Se se trata de um problema de recursos humanos, com a profissionalização das FA será possível formar os tripulantes para operar qualquer navio, mesmo por muito sofisticado que seja.
Masmo que tivessem que frequentar uma formação prática durante dois ou três meses em terras americanas.
Se se decidisse comprar duas Tyconderoga, o problema não seria de recursos humanos, mas da verba que seria necessária para a sua aquisição e up-grade (se é que o que elas trazem não nos serve, e julgo que pelo menos numa primeira fase poderia servir à mil maravilhas) e da sua manutenção.
Isso poderia representar custos astronómicos.
Mas reparem no seguinte:
Portugal é dos países da NATO que menos gasta em Defesa.
Com vontade política, um maior envolvimento nas políticas de defesa mundiais directamente relacionadas com os nossos interesses estratégicos, e com ao previsivel crescimento económico, agora que as grandes infra-estruturas nacionais estão concluídas, e o Euro passou à história, não seria a altura para se passar a programar a aquisição e manutenção de melhores e mais meios?
A profissionalização das FA permite isso, já que os contratados poderão ter tempo para receber formação e praticar os novos sistemas.
E Portugal passaria a ser, não uma potênia regional, mas também deixaria de ser um buraco negro em termos de Defesa na Europa.
Reparem que até a Grécia tem uma marinha mais bem apetrechada que nós, bem como a Espanha.
Pensar com humildade é positivo, sem triunfalismos, mas pensar com derrotismo é a melhor forma de nunca passarmos de um país com um imenso mar à disponibilidade de quem o quiser ocupar.
Não faço muita questão no caso das Tyco, já que nem sequer a actual LPM as prevê, mas julgo que uma força de 2 cruzadores ou contra-torpedeiros a juntar às fragatas actuais, entretanto renovadas e começar desde já a pensar na futura substituição das actuais fragatas (já repararam que a LPM é omissa em relação a isso?) é crucial para que dentro de 15 anos Portugal tenha ZERO em termos de meios navais de superfície relevantes?
Nessa altura, e sem fragatas capazes, para que nos servirão 2 ou três submarinos e os patrulhões?
Bastaria aumentar em 0,3% do PIB dedicado à Defesa para que nada do que aqui temos vindo a discutir passe a ser impossível.
Basta vontade política e capacidade de comunicação para fazer a população perceber que num mundo em rápida mudança e com novas ameaças que em nada têrm a ver com os pressupostos da guerra-fria, é necessário que independentemente das alianças defensivas, cada país passe a dispor de capacidades próprias, que pode colocar ao seu serviço e ao serviço dessa alianças.
Seria ainda uma forma de reforçar a presença portuguesa na defesa do mundo lusófono, em articulação política estreita com o Brasil e passar a dar corpo ao embrionarismo dos exercício Felino que de tempos a tempos se repetem, mas sem qualquer efeito prático.
O caso de S. Tomé e Príncipe é exemplar nesse sentido, numa altura em que Portugal (para além do Aviocar que lá mantem) deixou escapar a oportunidade para que os EUA se oferecessem já para a construção de um porto de águas profundas para alí poderem operar os seus navios, apesar do seu primeiro ministro ter convidado recentemente Portugal a fazer o mesmo.
Lembram-se do que eu escrevi há tempos noutro ocal deste forum?