Invasão da Ucrânia

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NVF

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6510 em: Maio 07, 2024, 01:39:46 am »
Deixo aqui uma questão existencial: os meios anti-drone passivos são designados de potenciais em oposição aos meios cinéticos?  :mrgreen:
Talent de ne rien faire
 

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P44

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Duarte

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6512 em: Maio 07, 2024, 03:57:28 pm »
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dc

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6514 em: Maio 07, 2024, 04:49:57 pm »
Com base no vídeo, parece que só consegue disparar os mísseis para a frente. Ou arranjam um sistema capaz de dar cobertura de 360º, ou alteram a doutrina e em vez de enviarem um USV solitário, enviam aos pares.
 

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Viajante

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6515 em: Maio 07, 2024, 11:34:12 pm »
Democratas admitem enviar soldados americanos para a Ucrãnia, caso esta não consiga segurar os avanços russos!!!!!!! (mea culpa pelo atraso na ajuda a conceder?)

https://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/democrata-admite-possibilidade-de-tropas-dos-eua-combaterem-na-ucr%C3%A2nia/vi-BB1lTXXn?ocid=socialshare&pc=U531&cvid=e30467a8ff064263b58c2938f5e9628b&ei=31

Enquanto uma possível IIIª GM se aproxima, continuamos impávidos e serenos!!!!!
« Última modificação: Maio 07, 2024, 11:37:00 pm por Viajante »
 

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P44

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6516 em: Maio 08, 2024, 03:17:21 pm »
"Malandros dos russos "

Depois de mais de seis meses sem importar gás russo, Portugal voltou a receber, no último sábado, uma descarga de gás natural oriunda da Rússia, noticiou o Expresso, que consultou os dados da REN – Redes Energéticas Nacionais e da Administração do Porto de Sines (APS).

https://observador.pt/2024/05/07/portugal-voltou-a-importar-gas-russo-seis-meses-apos-a-ultima-descarga/
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ricardonunes

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6517 em: Maio 08, 2024, 05:45:29 pm »
"Malandros dos russos "

Depois de mais de seis meses sem importar gás russo, Portugal voltou a receber, no último sábado, uma descarga de gás natural oriunda da Rússia, noticiou o Expresso, que consultou os dados da REN – Redes Energéticas Nacionais e da Administração do Porto de Sines (APS).

https://observador.pt/2024/05/07/portugal-voltou-a-importar-gas-russo-seis-meses-apos-a-ultima-descarga/

A hipocrisia não tem limites....
Potius mori quam foedari
 

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Duarte

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« Última modificação: Maio 08, 2024, 09:43:22 pm por Duarte »
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FoxTroop

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6519 em: Maio 09, 2024, 08:51:14 am »
https://rusi.org/explore-our-research/publications/commentary/attritional-art-war-lessons-russian-war-ukraine

De vez em quanto, mas mesmo de muito vez em quanto, lá aparece um texto digno de se dar nota.
Pena que aqui, neste chamado "forum de defesa", aquando pedido aos "xpichialistas" para discutir coisas, se veja que a profundidade de pensamento seja a de uma poça de água.
Quando os russos retiram de Kiev devido às negociações, ou quando abandonarama zona de Karkov a malta continou a não compreender o real significado e a ver as coisas como se isto fosse o tradicional gang bang em Iraques ou Libias.

Só um aparte. Estou também a gostar muito de ler a cegueira do que estão a discutir sobre o aumento da influência russa em África. Perfeito exemplo da total confusão e desconhecimento e da forma como esses países nos passaram a ver.
Portugal, por motivos da nossa postura e legado, ainda tem uma janela de oportunidade. Mas está cada vez maus fechada. Numa altura em que o futuro de Portugal como nação está a jogar-se em África e Brasil, vamos embarcados num Alcacer Quibir no leste da Europa.
 

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os_pero

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6520 em: Maio 09, 2024, 10:08:55 am »
https://rusi.org/explore-our-research/publications/commentary/attritional-art-war-lessons-russian-war-ukraine

De vez em quanto, mas mesmo de muito vez em quanto, lá aparece um texto digno de se dar nota.
Pena que aqui, neste chamado "forum de defesa", aquando pedido aos "xpichialistas" para discutir coisas, se veja que a profundidade de pensamento seja a de uma poça de água.
Quando os russos retiram de Kiev devido às negociações, ou quando abandonarama zona de Karkov a malta continou a não compreender o real significado e a ver as coisas como se isto fosse o tradicional gang bang em Iraques ou Libias.

Só um aparte. Estou também a gostar muito de ler a cegueira do que estão a discutir sobre o aumento da influência russa em África. Perfeito exemplo da total confusão e desconhecimento e da forma como esses países nos passaram a ver.
Portugal, por motivos da nossa postura e legado, ainda tem uma janela de oportunidade. Mas está cada vez maus fechada. Numa altura em que o futuro de Portugal como nação está a jogar-se em África e Brasil, vamos embarcados num Alcacer Quibir no leste da Europa.

