Missões no exterior limitadas a quatro dias
Carlos Varela
A dificuldade em Portugal poder sustentar autonomamente uma força anfíbia no exterior para recuperação de portugueses apanhados numa zona de conflito ficou, ontem, clara durante a realização do exercício Instrex 01/07, a cargo da Armada. A Marinha conseguiu mobilizar 700 homens e sete navios em 48 horas, colocando-os em missão na zona de Tróia, em Setúbal. Porém, numa situação real, como a verificada em 1998 na Guiné-Bissau - que continua a ser uma zona de risco e para onde muitos olhos estão virados -, dificilmente conseguiria manter a força a operar para lá dos quatros dias.
A razão está na falta de um navio de desembarque (navio polivalente logístico - NPL) e no facto de a Armada apenas dispor de um navio reabastecedor, o "Bérrio", que entretanto entrou em grandes reparações no Arsenal do Alfeite, e só deverá estar disponível durante a Primavera. "Possivelmente, numa situação real, poderíamos ter que recorrer a um Estado aliado para nos dar algum apoio", admitiu a propósito, ao JN, um oficial da Armada.
A lacuna acaba, no entanto, por se enquadrar nas declarações do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Valença Pinto, recentemente em Beja, onde alertou para a falta de alguns equipamentos nas Forças Armadas.
O Instrex permitiu fazer luz sobre um problema que é sentido desde 1998, quando Portugal teve que enviar uma força anfíbia para a Guiné-Bissau para socorrer cidadãos nacionais apanhados num conflito naquele país. Os civis tiveram então que ser recuperados por um navio mercante de recurso e transportados no convés dos navios de guerra, uma situação agora agravada pela impossibilidade de reabastecer a força anfíbia.
O comandante naval, vice-almirante Vargas de Matos, responsável pelo planeamento e execução do Instrex, admitiu ao JN a necessidade da Marinha dispor de mais um reabastecedor e da construção do NPL, mas não quis comentar as consequências que essas lacunas poderão ter no deslocamento de uma força para o exterior.
A aquisição do NPL está na Lei de Programação Militar, mas o contrato ainda não foi assinado, e quanto ao reabastecedor muito dificilmente a Armada terá margem de manobra para mais investimento no ramo, quando recentemente foi acordada a compra de mais duas fragatas à Holanda.
in: JN
Existe a vontade de adquirir um novo AOR, mas aodne vamos arranjar espaço na LPM?