Governo do Brasil procura famílias dos assaltantes
Autoridades brasileiras foram informadas sobre a identidade dos sequestradores do BES pelo próprio director nacional da PSP. A procuradora do Ministério Público, Cândida Vilar, propôs ao juiz do Tribunal de Instrução Criminal a prisão preventiva para Wellington por tentativa de roubo e sequestro.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil recebeu ontem a identificação dos dois sequestradores do BES de Campolide e já está à procura de familiares, no estado de Minas Gerais, para os informar da morte de Nelson Souza, de 32 anos, e do estado de saúde e da prisão preventiva decretada por um juiz de Instrução Criminal a Wellington Nazaré, de 23.
Segundo apurou o DN, a identificação dos dois homens foi passada ao embaixador do Brasil em Lisboa, na sexta-feira à tarde, pelo próprio director nacional da PSP, Oliveira Pereira, embora as autoridades brasileiras já estivessem na posse dos elementos.
Fontes ligadas ao caso confirmaram que a embaixada terá sido informada na sexta-feira de manhã sobre a identidade de Nelson Souza, o sequestrador abatido à porta do BES, pelo Instituto de Medicina Legal de Lisboa, já que a vítima entrou ali para ser autopsiada ainda com o passaporte no bolso das calças. A identidade de Wellington Nazaré terá sido passada às autoridades assim que deu entrada no Hospital de São José. Ontem, o DN contactou as polícias federais de Coronel Fabriciano e de Montes Claros, de onde eram naturais Nelson e Wellington, que desconheciam a situação. O mesmo aconteceu com a Polícia Federal Central, em Brasília, onde ainda não tinha chegado informação ou pedido de dados sobre o caso, disse ao DN um dos elementos de serviço.
Corpo não foi reclamado
O corpo de Nelson Souza continuava ontem no IML de Lisboa para ser reclamado pela embaixada ou por familiares. No entanto, e segundo afirmaram ao DN, esta situação poderá levar algum tempo. Isto porque Nelson não terá familiares em Portugal e o Governo procura agora familiares no Brasil para os informar da sua morte.
Quanto a Wellington, os pais, reformados e a viver em Minas Gerais com três filhas mais velhas, já poderão ter sido informados sobre a situação. O DN soube que o primo com quem o rapaz vivia em Lisboa, Rodrigo, terá avisado o seu pai, tio de Wellington, sobre o sequestro, embora não tivesse tido coragem de falar com a mãe do primo. Wellington mantém-se no hospital, guardado por dois PSP e já em situação de prisão preventiva. A medida de coacção foi ontem decretada por um juiz do TIC, pelas 12.00, por proposta da procuradora do Ministério Público.
O processo foi entregue à procuradora Cândida Vilar, que esteve na quinta-feira no local quase desde o início, a acompanhar a negociação com os sequestradores e as diligências que estavam a ser tomadas. Cândida Vilar pretendia mesmo ser ela a ouvir os suspeitos no Departamento de Investigação e Acção Penal, na Casal Ribeiro, caso o desfecho tivesse sido outro.
A proposta de prisão preventiva provisória foi entregue pela magistrada ao juiz, ontem ao final da manhã, antes das 48 horas após a detenção. A procuradora considerou que Wellington foi detido em flagrante delito, devendo por isso responder por dois crimes, tentativa de roubo e de sequestro, apesar de não ter sido sujeito a primeiro interrogatório por não se encontrar em condições de saúde. Aliás, de acordo com fontes policiais, Wellington só deverá ser ouvido daqui a oito ou dez dias.
DN