EM NOME DA PÁTRIA

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Miguel Silva Machado

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EM NOME DA PÁTRIA
« em: Novembro 25, 2009, 11:37:11 pm »
Trata-se de uma obra que merece ser lida por todos os que se interessam pela história das últimas campanhas que as Forças Armadas Portuguesas travaram na Índia e em África. Mas não só! Para chegar ao século XX e ao objecto principal da tese que defende, João Brandão Ferreira faz um percurso, claramente fundamentado, que se inicia com o começo da expansão ultramarina portuguesa.
...
Adriano Moreira que apresentou a obra perante centenas de pessoas que se deslocaram à Academia Militar, em Lisboa, no dia 28 de Outubro de 2009, escreveu no Prefácio:
“A critica severa à contabilidade do passivo que a sua geração (a do autor) herdou, tem o mérito inegável de exigir o reconhecimento dos erros de percepção e de decisão passados, certamente por adesão ao principio  de que apenas a verdade é conciliadora”.


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Miguel Silva Machado
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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #1 em: Fevereiro 22, 2010, 09:00:42 pm »
Estranho é o silêncio à volta desta obra.
Estranho... :roll:
Estranho mesmo é estranhar.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #2 em: Fevereiro 22, 2010, 11:24:11 pm »
Não é estranho porque o autor não pertence á linha oficial da história do actual regime.
Tem uma versão muito diferente e que para ‘muitos’ é justificativa do antigo regime.
Eis aqui
quase cume da cabeça da Europa toda
O Reino Lusitano
onde a Terra se acaba
e o Mar começa.

Versos de Camões
 

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papatango

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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #3 em: Fevereiro 23, 2010, 06:25:02 pm »
E também não ajuda nada, quando afirma que Portugal nos anos 60 era um país relativamente próspero, quando a maior parte do país não tinha esgotos nem luz electrica, quando parte da população portuguesa não sabia o que era uma sanita, uma autoestrada e quando parte da população nunca tinha visto o mar.
Não ajuda nada, quando o autor afirma que «felizmente estava em formação nos Estados Unidos» quando ocorreu o golpe de 25 de Abril, e chora por um império perdido, pela defesa do qual não despendeu uma gota de suor, e muito menos de sangue.
Não ajuda nada o autor dizer que Portugal estava nos anos 70 do século XX a lutar sozinho pela primeira vez desde a conquista de Ceuta, quando ele mesmo, com um curso pago pelos americanos estava na América convenientemente «longe» da chatice que é ter que tomar decisão quando se está metido no meio do barulho e é a prova de que não só Portugal não estava sozinho, como tinha imenso apoio internacional ainda que mais ou menos encoberto.

Há naturalmente muitas verdades, mas ganharíamos todos se o autor não tivesse tanta tendência para o romantismo, nomeadamente na visão romanceada que tem da História de Portugal.
Ainda está para aparecer quem consiga conciliar o regime saído de 28 de Maio de 1926 com a História. E não é com «romances» que se vai lá.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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papatango

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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #4 em: Fevereiro 25, 2010, 02:43:52 pm »
Faltou-me acrescentar relativamente ao meu anterior comentário, que para lá da visão (do meu ponto de vista) demasiado romântica da História, há uma quantidade interessante de explicações ou interpretações que não deixam de fazer sentido.

Relativamente aos territórios ultramarinos a mais interessante (do meu ponto de vista) é a análise sobre a situação de Goa. Ainda ontem num programa sobre Henry Kissinger, o próprio secretário de estado norte-americano afirmou que viu a invasão de Timor pelos indonésios, como uma espécie de reedição da invasão de Goa.

Quanto à situação interna, é especialmente interessante o facto de o autor considerar que o principal responsável pelo 25 de Abril e pela situação a que se chegou, ser Marcelo Caetano.

