Armas 5.56 no Exército guerra colonial e paras (pre galil)

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alphaiate

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boa noite,

venho por este meio junto dos carissimos foristas, mais uma vez, em busca de ajuda no que toca à utilização, origem e destino, das armas tipo hk33 fabricadas na indep, conhecidas como g4(coronha retractil) e g5 (coronha fixa).

alguem faz alguma ideia? é que quase que são um mito, muita gente fala nelas, mas ninguem apresenta fotos, ou documentação.

o meu muito obrigado
« Última modificação: Junho 06, 2009, 09:01:41 pm por alphaiate »
 

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foxtrotvictor

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« Responder #1 em: Maio 21, 2009, 02:13:56 am »
Nos meus tempos de “Ranger” tínhamos a G3 de coronha retráctil. Nunca soube a designação que a HK dava a esse modelo, mas nós, por brincadeira, quando questionados pelos ilustres visitantes de Penude (Leia-se visitantes a frequentar o Curso Patrulhas Longo Raio de Acção, Curso de Operações Irregulares e mais alguns que a memória agora não me recorda) dizíamos que era a G4. Mas isso era nos tempos “obscuros” em que só as tropas especiais usavam uniforme camuflado (estou a falar dos anos 80) e tinham G3 de coronha retráctil. Desde os anos 80 que sempre estive ligado ao mundo das armas e continuo com a opinião que um dos pontos fracos da G3 é a sua coronha “normal” de fibra/ polímero. Durante o meu curso de OE vi quebrar essas coronhas, mais do que o devia ter visto na minha vida. Já com a coronha retráctil a tenho como uma arma de primeira. Parece um contra-senso, mas a coronha retráctil sim que dá aquela estabilidade no tiro que só as armas “custom” tem. Vi esse modelo de coronha retráctil fazer tais maravilhas em mãos de bons atiradores (no tempo em que em Lamego não havia curso de “escuteiros”) que só visto.
 

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alphaiate

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« Responder #2 em: Maio 21, 2009, 10:04:10 am »
as armas de que falo são as seguintes:



e



ambas as armas estão no museu do paraquedista, mas já li relatos da sua utilização por outras unidades no final da guerra do ultramar, e relatos de fabricação na indep em meados dos anos 80 com vista à substituição da g3.

aquilo que estamos a tentar fazer é documentar a existencia, fins, a razão da "morte" desta arma que recolhe tão boas criticas.

a todos os que já colaboraram e venham a colaborar agradeço a ajuda.
 

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RicP

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« Responder #3 em: Maio 21, 2009, 12:02:58 pm »
No CTOE hoje usa-se a Sig 5.56 calibre nato para instrução e serviço.
 

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lazaro

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« Responder #4 em: Maio 21, 2009, 04:23:15 pm »
Citação de: "alphaiate"
as armas de que falo são as seguintes:


ambas as armas estão no museu do paraquedista, mas já li relatos da sua utilização por outras unidades no final da guerra do ultramar, e relatos de fabricação na indep em meados dos anos 80 com vista à substituição da g3.

aquilo que estamos a tentar fazer é documentar a existencia, fins, a razão da "morte" desta arma que recolhe tão boas criticas.

a todos os que já colaboraram e venham a colaborar agradeço a ajuda.


Essa arma é a espingarda automática G3.

Se a memória não me falha esse era o modelo de G3 empregue pelos Páras até à introdução da Galil.

De facto quem começou por utilizar a G3 de coronha retráctil foram os Páras no tempo em que estavam na Força Aérea. A coronha da espingarda tinha que ser retráctil pelos motivos óbvios, assim como a parte final do cano.

Lembro que no monumento à entrada da ETP o Pára está a saltar com G3 de coronha retráctil.

Só no inicio da década de 90 é que algumas unidades começaram a utilizar a G3 de coronha retráctil, embora estas espingardas tivessem/tenham exteriormente alguns detalhes diferentes das antigas dos Páras que referi nas linhas acima, para além do aspecto exterior da caixa dos mecanismos.

