D. Nuno Álvares Pereira é o novo santo português

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nelson38899

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« Responder #30 em: Fevereiro 22, 2009, 09:38:34 pm »
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Espanha atrasou canonização


Religião. Bento XVI anunciou ontem a canonização de D. Nuno Álvares Pereira. "Desde a restauração da independência de Portugal que os espanhóis o passaram a ver o condestável com maus olhos", diz D. Duarte de Bragança, seu descendente. Um factor que atrasou o processo, tal como a guerra colonial

D. Nuno passará a santo em cerimónias em Fátima ou Vila Viçosa

"A partir da restauração da independência de Portugal os espanhóis passaram a ver D. Nuno Álvares Pereira com maus olhos. E esta foi a grande razão pelas qual o processo de canonização nunca foi para a frente. " Quem o diz é D. Duarte de Bragança, descendente do Condestável e um dos grandes promotores da causa, que de acordo com as suas próprias palavras terá desenvolvido, a partir de 2000, contactos com as igrejas espanhola e portuguesa, para que esta fosse reconhecida e o processo avançasse. Contudo, reconhece, a guerra colonial, nos anos 60 também terá dado um contributo para os atrasos neste processo, que se arrastou durante décadas, porque D. Nuno Álvares Pereira era um militar.

Ontem a causa atingiu o seu fim. O Papa Bento XVI anunciou a canonização de dez beatos, entre os quais o português Nuno de Santa Maria Álvares Pereira, de acordo com um comunicado do Vaticano. Nuno Álvares Pereira integra, ao lado de quatro italianos, o primeiro grupo, que será canonizado no dia 26 de Abril próximo.

O guerreiro e carmelita Nuno Álvares Pereira, que viveu entre 1360 e 1431, já fora beatificado em 1918 por Bento XV. Mas só nos últimos anos, a Ordem do Carmo (em que ingressou em 1422), em conjunto com o Patriarcado de Lisboa, decidiu retomar a defesa da causa da sua canonização. E o processo foi reaberto a 13 de Julho de 2004, nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa, em sessão solene presidida por D. José Policarpo. Uma cura milagrosa reconhecida pelo Vaticano, relatada por Guilhermina de Jesus, uma sexagenária natural de Vila Franca de Xira, que sofreu lesões no olho esquerdo, por ter sido atingida com salpicos de óleo a ferver quando estava a fritar peixe, foi o passo final.

Apesar dos atrasos, D. Duarte considera que a canonização de D. Nuno Álvares Pereira chegou no momento certo. "Porque os valores que ele defendia, como o amor pelos adversários, a tolerância religiosa e a defesa da pátria, estão nesta altura a precisar de ser realçados".

D. Duarte recorda ainda que o processo de canonização esteve para ser concluído por decreto durante a segunda Guerra Mundial, pelo Papa Pio XII, mas o Governo português da altura não aceitou por considerar que não teria o mesmo valor.

Agora, a Fundação D. Manuel I está a promover "uma peregrinação ao Vaticano" para assistir à cerimónia da sua canonização, diz o descendente da família rela portuguesa. Mas D. Duarte quer também que se realizem no mesmo dia cerimónias em Fátima e em Vila Viçosa. Esta, por ser um local a que o Santo Condestável estava muito ligado, tendo lá mandado construir uma igreja. E em Fátima, por ser um local de culto, mas também porque a vila pertence ao concelho de Ourém e D. Nuno Álvares Pereira era conde de Ourém, salienta D. Duarte.  www.dn.pt


 :?
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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comanche

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« Responder #31 em: Fevereiro 22, 2009, 11:53:19 pm »
Honra de ser português


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O anúncio da canonização de D. Nuno Álvares Pereira mostra que nunca é tarde para se fazer as coisas certas. Neste homem, que a Igreja Católica de Roma vê motivos para elevar aos altares, os portugueses têm razões para sentir um imenso orgulho.


 Ele contribuiu com o seu génio militar para manter a independência nacional numa crise marcada pelo peso da vontade popular. E personificou o que nos seres humanos mais se deve admirar: inteligência, coragem, honra e solidariedade para com os seus semelhantes.