Segundo o autor, no próprio dia 25 de Abril, Caetano não terá seguido os planos previstos para situações do género, tendo-se «encurralado» no quartel da GNR no Largo do Carmo, de onde literalmente não havia saída.
A revolução terá sido descrita semanas antes por pessoas ligadas à PIDE, que afirmaram que a revolução ia acontecer, explicando como ocorreria, quais seriam as consequências, acrescentando que Caetano nada fazia para deter a evolução das coisas.

Acredito poder afirmar que Brandão Ferreira, parece implicar que que o regime cometeu suicidio nos dias ou semanas que antecederam 25 de Abril de 1974.

Isto de qualquer forma explicaria como foi possível derrubar um sistema implantado desde 1926, com um pequeno grupo de pessoas de unidades de instrução mal armadas e comandadas por um Major de Artilharia, que acreditava poder afundar uma fragata com tiros de peças de artilharia da II Guerra Mundial.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Duarte

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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #5 em: Fevereiro 25, 2010, 05:43:31 pm »
Citação de: "papatango"
E também não ajuda nada, quando afirma que Portugal nos anos 60 era um país relativamente próspero, quando a maior parte do país não tinha esgotos nem luz electrica, quando parte da população portuguesa não sabia o que era uma sanita, uma autoestrada e quando parte da população nunca tinha visto o mar.
Não ajuda nada, quando o autor afirma que «felizmente estava em formação nos Estados Unidos» quando ocorreu o golpe de 25 de Abril, e chora por um império perdido, pela defesa do qual não despendeu uma gota de suor, e muito menos de sangue.
Não ajuda nada o autor dizer que Portugal estava nos anos 70 do século XX a lutar sozinho pela primeira vez desde a conquista de Ceuta, quando ele mesmo, com um curso pago pelos americanos estava na América convenientemente «longe» da chatice que é ter que tomar decisão quando se está metido no meio do barulho e é a prova de que não só Portugal não estava sozinho, como tinha imenso apoio internacional ainda que mais ou menos encoberto.

Há naturalmente muitas verdades, mas ganharíamos todos se o autor não tivesse tanta tendência para o romantismo, nomeadamente na visão romanceada que tem da História de Portugal.
Ainda está para aparecer quem consiga conciliar o regime saído de 28 de Maio de 1926 com a História. E não é com «romances» que se vai lá.

Cumprimentos

Caro PT
Se o Sr. TCor. Brandão Ferreira tinha  21 anos em 1974, acabara de sair da academia da FA, acho um pouco injusto criticá-lo por estar em formação nos EU. Era piloto recém-formado. Onde queria que estivesse? No mato com G3 a tiracolo?

Quanto a Portugal nos anos 60 ser um país relativamente próspero ou não..
Citar
quando a maior parte do país não tinha esgotos nem luz electrica, quando parte da população portuguesa não sabia o que era uma sanita, uma autoestrada e quando parte da população nunca tinha visto o mar.
Posso-lhe afirmar que vivendo num meio rural, nos Açores nos anos 60, o meu pai que era electricista, construiu uma casa, com casa de banho e sanita, com electricidade de rede, a minha mãe não trabalhava, tinhamos cuidados de saúde num hospital moderno recém-construído, automóvel, acesso a educação, etc. E fartava-me de ver o mar, era só ir à janela.  :mrgreen:

Um pouco de romantismo não faz mal nemhum  :mrgreen: , especialmente se o compararmos com aquele romantismo exagerado e badalhoco que normalmente é associado ao 25 de Abril.
« Última modificação: Fevereiro 25, 2010, 07:17:03 pm por Duarte »
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papatango

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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #6 em: Fevereiro 25, 2010, 06:56:13 pm »
Citar
Se o Sr. TCor. Brandão Ferreira tinha 21 anos em 1974, acabara de sair da academia da FA, acho um pouco injusto criticá-lo por estar em formação nos EU. Era piloto recém-formado. Onde queria que estivesse? No mato com G3 a tiracolo?
Eu estou apenas a constatar um facto. E com 21 anos de idade, ou até menos, quantos portugueses morreram em África nessa altura ?