Esta agora vale o que vale: parece-me que as "novas" G3 de coronha retráctil são G3 "tradicionais" de coronha de baquelite às quais substituíram por coronhas retrácteis

Quanto a G4 e G5, daquilo que eu sei, é... lenda.

Espero ter ajudado.
 

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Nuno Calhau

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« Responder #5 em: Maio 21, 2009, 07:15:28 pm »
Caro lazaro.

Não querendo ser insolente, mas as armas apresentadas no tópico, não são G-3 FMP!

Repare no pormenor de uma só cavilha na união coronha corpo!

O grupo de gatilho e guarda mão também tem diferenças substanciais, a começar pela cor e acabamento em relevo do metal estampado na zona do selector de tiro.

As características da coronha nada têm a ver com as coronhas de fabrico nacional, além do mais até o suporte da bandoleira é tipicamente HK (As primeiras G-3 recebidas em 1961, com coronha e guarda mão de madeira, tinham um dispositivo similar).

Penso estarmos perante armas de fabrico HK, mas será fácil constatar isso mesmo, bastando para efeito observar nas armas o seu fabricante e nº de fabrico.

No Livro; "Industria Militar Portuguesa" de autoria de José Moreira Tavares, nada consta sobre o fabrico desta arma na FMP ou INDEP.

A título pessoal, também sempre achei estranho nunca se ter enveredado pelo fabrico desta arma pala FMP, uma vez que já existia em Portugal o Know-how da G-3/HK-21... Havendo também o grande almejo do 5.56 como calibre padrão no Exercito.

Um Abraço.
 

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voador

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« Responder #6 em: Maio 21, 2009, 09:57:29 pm »
Efectivamente ainda na FAP a entao BETP tinha cerca de 50 HK 33 usadas pelo GOAT, que deu origem à actual CPrec.

Estas armas nunca foram mto usadas a não ser no curso para-comando que era minsitrado na altura.

Penso que foram adqiuridas pelos paras antes da galil para testes, aquando da decisão de acabar c as G3 (isto na decada de 80).

Em 2002 (isso tenho a certeza) a logistica da entao BAI decidiu mandar entregar estas armas e outras tais como RPG 7 (capturados nas ex-colonias) carabinas e algumas pistolas de marcas diferenciadas, no DGME, pois foi entendido ja não serem necessarias
 

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lazaro

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« Responder #7 em: Maio 23, 2009, 04:35:20 pm »
Não conheço a sigla FMP. Queres dizer FBP (Fábrica de Braço de Prata)?

Citação de: "Nuno Calhau"
Caro lazaro.

Não querendo ser insolente, mas as armas apresentadas no tópico, não são G-3 FMP! ..

OK foste insolente mas se repetires ... I Kill You!! :D

Citação de: "Nuno Calhau"
Repare no pormenor de uma só cavilha na união coronha corpo!

O grupo de gatilho e guarda mão também tem diferenças substanciais, a começar pela cor e acabamento em relevo do metal estampado na zona do selector de tiro.

As características da coronha nada têm a ver com as coronhas de fabrico nacional, além do mais até o suporte da bandoleira é tipicamente HK (As primeiras G-3 recebidas em 1961, com coronha e guarda mão de madeira, tinham um dispositivo similar).

Penso estarmos perante armas de fabrico HK, mas será fácil constatar isso mesmo, bastando para efeito observar nas armas o seu fabricante e nº de fabrico.

No Livro; "Industria Militar Portuguesa" de autoria de José Moreira Tavares, nada consta sobre o fabrico desta arma na FMP ou INDEP.


As tuas fontes são bastante superiores ás minhas pelo que no que respeita ao fabrico dessas armas cá na Tuga curvo-me perante o que está escrito.. No entanto, como referi no meu post, as diferenças parecem ser essencialmente exteriores. A espingarda parece-me a mesma, isto é: G3 do velho e bom calibre.

Confesso que nunca ouvi falar do fabrico e posterior testagem de "G3 5.56 mm " nas décadas da Guerra Colonial e pós-Guerra Colonial.