Os Russos abandonaram Kiev devido às negociações?  :bang:

O artigo descreve aquilo que a Ucrânia tem feito (exceto no verão passado), e descreve que a base economia é que ganha guerras (Se compararmos a Rússia vs Ucrânia a Rússia ganha mas se compararmos os 2 blocos a coisa já é diferente), contudo acho que o artigo falha em descrever a situação única com que a Ucrânia está a combater (uma mão atrás das costas), onde não pode invadir território inimigo (fronteiras Russas, o que obrigava a estender ainda mais a frente de combate Russa) tem limitações onde e como poder usar as armas fornecidas. Algo que torna esta guerra peculiar é a inexistência de supremacia aérea, o que dá maior importância maior a guerra de atrito.

Em relação a Guerra de Atrito acho que a Ucrânia está melhor (enquanto continuar a receber ajuda do ocidente), pois tem toda uma economia x vezes maior que a Russa a apoiar, com bastante capacidade industrial, algo que os Russos já começaram a ressentir-se e tiverem que recorrer a outros Países. No outro dia estive a ver uma informação que um dos maiores depósitos de peças de artilharia Russas já só tem 40% do stock inicial e que é possível que muito desse stock restante não esteja em condições de voltar ao ativo, pois acredita-se que a maioria foi usada para recuperar os outros 60%.

Em relação aos recursos Humanos, penso que a Ucrânia está pior contudo temos estado a ver noticias da Rússia estar a tentar recrutar em vários países e há várias noticias que falam em sectores da economia Russa que estão a sofrer uma enorme falta de mão de obra por causa da  guerra. Ou seja penso que a guerra de Atrito está a fazer-se sentir nos 2 lados, mas ainda é cedo para um dos lados ceder.
 

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FoxTroop

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6521 em: Maio 09, 2024, 11:48:59 am »

Os Russos abandonaram Kiev devido às negociações?  :bang:

O artigo descreve aquilo que a Ucrânia tem feito (exceto no verão passado), e descreve que a base economia é que ganha guerras (Se compararmos a Rússia vs Ucrânia a Rússia ganha mas se compararmos os 2 blocos a coisa já é diferente), contudo acho que o artigo falha em descrever a situação única com que a Ucrânia está a combater (uma mão atrás das costas), onde não pode invadir território inimigo (fronteiras Russas, o que obrigava a estender ainda mais a frente de combate Russa) tem limitações onde e como poder usar as armas fornecidas. Algo que torna esta guerra peculiar é a inexistência de supremacia aérea, o que dá maior importância maior a guerra de atrito.

Em relação a Guerra de Atrito acho que a Ucrânia está melhor (enquanto continuar a receber ajuda do ocidente), pois tem toda uma economia x vezes maior que a Russa a apoiar, com bastante capacidade industrial, algo que os Russos já começaram a ressentir-se e tiverem que recorrer a outros Países. No outro dia estive a ver uma informação que um dos maiores depósitos de peças de artilharia Russas já só tem 40% do stock inicial e que é possível que muito desse stock restante não esteja em condições de voltar ao ativo, pois acredita-se que a maioria foi usada para recuperar os outros 60%.

Em relação aos recursos Humanos, penso que a Ucrânia está pior contudo temos estado a ver noticias da Rússia estar a tentar recrutar em vários países e há várias noticias que falam em sectores da economia Russa que estão a sofrer uma enorme falta de mão de obra por causa da  guerra. Ou seja penso que a guerra de Atrito está a fazer-se sentir nos 2 lados, mas ainda é cedo para um dos lados ceder.

Chegamos à conclusão que o senhor não leu nada do que está escrito no artigo e muito menos compreendeu.
Continuem a acreditar que a 14º Twitter Army Corps vai a caminho de Moscovo ou que a 7ª Reddit Panzer Divisionen furou as linhas para a Crimeia.
Os incultos que aqui apregoavam sobre os miraculosos sistemas fornecidos pelo ocidente que iriam fazer os russos fugir, sem perceber o tipo de guerra que se desenhou ali e sem entender um cu das doutrinas russas, mesmo perante toda a envidencia continuam a acreditar. Bem fé é uma coisa poderosa, sem dúvidac, mas não se carrega obuses com optimismo nem é com fé que a viaturam andam. Enfim.. continuemos então, Ben Hodges e David Peatreus, gurus aqui da malta e conhecidos pelas suas estrondosas vitorias militares é que sabem.
 

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Malagueta

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6522 em: Maio 09, 2024, 12:17:42 pm »
https://cnnportugal.iol.pt/guerra-na-ucrania/russia/opiniao-a-russia-pode-perder-esta-guerra/20240509/663ba338d34ebf9bbb3d49ae

Citar
Esta quinta-feira, a Rússia celebra o Dia da Vitória, a sua comemoração da derrota da Alemanha Nazi em 1945. A nível interno, há nostalgia. Nos anos 1970, o líder soviético Leonid Brezhnev criou um culto da vitória. A Rússia de Putin deu continuidade a esta tradição.

Lá fora, há intimidação. É suposto pensarmos que a Rússia não pode perder.

E demasiados de nós, durante a guerra de agressão da Rússia na Ucrânia, acreditámos nisso. Em fevereiro de 2022, quando a Rússia deu início à sua invasão de larga escala do país vizinho, o consenso era de que a Ucrânia iria cair no espaço de dias.

