Eu sei. E isso tem que mudar. Há alguma razão para nós não fazermos as nossas próprias fragatas por exemplo? No armamento, na propulsão e na maior parte dos sistemas de defesa há meia dúzia de países que os podem fazer. Se calhar nem isso. Mas podemos fazer fragatas como o fazem a Espanha ou a Holanda. Fazemos o casco e compramos o resto e vamos evoluindo para uma produção nacional (como a Espanha com o Aegis).
Se convencermos países europeus a dar-nos o source code para fly-by-wire avançado, outros sistemas electrónicos e sistemas ESM seria preferível do que ir para o F-35 que nos traz zero de novo conhecimento. Podíamos iniciar uma indústria de aviação civil que depois pagaria investigação militar.
Este negócio trouxe a construção de parte da fuselagem. Pronto, não é muito. Mas é algo.
Não fazemos fragatas, porque nem os NPOs conseguimos fazer a tempo e horas, e são navios comparativamente simples. Os espanhóis fazem porque, não só investiram muito dinheiro, como têm décadas de experiência, e começaram numa altura em que era muito mais barato construir navios de guerra. Hoje em dia, uma simples fragata facilmente ficava a 1000 milhões cada, se incluíssemos desenvolvimento nacional. Depois temos a questão do tempo: nós esperamos até à última para substituir os nossos meios navais, desenvolver as nossas próprias fragatas, além de ficar mais caro, demora muito tempo. Já era uma sorte se quando fossemos substituir as nossas, um dos requisitos fosse a construção de 1 ou 2 das novas cá, mas para isso era preciso começar agora, e não esperar que os nossos navios cheguem aos 40 anos.
De volta aos caças, é má ideia brincar com isso. Corríamos o risco de desenvolver um avião inferior ao que vem substituir. Imaginem desenvolver um caça ao nível do F-5, com o custo de um F-22. No fim, além da despesa, púnhamos em risco a soberania nacional, por optarmos por um caça inferior a todas os outros. Mesmo uma aeronave de treino avançado, seria demasiada areia para a nossa camioneta, que não temos mercado interno para isso, de forma a adquirir os suficientes e rentabilizar os custos de desenvolvimento. Aviação civil, o mercado está saturado, ainda para mais com o surgimento de empresas chinesas no sector.
Em terra, seria mais fácil, mas também é extremamente competitivo. Compramos sempre muito pouco, e temos o caso recente dos Pandur, que foi o que foi. Veículos civis é ainda mais competitivo, nem vale a pena o esforço.
Resumindo, mais vale tentar maximizar os negócios de produção sob licença, desde que façam sentido e não tenham fim prematuro (como os Pandur), nem que sejam cancelados (A-400M) ou pouco viáveis (KC-390). Produção própria, mais vale reduzir aos nichos onde temos de facto potencial: navios de pequena e média dimensão (militares e civis), sendo OPVs o expoente máximo a nível "militar", e sempre que possível, negociar a construção nacional de 1 ou 2 navios mais complexos (fragatas por exemplo) de origem estrangeira. UAVs é outro sector onde podemos ser bastante competitivos, a começar pela Tekever, quiçá uma versão armada do AR5.