Nota que os Páras foram equipados com diversas espingardas para testes. Um exemplo: a Armalight. Julgo que esses modelos em exposição na ETP (salvo erro) poderão ter sido modelos em teste e naturalmente não foram fabricados em Portugal, isto mesmo sendo 5.56 mm ...

Alphaiate: Porque não tentas esclarecer com o responsável pelo museu na ETP? Em alternativa, se contactares directamente o Coronel Almendra (Cmdt ETP)não ficarás concerteza em branco. Ele é uma pessoa bastante acessivel, para além de ter uma excelente bagagem cultural e um respeitável histórico pessoal e familiar ...

Citação de: "Nuno Calhau"
A título pessoal, também sempre achei estranho nunca se ter enveredado pelo fabrico desta arma pala FMP, uma vez que já existia em Portugal o Know-how da G-3/HK-21... Havendo também o grande almejo do 5.56 como calibre padrão no Exercito.


A que data te referes quando há "o grande almejo do 5.56 como calibre padrão no Exercito"?
 

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Nuno Calhau

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« Responder #8 em: Maio 23, 2009, 09:28:57 pm »
"OK foste insolente mas se repetires... I Kill You!!"

If you can! :wink:

Quanto ao calibre, relembro-o que toda a década de 80 e há posteriori na década de 90 isso foi tentado, para não falar da seguinte década de 2000!

Apesar de se provar ser completamente inadequado, vigora, e vigurará para sempre o 7,62! :evil:  

Quanto há HK-33:
As semelhanças são evidentes, dai eu ter mencionado alguns aspectos que diferenciam a G-3 da HK-33.

Relembro-o também, que a Armalight era 7,62, é, e foi utilizada até há exaustão pelos páras.
Seguidamente substituída pela G-3 co coronha retráctil

Um Abraço.

PS

Não é FBP mas sim FMP (Fabrica Material Português), como escrevi. Não como outrora fora chamada, Fabrica Material braço de Prata, reveja as inscrições na G-3 e verá FMP.
 

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_Gabriel_®™

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« Responder #9 em: Maio 23, 2009, 10:42:40 pm »
Citação de: "lazaro"
Citação de: "alphaiate"
as armas de que falo são as seguintes:


ambas as armas estão no museu do paraquedista, mas já li relatos da sua utilização por outras unidades no final da guerra do ultramar, e relatos de fabricação na indep em meados dos anos 80 com vista à substituição da g3.

aquilo que estamos a tentar fazer é documentar a existencia, fins, a razão da "morte" desta arma que recolhe tão boas criticas.

a todos os que já colaboraram e venham a colaborar agradeço a ajuda.

Essa arma é a espingarda automática G3.

Se a memória não me falha esse era o modelo de G3 empregue pelos Páras até à introdução da Galil.

De facto quem começou por utilizar a G3 de coronha retráctil foram os Páras no tempo em que estavam na Força Aérea. A coronha da espingarda tinha que ser retráctil pelos motivos óbvios, assim como a parte final do cano.

Lembro que no monumento à entrada da ETP o Pára está a saltar com G3 de coronha retráctil.

Só no inicio da década de 90 é que algumas unidades começaram a utilizar a G3 de coronha retráctil, embora estas espingardas tivessem/tenham exteriormente alguns detalhes diferentes das antigas dos Páras que referi nas linhas acima, para além do aspecto exterior da caixa dos mecanismos.

Esta agora vale o que vale: parece-me que as "novas" G3 de coronha retráctil são G3 "tradicionais" de coronha de baquelite às quais substituíram por coronhas retrácteis

Quanto a G4 e G5, daquilo que eu sei, é... lenda.

Espero ter ajudado.
:lol:  :lol:

Como é evidente não estamos perante a nossa mais que conhecida G3, as fotos que o caro alphaiate nos mostra é da HK33, é bastante semelhante á G3 pois a mesma serviu de base mas com a HK33 estamos perante 1 novo calibre, o 5,56. Esta arma serviu essencialmente para equipar as forças policiais na Alemanha pois devido á redução do calibre não foi muito bem recebida nas forças armadas da Alemanha o que levou também á sua exportação. No caso de Portugal não existe muitos relatos desta arma....

