Ninguém falou em 64 ESSM. Mas ter os VLS suficientes para poder hipoteticamente transportar esse número, não era mal pensado. Volto a repetir o que disse antes, ainda antes da guerra na Ucrânia, já se falava na falta de VLS nos navios europeus, e que poderiam não ser suficientes para ameaças do presente e do futuro. Era preciso mais. Ter os portugais desta vida, sempre com a mentalidade minimalista é que não ajuda. Sendo que ter uma fragata com 16 ou mesmo 32 VLS, permite N configurações de mísseis para responder a ameaças diferentes.
Não te preocupes com o ocasional drone no Mar Vermelho (que se calhar os sensores velhinhos das nossas fragatas nem conseguiam detectar com a mínima antecedência!), preocupa-te no que poderá ser o amanhã, com enxames de drones, emparelhados com mísseis anti-navio, etc. A realidade é que não sabemos o que o futuro nos trará, e estar a falar de Defesa, apenas a pensar na realidade de hoje, pode ser um erro fatal amanhã.
Em resumo, as nossas fragatas são adequadas? Para algumas coisas sim, para outras (muitas, a maioria) não e precisam urgentemente de ser substituídas, mas isso não é mutuamente exclusivo com o termos uma frota logística, de patrulha e até anfíbia decentes… a culpa de não termos fragatas decentes não é dos NPO ou dos AOR…
As nossas fragatas são adequadas para mostrar presença e pouco mais. De resto, só para missões de baixa intensidade (algo que em teoria deveria estar atribuído a navios tipo Corveta ou OPV musculado). Já o termos uma frota logística não é inerentemente negativo, mas não pode ser a única coisa em que se investe numa Marinha!
E no nosso caso, parte da culpa de não termos fragatas decentes, ou das actuais não terem sido modernizadas como deve ser a tempo e horas, por acaso é dos outros programas... As LPMs no seu todo, têm desfavorecido as fragatas, precisamente porque programas como o NPO, NAVPOL, LFC e AOR foram constantemente adiados. Estas 4 siglas, representam navios que era para ser construídos mais tardar até 2025 (na pior das hipóteses), o que teria deixado para a presente década (2020-2030) a substituição das fragatas. Como vemos hoje, as 4 siglas estão por realizar esta década, e as fragatas lá terão que se aguentar mais uma década.
Portanto, aqui a questão não é criticar os meios logísticos e de patrulha mencionados, mas sim a forma como uma parte fulcral da MGP continuará a ser tratada como secundária, e mesmo assim vai haver maluquinhos a dizer que está preparada para enfrentar qualquer ameaça.