Mesmo hoje, quando a Ucrânia se tem aguentado há mais de dois anos, a visão prevalecente entre os amigos da Rússia no Congresso norte-americano e no Senado é que a Rússia tem eventualmente de ganhar. O sucesso de Moscovo não está no campo de batalha, mas nas nossas mentes.

A Rússia pode perder. E deve perder, a bem do mundo – e pelo seu próprio bem.

A noção de um Exército Vermelho invencível é propaganda. O Exército Vermelho era formidável, mas também era vencível. Das três guerras externas mais consequentes, o Exército Vermelho perdeu duas.

Foi derrotado pela Polónia em 1920. Derrotou a Alemanha Nazi em 1945, após quase ter colapsado em 1941. (A sua vitória nesse caso foi parte de uma coligação mais abrangente e com decisiva assistência económica americana.) As forças soviéticas estavam em apuros no Afeganistão imediatamente antes da sua invasão em 1979 e tiveram de bater em retirada uma década mais tarde.

E o exército russo dos dias de hoje não é o Exército Vermelho. A Rússia não é a URSS. A Ucrânia soviética era uma fonte de recursos e de soldados para o Exército Vermelho. Naquela vitória em 1945, os soldados ucranianos do Exército Vermelho sofreram enormes baixas – maiores do que as perdas americana, britânica e francesa combinadas. Foram os ucranianos em quantidades desproporcionais que lutaram a sua guerra até Berlim com o uniforme do Exército Vermelho

Hoje, a Rússia está a lutar não com a Ucrânia mas contra a Ucrânia. Está a levar a cabo uma guerra de agressão no território de outro Estado. E não tem o apoio económico americano – de empréstimo-arrendamento – de que o Exército Vermelho necessitou para derrotar a Alemanha Nazi. Nesta constelação, não existe nenhuma razão particular para esperar que a Rússia vença. Seria de esperar, pelo contrário, que a única hipótese da Rússia fosse impedir o Ocidente de ajudar a Ucrânia – convencendo-nos de que a sua vitória é inevitável, para que não aplicássemos o nosso poder económico decisivo na guerra.

Os últimos seis meses confirmam este facto: as pequenas vitórias da Rússia no campo de batalha surgiram numa altura em que os Estados Unidos estavam a atrasar a ajuda à Ucrânia, em vez de a fornecerem.

A Rússia de hoje é um novo Estado. Existe desde 1991. Como Brezhnev antes dele, o presidente russo, Vladimir Putin, governa por via da nostalgia. Refere-se ao passado soviético e também ao passado imperial russo. Mas o Império Russo também perdeu guerras. Perdeu a Guerra da Crimeia em 1856. Perdeu a Guerra Russo-Japonesa em 1905. Perdeu a I Guerra Mundial em 1917. A Rússia não conseguiu manter as suas forças no terreno por mais do que cerca de três anos em nenhum destes três casos.

Nos Estados Unidos há um crescente nervosismo quanto a uma derrota russa. Se algo parece impossível, não podemos imaginar o que acontece a seguir. E aí existe uma tendência, até entre os apoiantes da Ucrânia, de achar que a melhor resolução é um empate.

Este tipo de pensamento não é realista. E revela, por trás dos nervos, um estranho conceito americano.

Ninguém consegue orientar uma guerra desta forma. E nada nas nossas anteriores tentativas de influenciar a Rússia sugere que possamos exercer esse tipo de influência. A Rússia e a Ucrânia estão ambas a lutar para ganhar. A questão é: quem vai ganhar e quais serão as consequências?

Se a Rússia ganhar, as consequências são horripilantes: um risco de uma guerra alargada na Europa, maior probabilidade de uma aventura chinesa no Pacífico, o enfraquecimento da ordem legal internacional em termos gerais, a provável proliferação de armas nucleares, a perda da fé na democracia

É normal para a Rússia perder guerras. E, no geral, isto leva os russos a refletir e a encetar reformas. A derrota na Crimeia forçou uma autocracia a acabar com a servidão. A derrota da Rússia para o Japão levou-a a uma experiência com eleições. O falhanço soviético no Afeganistão conduziu às reformas de Gorbachev e, por conseguinte, ao fim da Guerra Fria.

Sob as particularidades russas, a História oferece uma lição mais genérica e ainda mais tranquilizadora sobre os impérios. A Rússia está hoje a lutar uma guerra imperial. Nega a existência de um Estado da Ucrânia e de uma nação ucraniana, e leva a cabo atrocidades que recordam o pior do passado imperial europeu.

A Europa pacífica de hoje consiste em potências que perderam as suas últimas guerras imperiais e que, depois disso, escolheram a democracia. Perderes a tua última guerra imperial não é apenas possível – também é bom, não apenas para o mundo, mas para ti.

A Rússia pode perder esta guerra, e deve perder esta guerra, pelo bem dos próprios russos. Uma Rússia derrotada significa não apenas o fim das perdas sem sentido de vidas jovens na Ucrânia. Também é a única hipótese de a Rússia se tornar um país pós-imperial, um onde a reforma é possível, um onde os próprios russos possam estar protegidos pela lei e sejam capazes de depositar votos significativos nas urnas.