Citar
Posso-lhe afirmar que vivendo num meio rural, nos Açores nos anos 60, o meu pai que era electricista,
As nossas vivências são isso mesmo.
Eu não sou de um meio rural, mas sim de um meio urbano e nos anos 70, lembro-me de ouvir a minha mãe ter vindo de um pateo onde tinha ido visitar pessoas, e de ficar espantada quando percebeu que um lugar que pensava que era um galinheiro, era afinal uma casa onde viviam cinco pessoas.
E isto em plena Setubal dos anos 70.

E isto já para não falar do nível de vida das pessoas que dependiam do mar, e que conseguiam trabalho nas fábricas de conserva.
Quando chegava peixe a fábrica apitava e as pessoas iam para a fila para conseguir trabalho para o dia.
Muitas vezes  escondiam que estavam doentes, pois se o capataz desconfiasse, não deixava ninguém trabalhar porque prejudicava a produtividade. É claro que não trabalhando, não se ganhava nada...


Nos dias de hoje, em que toda a gente é fina, ou parece querer ser fina e «cool» e «modernaça» há um certo pudor em falar do passado, nomeadamente do passado de que muitos dos nossos familiares, pais e avós falavam.
Mas normalmente, quando se fala com franqueza, a maioria das pessoas coincide sempre na afirmação de que as condições eram más.
E eram más depois da guerra, como eram más antes da guerra. Quando passamos da camada de verniz a que muitos hoje se habituaram, encontramos em quase todas as famílias, relatos sobre situações de privação dos mais variados tipos.
Às vezes acho graça àquela séria da RTP «Conta-me como foi» em que se relata uma familia média portuguesa nos anos 60.
Aquela família não representa a realidade do cidadao médio. Aquele realidade era quase miragem para a grande maioria da população portuguesa.

Tentar escrever a história do século XX português passando por cima do facto de sermos o mais pobre país da Europa Ocidental (afirmação que curiosamente consta do livro de Brandão Ferreira) não me parece muito honesto.
E é pena, porque não mantendo uma atitude crítica relativamente ao regime, não podemos de facto apontar as coisas que, originando do regime, não foram na realidade tão más quanto as pintaram depois de 25 de Abril de 1974.

Cumprimentos
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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #7 em: Fevereiro 25, 2010, 07:43:59 pm »
Citação de: "papatango"
Citar
Se o Sr. TCor. Brandão Ferreira tinha 21 anos em 1974, acabara de sair da academia da FA, acho um pouco injusto criticá-lo por estar em formação nos EU. Era piloto recém-formado. Onde queria que estivesse? No mato com G3 a tiracolo?
Eu estou apenas a constatar um facto. E com 21 anos de idade, ou até menos, quantos portugueses morreram em África nessa altura ?

E se o 25A não tivesse acontecido, não acha que como piloto, não teria servido numa base no ultramar, e arriscado a vida como outro militar qualquer? O risco de abate por AAA ou mesmo missíl Strela, ou mesmo por acidente, seria bastante alto.
O risco provavlemente seria maior do que um soldado de infantaria. Foram as circunstâncias históricas do seu tempo que lhe impuseram esta situação, não por sua vontade.

Citar
As nossas vivências são isso mesmo.
Eu não sou de um meio rural, mas sim de um meio urbano e nos anos 70, lembro-me de ouvir a minha mãe ter vindo de um pateo onde tinha ido visitar pessoas, e de ficar espantada quando percebeu que um lugar que pensava que era um galinheiro, era afinal uma casa onde viviam cinco pessoas.
E isto em plena Setubal dos anos 70.

Situações destas ainda existem.

Citar
E isto já para não falar do nível de vida das pessoas que dependiam do mar, e que conseguiam trabalho nas fábricas de conserva.
Quando chegava peixe a fábrica apitava e as pessoas iam para a fila para conseguir trabalho para o dia.
Muitas vezes  escondiam que estavam doentes, pois se o capataz desconfiasse, não deixava ninguém trabalhar porque prejudicava a produtividade. É claro que não trabalhando, não se ganhava nada...

