Os meus comentários são genéricos e relativos mais à Europa no seu conjunto que a Portugal.
Como é evidente as empresas não vão desaparecer todas, mas a realidade é a que é.
Devem resistir os pequenos negócios, para satisfação das necessidades imediatas das pessoas, e esse tipo de serviços deve continuar a empregar uma percentagem da população.
Está a acontecer um pouco disso...mas não me diga que assim de repente estamos a ficar todos desempregados..
Fica o sector dos serviços, evidentemente. O que eu afirmo, é que no sector primário e secundário, não vale pura e simplesmente a pena investir.
Fabricar apenas para o mercado português é suicídio, e as empresas pequenas terão a vida muito dificil para vencer a concorrência de empress que não só vendem mais barato, como estão a produzir produtos cada vez melhores.
Há um tremendo erro na análise que se faz da China e da Ásia em geral, afirmando que manteremos a nossa (europeia) superioridade por causa da superioridade tecnológica.
Mas a maior parte das invenções até ao renascimento são invenções chinesas. Os chineses fazem mais barato, em maior quantidade e com uma qualidade para ninguém botar defeito.
Já hoje, mesmo em tecnologias de incorporação média de tecnologia, empresas chinesas fazem produtos que têm qualidade superior aos nossos .
Um dos mais catastróficos erros que se cometeu em Portugal no campo do Turismo, foi achar que o nosso turismo devia ser vendido por causa do sol e das praias.
Há (e sempre houve) um filão a explorar relativamente ao turismo cultural e ao turismo histórico.
O nosso turismo que vale dinheiro, ainda está por explorar. E garanto que não está nas praias do Algarve.
Há produtos que nós faremos melhor que os Chineses e que podemos vender como nossos. Há produtos em que o facto de ser "Made In Portugal" acrescenta qualidade ao produto.
Esses casos são por exemplo os vinhos, de mesa, os vinhos verdes, os vinhos generosos, varios tipos de conservas, o calçado de topo de gama, que tem para muita gente na Europa e nos Estados Unidos uma imagem de marca muito boa.
Já hà 20 anos atrás eu via comentários em revistas americanas sobre a qualidade dos sapatos portugueses (só para dar um exemplo)
À boa maneira portuguesa ficamos ao sol sem fazer nada enquanto dá para vender.
Nós não podemos concorrer com a China a fazer computadores, mas a China não pode fazer azeite português.
O caminho é tentar aumentar o valor dos produtos que somos capazes de produzir, aumentando também a qualidade.
O exemplo das texteis, como disse noutra discussão é que a produção deve ser sem duvida deslocalizada, mas o design, gestão e outras áreas podem e devem ficar em Portugal.
Nós devemos ter capacidade para continuar a fabricar produtos texteis, desde que o preço porque eles sejam vendidos seja alto.
Não adianta de nada pensar que o nosso "design" vai ser melhor que o dos Chineses. A China, ainda é comunista, mas já começa a ter designers e a desenhar produtos que fariam o Mao Tsé Tung morrer umas três vezes por dia.
Ainda estão incipientes nisso, mas é uma questão de tempo. E eles são mais de mil milhões.
Eu não disse que as coisas estão negras e que vamos todos para o desemprego, o que disse é que vai piorar antes de melhorar.
É inevitável.
Cumprimentos