De Nuno Álvares Pereira conta-se uma peripécia histórica que marca quem tem ideia do que é a honra de ser português. Afirmada a independência nos campos de batalha e lançado o projecto prodigioso de dar novos mundos ao mundo, apostando na ciência e na audácia, os vizinhos de Castela continuavam a cobiçar o território. Um embaixador veio avaliar a situação e encontrou-se com o Condestável. Ele recebera pelo seu talento muitos bens e honrarias, mas tudo deixou para trás no caminho de concretização da sua fé. O visitante encontrou no convento um monge débil, mas partiu sem ilusões porque por debaixo do burel o carmelita usava partes da armadura de guerreiro.

Portugal deve sentir honra em homens destes. E o principal não é serem santos. Grave é rarear a ideia de ser português com honra.

 
João Vaz, Redactor principal



http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx ... 5FBB803742
 

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TOMSK

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« Responder #32 em: Fevereiro 22, 2009, 11:58:06 pm »
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Espanha atrasou canonização


Olha que surpresa...ainda hoje lhes dói a tareia que levaram em 1385...
 

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comanche

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« Responder #33 em: Fevereiro 23, 2009, 12:24:20 am »
Guerreiro e Frei: de D. Nuno a Santo Condestável

Futuro Santo português granjeou admiração pela sua capacidade enquanto militar e pela sua humildade, após assumir a vida de Carmelita

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Nuno Álvares Pereira, fundador da Casa de Bragança, nasceu em Cernache do Bonjardim em 24 de Julho de 1360. Filho de D. Álvaro Gonçalves Pereira, entrou aos 13 anos na corte de D. Fernando (rei de 1367 a 1383) como pajem da rainha D. Leonor de Teles. Destacando-se logo em jovem num ataque dos castelhanos a Lisboa, foi armado cavaleiro.
Em 1385, D. Nuno foi nomeado por D. João I como o Condestável do Reino. Conquistou o Minho para a causa e, depois da vitória de Trancoso em Maio ou Junho, cortou a arrojada avançada castelhana com a memorável Batalha de Aljubarrota, a 14 de Agosto de 1385.

Ao serviço do Reino de Portugal foi militar invencível na guerra da independência, tendo granjeado enorme admiração entre os seus contemporâneos. Já nos seus Lusíadas, Camões apresenta o herói de Aljubarrota como forte, feroz, leal, verdadeiro, grande, valoroso, entre outros adjectivos que ressaltam as suas qualidades físicas, morais e éticas.

Assegurado o Reino, Nuno Álvares começou a dedicar-se a outras obras. Mandou construir a Capela de São Jorge de Aljubarrota em Outubro de 1388 e o Convento do Carmo em Lisboa, terminado em Julho de 1389 e onde entraram em 1397 os Frades Carmelitas. Dedicou em Vila Viçosa uma capela à Virgem para a qual mandou vir de Inglaterra uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, que 250 anos depois seria proclamada Rainha de Portugal.

A morte da filha, D. Beatriz, em 1414, cortou o último laço com o mundo e abriu o desejo da clausura. Ainda participou na expedição a Ceuta de 1415, primeiro passo da gesta ultramarina portuguesa, onde o seu valor ficou de novo marcado. Mas em breve olharia para outras fronteiras.

Em 1422, distribuiu os títulos e propriedades pelos netos, e a 15 de Agosto de 1423, festa da Assunção, aniversário do seu casamento e dia seguinte ao da Batalha de Aljubarrota, professou no Convento do Carmo.

Descalço, de hábito carmelita donato, túnica que descia aos calcanhares, com escapulário e samarra de estamenha, passou sete anos pelas ruas a pedir esmola para os pobres da capital, tendo dado a todos, durante a sua vida, um exemplo de oração, penitência, amor aos pobres e devoção a Nossa Senhora.

Frei Nuno de Santa Maria morreu na sua pobre cela, rodeado do Rei e dos Príncipes.

Foi beatificado pelo Papa Bento XV a 23 de Janeiro de 1918 e, até agora, a sua festa é liturgicamente assinalada a 6 de Novembro. No início do século passado, o Santo Condestável apresentava-se como um modelo de “santidade patriótica” num período particular conturbado das relações Igreja-Estado.

Fonte: João César das Neves, “Os Santos de Portugal”, Lucerna


Fama de santidade

D. Duarte, sete anos após a morte de D. Nuno, em 1431, solicitou ao Papa a canonização do Condestável evocando o exemplo de bondade e devoção aos pobres. A fama de milagreiro do Santo Condestável era grande conforme as “Chronicas dos Carmelitas” que referem terem-lhe sido atribuídas 21 curas de cegueira, 21 de surdez, 24 de paralisia e 18 de doenças internas.

