», lia-se neste comunicado. Linguagem constitucional que, em português corrente, significa a dissolução do Parlamento e a convocação de legislativas antecipadas.

FARPAS A SAMPAIO. À saída de Belém, Santana não escondia o seu desagrado. Disse «respeitar» a decisão presidencial, mas não tardou a lançar as primeiras farpas a Sampaio. «Não há nenhuma razão institucional para haver eleições», atirou o primeiro-ministro, lembrando que quando o socialista António Guterres chefiava o Governo «também saíram muitos ministros e nunca houve esta reacção» de Belém. E tratou logo a dar o primeiro sinal de mobilização das hostes: «Vamos disputar eleições. Vamos disputá-las frontalmente, com plena confiança em nós próprios.»

Da parte do PS, já a meio da noite, veio também um sinal claro de que as eleições vão ser renhidas. Em conferência de Imprensa no Largo do Rato, José Sócrates anunciou que António Vitorino será o coordenador do programa eleitoral socialista. E disparou contra o líder laranja: «O responsável por esta crise é Santana Lopes. Estes quatro meses foram de desastre para o País.»

O primeiro-ministro tinha previsto a tomada de posse do novo titular da pasta da Juventude e do Desporto e os dois respectivos secretários de Estado para hoje de manhã. Isto porque partia, ao final da tarde, para uma visita à Turquia, que entretanto foi cancelada.

«Como é óbvio, o PSD neste momento encontra-se numa situação muito difícil. Sobretudo dada a conjuntura económica, que não é nada favorável ao País, e depois de vários casos que desgastaram a imagem do Governo. E que têm feito o PS aparecer numa confortável maioria absoluta. Mas Santana Lopes até se pode sentir aliviado e disputar as eleições sem estar refém do seu próprio partido e do Presidente», disse ao DN uma fonte próxima do líder do PSD.

Com um congresso ainda fresco, e no qual se levantaram inúmeras vozes contra uma coligação pré-eleitoral com o partido de Paulo Portas, o mais provável é que Santana tranquilize o seu partido e diga que se abalança às legislativas antecipadas sozinho. «Mesmo numa situação difícil, é no cenário de eleições que Santana Lopes melhor se movimenta e por isso José Sócrates, que não parecia muito interessado na antecipação das eleições, não o subestime…», disse uma fonte do PSD.

SIM AO ORÇAMENTO. O Presidente da República não dissolve a Assembleia da República antes da votação final global do Orçamento de Estado (OE), que está marcada para segunda e terça-feira, apurou o DN. Na prática, Sampaio permite que a maioria parlamentar aprove as contas do Estado. E também é certo que promulgará o OE para 2005. De acordo com uma fonte da Presidência, «o timing do Presidente respeitará os timings que o Parlamento tem definidos para a questão orçamental, pelo que a convocação do Conselho de Estado só deverá ocorrer nos próximos dez dias». Provavelmente, no dia 9.

Sampaio deixa assim nas mãos da maioria PSD/CDS o ónus da aprovação do Orçamento. A oposição já anunciou que votará contra, mas essa é uma matéria que o Presidente não considera relevante neste momento, já que o próximo Governo, independentemente da sua cor política, terá oportunidade de apresentar um rectificativo. «É natural que nem sempre seja o Governo que fez o Orçamento a cumpri-lo», sublinha a fonte próxima de Sampaio, lembrando, a propósito, que Durão Barroso também chegou ao Executivo com um orçamento elaborado por Guterres. «O que não poderia ficar era a possibilidade do OE não ser votado devido a um efeito dominó, ou seja, não pelo mérito mas por causa de uma dissolução», refere a fonte.


fonte: http://dn.sapo.pt/2004/12/01/tema/crise_conduz_pais_a_novas_eleicoes.html
 

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JNSA

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« Responder #12 em: Dezembro 01, 2004, 10:43:23 am »
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Eleições em Fevereiro de 2005
A alteração do calendário eleitoral complica a realização do referendo europeu

martim silva

1.O Presidente pode levar o País para eleições legislativas antecipadas?