A derrota na Ucrânia é a hipótese histórica que a Rússia tem de normalidade – como os russos que querem a democracia e o Estado de Direito o dirão.

Como os Estados Unidos e a Europa, a Ucrânia celebra a vitória de 1945 a 8 de maio em vez de 9 de maio. Os ucranianos têm todo o direito de lembrar e interpretar essa vitória: sofreram mais do que os russos com a ocupação alemã e morreram em números enormes no campo de batalha.

E os ucranianos estão certos ao pensarem que a Rússia hoje, tal como a Alemanha nazi em 1945, é um regime imperialista fascista que pode e tem de derrotar. O fascismo foi destronado da última vez porque uma coligação se aguentou firme e aplicou o seu poder económico superior. O mesmo se aplica atualmente.
 

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Malagueta

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6523 em: Maio 09, 2024, 12:38:38 pm »
https://rusi.org/explore-our-research/publications/commentary/attritional-art-war-lessons-russian-war-ukraine


Muito bom artigo, deixo aqui a tradução do google.

A Arte do Atrito da Guerra: Lições da Guerra Russa contra a Ucrânia

e o Ocidente leva a sério a possibilidade de um conflito de grandes potências, precisa de olhar com atenção para a sua capacidade de travar uma guerra prolongada e de prosseguir uma estratégia centrada no desgaste e não na manobra.

As guerras de atrito exigem a sua própria "Arte da Guerra" e são travadas com uma abordagem "centrada na força", ao contrário das guerras de manobra que são "centradas no terreno". Eles estão enraizados em enorme capacidade industrial para permitir a reposição de perdas, profundidade geográfica para absorver uma série de derrotas e condições tecnológicas que impedem o rápido movimento do solo. Nas guerras de atrito, as operações militares são moldadas pela capacidade de um Estado de repor perdas e gerar novas formações, não manobras táticas e operacionais. O lado que aceita a natureza desgastante da guerra e se concentra em destruir as forças inimigas em vez de ganhar terreno tem mais chances de vencer.

O Ocidente não está preparado para esse tipo de guerra. Para a maioria dos especialistas ocidentais, a estratégia de atrito é contraintuitiva. Historicamente, o Ocidente preferia o curto confronto "vencedor leva tudo" de exércitos profissionais. Jogos de guerra recentes, como a guerra do CSIS sobre Taiwan, cobriram um mês de combates. A possibilidade de a guerra continuar nunca entrou na discussão. Isso é reflexo de uma atitude ocidental comum. As guerras de desgaste são tratadas como exceções, algo a ser evitado a todo custo e, geralmente, produto da inépcia dos líderes. Infelizmente, as guerras entre potências próximas provavelmente serão desgastantes, graças a um grande conjunto de recursos disponíveis para substituir as perdas iniciais. A natureza desgastante do combate, incluindo a erosão do profissionalismo devido às baixas, nivela o campo de batalha, não importa qual exército começou com forças mais bem treinadas. À medida que o conflito se arrasta, a guerra é ganha pelas economias, não pelos exércitos. Os Estados que compreendem isso e travam tal guerra por meio de uma estratégia de atrito destinada a esgotar os recursos inimigos, preservando os seus, têm mais chances de vencer. A maneira mais rápida de perder uma guerra de desgaste é concentrar-se na manobra, gastando recursos valiosos em objetivos territoriais de curto prazo. Reconhecer que as guerras de desgaste têm sua própria arte é vital para vencê-las sem sofrer perdas incapacitantes.

A Dimensão Econômica
As guerras de desgaste são vencidas pelas economias que permitem a mobilização em massa de militares por meio de seus setores industriais. Os exércitos se expandem rapidamente durante esse conflito, exigindo grandes quantidades de veículos blindados, drones, produtos eletrônicos e outros equipamentos de combate. Como o armamento de ponta é muito complexo de fabricar e consome vastos recursos, uma mistura de forças e armas é imprescindível para vencer.

As armas de ponta têm um desempenho excepcional, mas são difíceis de fabricar, especialmente quando necessárias para armar um exército rapidamente mobilizado e sujeito a uma alta taxa de desgaste. Por exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial, os Panzers alemães eram excelentes tanques, mas usando aproximadamente os mesmos recursos de produção, os soviéticos lançaram oito T-34 para cada Panzer alemão. A diferença de desempenho não justificou a disparidade numérica na produção. Armas de ponta também exigem tropas de ponta. Estes levam um tempo significativo para treinar – tempo que não está disponível em uma guerra com altas taxas de desgaste.

É mais fácil e rápido produzir um grande número de armas e munições baratas, especialmente se seus subcomponentes forem intercambiáveis com bens civis, garantindo a quantidade em massa sem a expansão das linhas de produção. Novos recrutas também absorvem armas mais simples mais rapidamente, permitindo a geração rápida de novas formações ou a reconstituição das existentes.