No reinado de Isabel a católica, teve início em Espanha o culto a São Frei Nuno de Santa Maria, sendo frequente a sua invocação nas missas celebradas na corte. No século XVI, a Rainha Joana veio a Lisboa, em peregrinação ao convento do Carmo, para trasladar os restos mortais de D. Nuno para um mausoléu de alabastro que tinha mandado esculpir em Florença.

O culto ao Beato Nuno surgiu na Itália em meados do séc. XV conforme o Calendário Carmelitano, composto entre 1456 e 1478, da biblioteca de Parma. As igrejas de Santa Inês e de Nossa Senhora do Carmo também apresentam provas do culto ao mesmo beato em Itália.

Em Portugal e Espanha o Beato Nuno foi imortalizado em arte sucedendo o mesmo em Itália, Holanda e Alemanha, em quadros, registos e santinhos que são prova documental da dimensão europeia da devoção a D. Nuno.

O culto a Beato Nuno também era praticado na Corte Papal conforme atesta o pedido de protecção do Papa Eugénio IV a D. Nuno quando se viu ameaçado por forças inimigas.

O mesmo culto esteve presente em devoções e Missas celebradas na igreja de Santo António dos portugueses, da embaixada de Portugal junto da Santa Sé, que conserva o seu quadro na sacristia.

A fraternidade sacerdotal de São Pio X tem o Beato Nuno como patrono do grupo de oração português, venerado na Suíça e em França, onde aparece em estandartes ao lado de Santa Joana d’Arc.

O exército azul, fundado em 1947 nos EUA, com cerca de oitenta milhões de membros espalhados pelo mundo, tem propalado a fama de santidade de Beato Nuno e ajudado a espalhar o seu culto, renovado de modo significativo, durante o período da Guerra-Fria.

Em Angola, Macau e Timor, nas décadas de 60 e 70 do século passado, o culto a Beato Nuno esteve activo. Muitos devotos utilizavam notas portuguesas de 1920, com o rosto impresso de D. Nuno que emolduravam, colocavam em oratório e a quem oravam em suas casas.

Fonte: Sociedade Histórica da Independência de Portugal



http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_ ... tipoid=108
 

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TOMSK

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« Responder #34 em: Fevereiro 23, 2009, 01:19:49 am »
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O presidente do CDS-PP, saudou a canonização de D. Nuno Álvares Pereira, anunciada para 26 de Abril, afirmando que "é uma grande alegria" para Portugal, e destacou o seu exemplo de "entrega aos pobres".



"É uma grande alegria para Portugal, para os católicos portugueses e para as instituições que têm o condestável como inspiração, os militares e os que ajudam quem mais precisa",
afirmou, Paulo Portas.

Para o líder democrata-cristão, o Estado português deve "saudar efusivamente" a canonização de D. Nuno Álvares Pereira, cujo "testemunho de vida, coragem e fortaleza nas crises, generosidade e entrega aos pobres, é um exemplo que importa não esquecer".

"Foi um líder destemido que sempre assentou a força na justiça", disse, destacando que, quando "atingiu todos os objectivos abandonou todo o poder e todas as honras", para se dedicar à fé e ingressar na Ordem do Carmo.

Foi anunciado este Sábado pela Santa Sé que a cerimónia de canonização de D. Nuno Álvares Pereira (1360 - 1431) decorrerá em 26 de Abril, no Vaticano.


Tirando o Presidente da República, Paulo Portas foi o único que político que vi a pronunciar-se...isto diz muito de como andam os valores de patriotismo lá pelos corredores do poder...
 
Ainda bem que a imprensa escrita está a receber muito bem esta canonização, e já são vários os textos de opinião exaltando a figura do Condestável. Esperemos que este entuasiamo leve a Comunicação Social a divulgar através de documentários, filmes, etc., a vida notável deste grande português.

Como disse, esta vai ser uma altura para exaltar o patriotismo. Vamos ver se a República consegue estar ao nível do momento.
Quando soube da notícia, este aqui em baixo deve ter ficado com uma azia que nem vos digo... :rir:

 

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TOMSK

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« Responder #35 em: Fevereiro 24, 2009, 12:22:12 am »
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GUERREIRO E PATRIOTA



O exemplo de Nuno Álvares Pereira

Evocar Aljubarrota é recordar, embora telegraficamente, a personalidade e a vida de D. Nuno Álvares Pereira.