O trabalho precário continua a existir. Continua a ser culpa do antigo regime? Julgo que não..


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Nos dias de hoje, em que toda a gente é fina, ou parece querer ser fina e «cool» e «modernaça» há um certo pudor em falar do passado, nomeadamente do passado de que muitos dos nossos familiares, pais e avós falavam.
Mas normalmente, quando se fala com franqueza, a maioria das pessoas coincide sempre na afirmação de que as condições eram más.
E eram más depois da guerra, como eram más antes da guerra. Quando passamos da camada de verniz a que muitos hoje se habituaram, encontramos em quase todas as famílias, relatos sobre situações de privação dos mais variados tipos.
Às vezes acho graça àquela séria da RTP «Conta-me como foi» em que se relata uma familia média portuguesa nos anos 60.
Aquela família não representa a realidade do cidadao médio. Aquele realidade era quase miragem para a grande maioria da população portuguesa.

A vida é aquilo que cada um faz dela. Conheço um caso duma família que vivia numa casa sem casa de banho até ao início dos anos 90. Não tanto por necessidade, mas por falta de vontade. Nem sempre o regime é por culpar. Após o sismo de 1980 nos Açores, o que menos faltavam eram apoios do governo para a reconstrução. Há pessoas que, mesmo com alguém fazendo a papinha toda para elas, ainda se queixam..  :roll:

Citar
Tentar escrever a história do século XX português passando por cima do facto de sermos o mais pobre país da Europa Ocidental (afirmação que curiosamente consta do livro de Brandão Ferreira) não me parece muito honesto.
E é pena, porque não mantendo uma atitude crítica relativamente ao regime, não podemos de facto apontar as coisas que, originando do regime, não foram na realidade tão más quanto as pintaram depois de 25 de Abril de 1974.

Totalmente de acordo.

Cumprimentos
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papatango

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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #8 em: Fevereiro 26, 2010, 12:03:39 am »
Citar
Situações destas ainda existem.
O trabalho precário continua a existir. Continua a ser culpa do antigo regime? Julgo que não..

Com efeito, os casos continuam a existir, mas diz-nos o bom senso e a observação que uma coisa é a regra e outra é a excepção.
A pobreza e as situações que hoje vemos como revoltantes são hoje em muitos casos excepções ainda que detestáveis.
Eu falo sobre o que acontecia num tempo em que aquelas situações eram a regra.

Eu posso apontar ainda hoje um ponto em Setubal onde se podem encontrar barracas, mas posso indicar onde ficavam bairros inteiros de barracas, ruas inteiras (chamadas de azinhagas) onde habitavam os trabalhadores migrantes, vindos na sua maioria do Alentejo, e para os quais, viver em condições degradantes conseguia ser menos mau, que depender dos contratos ao dia conseguidos nas «praças de jorna» no Alentejo.

Eu afirmo que o autor do livro tem uma visão muito romântica da História de Portugal, e que quem tem o que aparenta ser uma visão arrebatada dessa mesma História, não fica muito bem em aconchegantes cursos nos Estados Unidos, quando gente da idade dele morria e ficava estropiada na Guiné, essa sim, literalmente a lutar em Nome da Pátria.

Dito isto, e fora a visão romântica que o autor aparenta ter, eu até concordo com parte do que ele escreveu e acho interessante que o tenha feito.
Realço a questão da India, e curiosamente uma outra questão que é a da razão principal do desconjuntar do regime em 1974.

Como aqueles que leram o livro se devem lembrar, Brandão Ferreira, implica Marcelo Caetano como um dos responsáveis ainda que indirectos do 25 de Abril de 1974.
Como já tive ocasião de aqui referir várias vezes, acredito que o golpe (a parte do golpe e não a revolução que começou no mesmo dia) foi mal planeado e poderia ter sido debelado com alguma facilidade, caso não tivéssemos que considerar vários factores.
Os meios empregues foram demasiado poucos e a forma como as coisas correram é para mim estranha.