Alcançar massa é difícil para as economias ocidentais de alto nível. Para alcançar a hipereficiência, eles perdem o excesso de capacidade e lutam para se expandir rapidamente, especialmente porque as indústrias de nível inferior foram transferidas para o exterior por razões econômicas. Durante a guerra, as cadeias de suprimentos globais são interrompidas e os subcomponentes não podem mais ser protegidos. Soma-se a esse enigma a falta de mão de obra qualificada e com experiência em determinado setor. Essas habilidades são adquiridas ao longo de décadas e, uma vez que uma indústria é fechada, leva décadas para se reconstruir. O relatório interagências do governo dos EUA de 2018 sobre a capacidade industrial dos EUA destacou esses problemas. A conclusão é que o Ocidente deve olhar com atenção para garantir o excesso de capacidade em tempo de paz em seu complexo industrial militar, ou corre o risco de perder a próxima guerra.

Geração de Força
A produção industrial existe para que possa ser canalizada para repor perdas e gerar novas formações. Isso requer doutrina apropriada e estruturas de comando e controle. Existem dois modelos principais; A OTAN (a maioria dos exércitos ocidentais) e o velho modelo soviético, com a maioria dos Estados colocando algo no meio.

Os exércitos da OTAN são altamente profissionais, apoiados por um forte Corpo de Suboficiais (NCO), com ampla educação e experiência militar em tempo de paz. Eles se baseiam nesse profissionalismo para que sua doutrina militar (fundamentos, táticas e técnicas) enfatize a iniciativa individual, delegando uma grande margem de manobra a oficiais subalternos e suboficiais. As formações da OTAN desfrutam de uma enorme agilidade e flexibilidade para explorar oportunidades num campo de batalha dinâmico.

Na guerra de atrito, esse método tem um lado negativo. Os oficiais e suboficiais necessários para executar essa doutrina exigem amplo treinamento e, acima de tudo, experiência. Um sargento do Exército dos EUA leva anos para ser desenvolvido. Um chefe de esquadrão geralmente tem pelo menos três anos de serviço e um sargento de pelotão tem pelo menos sete. Em uma guerra de atrito caracterizada por pesadas baixas, simplesmente não há tempo para substituir suboficiais perdidos ou gerá-los para novas unidades. A ideia de que os civis podem receber cursos de treinamento de três meses, chevrons de sargento e depois esperar que tenham o mesmo desempenho de um veterano de sete anos é uma receita para o desastre. Só o tempo pode gerar líderes capazes de executar a doutrina da OTAN, e o tempo é uma coisa que as enormes exigências da guerra de desgaste não dão.

A União Soviética construiu seu exército para um conflito em grande escala com a OTAN. Pretendia-se poder expandir-se rapidamente, convocando reservas em massa. Todos os homens na União Soviética passaram por dois anos de treinamento básico logo após o ensino médio. A constante rotatividade de pessoal alistado impediu a criação de um corpo de sargentos de estilo ocidental, mas gerou um enorme pool de reservas semi-treinadas disponíveis em tempos de guerra. A ausência de suboficiais confiáveis criou um modelo de comando centrado no oficial, menos flexível do que o da OTAN, mas mais adaptável à expansão em grande escala exigida pela guerra de atrito.

No entanto, à medida que uma guerra ultrapassa a marca de um ano, as unidades da linha de frente ganharão experiência e um corpo de sargentos aprimorado provavelmente surgirá, dando ao modelo soviético maior flexibilidade. Em 1943, o Exército Vermelho desenvolveu um robusto corpo de sargentos, que desapareceu após a Segunda Guerra Mundial, à medida que as formações de combate foram desmobilizadas. Uma diferença fundamental entre os modelos é que a doutrina da OTAN não pode funcionar sem suboficiais de alto desempenho. A doutrina soviética foi aprimorada por suboficiais experientes, mas não os exigia.

Em vez de uma batalha decisiva alcançada através de manobras rápidas, a guerra de atrito se concentra em destruir as forças inimigas e sua capacidade de regenerar o poder de combate, preservando o próprio
O modelo mais eficaz é uma mistura dos dois, em que um Estado mantém um exército profissional de médio porte, juntamente com uma massa de recrutas disponíveis para mobilização. Isso leva diretamente a uma mistura alta/baixa. Forças profissionais pré-guerra formam o topo deste exército, tornando-se brigadas de incêndio – movendo-se de setor em setor em batalha para estabilizar a situação e realizar ataques decisivos. Formações de baixo nível seguram a linha e ganham experiência aos poucos, aumentando sua qualidade até ganharem a capacidade de conduzir operações ofensivas. A vitória é alcançada criando formações de baixo nível da mais alta qualidade possível.

Forjar novas unidades em soldados capazes de combate em vez de mobs civis é feito através de treinamento e experiência de combate. Uma nova formação deve treinar por pelo menos seis meses, e somente se tripulada por reservistas com treinamento individual anterior. Os recrutas demoram mais tempo. Essas unidades também devem ter soldados profissionais e suboficiais trazidos do exército pré-guerra para adicionar profissionalismo. Uma vez concluída a formação inicial, eles só devem ser alimentados na batalha em setores secundários. Nenhuma formação deve ser deixada abaixo de 70% de força. Retirar formações precocemente permite que a experiência prolifere entre os novos substitutos à medida que os veteranos transmitem suas habilidades. Caso contrário, perde-se uma experiência valiosa, fazendo com que o processo comece tudo de novo. Outra implicação é que os recursos devem priorizar as substituições em detrimento de novas formações, preservando a vantagem de combate tanto nas formações do exército pré-guerra (altas) quanto nas recém-criadas (baixas). É aconselhável dissolver várias formações pré-guerra (high-end) para espalhar soldados profissionais entre formações low-end recém-criadas, a fim de aumentar a qualidade inicial.