Como esta arma equipou os nossos Páras é possivel a Indep a ter fabricado, até porque explicaria o design do "guarda-mão"....
"A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante."

Sun tzu em A Arte da Guerra.
 

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Lancero

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« Responder #10 em: Maio 25, 2009, 11:15:43 am »
Relato de quem andou com elas na mão,

Citar
Em finais de 1971, apareceram 2 "miniaturas" de G-3 à experiência. Foram distribuídas uma de cada, por pelotão.
Uma a que chamavamos G-4 tinha coronha rebatível e cano reforçado, em tudo idêntica às usadas pelos páras, na Guiné e em Moçambique. Outra de coronha em baquelite e cano normal a que chamavamos G-5 e identicas ás usadas pelo exército. Ambas eram de calibre 5,56mm.

A "G-4" era muito mais pesada do que a "G-5". Foram-nas atribuídas a mim e ao meu colega Benjamim. Como fui o primeiro a escolher optei pela última. Podia ser burro, mas não burro de carga. Deveriam corresponder às HK-33 (mod.qualquer coisa).

Mas para nós, que não ligavamos a nomes (era mais uma "canhota") isso nada nos dizia, tanto mais que havia a mitica metrelhadora HK, usada com grande mestria pelos nossos militares.
e "HK, só há uma, a 21 e mais nenhuma"

Não é que eu gostasse dela (HK21), ou melhor, gostava dela desde que fosse uma das outras secções a levá-la.
Era um empecilho, pesadona, tinha que distribuir as fitas de reserva pelo resto da minha secção. Normalmente era usada por um dos melhores militares da secção, e ele perdia a rapidez e a reacção rápida ao usá-la, assim como desgastava muito mais os (meus) restantes elementos.

Ela era fundamental para o grupo de combate mas um martírio para a secção que a levava.
O seu "cantar" era psicologicamente grato de ouvir.

Na realidade, eu preferia as mini-rajadas de 2 ou 3 tiros, em tiro instintivo. Uma mini - um melro.
Tinha um colega (Afonso Morgado - que deve ter conhecido na BETP - saiu como Mor) que era uma máquina neste tipo de tiro. Ele era o melhor, que conheci, a fazê-lo, mas eu estava convencido que, eu também não era mau.

J. Martins


http://www.forum-paraquedistas.com/inde ... opic=889.0
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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alphaiate

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« Responder #11 em: Maio 25, 2009, 12:25:11 pm »
já conhecia esse relato, trata-se de uma operação em plena guerra colonial!
vi as fotos, e em pesquisa acabei por achar a discrição do senhor J Martins!

foi isso que me deixou tão curioso, ate porque ja tinha ouvido falar nas g4 e g5, mas assumia tratarem-se de mitos... ate esse dia!
 

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lazaro

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« Responder #12 em: Maio 28, 2009, 10:28:01 pm »
Confesso-me totalmente desconhecedor destas ocorrências. Estamos sempre a aprender.
 

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Nuno Calhau

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« Responder #13 em: Maio 29, 2009, 07:40:43 pm »
Caro _Gabriel_®™.

O guarda mão é standart em todos os fabricantes da G-3, o que costuma variar é a cor (as nossas armas tinham acabamento em verde) e o acabamento.

E quando vez um grupo do gatilho diferente, é porque muita rapaziada utiliza o grupo de gatilho da G-36, que é compativel

"Uma imagem vale por mil palavras", certo?



Um Abraço.
 

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_Gabriel_®™

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« Responder #14 em: Maio 30, 2009, 02:29:42 pm »
Nuno Calhau, o grupo do gatilho não é o mesmo da G-36 e quanto ao guarda mão se observares com atenção verás que é diferente, ñ apenas a cor mas o seu design...



Cumprimentos!!
"A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante."

Sun tzu em A Arte da Guerra.