Pode, pois de acordo com a Constituição, artigo 133.º alínea e), «compete ao Presidente da República dissolver a Assembleia da República, ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado. A única limitação constitucional é, de acordo com o artigo 172.º, que «a AR não pode ser dissolvida nos seis meses posteriores à sua eleição», bem como «no último semestre do mandato do Presidente da República». A primeira circunstância não se aplica (o Parlamento foi eleito em 2002) e, quanto à segunda, só se entra nos últimos seis meses de Sampaio em Setembro de 2005.

2.Que passos se seguem aos acontecimentos de ontem?

O Presidente tem agora de ouvir PSD, PS, CDS/PP, PCP, BE e Verdes. Reuniões que ainda não têm datas marcadas, mas devem ocorrer na próxima semana. Depois disso, e ainda antes de convocar eleições, tem de ouvir o Conselho de Estado. Encontro que já está marcado para o dia 9 de Dezembro.

3.O que o Conselho de Estado disser vincula o Presidente da República?

Não. De acordo com o artigo 141.º da Constituição, «o Conselho de Estado é o órgão político de consulta do PR». Mas, no caso da dissolução, tem mesmo de ser consultado. Só que, depois, o Presidente decide como entender. Sendo certo que, já em Julho, houve entre os conselheiros uma clara maioria defendendo eleições antecipadas. Deste órgão fazem parte o presidente da AR, o primeiro-ministro o os presidentes do Tribunal Constitucional e governos regionais dos Açores e Madeira, o Provedor de Justiça, os ex-chefes de Estado. E ainda cinco cidadãos indicados pelo chefe de Estado e outros cinco designados pelo Parlamento.

4.E quando podem ser então as eleições gerais?

Seguidos estes passos, o Presidente faz então o decreto de dissolução da AR e de convocação de eleições legislativas. De acordo com o artigo 19.º da Lei Eleitoral para o Parlamento, «o Presidente da República marca a data das eleições dos deputados à AR com a antecedência mínima de 60 dias ou, em caso de dissolução, com a antecedência mínima de 55 dias». Ou seja, as eleições podem realizar-se a partir, sensivelmente, da segunda quinzena de Fevereiro do ano que vem. Algures a 13, 20 ou 27 de Fevereiro ou a 6 de Março.

5.Quando será a campanha eleitoral?

Diz a Lei Eleitoral, artigo 53.º, que se inicia no 14.º dia anterior à eleição e decorre até à meia-noite da antevéspera. Ou seja, duas semanas de campanha eleitoral oficial, embora a pré-campanha deva arrancar muito antes.

6.Daqui até às eleições, o que pode fazer um Governo de gestão?

A questão é controversa e já deu polémica há três anos, com António Guterres. De acordo com Freitas do Amaral (Governos de Gestão, editado pela Princípia) «os actos da função política e da função legislativa devem todos eles considerar-se excluídos da competência dos governos de gestão». Ou seja, o Executivo deve limitar-se aos actos de gestão diária e corrente. Nada de levar à prática medidas de fundo que estejam, ou não, no Programa de Governo.

7.Depois da dissolução e até às eleições não há Parlamento nem Governo?

Falso. Primeiro porque «o mandato dos deputados cessa com a primeira reunião após as eleições subsequentes». Ou seja, o Parlamento mantém as suas competências, embora deva funcionar a meio-gás. Já o Executivo manter-se-á em funções de gestão, até à tomada de posse do Governo que lhe suceda, e que sairá das eleições legislativas.

8.E o que acontece ao Orçamento de Estado para 2005?

Se o documento for aprovado antes da dissolução da AR e o Presidente o promulgar, entra normalmente em vigor a 1 de Janeiro. Cabendo depois ao novo Governo saído de eleições decidir se aprova, ou não, um rectificativo (como fizeram Ferreira Leite e Durão quando sucederam a Guterres). Se o OE entretanto não avançar, o País será gerido, em 2005, por duodécimos. Quer isso dizer que vigora o mesmo documento que em 2004. Até que um novo Executivo apareça e aprove o seu próprio Orçamento de Estado, depois das eleições.

