Morte de grandes figuras portuguesas

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Yosy

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Morte de grandes figuras portuguesas
« em: Junho 13, 2005, 12:48:43 pm »
O General Vasco Gonçalves, Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade morreram.

Portugal está mais pobre.
 :Soldado2:
 

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TOMKAT

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« Responder #1 em: Junho 13, 2005, 10:22:22 pm »
De facto figuras marcantes do século xx português.

Eugénio de Andrade, pseudónimo literário de José Fontinhas,
o poeta das coisas simples.
Grande vulto das nossas letras.

Vasco Gonçalves, o "companheiro Vasco", do verão quente de 75.
O homem que quase conseguiu a sovietização de portugal.

Alvaro Cunhal, "tripulante" do mesmo barco, mas de uma dimensão totalmente diferente, ao qual todos nós devemos um bocadinho da nossa
liberdade, pela sua luta contra o regime salazarista.
Só me faz alguma confusão, que generalidade dos elogios póstumos cair sempre na coerência do personagem.
Discordo em absoluto.
Hitler, Estaline, Polpot, ...Salazar, foram homens coerentes com as suas ideias e nem por isso são personagens elogiadas, antes pelo contrário,
são olhados como os "vilões" da história do século xx.
Acho que Alvaro Cunhal e Vasco Gonçalves podem agradecer o estatuto que têm como personagens da nossa história, aos homens que "fizeram" o 25 de Novembro em 1975, que acabaram com os planos que os dois tinham para Portugal.
Qual seria a imagem que hoje teriam se eles de facto tivessem conseguido pôr em prática as ideias que tinham para Portugal.
Talvez a imagem que os alemães têm hoje de Honnecker por exemplo.
Para os menos atentos ainda à bem pouco tempo o Avante, orgão oficial do PCP, fazia o elogio de Estaline, essa figura sinistra.
Mas não deixam de ser personagens fascinantes, em especial Alvaro Cunhal, da nossa História recente.
A vida de Alvaro Cunhal, se fosse Americano, daria uma grande produção cinematográfica.
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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Miguel

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Re: Morte de grandes figuras portuguesas
« Responder #2 em: Junho 14, 2005, 05:32:02 pm »
Citação de: "Yosy"
O General Vasco Gonçalves, Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade morreram.

Portugal está mais pobre.
 :lol:

Cunhal e Gonçalves foram traidores..... ainda por cima este governo quer por de luto nacional, pobre estado da nação :cry:

Como sublinha o Tomkat, se não fosse o 25 Novembro de 1975 ainda podiamos ser uma das ultimas Ditaduras Vermelhas com Cuba e Coreia....
 

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Benny

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« Responder #3 em: Junho 14, 2005, 05:57:19 pm »
Vai ver que quando morrer o Fidel Castro também se põe tudo de cócoras.

Benny
 

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Luso

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Re: Morte de grandes figuras portuguesas
« Responder #4 em: Junho 14, 2005, 06:07:03 pm »
"Cunhal e Gonçalves foram traidores..."

As gerações vindouras - os portugueses e os povos... "libertados" em consequencia das suas acções irão julgar o valor destas duas personagens...
E colocá-los no lugar que merecem na nossa memória.
Para exemplo futuro.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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JoseMFernandes

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« Responder #5 em: Junho 14, 2005, 07:55:00 pm »
A este proposito, saliento o artigo de Sarsfield Cabral, hoje no "D.N."
http://dn.sapo.pt//2005/06/14/nacional/atraso.html
 e que termina
Citar
(...)Nao ha muita gente assim no séc.XXI.Terem sido portugueses estes dois notaveis comunistas da velha guarda diz alguma coisa sobre o nosso atraso cultural.


Algo que Santiago Carrillo, e outros velhos, mas mais lucidos, vultos comunistas de primeiro plano  tinham ja deixado entender.Pessoalmente subscrevo as consideraçoes de Sarsfield Cabral, mas cada um tera a sua opiniao.
 