( continua)
« Última modificação: Maio 09, 2024, 12:41:10 pm por Malagueta »
 

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Malagueta

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Re: Invasão da Ucrânia
« Responder #6524 em: Maio 09, 2024, 12:41:34 pm »
( continuação)

A dimensão militar
As operações militares em um conflito de desgaste são muito distintas daquelas em uma guerra de manobra. Em vez de uma batalha decisiva alcançada através de manobras rápidas, a guerra de atrito se concentra em destruir as forças inimigas e sua capacidade de regenerar o poder de combate, preservando o próprio. Nesse contexto, uma estratégia bem-sucedida aceita que a guerra dure pelo menos dois anos e seja dividida em duas fases distintas. A primeira fase vai desde o início das hostilidades até o ponto em que foi mobilizado poder de combate suficiente para permitir uma ação decisiva. Ele verá pouca mudança posicional no solo, concentrando-se na troca favorável de perdas e na construção de poder de combate na retaguarda. A forma dominante de combate são os incêndios em vez de manobras, complementados por extensas fortificações e camuflagem. O exército em tempo de paz inicia a guerra e realiza ações de realização, proporcionando tempo para mobilizar recursos e treinar o novo exército.

A segunda fase pode começar depois que um dos lados tiver cumprido as seguintes condições.

As forças recém-mobilizadas concluíram a sua formação e adquiriram experiência suficiente para se tornarem formações eficazes em combate, capazes de integrar rapidamente todos os seus meios de forma coesa.
A reserva estratégica do inimigo se esgota, deixando-o incapaz de reforçar o setor ameaçado.
Fogos e superioridade de reconhecimento são alcançados, permitindo que o atacante efetivamente fogo em massa em um setor-chave, negando ao inimigo o mesmo.
O setor industrial do inimigo é degradado a ponto de ser incapaz de repor as perdas no campo de batalha. No caso de lutar contra uma coalizão de países, seus recursos industriais também devem ser esgotados ou, pelo menos, contabilizados.
Somente após o cumprimento desses critérios é que as operações ofensivas devem começar. Eles devem ser lançados através de uma frente ampla, buscando dominar o inimigo em vários pontos com ataques rasos. A intenção é permanecer dentro de uma bolha em camadas de sistemas de proteção amigáveis, enquanto estica as reservas inimigas esgotadas até que a frente colapse. Só então a ofensiva deve se estender para objetivos mais profundos na retaguarda inimiga. A concentração de forças em um esforço principal deve ser evitada, pois isso dá uma indicação da localização da ofensiva e uma oportunidade para o inimigo concentrar suas reservas contra esse ponto-chave. A Ofensiva Brusilov de 1916, que resultou no colapso do exército austro-húngaro, é um bom exemplo de uma ofensiva de atrito bem-sucedida no nível tático e operacional. Ao atacar ao longo de uma ampla frente, o exército russo impediu que os austro-húngaros concentrassem suas reservas, resultando em um colapso em toda a frente. No plano estratégico, no entanto, a Ofensiva Brusilov é um exemplo de fracasso. As forças russas não conseguiram estabelecer condições contra toda a coalizão inimiga, concentrando-se apenas no Império Austro-Húngaro e negligenciando a capacidade alemã. Os russos gastaram recursos cruciais que não puderam substituir, sem derrotar o membro mais forte da coalizão. Para reafirmar o ponto-chave, uma ofensiva só terá sucesso quando os critérios-chave forem cumpridos. Tentar lançar uma ofensiva mais cedo resultará em perdas sem ganhos estratégicos, jogando diretamente nas mãos do inimigo.

Guerra Moderna
O campo de batalha moderno é um sistema integrado de sistemas que inclui vários tipos de guerra eletrônica (EW), três tipos básicos de defesas aéreas, quatro tipos diferentes de artilharia, inúmeros tipos de aeronaves, drones de ataque e reconhecimento, engenheiros de construção e sapadores, infantaria tradicional, formações de armaduras e, acima de tudo, logística. A artilharia tornou-se mais perigosa graças ao aumento do alcance e à mira avançada, esticando a profundidade do campo de batalha.

Na prática, isso significa que é mais fácil bombardear incêndios em massa do que forças. A manobra profunda, que exige a concentração de poder de combate, não é mais possível porque qualquer força em massa será destruída por incêndios indiretos antes que possa alcançar o sucesso em profundidade. Em vez disso, uma ofensiva terrestre requer uma bolha de proteção apertada para afastar os sistemas de ataque inimigos. Essa bolha é gerada por meio de camadas de contra-fogo amigável, defesa aérea e ativos EW. Mover vários sistemas interdependentes é altamente complicado e improvável de ser bem-sucedido. Ataques rasos ao longo da linha de frente das tropas são mais prováveis de serem bem-sucedidos a uma proporção de custo aceitável; As tentativas de penetração profunda serão expostas a incêndios massivos no momento em que saírem da proteção da bolha defensiva.