9.Os funcionários públicos vão ser aumentados e o IRS vai baixar em 2005?

A resposta a esta pergunta depende do que acontecer ao Orçamento de Estado para 2005. Se for aprovado, as medidas nele constantes entram em vigor. Seja o aumento dos funcionários, sejam as alterações fiscais previstas.

10.E quanto à famosa Lei das Rendas, reforma adiada por décadas?

É verdade, ainda não vai ser desta que uma lei reclamada há décadas entra em vigor, apesar de ter estado muito perto. A autorização legislativa foi aprovada recentemente pelo Parlamento, mas o Governo agora já não tem condições para aprovar a legislação e levá-la à prática. Fica sem efeito. Caberá ao novo Executivo aprovar uma outra Lei do Arrendamento Urbano.

11.Há condições para a realização do referendo sobre a Constituição Europeia, como previsto?

Ainda poderá haver referendo em Portugal, como se tem reclamado, mas não será seguramente no prazo pretendido. No artigo 115.º da Constituição, é claro que «são excluídas a convocação e a efectivação de referendos entre a data da convocação e a da realização de eleições gerais para os órgãos de soberania e do poder local».

Ou seja, Sampaio já não poderá convocar um referendo até às eleições legislativas. E, depois disso, caberá a um novo Governo e maioria no Parlamento decidirem se querem levar por diante a consulta. Mesmo que o pretendam, os prazos apertados podem, na prática, impedir a consulta até ao Verão. E, depois disso, há as autárquicas. E, depois das autárquicas, as presidenciais (em início de 2006). Resumindo: com esta crise, o referendo e a famosa pergunta podem bem ficar em banho-maria. Ou na incubadora, se se preferir.

12.Esta é a primeira vez que o Parlamento é dissolvido e que o País vai para eleições antecipadas?

Não, de todo, embora também não seja coisa comum (até por isso o poder de dissolução é conhecido como «a bomba atómica» do Presidente da República). Já tinha acontecido a outros presidentes, como Mário Soares e Ramalho Eanes, interromperem a legislatura para levar o País a eleições antecipadas. O primeiro a fazê-lo foi Eanes, em 1979, abrindo caminho à vitória da AD de Sá Carneiro. Repetiu a dose em 1983, o que permitiria a Mário Soares reocupar o cargo de primeiro-ministro. Em 1985, Ramalho Eanes voltava a convocar eleições antecipadas, depois da queda do Bloco Central. Chegavam os governos de Cavaco Silva. Em 2001, foi Jorge Sampaio a interromper a legislatura, depois da demissão de António Guterres e de não ter sido encontrada uma solução dentro do quadro parlamentar existente. Curioso é verificar que em todos os casos em que houve dissolução, as eleições levaram a uma mudança de cor política. Da direita para a esquerda, ou vice-versa.

13.Depois das eleições começa uma nova legislatura?

Exactamente, a décima. Que terá, em condições normais, a duração de quatro anos e meio, até Setembro de 2009 (os quatro anos normais mais os meses que vão da data das eleições até 15 de Setembro). Ou seja, os calendários políticos são normalizados, com a existência de um Governo com um horizonte de governação de quatro anos.

Já o calendário eleitoral é invertido: primeiro as legislativas, depois as autárquicas e só depois as presidenciais.


fonte: http://dn.sapo.pt/2004/12/01/tema/eleicoes_fevereiro_2005.html
 

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papatango

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« Responder #13 em: Dezembro 01, 2004, 11:23:06 am »
Os câmbios de governo são um problema em todos os países do mundo, e em Portugal são mesmo uma triste tradição. No fim da monarquia os governos caiam com poucas semanas de vida, e um governo que chegava ao seis meses batia recordes.

No entanto, embora a democracia seja hoje muito mais sólida, Pedro Santana Lopes, com um governo de alguns meses, bate o recorde dos últimos anos. Para encontrar governos de apenas alguns meses, temos que recuar a 1979, com o governo de Maria de Lourdes Pintassilgo, que era um governo intercalar.