Filho de Álvaro Gonçalves Pereira, prior da ordem militar dos Hospitalários, nasceu no Alentejo, talvez em Flor da Rosa, arredores do Crato, a 24 de Junho de 1360. Conviveu com o pai até aos treze anos, de quem ouviu narração de guerras passadas, em especial a que na altura opunha a França à Inglaterra.

Muito jovem aprendeu as artes da guerra e a observar com atenção a luta que opunha a tradicional cavalaria feudal a renovada peonagem.

Obediente à vontade do pai, frequentou a corte como escudeiro da rainha, onde recebeu educação de acordo com o seu estatuto.

Voluntarioso, idealista, de inteligência viva e vincada personalidade, viveu a juventude em ambiente que auxiliou uma formação de marcado pendor misticista, própria da época. O modo de ser e sentir, caracterizado por forte exaltação cavalheiresca e religiosa, era contido por invulgar ponderação e elevada exigência moral.

O compromisso patriótico de D. Nuno foi desencadeado pela morte de D. Fernando, Outubro de 1383, em período de enorme instabilidade social e forte crise de nacionalidade que confirmava a necessidade urgente da independência ser reconquistada.

Considerar D. Nuno possuidor de poderes sobrenaturais, é opinião apressada e simplista do seu comportamento exemplar, orientado por vontade forte ao serviço de um ideal superior.

É preciso situar o herói em tempo medieval e condições humanas normais. A qualidade do seu comportamento resultou da prática diária que sem hesitação o norteou ao longo da vida. Começou por ser rapaz enérgico e corajoso com invulgar talento guerreiro.

Místico e generoso tomou a responsabilidade de comandar pelo exemplo, empolgando e conduzindo os companheiros à vitória pelo entusiasmo e determinação. Pouco depois vieram a ponderação, a clareza de propósitos, a prática da disciplina e a inteligência das decisões que o guiaram nas acções que praticou. Foi o homem necessário no momento certo. Reuniu e empregou com acerto, escassos meios e vontades disponíveis, por vezes contra a opinião geral, e com eles realizou obra que firmou a nacionalidade. Após a aclamação de D. João I em Coimbra, foi nomeado “fronteiro”, defensor da fronteira, do Alentejo, dando início à pesada tarefa de realizar a independência do reino.

A 6 de Abril de 1384, a meia légua de Fronteira, em Atoleiros, travou luta contra força superior composta por muitas das melhores lanças de Castela. Perante a evidente superioridade do inimigo deu provas de invulgar senso no modo como se adaptou às circunstâncias e resolveu as dificuldades a seu favor. Mandou a hoste apear, formar em quadrado e defender com as lanças, cravadas no chão, inclinadas para fora. Dentro do dispositivo ficaram os besteiros e peões para lançar virotes, setas e pedras sobre o atacante.

D. Nuno montado numa mula, fora do quadrado, face ao invasor, seguro e tranquilo da força da sua razão fez as últimas recomendações. Com o inimigo à vista, apeou, ajoelhou e solicitou protecção divina. Finda a oração, beijou a terra, levantou-se, montou, armou-se de lança e pediu em voz alta “Amigos que ninguém duvide de mim…”

Ouviram-se brados de guerra. Portugal S. Jorge! Castela Santiago! Os grandes de Castela, confiantes e bem armados, lançaram sem demora os cavalos sobre a pequena mas corajosa força que se opunha à sua vontade.

Pesados começaram a ser dizimados por projécteis certeiros que do interior do quadrado os iam atingindo. Poucos conseguiram chegar às lanças onde se espetaram. E os portugueses triunfaram.

A batalha de Atoleiros foi decisiva na consolidação da independência. Foi brado irreprimível que ecoou na Europa medieval anunciando que Portugal teria de ser respeitado. Foi marco que iniciou a identidade de Portugal como povo, nação e reino e significativo pela liderança de D. Nuno que provou merecer a confiança de seus companheiros.

O tratado de Salvaterra continuava a justificar as pretensões de Castela, que invadiu Portugal pelas Beiras com um exército numeroso e fortemente armado.