Há também o factor PIDE e a afirmação segundo a qual a PIDE sabia do golpe mas estava de mãos atadas.
Pessoalmente acho que a argumentação do autor esbarra com alguns factos, como o da existência de grupos organizados de «contras» que poderiam dar um golpe contra o próprio Marcelo Caetano.
A PIDE não os conhecia ?
Se pensavam dar um golpe e tinham força para o fazer, porque não organizaram um contra-golpe em tempo útil ?

Falta de tempo?
Eu acho que foram duas coisas: Falta de tempo e falta de força.

E isto, claro, são apenas algumas considerações sobre as questões e temas que considero mais importantes. Também há outras notas importantes e curiosas sobre as relações entre os serviços de informações do exército e a PIDE, que parece ter sido completamente ineficaz se é que existiu.

Detalhes ...
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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #9 em: Fevereiro 27, 2010, 04:34:04 pm »
Caro PT
Como ainda não tive oportunidade de ler o livro em questão ( a lista dos "para ler" já vai longa), não posso pronunciar-me sobre o conteúdo.
Mas concordo na quase totalidade consigo no resto, apenas na crítica de o Sr. TCor Brandão Ferreira ter-se de alguma forma esquivado ao dever, por estar "num curso aconchegante nos EUA". Acho injusto.. Obviamente que tal facto deveu-se a circunstâncias profissionais da sua condição de piloto da FAP. Se o Sr. TCor Brandão Ferreira tivesse nascido 2 ou 3 anos antes, certamente teria tido oportunidade de correr riscos quanto basta a voar numa zona de guerra. Ou sabe algo que desconhecemos para poder fazer esta observação?
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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #10 em: Fevereiro 27, 2010, 04:59:34 pm »
Quanto às aparentes graves falhas da PIDE ou na utlização das informações sobre o golpe iminente, a rápida queda do regime, a inactivade e submissão imediata de Caetano e partida deste para o exílio, não é de estranhar muito.  :roll:  Por trás do golpe militar (não será também romantismo excessivo chamá-lo de revolução?) estavam outras forças para além dos "capitães libertadores". Estes nada mais foram que peões no jogo da guerra fria. É só usar a imaginação para deduzir quem queria acabar com a teimosa resistência de Portugal aos chamados "ventos da mudança". Quem tinha a ganhar com um rápida retirada de Portugal do ultramar? Quem cobiçava os recursos do ultramar? Quem tinha larga experiência em derrubar regimes por maquinações escuras e golpes militares?

Caetano rendeu-se àquilo que Salazar recusara-se. Vendeu a pátria.
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Miguel

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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #11 em: Fevereiro 28, 2010, 04:54:54 pm »
Um dos erros do estado novo, foi de nao acabar fisicamente com os Cunhal, Soares e companhia limitada.

Humberto Delgado, julgo que foi eliminado pela "segunda bis do Franco" com a colaboraçao da esquerda portuguesa.Dado que ele era defensor de Olivença e a favor de uma democracia de direita em Portugal.
 

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papatango

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Re: EM NOME DA PÁTRIA
« Responder #12 em: Março 18, 2010, 12:16:13 am »
Citação de: "Duarte"
a inactivade e submissão imediata de Caetano e partida deste para o exílio, não é de estranhar muito. :roll: Por trás do golpe militar (não será também romantismo excessivo chamá-lo de revolução?
Tinha-me esquecido deste tópico.

Pessoalmente estou plenamente de acordo com a descrição do autor do livro sobre o 25 de Abril de 1974 a qual já tinha aqui defendido.

Em 25 de Abril de 1974 ocorreu um golpe de estado, que posteriormente se transformou numa revolução. Que foi uma revolução não poderia haver dúvida. A  própria frase de Marcelo Caetano na tarde de 25 de Abril de 1974 é demonstrativa disso. Marcelo afirmou que entregava o poder a Spínola «para que o poder não caia na rua».

O poder já estava na rua, e a prova disso é que Spinola ficou formalmente com o poder, mas tecnicamente não governava de facto.
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