Eu achei que o Presidente da Republica fez bem em empossar Santana Lopes. A legitimidade de um primeiro ministro não advém do voto do povo, mas sim do apoio da Assembleia da Republica. Essa sim, tem a legitimidade que lhe confere o voto popular.

Pedro Santana Lopes, no entanto, sabia que embora não necessitasse do voto popular, tinha uma tarefa complicada pela frente. Convencer as pessoas de que seria uma aposta para ganhar. A Pedro Santana Lopes foi dado o beneficio da dúvida. Não se pode queixar por isso.

O problema, do meu ponto de vista, tem a ver com o facto de, Pedro Santana Lopes e a sua “Entourage” serem pessoas habituadas a um certo estilo, que pode parecer muito bonito nas revistas de coração e na “Quinta das Celebridades” mas que não se coaduna com o governo de um país, e ainda por cima, de um país que reconhecidamente é tudo menos fácil de governar.

Santana Lopes precisava de ter “dado o litro” e não o fez. Sabia-se que ter um Primeiro-Ministro com a imagem de “Playboy” era um problema, para o governo, mas esperava-se que os “instintos” de Pedro Santana Lopes, fossem condicionados pela governação. Esperava-se que os tiques do Jet-Set, não passassem para o governo.

A verdade, pura e dura, é que Pedro Santana Lopes, foi igual a si mesmo. Um individuo que nunca escondeu que era fan, da politica espectáculo. Tentou “contratar” uns quantos nomes mais sonantes para o seu governo, para lhe darem credibilidade, e julgou que não tinha que fazer mais nada.

O governo da Nação, foi assim entregue a um espécie de “Quinta das Celebridades governativa”, em que se vota em quem vai sair e em quem entra, com o tradicional cortejo de acusações e recriminações que são tão típicos do Jet-Set decadente das nossas elites podres e acabadas.

Para cúmulo, quando se tornou obvio que a governação estava entregue à “quinta das celebridades”, o governo opta pela pressão sobre os órgãos de comunicação social, e sobre comentadores políticos na televisão e nos jornais.

Pedro Santana Lopes tinha que agir com cuidado, com organização e com método. Infelizmente, fez tudo ao contrario. O governo do país estava aos tropeços, contínuos, ridículos e patéticos.
A ideia que me fica deste governo, é a de um Pedro Santana Lopes, que desmarcou compromissos de estado, para ir a um casamento e a uma festa nocturna..

O PSD também foi culpado da situação, ao avançar com o nome de Santana Lopes, quando, era obvio que outros nomes havia que, correndo o risco de serem impopulares, não correriam o risco de serem fracos. Quando ouvi na altura a possibilidade de Manuel Ferreira Leite poder ser a cara do governo, achei que seria a melhor opção. Depois, foi Santana Lopes. Mesmo assim, achei que era legítimo e que tentaria o seu melhor, para justificar a confiança que lhe deram.

Pedro Santana Lopes foi capaz de colocar contra si, não só os seus opositores políticos naturais, mas também grande parte das pessoas do seu próprio partido.

Entre a paz podre dos tontos de um governo, que existia para dar estabilidade mas que se tornou a fonte da instabilidade, e por outro lado, o corte radical para evitar males maiores, provavelmente a opção da demissão do governo é a mais saudável.

A ida do Sr. Durão Barroso para Bruxelas, foi uma desistência muito mais grave que a saída de António Guterres. Portugal pouco ganhará com o facto de “José Manuel Barroso” ser Presidente da Comissão, mas já perdeu muito, com um governo que se enganou, e que com os prazos constitucionais, conduzirá a um ano perdido numa altura em que o país não podia perder tempo.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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« Responder #14 em: Dezembro 01, 2004, 12:04:16 pm »
Assino por baixo do que escreveu, papatango.
Todavia isso é já história.
Quem é que poderemos contar no futuro, sobretudo do PSD?
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...