O conselho real de D. João I, chamado com urgência a Abrantes, perante a esmagadora superioridade do invasor, entendeu prudente adiar a luta.

D. Nuno, contrário à opinião geral, recordou a promessa real de defender a capital do Reino e salientou a necessidade urgente de “atalhar o passo”, deter, ao invasor. As forças portuguesas reunidas em Tomar, passaram por Ourém, com destino a Porto de Mós. A 13 de Agosto de 1385, após reconhecimento do terreno para os lados de Leiria, foi escolhido o local onde se ia dar luta. Na madrugada seguinte foram ocupar o esporão setentrional do planalto de Aljubarrota. O dispositivo português, virado a norte, aproveitava bem o terreno, dificultando o ataque castelhano, mais difícil por o sol estar de frente para o atacante.

O rei de Castela ao sentir a dificuldade no ataque evita o confronto e rodeia a posição pelo lado do mar, na procura de terreno favorável ao seu propósito.

D. Nuno, atento, antecipa-se. Em decisão oportuna mas arriscada, pela proximidade do inimigo e tacanhez do terreno, inverte o dispositivo e vai instalar-se dois quilómetros a sul. A atitude demonstra enorme coragem física e moral, elevada capacidade de comando, invulgar disciplina e superior conhecimento táctico.

Chegados a S. Jorge começaram logo a construir abatizes, covas de lobo e fossos, para complementar as dificuldades naturais das ribeiras de Madeiros e da Mata que, correndo de sul para norte, limitavam o terreno de confronto a poente e nascente, permitindo aos portugueses concentrar as forças na frente do inimigo.

O embate, brutal e rápido, deu-se ao entardecer e durou cerca de uma hora.

O exército castelhano, vencido, retirou em debandada deixando o terreno juncado de corpos e despojos. Foi o triunfo da inteligência e da vontade sobre o orgulho preconceituoso. A diferença do saber da decisão pensada sobre a ignorância e a razão da força.

Aljubarrota foi decisiva. Acabou com os desejos expansionistas de Castela e teve efeitos importantes que ao longo dos séculos se tornaram referência.

A independência de Portugal parecia consolidada. As batalhas, em que se inclui a de Trancoso (29 de Maio de 1385), haviam terminado. Contudo na fronteira sul entre Portugal e Castela, continuavam os confrontos armados.

D. Nuno desejoso de anular as forças estacionadas na área, reuniu meios em Estremoz e invadiu Castela, para lá de Mértola, conquistando terras e troféus.

Os castelhanos receosos e vigilantes seguiam-no de longe, para reunir forças, que chegaram a ser muito superiores.

D. Nuno, percebendo-se deste temor, aproveitou as vantagens do terreno e procurou o confronto. Voltava a ser o táctico atento, de actuação enérgica e oportuna. Após reza solitária deu inicio à batalha de Valverde, a 17 de Outubro, que se prolongou por dois dias “de sol a sol em pelejar, com grandes e boas escaramuças, e assaz de feridos e mortos”.

Começou por atacar o oponente principal, D. Pedro Muñoz, mestre de Santiago, seguro que a sua derrota provocaria debandada geral do inimigo.
Os cavaleiros castelhanos, imitando D. Nuno, apearam para combater a pé, mas pesadamente equipados e pouco habituados a lutar deste modo, apesar de comportamento valoroso, foram derrotados. Morto o mestre de Santiago e os seus melhores companheiros deu-se a fuga do resto da hoste de Castela.

D. Nuno mais uma vez ficou vencedor no campo de batalha.

Consolidada a independência foi assinada a paz com Castela a 31 de Outubro de 1411. Anos depois, em 1415, o condestável pediu autorização real para participar na conquista de Ceuta. Foi o último serviço a Portugal como guerreiro. Sentindo terminada a tarefa perante os homens, decide iniciar outra ao serviço de Deus.

Guerreiro e monge completam-se no mesmo ideal de Servir.

D. Nuno, no decurso das pelejas e ainda mais depois da guerra acabar, estabelecia uma relação íntima entre o futuro de Portugal e o sucesso no Céu.

Cada batalha tinha o seu voto, ficando os feitos perpetuados em pedra, dispersos pelo reino. A imaginação da juventude gerava enorme devoção à Virgem. O heroísmo era penitência e humildade e a devoção ardente e activa.