A integração desses ativos sobrepostos requer planejamento centralizado e funcionários excepcionalmente bem treinados, capazes de integrar múltiplas capacidades em tempo real. Leva anos para treinar esses oficiais, e mesmo a experiência de combate não gera tais habilidades em um curto espaço de tempo. Listas de verificação e procedimentos obrigatórios podem aliviar essas deficiências, mas apenas em uma frente menos complicada e estática. Operações ofensivas dinâmicas exigem tempos de reação rápidos, que os oficiais semitreinados são incapazes de executar.

Um exemplo dessa complexidade é um ataque de um pelotão de 30 soldados. Isso exigiria sistemas EW para bloquear drones inimigos; outro sistema EW para bloquear as comunicações inimigas impedindo o ajuste dos fogos inimigos; e um terceiro sistema EW para bloquear sistemas de navegação espacial negando o uso de munições guiadas de precisão. Além disso, os incêndios exigem radares de contrabateria para derrotar a artilharia inimiga. Complicando ainda mais o planejamento é o fato de que o EW inimigo localizará e destruirá qualquer radar amigável ou emissor de EW que esteja emitindo por muito tempo. Os engenheiros terão que abrir caminhos através de campos minados, enquanto drones amigáveis fornecem ISR sensível ao tempo e apoio de fogo, se necessário. (Esta tarefa requer uma grande quantidade de treinamento com as unidades de apoio para evitar o lançamento de munições em tropas de ataque amigas.) Finalmente, a artilharia precisa fornecer apoio tanto na retaguarda objetiva quanto na traseira inimiga, visando reservas e suprimindo a artilharia. Todos esses sistemas precisam funcionar como uma equipe integrada apenas para apoiar 30 homens em vários veículos atacando outros 30 homens ou menos. A falta de coordenação entre esses ativos resultará em ataques fracassados e perdas horríveis sem nunca ver o inimigo. À medida que o tamanho das operações de condução de formação aumenta, aumenta também o número e a complexidade dos ativos que precisam ser integrados.

Implicações para as Operações de Combate
Incêndios profundos – mais de 100 a 150 km (o alcance médio dos foguetes táticos) atrás da linha de frente – têm como alvo a capacidade de um inimigo de gerar poder de combate. Isso inclui instalações de produção, depósitos de munições, depósitos de reparos e infraestrutura de energia e transporte. De particular importância são os alvos que requerem capacidades de produção significativas e que são difíceis de substituir/reparar, uma vez que a sua destruição infligirá danos a longo prazo. Como acontece com todos os aspectos da guerra de atrito, tais ataques levarão um tempo significativo para surtir efeito, com prazos que se estendem por anos. Os baixos volumes globais de produção de munições guiadas de precisão de longo alcance, ações eficazes de engano e ocultação, grandes estoques de mísseis antiaéreos e as capacidades de reparo de Estados fortes e determinados se combinam para prolongar os conflitos. Camadas eficazes de defesas aéreas devem incluir sistemas de ponta em todas as altitudes, juntamente com sistemas mais baratos para combater as plataformas de ataque massivas de baixo custo do inimigo. Combinado com fabricação em massa e EW eficaz, esta é a única maneira de derrotar os incêndios profundos inimigos.

A vitória em uma guerra de desgaste é assegurada por um planejamento cuidadoso, desenvolvimento de bases industriais e desenvolvimento de infraestrutura de mobilização em tempos de paz, e ainda uma gestão mais cuidadosa dos recursos em tempos de guerra
A guerra de atrito bem-sucedida se concentra na preservação do próprio poder de combate. Isso geralmente se traduz em uma frente relativamente estática interrompida por ataques locais limitados para melhorar as posições, usando artilharia para a maior parte dos combates. A fortificação e ocultação de todas as forças, incluindo a logística, é a chave para minimizar as perdas. O longo tempo necessário para construir fortificações impede um movimento significativo do solo. Uma força de ataque que não pode se consolidar rapidamente sofrerá perdas significativas com os disparos de artilharia inimiga.

As operações defensivas ganham tempo para desenvolver formações de combate de baixo custo, permitindo que as tropas recém-mobilizadas ganhem experiência de combate sem sofrer grandes perdas em ataques de grande escala. Construir formações de combate experientes de baixo nível gera a capacidade para futuras operações ofensivas.