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Luso

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« Responder #6 em: Junho 15, 2005, 12:34:01 pm »
"O Jornal de Notícias, através de Joaquim Forte ,entrevistou Emídio Guerreiro por ocasião da morte de Álvaro Cunhal.
A entrevista dispensa comentários. Apenas um: aos 105 anos, Emídio Guerreiro revela uma lucidez que muita gente nova nem sequer percebe.

[Jornal de Notícias] Qual é a recordação que o professor Emídio Guerreiro tem de Álvaro Cunhal?

[Emídio Guerreiro] Conheci-o, pessoalmente, bastante tarde, já quase no fim do meu exílio (de 42 anos, durante o Estado Novo), alguns anos antes do 25 de Abril de 1974. Conheci-o em Argel, no momento da Terceira Conferência da Frente Patriótica de Libertação Nacional. Desde daí, na verdade, não tive mais relações nenhumas com Cunhal. A não ser políticas, visto que ele era chefe de um partido e eu de outro (Secretário-Geral do PPD). Foram relações entre políticos, pautadas por um tom institucional para evitar atritos entre as duas formações.

JN- Como político, que importância atribui ao papel que ele desempenhou?

EG- Álvaro Cunhal foi um estalinista e morreu estalinista. Temos de lhe fazer justiça. Foi um homem que nunca mudou de ideias.Enaltece-lhe a coerência, como muita gente...Essa coerência, para mim, é uma catástrofe. O facto de ser coerente com um bandido como era o Estaline não beneficia nada a personalidade do Cunhal. Isso pode ser sinal de fundamentalismo.

JN- Fala-se muito, agora que Cunhal morreu, se ele terá sido um vencedor ou um perdedor no tabuleiro da política nacional e até internacional.

EG-Foi um perdedor, sem qualquer dúvida. Teve que se exilar e esteve preso. Esteve ao serviço da União Soviética até ao 25 de Abril e depois continuou, como estalinista, a servir a lógica da URSS. Isso não quer dizer que eu não tenha uma grande, ou melhor, uma certa consideração pelo papel político do Álvaro Cunhal.

JN- Ele foi responsável por organizar um partido que veio da clandestinidade.

EG- Julguei, quando vim para Portugal, a seguir ao 25 de Abril, que ia encontrar um partido comunista organizado, com estruturas. Não, não havia partido comunista. Havia, sim, meia dúzia de pessoas que se sacrificaram, no partido, que sacrificaram até a vida, mas o grande PC, que eu julguei que existia em Portugal, não existia. A mim, interessa-me o aspecto geral da política portuguesa. O que é que o ele (PCP) fez na política portuguesa. Eu estava convencido, como lhe disse, que grande parte das pessoas, pelo menos a classe trabalhadora, fazia parte do PCP.

JN- Não reconhece o papel do PCP, por exemplo, na defesa dos trabalhadores?

EG- É claro que o PCP teve e tem o seu programa político e social, tem lugar na política portuguesa. Mas esteve sempre muito confundido. E muito à imagem do Cunhal. Mesmo depois de ele ter deixado de exercer funções no PCP, creio que os continuadores não deixavam de o consultar, para saberem a sua opinião e até para certas decisões.

JN- Acha que foi uma figura marcante do século XX?
EG- Foi uma figura marcante em Portugal. E nada mais. A meu ver."
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TOMKAT

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« Responder #7 em: Junho 15, 2005, 12:47:36 pm »
Citação de: "Luso"
"

JN- Fala-se muito, agora que Cunhal morreu, se ele terá sido um vencedor ou um perdedor no tabuleiro da política nacional e até internacional.

EG-Foi um perdedor, sem qualquer dúvida. Teve que se exilar e esteve preso. Esteve ao serviço da União Soviética até ao 25 de Abril e depois continuou, como estalinista, a servir a lógica da URSS. Isso não quer dizer que eu não tenha uma grande, ou melhor, uma certa consideração pelo papel político do Álvaro Cunhal.

"


Como político foi um perdedor, felizmente.
Como Homem foi claramente um vencedor. Uma pessoa que fica na história, e são tão poucos, não pode ser considerado perdedor.
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NotePad

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« Responder #8 em: Junho 15, 2005, 12:54:01 pm »
Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal em dois dias, Ate mandei abaixo 1 caixa de Montecristo tropedos!! que andava a guardar pa um momento especial! e depois foi 1 garrafa de vunho do porto de 1946 em memoria de Eugénio de Andrade, esse grande poeta Português!
 

