As críticas do 1º ministro

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Ricardo Nunes

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As críticas do 1º ministro
« em: Abril 17, 2004, 01:37:43 pm »
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Espanhóis furiosos com Durão Barroso
17-04-2004 10:44
PD  


Críticas de Durão a Zapatero irritaram PSOE. Declarações «são inoportunas e impróprias do primeiro-ministro de um país vizinho e amigo»

 
As críticas de Durão Barroso à decisão de José Luís Zapatero de retirar as tropas espanholas do Iraque não foram bem recebidas pelos socialistas espanhóis.

Em declarações ao semanário Expresso um responsável do PSOE afirmava que as declarações de Durão «são inoportunas, porque coincidiram com o debate de investidura parlamentar do novo presidente do Governo, e impróprias do primeiro-ministro de um país vizinho e amigo».

«Durão Barroso devia ter-se limitado a falar da posição de Portugal, sem entrar em considerações e muito menos criticar a posição de um Governo que ainda não existe e que será submetido a Parlamento», comentava um dirigente do PSOE.

Nos corredores do Parlamento espanhol criticava-se ainda «a ingerência de Lisboa nos assuntos internos de Espanha».

No entanto, o futuro ministro das Relações Exteriores de Espanha, Miguel Moratinos, desdramatizou o assunto e avançou mesmo que Portugal ocupa «lugar prioritário» no calendário de viagens oficiais do novo primeiro-ministro.

Zapatero poderá visitar Lisboa logo após a ida a Marrocos.

Também o novo ministro do Interior, José António Alonso, falou ao Expresso dizendo que «a oposição e alguns dirigentes estrangeiros procuram pressionar o Governo espanhol, deixando entender que existe uma relação directa entre os atentados do 11 de Março e as ameaças da Al-Qaeda».


Por um lado temos as declarações do no nosso primeiro ministro, que diz aquilo que já todos sabemos  ( penso que é do domínio comum que a declaração de retirar as tropas do Iraque foi uma má decisão do novo governo espanhol, especialmente imediatamente após o 11 de Março ) e por outro lado temos o timing destas declarações do nosso 1º ministro que foram pouco opurtunas, e pior que tudo, públicas.  :roll:

Digam de vossa justiça.
Ricardo Nunes
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« Responder #1 em: Abril 17, 2004, 04:24:12 pm »
O nosso PM Barroso resolveu mandar uma alfinetada pública ao futuro PM Zapatero, o que só lhe fica mal, até porque a posição do líder espanhol não é definitiva. Ainda para mais, o nosso inenarrável MAI saiu-se com aquela afirmação ontem sobre uma possível retirada da GNR do Iraque e entrou em contradição com Barroso, e lá teve de vir a ministra Teresa Gouveia emendar a mão e sintetizar a posição oficial do governo português. É o que dá ter ministros em morte cerebral...
"If you don't have losses, you're not doing enough" - Rear Admiral Richard K. Turner
 

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papatango

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« Responder #2 em: Abril 17, 2004, 07:14:22 pm »
Esta “Estória” é um bocado ridicula para os dois.

Este Sr. Zapatero, parece um dirigente sindical/estudantil que não entende que uma coisa é criticar o governo e a outra é ser governo.

Já todos sabemos que o partido dele prometeu retirar os espanhois do Iraque. Além do mais também concordamos que a situação foi mal gerida, porque por causa dos problemas com o terrorismo, a ideia que passou foi de que se “acobardava”.

Foi assim que os terroristas entenderam as coisas, e passaram, no Iraque, como se está a ver, á ofensiva. Se os espanhois vão sair por causa dos mortos, então vamos matar Italianos, Japoneses e o que for necessário para que os outros também se vão embora.

O Sr. Zapatero, referiu a questão da “foto” dos Açores, referindo que queria tirar a Espanha de lá. O que não entende é que não foi apenas o Sr. Aznar que estava na foto, foi o Estado Espanhol.

Do ponto de vista estratégico, o governo espanhol, leva o país para a sua tradicional colaboração já secular, com os Franceses e com os Alemães. Não se preocupou o Sr. Zapatero com os problemas que poderíam ser causados aos outros. Importou-se com os seus cidadãos, o que só lhe fica bem e dá votos – mas esteve-se c... marimbando para os outros. A Espanha abandonou o barco, porque o Sr. Zapatero achou melhor.

Os estados não podem ser como a tia Adélia ali da esquina, que óra está de boas com a D. Felismina do 4º andar, ora está de bem com a D. Joaquina do 1º andar.

