Já comprei a minha picareta e vou a caminho da área para prospectar o meu quinhão!!!
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Fonte: Publico
Há ouro no chão do Alentejo e uma empresa de capitais australianos espera poder extraí-lo. A Iberian Resources é uma firma cotada na bolsa da Austrália, que está a desenvolver projectos de exploração na região de Montemor-o-Novo e de Portalegre. Em Montemor, a empresa está confiante de poder avançar.
Numa área de 17 quilómetros quadrados, a Iberian Resources (IR) identificou uma reserva de 500 mil onças (15 toneladas) de ouro. O administrador em Portugal da IR, João Carlos Sousa, disse ao PÚBLICO que após a conclusão dos estudos de viabilidade, e depois de obter a concessão de exploração do Estado, o ouro alentejano poderá começar a ser extraído no início de 2007.
Quanto ouro é que a Iberian Resources espera poder extrair? Isso depende da disposição geológica das reservas. "Diga umas 10 toneladas", responde o administrador da IR. Mas para além da área já identificada ainda há outras zonas em Montemor "com um potencial interessante" que podem trazer "surpresas agradáveis". A verdade é que o anúncio, na semana passada, dos resultados dos últimos testes fez disparar as acções da empresa na bolsa de Sydney: os títulos da Iberian Resources subiram 18 por cento numa só sessão.
João Carlos Sousa conta que desde os anos 80 que é conhecida a existência de ouro nesta região do Alentejo. A multinacional britânica Rio Tinto tinha licenças de prospecção de vários metais nesta área do país e descobriu rochas portadoras de ouro. Foram identificadas reservas de 10 toneladas.
Estudos concluídos até final do ano
Na década de 90, uma empresa canadiana fez novos trabalhos de prospecção em Montemor e identificou no subsolo 11 toneladas. Mas nessa altura a cotação do ouro estava relativamente baixa e a firma não tinha capitais para prosseguir o projecto.
No ano passado, a Iberian Resources obteve financiamentos no mercado de capitais australiano e uma licença de prospecção para uma região de 850 quilómetros quadrados na região de Montemor.
Os "bons resultados" obtidos permitiram ampliar a estimativa da reserva de ouro para 15 toneladas. O administrador português da IR diz que falta agora fazer estudos técnicos de viabilidade para apurar a rentabilidade da exploração; estes estudos deverão estar concluídos até ao final do ano.
Depois, a IR irá "mostrar o trabalho" ao Ministério da Economia. Após testes laboratoriais e de impacto ambiental conduzidos por vários ministérios, o Estado deverá dar uma concessão de exploração à firma.
Essa concessão, normalmente de cinco anos, dará ao Estado português royalties sobre o ouro extraído pela IR. Um valor variável, mas "abaixo dos 10 por cento", conta João Carlos Sousa. Esse valor não é dispiciendo: "As minas de Neves Corvo chegaram a dar 1,5 milhões de contos por ano ao Estado", diz Luís Martins, Director do Departamento de Prospecção de Minérios Metálicos do Instituto Geológico e Mineiro.
Para além disso, o Estado ainda irá arrecadar os impostos normais pagos pela empresa. E a exploração irá gerar emprego: a IR emprega actualmente "dez pessoas, sem contar com o pessoal dos subempreiteiros", diz o executivo da empresa. Quando a exploração estiver em andamento, empregará directamente "na ordem de cem pessoas".
Reserva pode valer 225 milhões de euros
O período de exploração será "nunca inferior a cinco anos", dependendo do volume de minério. Mas normalmente a continuação da prospecção resulta na descoberta de novos jazigos. Além do projecto em Montemor, a IR também está a analisar uma região perto de Portalegre, onde os estudos ainda estão "numa fase mais atrasada".
O tempo de vida da exploração também dependerá de um factor sobre o qual nem a IR nem o Estado têm controlo - a evolução da cotação do ouro nos mercados internacionais. Nos tempos do "padrão ouro", a cotação era estável, o que prejudicava a rentabilidade da exploração em minas de extracção difícil.
Na década de 90, quando muitos bancos centrais substituíram as suas reservas de ouro por divisas, a cotação estava baixa - chegou a tocar os 250 dólares por onça (uma onça equivale a 28,4 gramas) - e, portanto, era pouco convidativa ao investimento e a encetar novos negócios.
Mas isso mudou, explica Luís Martins, que tem acompanhado o processo de prospecção em Montemor. A principal causa de mudança deste cenário chama-se China. "A China é um grande consumidor de metais preciosos, consome oito por cento do cobre mundial, por exemplo". A cotação do ouro está actualmente na casa dos 450 dólares por onça. A tentação de fazer contas é irresistível: aos preços actuais, as 15 toneladas da reserva de Montemor valem 225 milhões de euros.