Os estágios iniciais da guerra de atrito vão desde o início das hostilidades até o ponto em que os recursos mobilizados estão disponíveis em grande número e prontos para operações de combate. No caso de um ataque surpresa, uma ofensiva rápida de um lado pode ser possível até que o defensor possa formar uma frente sólida. Depois disso, o combate se solidifica. Esse período dura pelo menos um ano e meio a dois anos. Durante este período, grandes operações ofensivas devem ser evitadas. Mesmo que grandes ataques sejam bem-sucedidos, eles resultarão em baixas significativas, muitas vezes para ganhos territoriais sem sentido. Um exército nunca deve aceitar uma batalha em condições desfavoráveis. Na guerra de desgaste, qualquer terreno que não tenha um centro industrial vital é irrelevante. É sempre melhor recuar e preservar forças, independentemente das consequências políticas. Lutar em terrenos desvantajosos queima unidades, perdendo soldados experientes que são fundamentais para a vitória. A obsessão alemã com Stalingrado em 1942 é um excelente exemplo de luta em terreno desfavorável por razões políticas. A Alemanha queimou unidades vitais que não podia perder, simplesmente para capturar uma cidade com o nome de Stalin. Também é sábio empurrar o inimigo para lutar em terrenos desvantajosos por meio de operações de informação, explorando objetivos inimigos politicamente sensíveis. O objetivo é forçar o inimigo a gastar material vital e reservas estratégicas em operações estrategicamente sem sentido. Uma armadilha fundamental a evitar é ser arrastado para a mesma armadilha que foi montada para o inimigo. Na Primeira Guerra Mundial, os alemães fizeram exatamente isso em Verdun, onde planejavam usar a surpresa para capturar terrenos importantes e politicamente sensíveis, provocando contra-ataques franceses caros. Infelizmente para os alemães, eles caíram em sua própria armadilha. Eles não conseguiram ganhar terreno chave e defensável logo no início, e a batalha se transformou em uma série de ataques de infantaria caros por ambos os lados, com fogos de artilharia devastando a infantaria de ataque.

Quando a segunda fase começa, a ofensiva deve ser lançada através de uma frente ampla, buscando dominar o inimigo em vários pontos usando ataques rasos. A intenção é permanecer dentro da bolha em camadas de sistemas de proteção amigáveis, enquanto estica as reservas inimigas esgotadas até que a frente entre em colapso. Há um efeito cascata em que uma crise em um setor força os defensores a deslocar reservas de um segundo setor, apenas para gerar uma crise lá. À medida que as forças começam a recuar e deixar fortificações preparadas, o moral despenca, com a pergunta óbvia: "Se não podemos segurar a megafortaleza, como podemos segurar essas novas trincheiras?" O recuo, então, se transforma em goleada. Só então a ofensiva deve se estender para objetivos mais profundos na retaguarda inimiga. A Ofensiva dos Aliados, em 1918, é um exemplo. Os Aliados atacaram ao longo de uma frente ampla, enquanto os alemães não tinham recursos suficientes para defender toda a linha. Uma vez que o exército alemão começou a recuar, provou-se impossível parar.

A estratégia de atrito, centrada na defesa, é contraintuitiva para a maioria dos oficiais militares ocidentais. O pensamento militar ocidental vê a ofensiva como o único meio de alcançar o objetivo estratégico decisivo de forçar o inimigo a vir à mesa de negociações em condições desfavoráveis. A paciência estratégica necessária para estabelecer as condições para uma ofensiva vai contra a experiência de combate adquirida em operações de contrainsurgência no exterior.

Conclusão
A condução das guerras de atrito é muito diferente das guerras de manobra. Elas duram mais e acabam testando a capacidade industrial de um país. A vitória é assegurada por um planeamento cuidadoso, pelo desenvolvimento da base industrial e pelo desenvolvimento de infraestruturas de mobilização em tempos de paz, e por uma gestão ainda mais cuidadosa dos recursos em tempo de guerra.

A vitória é alcançável analisando cuidadosamente os próprios objetivos políticos e os do inimigo. A chave é reconhecer os pontos fortes e fracos dos modelos económicos concorrentes e identificar as estratégias económicas com maior probabilidade de gerar o máximo de recursos. Esses recursos podem então ser utilizados para construir um exército maciço usando a mistura de força alta/baixa e armas. A condução militar da guerra é impulsionada por objetivos estratégicos políticos gerais, realidades militares e limitações econômicas. As operações de combate são superficiais e se concentram em destruir os recursos inimigos, não em ganhar terreno. A propaganda é usada para apoiar operações militares, e não o contrário. Com paciência e planejamento cuidadoso, uma guerra pode ser vencida.

Infelizmente, muitos no Ocidente têm uma atitude muito cavalheiresca de que os futuros conflitos serão curtos e decisivos. Isso não é verdade pelas próprias razões descritas acima. Mesmo potências globais medianas têm a geografia e a população e os recursos industriais necessários para conduzir uma guerra de desgaste. O pensamento de que qualquer grande potência recuaria no caso de uma derrota militar inicial é uma ilusão no seu melhor. Qualquer conflito entre grandes potências seria visto pelas elites adversárias como existencial e perseguido com todos os recursos disponíveis para o Estado. A guerra resultante tornar-se-á desgastante e favorecerá o Estado que tem a economia, a doutrina e a estrutura militar mais adequadas a esta forma de conflito.

Se o Ocidente leva a sério um possível conflito de grandes potências, precisa olhar com atenção para sua capacidade industrial, doutrina de mobilização e meios de travar uma guerra prolongada, em vez de realizar jogos de guerra cobrindo um único mês de conflito e esperando que a guerra termine depois. Como nos ensinou a Guerra do Iraque, a esperança não é um método.