Qualquer pessoa consegue ter "visões" para a Marinha. Mas pouca gente tem uma posição de poder para que a sua visão seja aplicada. Quando quem tem poder para aplicar a sua visão, tem uma visão tão disruptiva, que acha que se vai conseguir substituir fragatas por navios logísticos com o dobro do deslocamento, muito mais lentos, e completamente desarmados (por outras palavras, substituir fragatas por alvos flutuantes), aí é que temos um problema. Quando esta visão vai completamente contra aquilo que os outros estão a fazer, temos um problema.
Quando esta visão ignora por completo a lógica e o historial de todos os conceitos tipo "motherships", e considera que este tipo de meio não precisa de escoltas, temos um problema.
Um Nimitz é essencialmente um mothership, que em vez de ter drones, tem aeronaves tripuladas (e agora também drones, muito mais complexos e capazes do que o que quer que consigamos pôr nos nossos porta-drones), e ainda assim, mesmo tendo a bordo mais caças, e mais munições para eles, do que temos na FAP, mesmo assim não abdicam de escoltas. Mas é o esperto do tuga, que acha que vai ter um "flagship" com capacidade para drones, e que este não precisa de nada para o escoltar.
Agora, eu pelo menos não vou levar muito a sério a visão sobre o futuro da Marinha, e da guerra, de alguém que fala tanto de drones e em como estes são o futuro, e ignora uma componente crucial para que nos consigamos defender dessa mesma ameaça (ou a vertente aérea dela), a defesa aérea.
Alguma vez falou da necessidade de ter mais capacidade AA nos navios da Marinha? Alguma vez falou em capacidade de atacar alvos em terra?
Neste momento, eu que não sou visionário, vejo um potencial adversário a tentar saturar as defesas aéreas de uma força tarefa com drones baratos às centenas, e depois do ataque inicial, com os navios sem munições, lançar um ataque com mísseis para afundar a frota toda. Diria até que, até mesmo grupos terroristas passarão a ter uma poderosa capacidade de negação marítima a partir de terra, e por cá nada se faz para ter navios que sejam capazes de responder a estas ameaças.