Estamos na União Europeia para onde entrámos, porque somos europeus e porque em termos económicos faz sentido.
Mas nós não temos muito a ver com muitos dos países da Europa, da mesma coisa que também não temos muito a ver com parte da visão espanhola/castelhana da Europa.
A nossa História é a negação da História da Espanha castelhana e vice-versa.
Elas são impossíveis de conciliar.
Só há uma «Ibéria» aceitável para a esmagadora maioria dos portugueses. Uma em que todos os povos da peninsula sejam iguais e estejam em igualdade de circunstâncias.
Eu não tenho problema nenhum em tratar em igualdade de circunstâncias castelhanos, catalães, bascos ou galegos.
Mas para fazer essa «Ibéria» que é no meu entender a «Ibéria» de Fernando Pessoa, é necessário fazer uma coisa que o actual Estado Espanhol nunca conseguirá fazer, exactamente porque ele é formado, conformado e organizado como cópia da Nação Castelhana.
Para fazer a «Ibéria» primeiro seria necessário destruir pela raiz o actual Estado Espanhol.
E isso, a oligarquia e a classe política castelhana nunca aceitará.
Por isso o iberismo castelhano está condenado. E está condenado porque é falso.
No passado, eles destruíram a antiga Hispania a tal ponto que para ser bom espanhol foi necessário (como hoje) ser bom castelhano.
No futuro, se fôssemos pelo mesmo caminho, acabaríamos por cair no mesmo:
Para ser bom ibérico, seria necessário ser bom castelhano.
Nesse caso, como deixámos de nos considerar espanhóis porque nos recusámos a ser castelhanos, também nos teriamos que recusar a ser ibéricos pela mesma razão.
A Ibéria é uma utopia. O normal, o correcto, é que houvesse ume Peninsula Hispânica e que não houvesse um país que matou a antiga Hespanha tendo depois roubado o nome.
Hoje, também estão a roubar o nome Ibéria. Até a companhia de bandeira foi baptizada de Ibéria.
Hoje, Ibérico, já começa a ser conotado com espanhol (ou castelhano que é a mesma coisa).
Eu por mim não quero ser confundido com eles. Já basta o que é demais.