Pois, isto é uma barrada enorme mas não creio que a culpa seja dos "amotinados". O Comandante da embarcação é que tem a palavra final, mas se ele deixou a situação chegar muito além do tolerável, não se pode depois pedir suicídios em tempo de paz. Nem é (só) dos políticos, porque a Marinha apesar de tudo tem um orçamento e tem de saber fazer a sua gestão. Podem-se culpar os políticos sobre decisões (ou falta delas) em termos de aquisições, prioridades, etc. mas não são eles que têm de fazer a manutenção dos motores.
O orçamento para a manutenção tem sido, todos os anos, de apenas 60% do que seria necessário,
para os meios existentes.
Queres as coisas em condições, tens de orçamentar com o valor devido a sua manutenção e operação. Orçamentas menos do que é necessário, se for uma vez sem exemplo, passa, se for durante 10 anos, o problema agrava-se.
Dito isto, a única forma da Marinha desenrascar-se com o dinheiro que "recebe", era cortar nos salários, ou cortar nas aquisições, para canalizar esse dinheiro para a manutenção. Cortar nos salários, ia toda a gente embora (todos os afectados pelo menos), não dá para cortar/reduzir nas aquisições, porque não se adquire nada.
É preciso mais honestidade e humildade, na hora de sentenciar estas situações. Não se pode estar à espera de milagres, para que se faça com 500 euros, aquilo que custa 1000.
Ridículo no meio disto tudo, é que a manutenção destes navios é feita em Portugal, portanto o dinheiro investido neste processo, tem retorno. Só não se faz, porque temos um governo que é um bando de abéculas, e gente na Marinha que nem querem saber do estado da frota.
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A conversa da redundância é do mais ridículo que há. É suposto haver redundância, face ao meio estar 100% operacional, não é redundância para conseguir operar o meio com metade dos sistemas avariados como se nada fosse. Imaginem voar os C-130, com 2 motores avariados, ou até mesmo removidos. Só não se faz isso, porque as consequências de algo correr mal, seriam ainda piores (queda da aeronave e mortes). É preciso começar a levar estas coisas a sério. Temos deixar de ser um país cujos carros do Estado são topo de gama e actualizados/substituídos com elevada frequência, e depois onde realmente importa, as coisas são mantidas até apodrecerem.
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Quanto a ser ou não grave a situação de insubordinação dos marinheiros em questão, acho que se deve é apurar responsabilidades a quem foi informado pelos marinheiros, e nada fez para que se tentasse emendar a situação. Ou estamos a falar de toda a cadeia de comando saber da situação, e ninguém ter feito nada, ou esta informação ser silenciada até certo ponto da cadeia de comando, para não incomodar os cargos mais acima. Podemos estar a falar de responsabilizar desde o comandante da embarcação, até mesmo ao CEMA.
A MDN também não estará isenta de culpas, mas também até já mete pena, porque não é só ela, pois acabou por receber uma batata quente nas mãos de ministros anteriores, que só fizeram foi m****.
Uma coisa é certa, tem de acabar esta mentalidade azeiteira de "cumprimos como possível". Já chega de saber que está tudo a dar as últimas, e vir à comunicação social falar como se tudo estivesse cinco estrelas.