Não mexam tanto na componente operacional e mexam mais na componente fixa. Ou seja, acabem com os "Regimentos" e não com os "Batalhões".
A BrigRR e a BrigInt devem estar localizadas, cada uma, no máximo, em 4 ou 5 aquartelamentos (idealmente 4). Transformem os atuais Regimentos, os que tenham melhores condições infraestruturais e áreas de treino, em Campos Militares ("minis-CMSM"). Algo na lógica dos "Regimientos Reforzados" do Chile, regimentos inter-armas e serviços.
Ora nem mais! Haja um pouco de bom-senso.
Alguns comentários avulsos:
(...) o problema vem de trás, apesar de sermos um pais "marítimo" em área e com grande feitos históricos no mar, viemos de uma Guerra de África onde se precisou de um exército grande e de muitos quartéis, e a herança disso ainda anda por ai.
Apesar de eu saber que isto é o tipo de justificação que vai sendo dita amiúde por militares, é completamente inconcebível e patético que isso seja sequer referido, quanto mais aceite. Já não há ninguém nas Forças Armadas desse tempo, daqui a pouco faz 50 anos que acabou essa guerra, isso seria o Exército anquiloso à máxima potência. Por essa ordem de ideias os americanos ainda teriam a estrutura do tempo do Vietname, os Franceses da Argélia, etc. Há um outro factor mais recente que contribui para a situação actual, que é o fim do serviço militar obrigatório, a estrutura territorial e o quadro permanente estava dimensionado e disperso para esse efeito, mas mesmo assim o Exército já teve quase duas décadas para se adaptar…
Em relação aos páras não sei se é preferível ter 2 batalhões, por questões logísticas, ou ter apenas um que reúna as 4 ou 5 companhias atiradores que se consigam aprontar. Isso já permitia fazer rotações de efectivos destacados sem problemas.
É preferível ter dois batalhões. Vamos começar pelo fim, quais são exactamente os problemas que existem nas rotações de destacamentos entre os dois batalhões hoje? Que eu saiba nenhuns, as rotações têm-se efectuado na RCA, tal como antes já se efectuaram noutros teatros. Agora se existisse apenas um batalhão, aí sim poderíamos ter problemas, por falta de elemento de comando. Em qualquer destacamento não vai apenas a companhia, neste caso, de paraquedistas, existe uma série de elementos de apoio agregados e potencialmente também outros elementos de combate. O destacamento como um todo tem um escalão de comando superior à companhia, libertando o comando desta para se dedicar às suas funções como elemento de manobra. Do mesmo modo, se algum dia for necessário projectar uma força de escalão batalhão, nem que seja por integração de elementos de outras unidades, não existe qualquer hipótese de rotação no seio dos paraquedistas. Não é nas unidades operacionais e respectivos comandos que se deve cortar, até porque essas funções são difíceis de adquirir e levam tempo.
Além disso é um erro crasso pensar que se eliminares um batalhão manténs o mesmo número de elementos ao concentrar tudo noutro. Se calhar em vez de teres 4 ou 5 companhias de atiradores como dizes acabavas rapidamente por ficar com 3. A proximidade de casa é um factor de decisão muito importante no ingresso e permanência, são precisas outras medidas para mitigar isso.
Por exemplo, ter um batalhão de engenharia destacado num qq cenário, com o respectivo comando e uma companhia de eng, uma comp de comandos, e uma de reconhecimento. As unidades são meramente exemplo, podia ser qq outra combinação.
Então mas tu propões cortar nos batalhões de manobra e depois dás um exemplo de um destacamento com um comando de batalhão de engenharia a comandar uma companhia de comandos e um esquadrão de reconhecimento?
Não me leves a mal, mas esse exemplo é completamente estrambólico, não consigo pensar numa situação real em que isso fosse acontecer ou tivesse algum sentido. As diferentes armas e serviços têm propósitos diferentes, isto não é um emaranhado de faz tudo em que qualquer um se chega à frente e siga.
Uma coisa que reparo quando vejo opiniões sobre reorganizações é que quase sempre se concentram em cortes ou fusões na componente operacional do Exército e muitas vezes nas unidades de elite. São justamente as unidades mais operacionais, com melhor treino, com mais mística e espirito de corpo, que ainda vão atraindo alguns candidatos por algo mais do que não conseguirem outro emprego, que passam a vida a ser enviadas para todo o lado e são as únicas que empenhamos em combate. E são estas que o pessoal quer sempre descaracterizar, diminuir, fundir e sei lá mais o quê. Penso que seja porque é o que conhecem, o mais mediático.
Na minha opinião o caminho não é por aí. Desde logo aceitar um efectivo de praças tão baixo e ajustar a componente operacional do Exército ao mesmo é errado, sobretudo quando pouco de relevante se fez para tornar o Exército mais atractivo. Depois acho que o fundamental a mexer seria de facto a componente fixa, por exemplo as diversas unidades sem encargo operacional ou de formação e os comandos espalhados por aí. Concentrar geograficamente e com isso reduzir os serviços de apoio necessários, atribuir a civis as tarefas de natureza não militar, concentrar praças o mais possível na componente operacional e incentivar a colocação nas unidades e especialidades com maior necessidade e com maior dificuldade de reposição.
Um exemplo prático do que poderia ser feito de diferente. Quando foi criada a Escola das Armas e extintas as respectivas escolas práticas, o local escolhido para sediar a nova escola foi a antiga EPI em Mafra, o que naturalmente obrigou a que se mantivessem pólos espalhados por outros quartéis, dado que Mafra obviamente não tem condições para treino prático de todas as Armas. É o mudar para que tudo fique no fundo na mesma…
Parece-me evidente que esta escola teria todo o sentido em estar em Santa Margarida, onde estão aquarteladas unidades de todas as Armas e que tem condições de treino para as mesmas. Poupava-se um quartel em Mafra, evitava-se a dispersão em diferentes pólos, ficava mais perto da grande maioria das respectivas unidades operacionais. Além disso, tirava-se melhor partido de infraestruturas de treino, nomeadamente de combate em áreas edificadas. Em Santa Margarida esta infraestrutura poderia ser utilizada também por unidades mecanizadas em exercícios de armas combinadas de maior escala, além de que quer as unidades do Campo quer as unidades próximas, como os Páras, certamente poderiam utilizar mais estas instalações para treino e rentabilizar melhor o investimento do que estando em Mafra…
Mas enfim, outros interesses. É multiplicar isto para se perceber o que poderia ser diferente.