No Alentejo, coração da ”sua” fronteira e teatro de feitos valorosos, mandou erguer templos votivos em agradecimento pelo resultado das lutas.

D. Nuno, no dia imediato à batalha de Atoleiros, foi descalço em romagem a Santa Maria do Assuma, afastada duas léguas de Monforte. A igreja estava profanada pelas montadas dos castelhanos que humildemente ajudou a limpar e fez voto de construir um Templo que mais tarde ali levantou; em Estremoz concluiu outro a Nossa Senhora dos Mártires, começado por D. Fernando; em Vila Viçosa levantou capela a Nossa Senhora da Conceição; em Sousel, Portel, Monsarás, Mourão, Évora e Camarate, junto a Lisboa, mandou construir outros templos à Virgem Maria; em S. Jorge, onde tinha içado a bandeira durante a batalha Real mandou edificar uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Vitória e em Lisboa fez construir grandiosa catedral, dedicada à Virgem do Carmo, em agradecimento pela vitória alcançada em Valverde de Castela.

www.ship.pt
 

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comanche

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« Responder #36 em: Fevereiro 24, 2009, 01:02:24 am »
Fundação Batalha de Aljubarrota espera mais visitantes com canonização de Nuno Álvares Pereira



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A canonização de Nuno Álvares Pereira vai aumentar o número de visitantes ao Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota, em Porto de Mós, admite o administrador da Fundação Batalha de Aljubarrota (FBA).

À agência Lusa, Miguel Horta e Costa reconheceu que não apenas o centro e a área envolvente, o Campo de São Jorge, onde se travou a batalha de Aljubarrota entre portugueses, comandados por D. Nuno Álvares Pereira, e castelhanos, em 1385, sai beneficiado com o anúncio da canonização, como também o Mosteiro da Batalha.

“Com esta canonização aumentará o interesse no conhecimento da figura de Nuno Álvares Pereira e, seguramente, pelo local onde se desenrolou um dos mais marcantes episódios da sua vida, a Batalha de Aljubarrota”, declarou o responsável, acreditando que o “património histórico” da região de Leiria sai valorizado com esta decisão.

O Papa Bento XVI anunciou sábado a canonização este ano de dez beatos, entre os quais o carmelita português Nuno de Santa Maria Álvares Pereira, cuja cerimónia se realiza a 26 de Abril, em Roma.

O administrador da FBA disse ainda acreditar que a canonização salienta “a todos os portugueses os ideais de Nuno Álvares Pereira”, que não se resumem ao “desejo de afirmar Portugal como uma nação livre e independente”.

“Entre esses ideais encontramos o sentimento de compaixão e caridade”, sublinhou Miguel Horta e Costa, apontando que, em tempos de crise, a canonização “vem lembrar a todos os portugueses que estes ideais continuam válidos” e que devem ser valorizados, contribuindo “para a defesa e desenvolvimento de Portugal”.

O responsável anunciou que o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota e o campo envolvente irão apresentar “novos aspectos da vida e obra de Nuno Álvares Pereira”.


Eu já lá estive, foi com muita emoção e alegria que visitei aquele local pela primeira vez.
 

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comanche

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« Responder #37 em: Fevereiro 24, 2009, 01:06:31 am »
Petição pede homenagem dos CTT a Nuno Álvares Pereira


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Está a correr na Internet uma petição para que os correios portugueses assinalem a canonização de D. Nuno Álvares Pereira como Santo de Portugal.

A petição pede “uma homenagem filatélica através da emissão de um Bilhete Postal dos CTT com a sua iconografia a emitir no dia da própria canonização” e pode ser consultada aqui (ver link)


Bento XVI anunciou no passado Sábado, durante o Consistório, a canonização de Nuno Álvares Pereira para 26 de Abril de 2009.


Recorde-se que o beato Nuno de Santa Maria (1360-1431) foi beatificado em 1918 por Bento XV.





http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_ ... tipoid=242
 

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TOMSK

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« Responder #38 em: Fevereiro 24, 2009, 01:10:13 am »
Citação de: "comanche"
Eu já lá estive, foi com muita emoção e alegria que visitei aquele local pela primeira vez.


Comanche, já assistiu ao filme sobre a batalha na Fundação Aljubarrota?
 