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« Responder #9 em: Junho 15, 2005, 12:55:55 pm »
Já agora, tenham cuidado!! !Anda aí uma epidemia lixada! É so comunistas a marchar!!
 

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TOMKAT

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« Responder #10 em: Junho 15, 2005, 01:31:48 pm »
Citação de: "NotePad"
e depois foi 1 garrafa de vunho do porto de 1946 em memoria de Eugénio de Andrade, esse grande poeta Português!


A singularidade e simplicidade do poeta verificou-se até ao fim.
Por vontade do próprio foi a enterrar vestido de pijama e de pantufas. :roll:
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Yosy

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« Responder #11 em: Junho 15, 2005, 03:14:40 pm »
Digam o que disserem, estes três são grandes figuras portuguesas.

Não concordo que Cunhal fosse estalinista. Era, sem dúvida, da linha dura, mas não foi estalinista. Uma prova disso é a sua total falta de culto da personalidade. E o Santiago Carrilo de que zezoca falou conseguiu em tempo recorde o que Franco não conseguiu em 40 anos: acabar com o Partido Comunista Espanhol.
 

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papatango

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« Responder #12 em: Junho 15, 2005, 04:40:22 pm »
Há que manter as distâncias e separar as águas.
Vasco Gonçalves, foi um oficial das forças armadas, há que apresentar condolências à família, mas em termos políticos, pouco há a dizer de abonatório sobre a sua personalidade. Vasco Gonçalves, foi tudo menos brilhante, e uma demonstração de que é um erro colocar militares a administrar um país.
Com Vasco Gonçalves, pouco podia ter corrido pior. Esse senhor, junto com Otelo Saraiva de Carvalho, tinham uma solução conhecida para quem discordava deles.
A solução era como sabemos, colocar os “fascistas” no campo pequeno e mata-los a todos. A solução de Vasco Gonçalves (como a de Otelo), era EXACTAMENTE A MESMA da de Pinochet.

Este senhor, não entendi nada de sociologia, não entendia a sociedade portuguesa, as suas contradições os seus medos e os seus problemas. Paz à sua alma, mas a História não lhe reservará muitas linhas.

Já Álvaro Cunhal, tem um perfil completamente diferente. As suas acções foram consequentes, organizadas, metódicas e decorrentes de um plano , de um ideário político e podemos dize-lo, de uma “cartilha” pré preparada.

Cunhal tinha uma ideia e uma visão. E as suas ideias, as suas propostas e o seus posicionamentos políticos estavam coerentemente organizados no sentido de atingir um objectivo.

É a superioridade intelectual de Cunhal que deve ser realçada, porque infelizmente, vivemos num país em que a inteligência anda muito afastada de muita gente, e especialmente da classe política.

Independentemente de tudo isto, eu, que não tenho o mais pequeno problema em me curvar perante a memória de uma figura da História, também não tenho o mais pequeno problema em dizer que, em minha opinião, Álvaro Cunhal estava enganado. Afirmou-o de forma categórica a História.

No entanto, por muito enganado que estivesse, e esteve, a coragem e a determinação, são virtudes que estão tão afastadas dos nossos políticos, que mesmo que fosse só por isso, deveríamos homenagear a memória de Cunhal.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Luso

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« Responder #13 em: Junho 15, 2005, 05:12:00 pm »
Cunhal era um soviete internacionalista e nunca português.
Segundo as minhas referências era um traidor.
Craveira intelectual?
Os actos e opções demonstram bem o nível dessa "craveira".
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alfsapt

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Morte de grandes figuras portuguesas
« Responder #14 em: Junho 15, 2005, 05:36:16 pm »
Eu até concordo com o título:

Morte de grandes figuras portuguesas

... o resto deixem aos historiadores daqui a 15 ou mesmo até outros 30 anos.

Interessa debater apenas o País que nos deixaram.
"Se serviste a patria e ela te foi ingrata, tu fizestes o que devias, ela o que costuma."
Padre Antonio Vieira