Portugal, protectorado

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Portugal, protectorado
« em: Maio 20, 2010, 09:41:16 am »
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Pedro Braz Teixeira
Portugal, protectorado



Penso que Vasco Pulido Valente não exagera ao escrever: "ninguém reparou que o país sofreu a maior humilhação nacional deste último século". Rui Ramos diz-nos que Portugal passou à condição de protectorado a 10 de Maio de 2010 (uma data a colocar a par do "5 de Outubro, 28 de Maio e 25 de Abril") e que "perante o mau governo dos últimos 15 anos, talvez seja de dizer: ainda bem". Campos e Cunha não tem dúvidas: "uma vez que não nos sabemos governar, é melhor aceitar a tutela."

Mas será que as condições impostas pelos "colonizadores" serão as mesmas que as que resultariam de um bom Governo português? Mesmo que fossem, é evidente que existe um abismo de diferença entre um adulto que assume a opção de emagrecer para aumentar a sua saúde e um adolescente a quem os pais impõem um dieta.

Considero que um bom Governo português (no plano económico) deveria tentar alcançar dois objectivos e respeitar duas restrições. Os objectivos, que contribuem para o nosso bem-estar, deveriam ser: alcançar o pleno emprego e aumentar o nosso potencial de crescimento. Poder-se-ia acrescentar um terceiro objectivo - diminuir a desigualdade - mas vou simplificar, visto que a conjuntura também não ajuda. As restrições, que garantem a sustentabilidade dos objectivos, deveriam ser: controlar as contas públicas e controlar as contas externas.

O meu primeiro medo é que os "colonizadores" ignorem os objectivos por completo e se concentrem nas restrições. Os "colonizadores" querem lá saber se os portugueses são felizes ou não, só querem é que nós paguemos as contas. É evidente que os "colonizadores" não nos vão obrigar a tomar medidas para alcançar os objectivos, mas isso não impede o governo do protectorado de as tomar. Mas, pelo menos no curto prazo, faz sentido presumir que o governo do protectorado continuará a ser mau, caso contrário não nos teria conduzido à condição de protectorado, nem teria adjudicado a auto-estrada do Pinhal Interior nem meio TGV. A propósito, o que é que a Procuradoria-Geral da República está à espera para investigar estas concessões? Se isto não suscita suspeitas, o que é que suscita suspeitas?

O meu segundo medo é que os "colonizadores" se concentrem nas contas públicas e ignorem ou subvalorizem as contas externas. Isto produziria o mais frustrante dos cenários. Até 2013, os portugueses sofreriam sacrifícios duríssimos para controlar as contas públicas mas, exaustos, estariam animados na esperança de que os sacrifícios estariam a chegar ao fim. Devo dizer que estariam algo iludidos porque este PEC, mesmo na versão revista, não contém reformas estruturais da despesa, pelo que não resolve o problema.

Mas o pior de tudo seria acordar em 2013 a ver o fim da consolidação orçamental e os "colonizadores" (e os investidores internacionais) a exigirem que então voltássemos os nossos esforços para controlar as contas externas. E os portugueses, completamente derreados, a levarem em cima com um segundo pacote draconiano. Mas porque é que não nos avisaram disto antes? Porque é que perdemos tanto tempo em que podíamos estar a tomar medidas?

É improvável que os investidores esperem por 2013 para tomar consciência da insustentabilidade das nossas contas externas, com a nossa dívida externa a continuar a sua trajectória explosiva de 110% do PIB em 2009 para 130% do PIB em 2013. De qualquer forma todo o tempo que passar sem que os problemas do défice externo sejam atalhados será tempo irremediavelmente perdido.

Parece assim (mas que surpresa...) que o ideal seria termos um bom governo, mas que a condição de protectorado é, ainda assim, preferível à de sermos (muito) mal governados.


Economista
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Re: Portugal, protectorado
« Responder #1 em: Maio 20, 2010, 02:32:22 pm »
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Campos e Cunha

"Passámos a ser um protectorado da Alemanha"

O primeiro ministro das Finanças de José Sócrates diz que Portugal passou a ser uma "espécie de protectorado da Alemanha"; que a situação financeira do país chegou a um ponto que "não imaginaria que fosse possível"; que as medidas de austeridade aprovadas na semana passada são o "dobro do que seria necessário se tivessem sido iniciadas em Dezembro" e que daqui a cinco anos ainda vão continuar a ser necessárias.

Eva  Gaspar


O primeiro ministro das Finanças de José Sócrates diz que Portugal passou a ser uma “espécie de protectorado da Alemanha” , o que não é necessariamente mau; que a situação financeira do país chegou a um ponto que “não imaginaria que fosse possível”; que as medidas de austeridade aprovadas na semana passada são o "dobro do que seria necessário se tivessem sido iniciadas em Dezembro" e que daqui a cinco anos ainda vão continuar a ser necessárias.

Em entrevista à revista “Visão”, Luís Campos e Cunha confessa que, apesar de ser frequentemente apelidado de “tremendista” e de “pessimista”, nunca imaginou que fosse possível o país resvalar para a situação em que está. “Como português, tenho pena, mas passámos a ser uma espécie de protectorado da Alemanha, do ponto de vista financeiro. Mas quando os nativos não se sabem governar, uma boa dose de colonialismo não deixa de ser saudável”.

A culpa, diz, é de “quem está a Governar”, mas também de “alguns partidos” que não perceberam que a situação do país “era, de facto, grave”. “É preciso que os portugueses percebam que o Estado vive, há vários anos, numa situação parecida com o esquema da Dona Branca. Ou seja paga a dívida e os juros com nova dívida. É como se uma família pagasse a prestação da casa com o cartão de crédito”.

A “factura” vai levar anos a ser paga. “Julgo que daqui a cinco anos vamos ter, certamente, outro pacote de medidas austeras, parecido com o que acaba de ser anunciado”.

Campos e Cunha prevê ainda que o sector bancário, que está debilitado, seja alvo de ofensivas do exterior e não disponha de capacidade para se “defender dessa concorrência, por pura e simplesmente não terem balanço para poderem competir na concessão de crédito”. “Por alguma razão Ricardo Espírito Santo Salgado [CEO do BES] pediu [ao Governo] para adiar os grandes projectos, pois não os podia financiar, possivelmente por não ter balanço contabilístico para o fazer”.

O antigo vice-governador do Banco de Portugal, professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova e actual presidente da SEDES antecipa ainda que o Governo dure apenas mais um ano, achando “provável” que Pedro Passos Coelho, que o tem “surpreendido pela positiva”, seja a curto prazo o novo chefe de Governo .

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reij

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Re: Portugal, protectorado
« Responder #2 em: Outubro 26, 2010, 01:59:51 am »
não seria melhor ser protetorado do brasil(brincadeirinha) mas, pelo menos não seriam obrigados e aprender um novo idioma  :P
todos sabemos que o futuro do brasil é brilhante então vocês seriam pro brasil o que a gran-bretanha é para os USA.