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comanche

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« Responder #39 em: Fevereiro 24, 2009, 05:05:16 pm »
Citação de: "TOMSK"
Citação de: "comanche"
Eu já lá estive, foi com muita emoção e alegria que visitei aquele local pela primeira vez.

Comanche, já assistiu ao filme sobre a batalha na Fundação Aljubarrota?



Sim, e gostei muito, o filme tem cerca de 45 minutos.
 

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Miguel Silva Machado

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« Responder #40 em: Fevereiro 26, 2009, 05:16:16 pm »
Na sequência da notícia da canonização de Nuno Álvares Pereira, Beato Nuno de Santa Maria, no próximo dia 26 de Abril, João José Brandão Ferreira escreve no “Operacional” sobre a importância do momento e, em conformidade, faz a sua proposta de comemorações nacionais. Tenente-coronel Piloto-Aviador na situação de reforma, depois de 28 anos de carreira na Força Aérea quer na área operacional quer em funções de estado-maior e ligado à instrução, Brandão Ferreira é hoje comandante de linha aérea. Mestre em Estratégia, com um gosto especial pela história , é autor de vários livros e bem conhecido do público interessado em assuntos de defesa e militares, pela sua longa de anos e sempre contundente opinião, expressa nos jornais e revistas de que é colunista ou colaborador.
D. NUNO ÁLVARES PEREIRA: UM PORTUGUÊS DE EXCEPÇÃO
http://www.operacional.pt/d-nuno-alvare ... -excepcao/



Miguel Silva Machado
www.operacional.pt
Miguel Silva Machado
http://www.operacional.pt/
 

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TOMSK

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« Responder #41 em: Fevereiro 26, 2009, 06:16:38 pm »
Excelente artigo!
 :Palmas:  :Palmas:

Sou um grande admirador do Tenente-coronel Brandão Ferreira e das suas correctíssimas apreciações. Mais uma vez está irrepreensível!

Seria uma celebração magnífica a que sugeriu o Tenente-Coronel.
Muito bem conseguida!
Esta sugestão devia ser lida pelas entidades governativas (Presidente da Républica/ Primeiro-Ministro e respectivo governo). Porque não basta uma pequena declaração a "congratularam-se pelo sucedido".
Não basta! Isso não é nada!  
E a "crise" não pode servir, sob nenhum pretexto, ser o motivo pela qual não se celebrou condignamente a pessoa e o exemplo de Nuno Álvares!

Como refere o Tenente-Coronel, decerto que se formará um esforço antinacional em alguns sectores da vida pública que tentem minimizar este acontecimento. Mais esta suspeição se impôe, quando temos um iberista assumido no governo.

A República Portuguesa vai ter um teste muito sério: Há que provar que merecemos tão grande figura como é D. Nuno Álvares Pereira.
Porque se falhar nas celebrações, e estas se mostrarem insuficientes e fracas, estará a transparecer um sinal muito negativo aos Portugueses.

Citando o próprio Tenente-Coronel Brandão Ferreira, a uma oportunidade como esta:
"Será um crime de lesa Pátria, desperdiçá-la!"
 

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cromwell

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« Responder #42 em: Fevereiro 27, 2009, 05:56:39 pm »
Citação de: "TOMSK"
Citação de: "comanche"
Eu já lá estive, foi com muita emoção e alegria que visitei aquele local pela primeira vez.

Comanche, já assistiu ao filme sobre a batalha na Fundação Aljubarrota?


Pode me dar esse filme?
Tenho que o ver!
"A Patria não caiu, a Pátria não cairá!"- Cromwell, membro do ForumDefesa
 

*

TOMSK

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« Responder #43 em: Fevereiro 27, 2009, 06:19:02 pm »
Citação de: "cromwell"
Citação de: "TOMSK"
Citação de: "comanche"
Eu já lá estive, foi com muita emoção e alegria que visitei aquele local pela primeira vez.

Comanche, já assistiu ao filme sobre a batalha na Fundação Aljubarrota?

Pode me dar esse filme?
Tenho que o ver!


 :cry:
 

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cromwell

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(sem assunto)
« Responder #44 em: Fevereiro 28, 2009, 02:05:55 pm »
Nun'Álvares Pereira

Que auréola te cerca?


É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.

Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo* no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.

'Sperança consumada,
S.Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!
"A Patria não caiu, a Pátria não cairá!"- Cromwell, membro do ForumDefesa