Esta situação faz lembrar o que parece ser tradicional na politica Espanhola. Estavam do lado de Napoleão e depois mudaram de lado, estavam do lado de Hitler (até mandaram tropas) e depois mudaram de lado.

A Espanha está sempre a mudar de lado, e para nós portugueses isso não é (e não poderia ser) um factor de descanso. O que o Sr. Zapatero fez foi, mais uma infeliz vez, dizer que de espanha, não se sabe se vem mau ou bom vento. ... É conforme.

As alfinetadas do Durão Barroso, que só são – felizmente – ouvidas em Portugal, não têm no entanto grande importância. Práticamente ninguém sabe delas em Espanha e são acima de tudo afirmações para consumo interno, para explicar a lógica da manutenção de tropas no Iraque.

Trata-se de politiquice para consumo interno

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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emarques

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« Responder #3 em: Abril 18, 2004, 01:33:35 am »
A minha opinião sobre o assunto é que neste caso, não importa minimamente se o novo governo espanhol está certo ou errado na questão das tropas no Iraque, nem sequer importa se o momento escolhido para reiterar essa posição foi bom ou mau. O primeiro ministro português não tem nada que andar a mandar bocas ao presidente do governo espanhol, e quando o faz está a dar uma má imagem do nosso país.

Quanto às declarações do MAI, ele não deixa de ter razão, e já vi intervenientes deste Forum a dizer mais ou menos a mesma coisa: se a situação no Iraque se deteriorar ainda mais, a força da GNR teria que ser retirada por não estar equipada para lidar com um conflito mais intenso.  O problema é que, da mesma forma que ninguém presta atenção quando o Zapatero diz "A Espanha retirará as suas tropas depois de 30 de Junho se a missão não estiver entregue à ONU", só ouvem dizer que a Espanha vai retirar, também não ouvem as razões dadas pelo ministro para uma possível retirada, só ouvem falar da retirada portuguesa. É o resultado da atitude da comunicação social de mostrar só as partes "interessantes" da notícia. Um argumento bem estruturado não tem interesse, o que interessa é o "sound-bite".

Espero que, dando-se o caso de que seja necessário tirar os GNR do Iraque, estejam reunidas as condições para que o PR autorize o envio de uma força militar. (Agora, qual será a vantagem de substituir os Protector por Chaimites, não sei)
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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filcharana

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Re:
« Responder #4 em: Abril 18, 2004, 03:57:32 am »
"É o resultado da atitude da comunicação social de mostrar só as partes "interessantes" da notícia. Um argumento bem estruturado não tem interesse, o que interessa é o "sound-bite". "

Exactamente, caro emarques. Finalmente alguém menciona os media como intervenientes desta história...... aliás, são intervenientes em TODAS as histórias!
E não é só o mostrar certas partes da "notícia".
Repararam no impacto internacional que as palavras (inocentes, a meu ver) proferidas pelo MAI tiveram?! A correr uma data de blocos noticiosos?! Se coisas bem mais importantes que isto pouco são faladas lá por fora, como é possível uma coisa destas chegar a tal dimensão?

São "estórias" destas que me fazem não acreditar em "coincidências"!


Cumptos
 

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Rui Elias

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« Responder #5 em: Abril 19, 2004, 12:57:05 pm »
Zapatero limtou-se a cumprir uma promessa eleitoral, o que demonstra coragem política.

Ao contrário dos que o acham cobarde, considero que galhardia e valentia é não estar sempre encostado ao mais forte.

Coragem é decidir o que é de melhor para os interesses do Estado e do Povo.

Coragem é reconhecer que a Espanha participava numa invasão injusta contra um povo soberano.

E que de caminho, ao arrepio da construção europeia estava a fazer o jogo de Washington e de Londres no enfraquecimento da UE.

Uma vez que a ONU não aparece no Iraque porque os EUA não abdicam do seu poder e uma vez que os pressupostos para esta guerra (ADM'S  ligações de Saddam ao terrorismo islamista) não se verificam, não sobra outra posição: a que não é seguidista e retirar.

Durão não pode criticar Zapatero por estar a cumprir uma promessa eleitoral, uma vez que sobre o aborto, Durão também recorrereu à desculpa da promessa eleitoral para não mexer na lei actual.

Por isso acho que falta do coragem é a de Portugal que sem ter interesses específicos naquela zona está encostado ao mais forte, só para ver se sobram umas migalhas do saque.