« em: Setembro 09, 2006, 01:41:29 am »
Ana Sofia Coelho
Manuel Pereira Gonçalves começa por contar quando é que foi a primeira vez que entrou em contacto com a actividade de pára-quedismo. "Comecei com 18 anos, quando andava na tropa. Saltei pela primeira vez em 22 de Agosto de 1966, em Tancos, num avião JU-52 da Segunda Guerra Mundial", diz.
Ontem, este sargento-mor comemorou quarenta anos da prática de pára-quedismo, ao fazer uma demonstração de salto de pára-quedas no lugar do Areinho de Oliveira do Douro, em Vila Nova de Gaia.
Depois de sair da tropa, ficou ligado a cursos de pára-quedismo civil. Ajudou a fundar os Pára- -Quedistas do Norte, o PáraGaia, onde também é sócio-honorário, e foi um dos três fundadores da Fundação Portuguesa de Pára- -Quedismo. "Formo pessoas que nunca foram à tropa, para transmitir o pára-quedismo à população em geral", explica.
Apesar de ter 58 anos e já ser reformado continua ligado à actividade. "Salto porque me faz sentir jovem. A minha presença no avião faz com que os outros pára-quedistas se sintam mais seguros e faz com que eu me sinta mais jovem", garante.
Quanto à sensação de se lançar a 5000 pés de altitude, diz que há sempre um misto de emoções contraditórias, mas que é isso que faz uma pessoa continuar a saltar. "Sente-se medo, liberdade, alegria, emoção, nervos", descreve.
Também já vivenciou, por três vezes, momentos em que o pára-quedas não abriu, tendo que abrir o da reserva. Nada a que dê muita importância. "Obviamente não entro no avião a pensar que vai falhar. O pára-quedismo é um dos desportos mais seguros no mundo", assegura Manuel Pereira Gonçalves. E acrescenta que no pára-quedismo também se morre, quando as regras não são cumpridas. "Um pára-quedas mal dobrado é imperdoável", exemplifica.
O sargento-mor confessa ainda que, no dia em que deixar de ter medo, deixa de saltar. "O meu gozo é em todos os saltos saber que venço o medo", confessa.
http://jn.sapo.pt/2006/09/03/porto/para ... _anos.html